domingo, 24 de agosto de 2008

BALANÇO PRELIMINAR

Encerradas as competições em que há participação do Brasil, cumpre fazer um balanço preliminar da campanha olímpica dos atletas verde-amarelos.

Como havia antecipado, igualamos nosso recorde quantitativo de medalhas, trazendo quinze delas para casa. No aspecto qualitativo, ficamos aquém do resultado de Atenas, em que conquistamos cinco ouros, mas subimos a menos pódios, dez.

Ainda não tenho a atualização dos resultados dos demais países, mas quero desmontar alguns argumentos cínicos que tenho ouvido nos últimos dias, acusando o Brasil de estar atrás de países inexpressivos no quadro de medalhas.

Pois bem, olhando o quadro vigente no final do 14º dia, vê-se que o Brasil estava em 26º lugar, ainda sem contar a sua terceira medalha de ouro, com as fabulosas meninas do Vôlei de Quadra. Fazendo um passeio pelos países que nos precedem na classificação, vemos oito potências tradicionais nas nove primeiras posições (China, EUA, Reino Unido, Rússia, Austrália, Alemanha, Japão e Itália) e um país que vem consolidando sua tradição olímpica após ter sediado os Jogos de 1988, a Coréia do Sul.

Entre o 10º e o 20º lugares, vemos países inquestionavelmente mais desenvolvidos que o Brasil, como a Holanda (10º), França (12º), Espanha (14º) e Canadá (17º). Outros países são de porte similar ao brasileiro, mas herdam uma estrutura esportiva construída na época do socialismo, são eles: Romênia (16º), Polônia (17º), República Tcheca (19º) e Eslováquia (20º). Ao lado dessas, há dois países oriundos da superpotência olímpica que era a União Soviética: Ucrânia (13º) e Bielorússia (15º).

As outras cinco nações imediatamente acima do Brasil são a Nova Zelândia (21º), país com um dos maiores índices de desenvolvimento humano (IDH) do planeta, a Geórgia (23º), outra ex-república soviética e Cuba (24º), sempre incensada como exemplo de país com política desportiva (embora seja muito mais fácil desenvolver uma sob regime ditatorial).

Portanto, até agora todos os países que estão à nossa frente não representam qualquer demérito para a campanha brasileira. Fica complicado explicar a Etiópia e o Quênia, mas há que se ressaltar que suas medalhas todas vêm praticamente de um esporte só, o atletismo e, mais especificamente, as provas de corrida de fundo. Ao revés, o Brasil vem cada vez mais "desconcentrando" seus pódios, tendo ganho medalhas em sete modalidades diferentes (futebol, vôlei, judô, iatismo, atletismo, natação e taekwondo).

Mais do que isto, cumpre lembrar que com 12 medalhas ao final do 14º dia de competições, o Brasil tinha mais pódios do que nove países que estão à sua frente por conta do número de ouros.

Portanto, como já disse em post anterior, estamos longe de qualquer fiasco, tal como anunciado por vários setores da imprensa e repetido por diversos torcedores desavisados.

Também como já expus anteriormente, estamos longe do ideal ou do minimamente desejado (a este propósito, leia-se meu palpite absolutamente fora da realidade, lançado neste blog), mas já caminhamos uma enorme distância.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo sendo bem menos otimista e mais crítico do que você, ganhei uma graninha num dos bolões que participei por ter cravado o bendito número total de medalhas.
Como balanço preliminar, devo dizer que deveríamos ficar satisfeitos apenas se tivéssemos superado todas as marcas anteriores, seja em número de ouros ou quantidade de medalhas. Constatar que estamos melhorando e pedir menos críticas é seguir a linha de pensamento dos atletas que acham que já é uma glória estar lá participando, subir no pódio, chegar à final. NÃO! EU QUERO MUITO OURO! Temos que mirar o lugar mais alto e cobrar bastante por isso. Só assim construiremos um país vencedor no esporte e em outros setores até mais importantes.
Críticas exigentes e bem feitas ajudam muito nesse desenvolvimento. Já leu a boa matéria da página central do caderno de esporte do Globo deste domingo? Então, comente! É hora de cobrar e fiscalizar!

Anônimo disse...

Final de mais uma olimpíada e olha nós num modestíssimo 23º lugar. Acho que algumas observações devem ser feitas, até porque os mais desavisados poderão pensar que como eram 204 delegações nossa colocação final até que não seria assim tão ruim. Acontece que destas 204 o absurdo de 117 não levou nenhuma medalhinha para casa. Começo a achar que estas delegações foram à China fazer turismo, comer espetinho de escorpião, sei lá.
Acho inadmissível um país como o Brasil, que pretende trazer para uma de suas cidades, daqui a oito anos, a sede de uma olimpíada, ficar atrás de países como: Bielo-Rússia, Etiópia, Jamaica, Quênia, Ucrânia.
Nosso COB deveria se inspirar no trabalho feito no Japão que para sediar os jogos de 1964 pulou da 17ª colocação, em 1952, com um total de 9 medalhas; para 3º em Tóquio, com um total de 29 medalhas, sendo 10 de ouro. Ou se preferirem procurem saber como a Grã-Bretanha fez para pular da 36ª colocação que obteve em 1996, com um total de 15 medalhas; para o atual 4º lugar com um total de 47 medalhas, sendo 19 de ouro.
No nosso caso algumas estruturas já estão bem montadas e desenvolvidas, é só não atrapalhar, é o caso do vôlei. Entretanto o acréscimo de medalhas nesta área será ínfimo, no vôlei estamos no estado da arte.
Gente que conheça bem o assunto e se disponha a trabalhar sério e duro pode alavancar o desempenho de algumas modalidades tais como: judô, ginástica, hipismo e vela.
Mas ainda assim o ganho seria pequeno, poderíamos engrossar nosso acervo de medalhas em mais umas 8 a 10, no total.
Se realmente quiser fazer bonito, inscrever seu nome como nação olímpica, o Brasil vai ter que garimpar ouro, prata e bronze nas piscinas e pistas de atletismo e nestas modalidades nosso desempenho é muito ruim!
Achei nosso resultado final, destas olimpíadas de Pequim, a quintessência da mediocridade.