segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

E A POLÍTICA NACIONAL DE ESPORTES?

Para variar, repercuto notícia com atraso (agora são dois blogs que não mantenho em dia...).

Lendo o Globo de 18/02/2011, vejo, na pag.5 do Caderno de Esportes, o debate a respeito da destinação das enormes verbas públicas que vêm irrigando o esporte brasileiro nos últimos tempos.

Já ao final dos Jogos de 2008, houve críticas a respeito do alegado pouco retorno para a quantidade de investimentos feitos com renúncia fiscal e incentivos públicos naquele ciclo olímpico.

Agora, com o incremento dos investimentos, especialmente à luz dos Megaeventos que serão sediados no Brasil a partir deste ano (sim, há os Jogos Mundiais Militares em 2011!!), discute-se o acerto e até mesmo a própria existência de uma efetiva e séria política desportiva no Brasil.

A conclusão não parece ser muito animadora, já que os recursos estão quase todos canalizados para o esporte de rendimento, enquanto que a Educação Física é tratada nas escolas como um mero período de recreação.

Como resolver este problema?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

PENSANDO ALTO: Um Pequeno Exemplo de Como Aumentar a Dimensão de um Evento Esportivo

Encerrei meu post anterior com a indagação sobre se conseguiríamos fazer algo igual, ou reformulando, ao menos parecido com o que se faz na NFL e demais ligas esportivas americanas, ou mesmo na UEFA Champions League, onde o próprio tema musical da competição já tenta inspirar o mesmo clima épico que eleva a estatura de qualquer peça de divulgação da liga norteamericana de futebol (o da bola oval).

Pois bem, faço aqui um exercício de como poderíamos vender o Campeonato Brasileiro, não só para o público interno, mas para o exterior. Não sou marqueteiro ou publicitário, mas eu, como amante do esporte, ficaria curioso para assitir a seguinte competição:

Do maior celeiro de craques da história mundial (imagens de jogadores campeões mundiais pela seleção brasileira - o gol de Pelé contra a Suécia em 58; um drible de Garrincha sobre um "João" qualquer; o gol de Jairzinho contra, salvo engano, a Tchecoslováquia em 70, aquele da matada no peito; a comemoração do "embala nenê" de Bebeto, Romário e Mazinho em 94; a perseguição a Denílson por quatro turcos em 2002 e o segundo gol de Ronaldo contra Alemanha na final da mesma Copa - seguidas por imagens dos melhores jogadores brasileiros em atividade na Europa: Kaká, Robinho, Pato, Hernanes, Anderson, Júlio César), vem o campeonato mais disputado do planeta (imagens de lances de efeito dos jogos anteriores, especialmente com jogadores conhecidos no exterior). Vinte clubes. Uma taça. Inúmeras emoções.

O clube mais vitorioso da história do Brasil. Três títulos mundiais, seis campeonatos nacionais. O clube que revelou Careca, Raí, Cafu e Kaká para o mundo, agora liderado pelo maior goleiro-artilheiro da história, Rogério Ceni, e pelo maestro da seleção campeã mundial em 2002, Rivaldo. SÃO PAULO

A maior torcida do Mundo. Campeão do mundo em 1981. Seis títulos nacionais. O time treinado pelo técnico que mais vezes conquistou o Brasileirão vê uma lenda

(imagem de Zico) passar seu manto sagrado para outra (imagem de Ronaldinho Gaúcho). FLAMENGO

O clube que bateu o mágico Barcelona de 2005 na final do Mundial Interclubes. Duas Copas Libertadores, três títulos nacionais. A casa de Falcão, Dunga, Taffarel e Alexandre Pato, agora conduzida por D'Alessandro e Rafael Sóbis. INTERNACIONAL

Dois títulos mundiais e oito nacionais. O clube de Pelé e Robinho agora saúda novos artistas da bola: Neymar e Ganso. SANTOS

O clube mais aristocrático do Brasil. Com três títulos, o atual campeão brasileiro. Treinado pelo único técnico a ganhar três vezes seguidas a competição
(imagem de Muricy Ramalho) entra em campo um elenco estelar: Fred, Belleti, Conca e Deco. FLUMINENSE

A camisa azul que revelou Tostão e Ronaldo para o mundo. Vencedor de duas Copas Libertadores. O time que conta com outro maestro argentino, Montillo. CRUZEIRO

O maior clube de colônia portuguesa do Brasil e o primeiro a admitir um jogador negro em suas fileiras. Vencedor de uma Liberadores e quatro campeonatos brasileiros. O berço de Romário, hoje guardado por uma verdadeira muralha, Fernando Prass. VASCO DA GAMA

Brasileiros que torcem como argentinos: a torcida mais fiel do país. O clube que revelou Rivellino e Sócrates. Campeão mundial de clubes em 2000. Quatro títulos nacionais. Liderado por Ronaldo e Liédson. CORINTHIANS

O orgulho dos bravos gaúchos. Vencedor de duas Copas Libertadores e dois títulos nacionais. O herói do título mundial de 1983
(imagem de um gol de Renato contra o Hamburgo na final interclubes) volta a casa para comandar o time em mais um desafio. GRÊMIO

Um clube em busca de suas glórias passadas. Casa de Cerezo e Gilberto Silva. Um time de primeira, sob a condução de um campeão mundial, Ricardinho, e de um artilheiro nato, Diego Tardelli. ATLÉTICO MINEIRO

Uma academia de jogar futebol. O maior clube de colônia italiana do Brasil. Oito vezes campeão nacional. Campeão da Libertadores de 99. Treinado por um técnico de categoria internacional
(imagem de Luís Felipe Scolari) e baseado no talento de Marcos e do mago Valdívia. PALMEIRAS

O maior rival do magnífico Santos dos anos 60. Um rol de lendas vestidas em preto e branco: Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho. Uma estrela solitária conduzida por um uruguaio singular: Sebastian Loco Abreu. BOTAFOGO

E então? Conseguiu imaginar as imagens se descortinando na TV? Será que um produto deste teria dificuldade de bater campeonatos que se resumem a dois clubes e uma porção de coadjuvantes?

A LIÇÃO DO ESPETÁCULO - Parte II

Com semanas de atraso, deveria vir a resposta ao post anterior. Entretanto, para estender a demora, trago minha experiência pessoal ao assistir o Superbowl na semana passada, o que só reforça os comentários que fiz na semana passada.

Um show de imagens, um espetáculo de celebração do esporte e da comunidade que o circunda. Para além da grandiosidade do estádio em que se realizou a partida, onde figurava imponente um telão gigantesco, é impressionante ver como a NFL consegue valorizar cada pequeno momento do pré-jogo, verdadeiramente aguçando o interesse do público e criando a expectativa para o "prato principal".

Partindo da premissa de que o futebol americano é um verdadeiro traço de identidade nacional, os organizadores se aproveitam do patriotismo ínsito à tradicional audiência da modalidade e cercaram o jogo de símbolos norteamericanos, pontuando o hino nacional com uma superstar de sua música, Cristina Aguilera, não sem antes precedê-la da jovem atriz/cantora do seriado do momento, Glee.

Mas o ponto alto do pré-jogo foi a apresentação do Superbowl por Micheal Douglas. No tom épico próprio das transmissões e filmes produzidos pela NFL, o ator, que acaba de publicamente enfrentar um câncer na garganta, remete, ele próprio, à capacidade de recuperação dos americanos e, marcando seu discurso, sucediam-se imagens de momentos históricos do país, invocando os momentos de vitória e aqueles de superação de enormes dificuldades, para ao final entrelaçar tais ideias à noção de que o Superbowl era uma parte da longa tradição americana, transformando aquele momento em mais do que mero entretenimento, uma verdadeira celebração da crença no "sonho americano".

Sinceramente, isto é saber extrair de um evento esportivo a essência daquilo que o faz querido pela população.

O que se seguiu foi um show de técnica de transmissão televisiva, com uma torrente de dados sobre jogadores e competições ao longo do tempo, a valorização de cada lance e a transformação de cada momento da partida numa imagem crucial para o desenvolvimento de um enredo que prende a atenção dos espectadores.

Será que não conseguimos fazer igual?