sexta-feira, 7 de setembro de 2012

SÃO PAULO: O TÚMULO DA SELEÇÃO.

Já se disse que "São Paulo é o túmulo do samba". O inspirador do título deste blog dizia que "a pior forma de solidão é a companhia de um paulista". Estas frases me vêm à mente toda vez que o Brasil joga na chamada Terra da Garoa.

É impressionante - e já atávica - a má vontade do público paulista com a Seleção. A primeira memória que tenho de um acesso de raiva de Dunga é na comemoração de seu gol contra o Equador, nas Eliminatórias para a Copa de 1994.

O Mano, como já disse várias vezes aqui, é um técnico medíocre, nós temos uma geração de jogadores que parece que não vai dar conta do rojão daqui a dois anos e o time está fazendo jogo duro com um time africano de segunda linha.

Mas a torcida já vaiava aos 20 minutos do primeiro tempo e gritava o nome de Luís Fabiano desde o início do jogo, o que prova não entender absolutamente nada de futebol, pois o centroavante tricolor já teve seu momento e Leandro Damião é um dos poucos que vem se salvando no grupo atual.

Desculpem-me meus amigos e parentes paulistas, mas nós vamos inaugurar a Copa de 2014 lá. Será mesmo que foi a melhor escolha, abrir nossa participação na Copa mais complicada de nossa história num ambiente franca e deliberadamente hostil a qualquer time que vista verde-amarelo?

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O JOGO É OUTRO

Encerrados os Jogos Olímpicos, fazem-se muitos balanços e a conclusão que se chega é que nosso desempenho está abaixo do esperado; que nosso número de pódios é incompatível com o volume de investimentos e que nossa classificação final no quadro de medalhas é risível diante do nosso PIB.

Outro movimento simultâneo é aquele promete mais recursos, mudança de políticas públicas para o esporte, sempre visando a uma melhora do resultado aparente: o número de medalhas.

Como uma síntese deste diálogo de surdos, algumas vozes mais sensatas, como a de Amir Somoggi, em recente post na página da Meio e Mensagem, lembram que uma nação olímpica não se mede necessariamente pela quantidade de láureas em determinada edição dos Jogos, mas pelo efetivo entranhamento de uma cultura esportiva em sua sociedade.

Neste ponto, lembro-me sempre de Renato Maurício Prado, em passagem já citada anteriormente neste blog, na qual ele afirma, não sem uma dose de razão - e outra de radicalismo -, que brasileiro não gosta de esporte, mas de ganhar.

Gostávamos de Fórmula 1 porque tivemos Fittipaldi, Piquet e Senna quase em sequência; entendíamos tudo de top spins e back hands não porque nos apaixonamos pelo tênis, mas por conta de um vencedor como Gustavo Kuerten.

Há uma certa verdade nisto, mas também há, por trás destas veleidades de uma nação jovem como a nossa, um desejo incontido pelo triunfo, uma aptidão inata para a disputa atlética, uma vocação maravilhosa para se emocionar, parafraseando Armando Nogueira (em outra passagem já citada neste blog), com heróis forjados em pistas e quadras, em vez de trincheiras; emoldurados pelo verde de campos de futebol, e não pelo vermelho do campo de batalha.

Portanto, o brasileiro que gosta e acredita no esporte como elemento transformador da sociedade percebe claramente seu enorme potencial, e se desilude com a leviandade com que o assunto é tratado por quem por ele deveria zelar.

Entretanto, em vez de termos uma postura cínica, afirmando que os Jogos Olímpicos não servirão para nada; ou adotarmos um inconformismo estéril, achando que nenhum progresso será suficientemente bom, temos que virar o jogo.

Tal como um judoca, que usa o peso do oponente para desferir seu golpe com mais contundência, temos que aproveitar o que poderia ser uma precoce responsabilidade em sediar os Jogos Olímpicos, e transformá-la num desafio que nos leve além das expectativas.

É evidente que estamos longe da tradição esportiva que propulsiona EUA, Grã-Bretanha e Rússia para o topo do quadro de medalhas; não resta dúvida que não desenvolvemos, até agora, estruturas de evolução técnica que turbinaram o desempenho de Austrália e Coreia do Sul, mas o fato concreto é que o jogo está posto.

Sediaremos os Jogos daqui a quatro anos, e agora não importa mais se fizemos ou não o dever de casa que teria nos levado, já agora em Londres, a uma performance sensivelmente melhor do que as anteriores. É claro que as novas Bolsas prometidas (Ouro, Pódio, Atleta, o que seja) são meros paliativos e não resgatam o ideal de um esporte educacional forte, de uma sociedade engajada em eventos esportivos regulares e bem geridos.

Entretanto, os Jogos serão daqui a quatro anos, e, ainda que não tenhamos toda a estrutura ideal - aliás, provavelmente não tenhamos quase nada de tal estrutura -, não podemos fazer vergonha em casa.

Com ou sem esporte na escola; com ou sem Centros de Treinamento; com ou sem política esportiva organizada; não poderemos ganhar somente 15 medalhas em 2016.

Então, como o ótimo é inimigo do bom, tratemos de lapidar o que já temos: identificando jovens realidades e promessas já consolidadas; enrijecendo os emocionais de nossos favoritos e fortalecendo aqueles atletas que estão às portas do sucesso internacional.

A meta já está posta pelo próprio Comitê Olímpico Brasileiro (COB): ficar entre os dez primeiros, o que hoje significaria ganhar 8 medalhas de ouro. Temos que parar de nos "bronzear" e entrar para "limpar a mesa". Subimos ao pódio em todas as edições do torneio olímpico de Vôlei de Praia? Ótimo, mas só ganhamos ouro duas vezes. Temos que fazer a festa em Copacabana.

Ganhamos medalha desde 1984 no Judô? Excelente, mas temos que ter um desempenho à altura de uma Rússia em 2012, com pelo menos três campeões (já fizemos isto no Mundial que aconteceu aqui no Rio mesmo, em 2007).

Muita pressão? Já falei no post anterior que acabou o discurso de vitimização. Nosso esporte tem recursos. Grande parte dos atletas já tem uma vivência internacional que as gerações anteriores jamais tiveram. Como se diz por aí, se não sabe brincar, não desce para o play. Se não aguenta a pressão, pede para sair.

A vida real vai ser assim. Vai ter pressão até 2016.

A meta já está posta: 8 medalhas de ouro, pelo menos o 10o. lugar na classificação geral. Temos os dados e os resultados. Precisa-se de planejamento. O qual, pelo que parece, já está feito pelo COB.

Mas que a maldição grega, da qual corremos na economia, também não nos pegue no esporte: não façamos da meta de 2016 um fim em si mesmo. Aqui também o jogo é outro. O desempenho nos Jogos do Rio não podem ser o alvo de um tiro só, mas a plataforma que sustentará nosso salto para o futuro.

Que a busca pelas medalhas de 2016 possa despertar o debate em torno do esporte escolar e universitário; que a melhora dos investimentos forme uma nova e mais eficiente leva de gestores esportivos; que o desejo pelo pódio olímpico produza novos e inesperados encontros de nossa população com outras e inusitadas modalidades (o tiro com arco espera pelos barrigudos de plantão!!!).

Como já se afirma mercadologicamente por aí, "os Jogos são do Brasil". Está na hora dos amantes do esporte apropriarem-se deles. A oportunidade está na mesa, o jogo é outro. Vamos sair do buraco e apostar alto, em busca de sequências, ases e combinações de ouro.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BALANÇO EM NOTAS

Como a "cobertura" realizada por este blog nos Jogos que acabaram de se encerrar foi, para dizer o mínimo, rarefeita, eis um apanhado de breves notas, já que este escriba gosta de ter uma opinião sobre tudo que se refere a esportes...

Dois Modelos em Choque
Gosta-se muito de fazer um paralelo entre o esporte e a vida, e, especialmente no Brasil, do potencial realizado pelos nossos atletas e o abismo com que flertam nossas classes dirigentes (ou seríamos nós mesmos?). Pois bem, uma alegoria perfeita é o desempenho pífio do futebol em comparação com o vôlei. Tratam-se de dois esportes separados por uma distância quilométrica no que diz respeito a receitas financeiras. O que explica, então, que tenhamos perdido, no masculino, para uma equipe que representa uma país que jamais conseguiu sequer chegar a uma semifinal em Copa do Mundo? Mais do que isto, o que justifica até hoje não termos uma liga minimamente organizada e estável para as mulheres boleiras do nosso país? Já o vôlei pôs suas duas equipes na terceira final olímpica seguida, obtendo um bicampeonato olímpico no feminino e dando um fecho digno a uma geração inigualável não só no vôlei, mas no cenário dos esportes olímpicos em geral. A explicação que cabe nesta nota - sem prejuízo de voltarmos ao assunto no futuro - é o contraste entre a politicagem e o "oba-oba" que cerca o futebol, e o exemplo de profissionalismo, planejamento e perseverança que acompanha o vôlei há pelo menos três décadas. O Brasil é referência no vôlei, e fornecedor de mão-de-obra no futebol. Eis, no campo das metáforas, os caminhos que se põem para nosso país, no esporte e na vida em geral.

De Volta ao Quadro de Medalhas
Encerradas as competições, volta-se novamente à discussão sobre o desempenho do país no quadro geral de medalhas. Neste ponto, descontada a histeria otimista deste blog, que insiste em cravar mais de 30 medalhas a cada edição dos Jogos, vê-se que a previsão mais realista deste escriba correspondeu ao resultado final: 17 medalhas. Neste caso, é a terceira edição com crescimento constante no total de pódios: 12 em Atenas, 15 em Pequim e 17 em Londres. Apesar do 22º lugar na classificação geral - por conta de nossa rarefeita presença no primeiro lugar, um drama que teremos que superar em algum momento -, saltamos para o 14º posto, empatados com a Hungria, quando se computam todas as medalhas juntas. Na classificação amplamente adotada, estamos atrás das potências de sempre (EUA, China, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) e países notoriamente mais desenvolvidos que o Brasil sob o ponto de vista social(França, Itália, Austrália, Japão, Holanda, Nova Zelândia e Espanha). Aí são doze. Os outros nove são: Coreia do Sul, Hungria, Cazaquistão, Ucrânia, Cuba, Irã, Jamaica, República Tcheca e Coreia do Norte. Destes, cinco são herdeiros do esquema comunista de propaganda do regime pelo esporte (Hungria, Cazaquistão, Ucrânia, República Tcheca e Cuba, esta última caindo vertiginosamente na classificação, após o fechamento das torneiras soviéticas...) Dos outros quatro, dois tem uma concentração desproporcional num número reduzido de esportes (Jamaica no atletismo, em especial as provas de velocidade; e Irã na luta livre e no levantamento de peso). Por fim, as duas Coreias: a do Norte ainda é inexplicável, preciso olhar a divisão de suas medalhas para ver o que aconteceu (embora seu número total seja muito mais baixo que o brasileiro: 17x6 a nosso favor). Já a do Sul é o exemplo do que poderíamos nos transformar, caso levemos a sério a oportunidade de sediar os Jogos de 2016. Mas também é o sinal eloquente do poder educacional daquele país.

Olímpicos sem Atletas
Parece uma contradição, mas o título traduz o absurdo que é um país trazer 17 medalhas para casa e nenhuma delas ter sido conquistada pelo atletismo. Saiu no Globo: foram R$ 58 milhões só em patrocínio da Caixa Econômica Federal e nem um mísero pódio. Vários atletas tendo desempenho abaixo de suas melhores marcas. Há algo de muito errado na CBAt. Citando Casoy: uma verdadeira vergonha.

Mudar a Faixa
Aqui, o título é deliberadamente ambíguo: em 2016, temos que mudar de faixa, até por compromisso assumido pelo próprio Comitê Olímpico Brasileiro. Deixarmos o círculo dos 30 primeiros, para figurar entre, pelo menos, os 15 primeiros, região em que estão os países que ganham entre 15 e 20 medalhas (a Hungria, 9ª colocada, teve as mesmas 17 medalhas que nós, mas com 8 ouros; o Cazaquistão foi 12º com 13 medalhas e 7 ouros e Cuba ficou em 15º com menos pódios que nós, 14, mas com 5 campeões olímpicos nesta edição de 2012). Para os Jogos de Londres, teríamos que ter ganho outros dois ouros. Escolha-se em vasto cardápio: Guilheiro, Camilo, Rafaela Silva e Mayra Aguiar no judô; Cielo na natação; as duas duplas do vôlei de praia; o futebol masculino; um dos dois match points do vôlei masculino; uma punição a menos do Esquiva no boxe; menos vento na eliminatória do salto com vara...
A outra faixa que tem que mudar é do disco, já arranhado, de que nossos atletas já são vencedores de estar competindo nos Jogos Olímpicos, que não podem ser cobrados. Grande parte dos esportes brasileiros contam com recursos expressivos e já têm contato regular com o cenário internacional de competições. O volume de recursos públicos tende a se manter, com um aumento de recursos privados, além do percentual do valor que os próprios patrocinadores mundiais do COI têm que reservar para preparar a delegação do país-sede. Não podemos continuar com a vitimização infundada dos esportistas brasileiros. Há modalidades sem qualquer investimentos e há federações que podem estar administrando mal os recursos recebidos. Mas dinheiro há. Acabaram as desculpas. O que sempre admirei nos atletas brasileiros foi sua capacidade de superar as adversidades e produzir vitórias e momentos singulares para a população brasileira. A acomodação neste momento só nivelará nosso esporte por baixo, equiparando-o aos "come-e-dorme" das "artes alternativas e libertárias" que vivem de mamar recursos públicos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

FELIZ EM QUEIMAR A LÍNGUA

Quando os Jogos estavam para começar, escrevi aqui que o bronze já estaria de bom tamanho para o Vôlei Masculino. Não bastasse tanto, no meu último post afirmei que, das melhores chances do Brasil para ganhar medalha nos últimos dias de competição, as meninas do Vôlei de quadra estavam na pior situação, havendo poucas chances de superar as russas.

Pois bem, depois da atuação espetacular de hoje e das emoções sem fim das quartas-de-final contra Gamova & Cia., venho a público dizer que nunca fiquei tão feliz em queimar a língua.

E o faço sinceramente, pois sou torcedor do vôlei desde o início dos anos 80, quando o Brasil foi vice-campeão mundial e olímpico (1982 e 1984); vi na minha pequena Philco preto e branco os jogadores secando o chão e instalando carpetes na quadra construída no meio do Estádio do Maracanã, para o maior público de um jogo de vôlei da história (95.000 pessoas); sofri ao vivo na semi-final do Mundial de 1986 em Paris, quando o Brasil perdeu para o sensacional time dos EUA.

Portanto, não poderia estar mais feliz de ter assistido os dois passeios que foram as semi-finais das duas equipes brasileiras, que com suas últimas atuações fazem jus ao coro que a torcida verde-amarela vem fazendo ecoar no Earls Court: "O campeão voltou".

As americanas continuam superfavoritas para amanhã, mas dá para acreditar. O time está vibrando muito e muito concentrado. Se continuarmos defendendo como estamos e o ataque continuar na evolução que vem demonstrando, vai ter jogo.

No masculino, apesar do 3x0 aplicado nos russos na primeira fase, aprendi, desde cedo, a respeitar o time que herdou a imensa tradição dos vermelhos que produziram alguns dos maiores jogadores da história. Mas o problema é que o time do Bernardinho voltou a ficar com sangue nos olhos. E aí, complica para o resto do Mundo...

Fecho aqui, na esperança de continuar com o gosto de pimenta na boca...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O FRACASSO AINDA ESPREITA?

Pensava em fazer um balanço da primeira semana dos Jogos, mas as obrigações profissionais - apesar de eu ter tirado férias para tentar acompanhar as competições, como faço todos os anos pares, de Jogos Olímpicos e Copa do Mundo - me impediram de escrever com calma.

Pois bem, agora são 2:30 da manhã e, após encerrar um trabalho extremamente desagradável, permito-me traçar algumas linhas sobre um tema que vem povoando minhas reflexões nestes últimos dias de Jogos Olímpicos: nossa participação está rumando para um fracasso?

A pergunta vem martelando minha cabeça diante das seguidas passagens que apontam para as frustrações provocadas pelas nossas maiores esperanças de medalha de ouro: Guilheiro e Camilo no Judô (Rafaela Silva, pela pouca idade e a estreia em competições olímpicas não poderia sequer ser cobrada por uma eventual medalha de ouro); Hipólyto na Ginástica; Scheidt e Prada na Vela; Cielo nos 50m livre.

Os resultados piores do que esperado destes atletas serão objeto de outro post. O que quero discutir é: as nossas expectativas estão devidamente ajustadas? O caminho olímpico que estamos trilhando em Londres será lembrado como um malogro?

Se considerarmos a tresloucada previsão de 34 medalhas que este blog fez, com certeza.

Entretanto, este mesmo blog fez um ajuste à realidade e previu 17 medalhas, das quais já ganhamos 8 e garantimos outras duas. Ou seja, não saímos daqui com menos do que 10 medalhas.

No mínimo, no mínimo, mantivemos nossas conquistas em dois dígitos, o que vem acontecendo consistentemente desde 1996.

Pelos prognósticos feitos não somente aqui, mas em diversos veículos especializados e segundo a estimativa feita pelo próprio Comitê Olímpico Brasileiro (COB), estamos mais ou menos no limite para atingir a expectativa mínima.

Como já disse, temos 8 medalhas na mão e 2 bronzes já garantidos, que podem mudar para uma cor mais brilhante. Para sairmos destas 10 e chegarmos aos 15 do COB, temos as seguintes chances: (1) futebol masculino, que parece estar com o caminho mais desimpedido para o ouro, com Uruguai, Espanha e os donos da casa fora; (2) vôlei de praia feminino, que tem um jogo perigoso com a segunda dupla americana, que por ser americana é sempre uma ameaça; (3) vôlei de praia masculino, em que nossa dupla impressiona pela capacidade de reação e equilíbrio emocional para manter-se na disputa, como visto no jogo com os poloneses hoje, mas que está tendo vida dura em alguns jogos, embora os adversários pareçam menos ameaçadores do que aqueles de Juliana e Larissa; (4) vôlei masculino, que tem que aproveitar a chance que o sorteio lhe deu, tirando a Polônia e pondo a Argentina no degrau antes das semis, mas que enfrentará nosso eterno calo norte-americano para passar à final...; (5) vôlei feminino, que tem uma pedreira amanhã, contra as russas, mas se passar e engrenar na competição, terá uma vida mais fácil na semifinal.

Aí são cinco, com uma chance razoável de não conseguirmos medalhar no vôlei feminino.

Outras chances, não tão firmes, estão no hipismo, em que temos dois cavaleiros na final individual (Doda e Rodrigo Pessoa); no taekwondo, com Diogo Silva e Natália Falavigna; na Maratona Aquática, com Poliana Okimoto; e no basquete masculino, que pode brigar pelo bronze, caso passe pela forte Argentina nas quartas-de-final

Em resumo, temos cinco favoritos (para medalhas, não necessariamente de ouro) ainda no páreo, com um deles em situação muito difícil. Temos outras seis oportunidades reais, mas não tão prováveis. Parece que chegar à estimativa do COB é factível, pois teríamos que acertar cinco em treze.

Para o mínimo estabelecido por este blog, já seria um aproveitamento maior do que 50% (sete em treze).

Por fim, ainda temos alguma chance remota no Pentatlo Moderno, com Yone Marques; na Maratona masculina, com Marilson dos Santos; no revezamento 4x100 rasos feminino, além do mistério no handebol feminino, onde não temos nenhuma tradição fora do âmbito panamericano, mas um desempenho recente que até nos credencia a aspirar a algum lugar no pódio. O problema é que enfrentaremos as campeãs mundiais nas quartas de final...

Neste caso, aos treze acrescentam-se mais quatro: precisaríamos de um aproveitamento de 29,4% para atingirmos a meta do COB e 41,2% para este escriba ficar feliz.

Com 10 já garantidas e 17 em disputa, quem sabe ainda não chegamos perto do otimismo da Sports Ilustrated com nossa delegação, que previu mais de 20 medalhas para o Brasil?

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

MARCANDO PASSO

Como já tinha dito no meu post anterior, o Brasil iniciou sua marcha olímpica com o pé direito, com três medalhas já no primeiro dia. Entretanto, desde então, temos tido uma série de decepções, especialmente no Judô, nossa maior esperança de conquistas - e maior aposta deste blog também.

Deste modo, pode-se dizer que estamos "marcando passo": paramos nas três medalhas, três de nossas maiores chances no Judô se esvaíram numa desqualificação (Rafaela Silva) e em algumas pegadas de manga que travaram Leandro Guilheiro e Tiago Camilo.

O vôlei feminino se enrolou sozinho e corre o risco de não passar da primeira fase. Em condições normais, confiaria plenamente nas possibilidades de vencer os dois jogos restantes, mas depois da partida tenebrosa de hoje, tenho dúvidas sobre a capacidade emocional deste time se reerguer.

Aliás, muito pertinente o comentário de Carlão hoje à noite no Conexão Sportv, quando ele apontou uma certa artificialidade na vibração das jogadoras brasileiras. Realmente, parecia que a equipe estava se "forçando" a vibrar com os esparsos pontos que conseguiu fazer nas coreanas. Em outras palavras, o time parece ter perdido sua liga. Se tal sombrio prognóstico se confirmar, é menos uma medalha com que se contava no lado brasileiro...

O basquete feminino parece caminhar inexoravelmente para a eliminação, uma vez que o Canadá surge como uma ameaça a uma vitória que pareceria certa, enquanto que o time masculino tem que por as barbas de molho e deixar a irregularidade para trás, já que agora passa a jogar com times que não permitem os descuidos que foram testemunhados nas últimas duas partidas.

O tom é meio pessimista, bastante preocupado, mas amanhã estarei de pé às 05:30h, torcendo para minha judoca preferida, a garota prodígio Mayra Aguiar. Aposto num ouro dela para repor nos trilhos as previsões otimistas para o judô.

E, quem sabe, Luciano Correa não reedita a jornada do Campeonato Mundial de 2007 e Thiago Pereira coroa sua participação olímpica com uma medalha nos 200m medley?

Oremos.

sábado, 28 de julho de 2012

COMEÇOU A MARCHA OLÍMPICA

Pensando sobre o que iria escrever ao final deste início primoroso do Brasil em Londres, veio-me de imediato: começamos com o pé direito.

Efetivamente, três medalhas, uma de cada cor, é um resultado além da expectativa. Entretanto, lembrei que os Jogos foram inaugurados ontem, com uma Cerimônia de Abertura que, devo dizer, deixou a desejar. A presença de grandes nomes como Kenneth Branagh e J.K.Rowling prometeu um evento que mostrasse ao mundo a riqueza cultural do Reino Unido. Os toques de humor, com o salto de paraquedas da Rainha e a participação de Rowan Atkinson na execução de Chariots of Fire, também foram muito bem pensados.

Entretanto, como se comentou ao longo da cobertura ao vivo do Sportv, faltou emoção. E faltou porque o Esporte esteve meio longe do que se mostrou ao longo da festa, que também pecou pela falta de ritmo, parecendo um tanto quanto arrastada.

Os pontos altos foram os coros de crianças apresentando os quatro países do Reino Unido, em lindas imagens gravadas e, ao vivo, cantando God Save the Queen; a formação dos aros olímpicos; e a solução dada para a formação da Pira Olímpica, composta por artefatos que acompanharam cada uma das 205 delegações que desfilaram um pouco antes.

Mas acho imperdoável um país com a história esportiva em geral e olímpica em particular, tendo sediado dois Jogos Olímpicos cheios de significado anteriormente, tornando-se a cidade que mais vezes recebeu o evento, tenha deixado a mitologia esportiva de fora da festa. Vale o alerta para a nossa festa daqui a quatro anos.

Portanto, está explicado o título, como no Exército Brasileiro, começamos nossa marcha com o pé esquerdo, mas o direito vem logo a seguir, numa alternância que caracteriza qualquer evento esportivo desta magnitude.

Hoje tivemos a glória dourada de Sarah Menezes, a superação de Felipe Kitadai e a surpresa de Thiago Pereira, que finalmente chegou a um pódio olímpico há muito perseguido.

Por outro lado, tivemos o fiasco de Felipe França, que não chegou à final dos 100m peito, mais uma queda de Diego Hypólito, o apagão do time feminino de Basquete e, em certa medida, o susto preocupante da Seleção de Vôlei Feminino.

Mas o amargor destas derrotas ou a preocupação de uma vitória pouco convincente não bastam para empanar o brilho de uma largada que nos dá razões para sonharmos com uma marcha triunfal, talvez a melhor de nossa história olímpica.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

PARA ENTRAR NA TORCIDA

Se o anterior era para entrar no clima, este é para sintonizar na torcida verde-amarela. Finalmente alguém descobriu o caráter épico de nossa história esportiva: http://youtu.be/UIwfC4MJv1I

PARA ENTRAR NO CLIMA

É 01:44h, já estamos no dia da cerimônia de abertura do Jogos da XXX Olimpíada da Era Moderna. Para entrar no clima, reconheço, mais uma vez, que sou um chorão - como quem eventualmente lê este blog já pode ter percebido -, mas convido todos a pararem um pouco e assistirem estes pequenos vídeos, lançados como preparação para os Jogos de Sydney, em 2000. São dos melhores filmes sobre esporte que já vi. Embora os tenha visto e revisto nos últimos anos, nunca deixo de me emocionar: http://www.youtube.com/watch?v=dbG4cGsfB6o

PALPITES DO BARBALHO: Megalomania Desenfreada

Recapitulando os quatro posts anteriores, fiz a contagem final, e acabei aumentando a aposta tresloucada dos últimos Jogos Olímpicos.

Se em 2008 minha previsão de 33 medalhas já foi destaque - com muita ironia e espanto, merecidos - na coluna do Renato Maurício Prado, este ano aposto em 34!!!

Segundo meus chutes, contaminados com a mais pura ilusão de torcedor, serão 11 ouros, 6 pratas e 17 bronzes.

Conferindo:

ATLETISMO: uma prata com Fabiana Murer, e três bronzes, Maurren Maggi, Marilson dos Santos e 4x100 feminino.

NATAÇÃO: ouro para Cielo nos 50m, prata para Poliana Okimoto na Maratona Aquática, e quatro bronzes, Cielo, nos 100m; Fratus, nos 50m; Thiago Pereira, nos 200m medley e Felipe França, nos 100m peito.

FUTEBOL: ouro para a Seleção Masculina

VÔLEI: dois ouros na praia (Emanuel e Alison, Juliana e Larissa), uma prata para a Seleção Feminina de quadra, e dois bronzes, com a Seleção Masculina de quadra e com Ricardo/Pedro Cunha.

BASQUETE: bronze com a Seleção Masculina.

HANDEBOL: bronze com a Seleção Feminina.

JUDÔ: 4 ouros (Mayra, Sarah, Guilheiro e Camilo), 1 prata (pesado masculino) e 2 bronzes (um no masculino e outro no feminino, categoria a escolher)

VELA: 1 ouro de Scheidt e Prada e 1 prata para Bimba.

TAEKWONDO: 1 ouro de Natália Falavigna e 1 bronze de Diogo Silva.

PENTATLO MODERNO: 1 bronze de Yone Marques.

HIPISMO: 1 bronze, com Doda.

BOXE: 1 bronze com Éverton Lopes e 1 bronze no feminino.

GINÁSTICA: 1 ouro com Arthur Zanetti e 1 bronze com Diego Hypólito.

Revendo o acesso de otimismo delirante acima, uma crítica severa faz alguns cortes e dá a expectativa mais realista:

ATLETISMO: uma prata com Fabiana Murer, e só.

NATAÇÃO: ouro para Cielo nos 50m, bronze para Poliana Okimoto na Maratona Aquática e Bruno Fratus, nos 50m.

FUTEBOL: ouro para a Seleção Masculina

VÔLEI: um ouro e uma prata na praia (com as duas duplas indicadas acima, Emanuel e Alison, Juliana e Larissa) e uma prata para a Seleção Feminina de quadra.

JUDÔ: 2 ouros (um no masculino e outro no feminino, entre Mayra, Sarah, Guilheiro e Camilo), 1 prata (em qualquer categoria, homem ou mulher) e 2 bronzes (um no masculino e outro no feminino, categoria a escolher, tal como na aposta original)

VELA: 1 ouro de Scheidt e Prada.

TAEKWONDO: 1 bronze de Natália Falavigna.

BOXE: 1 bronze com Éverton Lopes.

GINÁSTICA: 1 prata com Arthur Zanetti.

Na visão mais "pé no chão" (ou menos "cabeça nas nuvens", dependendo do ponto de vista), ainda assim o melhor desempenho de nossa história olímpica e dentro da estimativa mais profissional do COB: 17 medalhas, sendo 6 de ouro, 5 de prata e 6 de bronze.

PALPITES DO BARBALHO - Parte 4: Sprint Final

Como deixei acumular, vou ter que lançar os prognósticos no estilo Maradona, ou seja, na carreira (hehehe).

Então, foi dada a largada:

JUDÔ: unanimemente apontada como a modalidade que pode nos dar um número expressivo de medalhas, a Confederação Brasileira de Judô parece ter feito direitinho a lição de casa. Temos diversos atletas com reais chances de obter resultados expressivos e fundamentos reais para acreditar que, depois de 20 anos, veremos um judoca brasileiro no lugar mais alto do pódio. Entretanto, tínhamos três campeões mundiais em 2008 e voltamos com três medalhas de bronze. Um vacilo durante qualquer momento da luta pode por todo um ciclo olímpico a perder. As apostas mais "certas" são os dois brazucas em primeiro lugar nos rankings de suas respectivas categorias: Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar. A gaúcha, inclusive, já tinha sido uma aposta deste blog para os últimos Jogos, que, infelizmente, não se confirmou. Entretanto, continuo com fortes esperanças que ela trará o ouro, assim como Guilheiro, que pode emplacar a terceira edição seguida com medalhas, agora com um brilho dourado. O otimismo que sempre me ataca às vésperas dos Jogos Olímpicos me faz arriscar com outras duas medalhas de ouro: Thiago Camilo, que assim completaria a sua coleção particular (prata em 2000 e bronze em 2008) e Sarah Menezes. Dependendo do cruzamento das chaves, ouso apostar numa prata na categoria pesado masculino, onde nosso representante dificilmente venceria o fenômeno francês Teddy Riner. Além destas medalhas, acredito em mais dois bronzes, provavelmente um no masculino e outro no feminino. Portanto, seriam 7 medalhas: 4 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze.

GINÁSTICA: aqui as maiores esperanças estão com Arthur Zanetti, que depois do vice-campeonato mundial, aprimorou ainda mais sua série, que tem um grau elevadíssimo de dificuldade. Acho que dá para beliscar outro ouro. Diego Hypólito mereceria uma medalha pela peça que o destino lhe pregou nos Jogos de Pequim, mas padeceu todo o ciclo olímpico com inúmeras lesões e está reclamando de dores fortes nos últimos dias. Acredito que, na melhor das hipóteses, ele fatura um bronze. No feminino, temos uma equipe que padece de falta de renovação e de inúmeros problemas de última hora: corte de Jade Barbosa e lesão de Laís Souza. Portanto, mais dois pódios: 1 ouro e 1 prata.

VELA: uma grande chance de ouro está no barco de sempre, Robert Scheidt. Acompanhado por Bruno Prada, nosso bicampeão olímpico vem ganhando tudo na classe Star. A maior ameaça é uma tripulação da casa, campeã em Pequim, mas ponho fé que teremos nosso primeiro tricampeão olímpico este ano. Também acredito que Ricardo Winick leva finalmente a medalha que há tanto tempo persegue na RS:X. Uma prata seria muito festejada.

HIPISMO: Rodrigo Pessoa não tem mais Baloubet du Rouet. O melhor conjunto hoje é liderado por Álvaro Miranda Neto, o Doda. Talvez dê para beliscar um bronze. A equipe nacional, infelizmente, não vem repetindo os bons resultados do início da década.

BOXE: muita gente boa põe suas fichas em Éverton Lopes. Não vou destoar. O campeão mundial amador pode igualar o feito de Servílio de Oliveira e buscar um bronze. No feminino, que estreia nesta edição, o reduzido número de participantes me faz acreditar que talvez surpreendamos com mais um bronze.

TAEKWONDO: meu amigo Daniel Dias, integrante da comissão técnica da Seleção Brasileira, soprou-me a dica de que Natália Falavigna sobra na sua categoria. Entretanto, nossa medalhista em Pequim sofreu com muitas contusões nos últimos tempos. Ainda assim, acredito numa medalha de ouro. Diogo Silva já chegou perto uma vez. Em outro arroubo otimista, prevejo um bronze para nosso atleta.

PENTATLO MODERNO: Yone Marques também já foi aposta deste blog em 2008. Vou repetir o palpite: um bronze para nossa superatleta.

No balanço parcial deste post, são 7 medalhas de ouro, 3 de prata e 6 de bronze. Só aqui, já superaríamos Pequim e Atlanta no total e Atenas no número de campeonatos olímpicos. Já lanço post, logo em seguir, com o balanço final.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

PALPITES DO BARBALHO - Parte 3: Atrasado, para Variar.

Pois bem, queria fazer uma análise que antecipasse os Jogos, mas eis que o trabalho me enrolou e já houve disputa hoje, sem que eu tenha feito meu exercício de gato-mestragem a tempo.

Então, vamos lá. Neste post, vou de trocadilho: analisarei as chances dos esportes coletivos, coletivamente (eu sei... horrível, mas são 00:50h e estou correndo atrás do prejuízo).

Assim o faço por conta da estreia da Seleção de Futebol Feminino, que começou passando o carro em Camarões, o que, aqui entre nós, não é mais do que a obrigação. Em que pese minha grande simpatia pelo time feminino, acho que neste ano não vai dar nada, nem a prata que conquistamos nos dois últimos Jogos Olímpicos.

Nossa participação no último Mundial foi abaixo da média dos últimos anos e os amistosos que antecederam a competição de Londres mostraram um Brasil abaixo das principais potências mundiais. Tomara que eu queime a língua, mas acho que o bronze seria de excelente tamanho. Para cravar um palpite, acho que é menos uma medalha na bagagem.

Já o masculino não tem grandes concorrentes à vista. A Espanha vem liderada pelo Juan Mata, armador do Chelsea que teve seu brilhareco na final da Eurocopa. O Uruguai sempre é uma ameaça, ainda mais em se tratando de Jogos Olímpicos. Por fim, fala-se muito do México. Portanto, estamos na condição de favoritos e meio que temos a obrigação de ganhar, conforme palavras do Presidente da CBF. Aposto no ouro, embora nosso prontuário deixe abertura para surpresas desagradáveis...

No vôlei, a aposta em 6 medalhas (quatro na praia e duas na quadra) está seriamente ameaçada. O time masculino não tem mais o punch ofensivo que sempre caracterizou o Brasil. Perdemos o instinto matador. Acho que entrar no pódio já estará muito bom. Meu palpite é um bronze. Já a seleção feminina tem chances reais de chegar à final. Confirmando-se a expectativa, acho que não terá muitas possibilidades contra os EUA, que nos ganharam no Grand Prix com o time reserva. Prata.

Na praia, a dupla campeã de 2004, Ricardo e Emanuel, virou duas. Chances reais de enchermos novamente o pódio. Aposto no ouro para Emanuel e Alison e bronze para Ricardo e seu parceiro que, lamentavelmente, não lembro o nome. Juliana e Larissa finalmente têm a chance de jogar um torneio olímpico e acho que vão aproveitar em grande estilo: ouro para elas. Maria Elisa e Talita não me parecem ter chance de furar a trinca que se fecha com as duplas chinesa e americana, que vêm brigando com a primeira dupla brasileira citada acima.

Basquete. O time feminino, mais uma vez desfalcado da tresloucada Iziane, que deveria ser definitivamente banida da Seleção, fará mera figuração no torneio olímpico. Já a Seleção Masculina volta com grandes expectativas depois de várias edições no ostracismo. O argentino Ruben Magnano deu um padrão tático que há muito tempo não víamos no time brasileiro. Hoje, Hortência afirmou que esta é a melhor geração que ela viu jogar no Brasil. Também tenho muita fé nesta equipe. Acho que, com sorte, conseguiremos beliscar um bronze, apesar da concorrência duríssima. Dependendo dos cruzamentos, quem sabe uma prata? Ouro está fora de cogitação, pois, embora esteja há léguas do Dream Team original (Kobe faria melhor em ficar calado e só jogar), a Seleção americana está muito acima das outras.

Por fim, o handebol. Depois de uma campanha muito boa no Mundial, nossas meninas podem sonhar com um bronze, sempre dependendo dos cruzamentos após a primeira fase.

Portanto, nos campos e quadras que mais nos agradam como torcedores, os esportes coletivos, podemos fazer uma colheita de 3 ouros, 1 prata e 4 bronzes. Já seria metade da meta posta pelo COB.

terça-feira, 17 de julho de 2012

PALPITES DO BARBALHO - PARTE 2: Águas Misteriosas

Seguindo na série prognósticos, passo para o segundo esporte na escala de "nobreza" dos Jogos Olímpicos: a natação.

Talvez esteja aqui nossa maior esperança de uma medalha de ouro: Cesar Cielo dominou praticamente todo o ciclo olímpico nos 50m rasos, com um bônus: um dos seus concorrentes diretos neste período é outro brasileiro, Bruno Fratus. Seria incrível poder reeditar a dobradinha do pódio do vôlei de praia feminino de 1996 (Jacqueline/Sandra e Adriana/Mônica) ao final dos pouco mais de 20 segundos da prova em questão.

O problema é o tal do Magnussen, australiano com nome de sueco que veio para deixar o negócio complicado. Isto sem contar que os 50m são meio "bola ou búlica"... Um erro mínimo é suficiente para deixar o atleta fora do pódio.

Em outras palavras, podemos coroar nosso sexto bicampeão olímpico e ainda fazer uma dobradinha histórica, mas também nos arriscamos a ter uma decepção daquelas. Esperemos que mau desempenho de Cesão no recente Torneio Sette Colli em Roma tenha sido somente um momento de relaxamento antes do espetáculo de agressividade e comprometimento que o Barbarense normalmente nos proporciona.

Cesar Cielo ainda é esperança de alguma medalha nos 100m livres e nos dois revezamentos 4x100, livres e medley. Diante dos resultados do nosso campeão, e lembrando que ele levou o bronze em Pequim "no photochart", repetir a proeza já estará de bom tamanho na prova individual.

Quanto aos dois revezamentos, levo mais fé no 4x100 medley, onde temos, além de Cielo, Felipe França no nado peito e Thiago Pereira, no nado costas (ou borboleta, não sei). Mas aqui, o máximo que podemos almejar é outro bronze.

Outro bronze também pode sair das braçadas de Felipe França, mas com a dúvida sobre seu fôlego para cobrir os 100m do nado peito, já que suas medalhas em Mundiais vieram nos 50m, que não é prova olímpica.

Um eterno mistério é se Thiago Pereira deixará de ser só a promessa que aparece nos Panamericanos e finalmente conseguirá um resultado expressivo em âmbito mundial - no caso, olímpico. O amadurecimento do nadador e alguma maior consistências nas provas deste último ciclo olímpico podem até nos dar alguma esperança de mais um bronze em alguma de suas provas, em especial os 200m medley.

Por fim, a chance de uma medalha vir pelas mãos de uma mulher está fora das piscinas, na maratona aquática, onde Poliana Okimoto tem um cartel consistente no circuito mundial. Entretanto, o resultado de uma prova específica é sempre imprevisível, especialmente diante dos exemplos de chegadas que se resolvem somente no tapinha na boia da linha final.

Diante de todo exposto, vamos para água cheios de esperança de fazer nosso melhor resultado nos desportos aquáticos, mas com a dúvida de poder voltar com um travo amargo na boca... O prognóstico vai de dois ouros de Cielo, mais um de Poliana, além de uma prata para Fratus e cinco bronzes (os dois revezamentos, Thiago Pereira, Cielo nos 100m livres e Felipe França), até as profundezas de uma depressão sem medalha...

Uma avaliação realista deste blogueiro aponta para um ouro de Cielo nos 50m, uma prata para Poliana Okimoto e quatro bronzes: Fratus nos 50m, Cielo nos 100m, Thiago Pereira e Felipe França. Ainda assim, seria um excelente resultado, talvez fruto do otimismo exagerado deste escriba...

sábado, 14 de julho de 2012

PALPITES DO BARBALHO - PARTE 1: Canarinhos Mirrados

Mantendo a tradição do blog, e agora que faltam menos de duas semanas para o início dos Jogos Olímpicos, passo a exercer meu direito inalienável à gato-mestragem (ou seria gato-mestrice? Tem hífen?).

Só para lembrar, meus prognósticos (nome pernóstico para chutes de quem se mete a entendido no tema) para os Jogos de Pequim passaram longe do alvo, sendo objeto de merecida chacota pública do Renato Maurício Prado em sua coluna. Previ 33 (!!!) medalhas para o Brasil na edição de 2008...(veja neste próprio blog: http://patriadesportiva.blogspot.com.br/2008/08/palpito-ou-chuva-de-ouro-ou-ainda.html ou ainda, http://patriadesportiva.blogspot.com.br/2008/08/palpito-2-ou-menos-fernando-menos.html)

Entretanto, fazendo uso da frase petelha que já virou clichê, como "sou brasileiro e não desisto nunca", começo a Sessão Palpitão pelo atletismo, inspiração para o subtítulo metido a engraçado lá em cima.

Traduzindo (porque piada ruim vc tem que explicar), canarinhos são a referência emprestada do futebol, uma vez que nossa Seleção há algum tempo atrás ostentava com mais frequência este apelido de sentido duvidoso. Mirrados por conta do pífio desempenho do nosso atletismo ao longo da história olímpica, especialmente à luz do nosso potencial.

De fato, em 88 anos de participação em Jogos Olímpicos (não estou contando a edição deste ano), temos quatro medalhas de ouro: duas com Adhemar Ferreira da Silva, no salto triplo, uma com Joaquim Cruz, nos 800 metros rasos, e a última em 2008, com Maurren Maggi, no salto em distância. Ou seja, um campeão olímpico a cada quatro edições dos Jogos, em média.

Pessoalmente, considero este resultado uma verdadeira vergonha, dada a imensa população que temos, e, portanto, a praticamente inesgotável fonte de potenciais atletas a poderem apresentar um desempenho minimamente compatível com a expressão do nosso país no mundo em geral, e no esporte, especificamente.

Pois bem, este ano, o negócio não parece muito melhor.

Maurren Maggi não salta mais do que 7,00 metros desde a noite em que obteve o ouro olímpico, quatro anos atrás. No último Mundial da modalidade, não chegou sequer ao pódio. Entretanto, tem currículo que deve ser respeitado. Uma visão realista lhe dá, no máximo, um bronze.

Fabiana Murer era a grande esperança até o início deste ano, especialmente com o título mundial indoor conquistado em 2011. Entretanto, não vem repetindo o excelente desempenho ao longo deste ano. Talvez a série de treinamentos do ano olímpico produza resultados na própria competição. Como há uma Isinbayeva no caminho, uma prata está de excelente tamanho, sempre contando que nenhuma vara suma durante a competição...

Marílson dos Santos é constantemente apontado como o maratonista melhor ranqueado após todos os africanos de plantão. Portanto, se o tempo, o sol, a pressão atmosférica e os astros se alinharem, pode ser que somente dois - dos 544 africanos que vencem corridas de fundo às dúzias - fiquem à frente dele. Repetir o bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima em 2004 já estaria ótimo.

Ultimamente tem-se falado muito das possibilidades do revezamento 4x100 feminino, que estaria herdando um retrospecto destacado que a equipe masculina teve na década de 1990. Mas o próprio treinador afirma que uma medalha é muito difícil. Para manter o viés otimista do blog, cravo um bronze aqui também.

Como dizia o meu caríssimo amigo Marcos Juruena, ele também apaixonado por esportes, "é o que tem pra hoje": na melhor das hipóteses, uma prata e três bronzes. Vamos contando. Mais tarde eu volto com outras previsões.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

TANGO LOCO

Como bem sabem meus quatro seguidores e os leitores esporádicos deste bloguinho, não sou corintiano, sou rubronegro já de terceira geração, passando a paixão para a quarta. Também não acredito nesta baboseira de que "o Corinthians é o Brasil na Libertadores".

Entretanto, recebi um link para uma matéria do Meio & Mensagem e acabei topando com outro link desta promoção da Brahma. Simplesmente sensacional. Bom para entrar no clima do jogo de logo mais. Vejam:

http://youtu.be/Y0l9tnV5AD8

domingo, 1 de julho de 2012

LINDO!

Estou aqui, tentando disfarçar as lágrimas da minha filha, que pergunta quem são estes senhores velhos que apareceram no Esporte Espetacular.

Já tocado pela emoção trazida por alguma de minhas primeiras memórias esportivas - e de uma das maiores tristezas de minha vida - desabei quando a câmera volta com Glenda Koslowski enxugando o rosto. Vou ao Google e confiro: nascida em 1974. Explicado.

Falo da linda matéria que acaba de ser veiculada no programa da Globo, falando dos 30 anos da derrota no Sarriá, o dia em que acabou o sonho acalentado pela maravilhosa Seleção de 1982. Em 82, Glenda tinha 8 anos. Eu tinha 10, assim como o garoto que, hoje advogado como eu, imortalizou, na capa do Jornal da Tarde, a imagem da torcida chorando uma derrota muito doída.

Eu sempre digo que cresci mal acostumado: o primeiro jogo que lembro de ter assistido foi Flamengo 3 x 2 Atlético-MG, final do Brasileiro de 1980. A partir daí, os primeiros times para que torci foram o Flamengo campeão de tudo entre 78 e 83 e a Seleção Brasileira que encantou o mundo no começo da década de 80.

A certeza da vitória era tão grande, a alegria que cercava cada jogo daquela Seleção era tão contagiante que a eliminação diante da Itália é um evento comparável talvez à tragédia de 1950.

Na verdade, a derrota do Sarriá é, para a minha geração, o que a final de 50 foi para a geração dos nossos avós. Uma tristeza que se imprimiu na memória coletiva. Daí as lágrimas da Glenda. E as minhas.

Mas agora, 30 anos depois, já não há somente a tristeza e a incredulidade daquele momento, onde todo mundo tinha o sentimento relatado pelo grande lateral Leandro na matéria em questão: "acordem-me, estou sonhando. Isto não foi real. Vou acordar e o Brasil ganhou da Itália e nós seguimos no caminho para sermos tetracampeões do mundo." Há também a felicidade de ter presenciado um daqueles momentos singulares no esporte. A hora em que a maior vitória não está no placar, mas no legado que o atleta deixa para história.

É a placa de que Falcão fala na mesma matéria: "Valeu Brasil, nem sempre vence o melhor." O volante mágico que virou o Rei de Roma viu este cartaz na saída do estádio, após a derrota para a Itália. Ele fala que este é o troféu daquele time.

Talvez sim. Talvez... não.

Quem sabe a placa não mentia? No final, aquela Seleção venceu. Não a Copa, mas a eternidade. Um lugar no coração de toda uma geração. Um posto no pódio das equipes que não precisam de um título para marcar seu lugar na história.

sábado, 30 de junho de 2012

ENTRANDO NO CLIMA OLÍMPICO

Já aberta a temporada olímpica e estando a menos de um mês do início dos Jogos de Londres, começo a "aquecer as turbinas" para a maior competição do planeta citando matéria da última Revista da ESPN (nº 32 - junho de 2012).

Sob a responsabilidade de Luís Augusto Símon e Rodrigo Borges, a publicação fez enquete com 32 (trinta e dois) jornalistas para eleger os "Dez Brasileiros para História". Ei-los, pela ordem:

1. Adhemar Ferreira da Silva (atletismo, bicampeão olímpico no salto triplo - 1952/56)
2. Torben Grael (iatismo, cinco medalhas olímpicas: duas de ouro-1996/2004, uma de prata-1984 e duas de bronze-1988/2000)
3. Robert Scheidt (iatismo, quatro medalhas olímpicas: duas de ouro-1996/2004 e duas de prata-2000/2008)
4. Joaquim Cruz (atletismo, campeão olímpico (800m) em 1984 e prata em 1988)
5. Cesar Cielo (natação, campeão olímpico/50m livre e bronze/100m livre em 2008)
6. Aurélio Miguel (judô, campeão olímpico em 1988 e bronze em 1996)
7. Maurício Lima (vôlei, bicampeão olímpico em 1992 e 2004)
8. Gustavo Borges (natação, quatro medalhas olímpicas: duas de prata-1992/1996 e duas de bronze-1996/2000)
9. Guilherme Paraense (tiro, duas medalhas olímpicas em 1920: ouro e bronze)
10. Maurren Maggi (atletismo, campeã olímpica no salto em distância - 2008)

Achei a lista bastante interessante, embora, como em qualquer iniciativa como esta, eu discorde em alguns pontos. Minhas modificações - e concordâncias - com a devida justificativa.

1. Adhemar Ferreira da Silva: embora já tenhamos - graças a Deus - outros bicampeões olímpicos, o atletismo é o esporte mais "nobre" dos Jogos, matriz de todos os demais e aquele que mais proximamente diz às origens do ideal olímpico. Ter dois triunfos neste cenário não é para qualquer um. Como não ponho minhas fichas em Maurren Maggi este ano (isto fica para um outro post), ainda está para aparecer alguém com a envergadura do nosso maior herói olímpico.

2. Torben Grael: cinco medalhas em seis edições. Depois foi comandar a embarcação vencedora da Volvo Ocean Race. Também é para pouquíssimos.

3. Robert Scheidt: quatro medalhas, um bicampeonato olímpico, e contando... Grael que se cuide.

4. Joaquim Cruz: maior nome do atletismo brasileiro depois do moço nº 1. Faria bem ouvirmos um pouco mais do homem que teve que ficar nos EUA para continuar contribuindo com o esporte...

5. César Cielo: como Scheidt, já tem duas medalhas e ainda contando. As boas chances deste ano podem levá-lo ao pódio desta lista. Isto se não ao seu topo absoluto.

Como se viu, até agora, só anuências com a lista de cima. Agora começo a dar vazão às minhas idiossincrasias pessoais:

6. Maurício Lima: dois são mais do que um, portanto, o campeão Aurélio Miguel fica para trás do levantador mais genial que já vi (melhor até do que Ricardinho, embora tenha sido reserva deste último no título de 2008).

7. Giovane Gavio: com base na mesma premissa da colocação anterior, o bicampeonato do atacante também põe Aurélio Miguel para trás, até porque o vôlei virou nossa segunda paixão nacional. Isto sem falar que sua participação no título de 2008 foi ainda mais efetiva do que a do Maurício.

8. Aurélio Miguel: para além da inesquecível memória de uma madrugada em que via um judoca ajoelhado, abrindo os braços para comemorar uma inédita medalha de ouro, ainda há a história da escolha pessoal em competir pelo Brasil, quando a Espanha lhe oferecera a oportunidade de defender a bandeira de seus ancestrais, preparando o terreno para os Jogos de 1992. E isto sem falar no ônus pessoal de enfrentar o status quo do Judô e criar as condições para uma entidade bem melhor estruturada hoje em dia.

9. Jacqueline Silva: a precedência das mulheres aqui é para a mulher que desafiou meio mundo no vôlei de quadra, reinventou-se na areia e protagonizou um dos momentos de maior dominância do esporte brasileiro na história olímpica, a memorável final verde-amarela do vôlei de praia em 1996, vencida por Jackie.

10. Maurren Maggi: fica no mesmo lugar, com o mesmo brilho. Afinal, vencer no atletismo, ainda mais com o revés do doping que interrompeu uma trajetória promissora, garantem a saltadora no Top Ten.

E agora, a apelada para chamar os amiguinhos para brincar: e você, qual a sua lista?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

ESTÁ NASCENDO UM TIME MUNDIAL?

"Foi a partir dessa evolução e desse ambiente que, em 2003, chegamos à conclusão de que na indústria do futebol estava começando a surgir uma brecha entre os clubes que se tornam fornecedores de entretenimento, com marcas de alcance global, e os outros clubes, que ficam circunscritos a mercados mais locais. Os primeiros poderáo continuar crescendo, contratando os melhores jogadores, ganhando campeonatos e obtendo mais renda, o que permitirá, novamente, contratar os melhores para ganhar outra vez. É o que definimos, então, como círculo virtuoso. Ao contrário, os clubes que não conseguirem continuar nesse ritmo, terão muito menos possibilidades de ganhar e deverão concorrer em mercados menores." (SORIANO, Ferrran. A Bola não Entra por Acaso. São Paulo: Larousse, 2011. p.23)

O autor da passagem acima foi Vice-Presidente do Barcelona, na gestão que marcou a virada do time azul-grená para se tornar uma referência internacional no mundo do futebol. Pegou um time sem títulos nos quatro anos anteriores e que conseguira ficar em oitavo na desequilibrada Liga Espanhola e, ousando ao contratar um jovem dentuço do Paris Saint Germain, levou o clube a conquistar a Liga dos Campeões da Europa.

No livro citado acima, o dirigente catalão explica como foi o processo de transformação do Barcelona numa potência mundial, de como aquela Diretoria escolheu fazer uma revolução:

"Um esforço combinado de redução de gastos supérfluos, reestruturação da dívida e investimento imediato no time. Construir um time atraente, competitivo, que levasse o Barcelona de volta à primeira linha e que gerasse a renda que autofinanciasse o investimento realizado." (pp.51/52)

Quem vem fazendo isto no Brasil? Qual o time que efetivamente tem ambições de ser protagonista no cenário internacional? O exemplo mais notório é o Santos, calcado numa história em que reluz o maior jogador de todos os tempos e gerido por um grupo que efetivamente entende do riscado, o Santos fez um esforço enorme para manter os principais nomes de seu elenco e foi premiado com a Libertadores do ano passado, embora tenha sido devidamente massacrado pelo mesmo Barcelona na final do Mundial de 2011.

Outro clube que tem um projeto consistente de globalização de sua marca é o Internacional de Porto Alegre, que prioriza sistematicamente qualquer competição que extrapole os limites do país.

Entretanto, com a vitória de ontem do Corinthians sobre o Santos na semi-final da Libertadores, vai se concretizando a maior chance de se ter um clube brasileiro como uma grande expressão no mercado mundial do futebol.

A um esforço sistemático, traduzido nos últimos dias como uma verdadeira "obsessão" corintiana pelo título sul-americano, o Corinthians alia algo que os outros dois clubes mencionados anteriormente não têm: um potencial gigantesco de mercado. Com uma das duas maiores torcidas do país e sediado no maior mercado consumidor do Brasil, o Corinthians, caso vença a Libertadores este ano, associará um bom momento atlético a uma plataforma de marketing já bem estruturada e à possibilidade de explorar significativas fontes de renda com o seu novo estádio que ficará pronto no ano que vem.

Estão postos os ingredientes que, mantida uma administração profissional (que pressupõe fechar de vez as portas da gestão aos marginais que, vez por outra, vão "tirar satisfação" da direção técnica e administrativa do clube), conferem ao Corinthians um horizonte de progresso muito amplo, bem maior do que qualquer outro clube brasileiro.

Enquanto isto, na Gávea...

ALERTA OLÍMPICO

É claro que os profissionais de educação física poderão explicar detalhadamente que esta última fase é a etapa do chamado "apronto", onde os atletas estão saindo do período de maior ênfase na preparação física e depurando questões técnicas e táticas, para estarem no ápice de sua forma atlética daqui a 36 dias, durante os Jogos de Londres.

Entretanto, começo a ficar preocupado como torcedor, diante dos últimos resultados colhidos pelas diversas equipes e atletas brasileiros.

Matéria desta semana no Globo já destacava o declínio do vôlei brasileiro, tanto no feminino, quanto no masculino. De fato, tenho observado com preocupação que, na Seleção dos rapazes, o nosso ataque, que sempre foi um diferencial para as demais equipes, já não se impõe com tanta facilidade, sendo recorrentes os exemplos de contra-ataques que não são aproveitados pelo time verde-amarelo.

Viu-se isto novamente na Liga Mundial e, embora tenham que ser computados os desfalques, nossa equipe masculina só conseguiu vencer uma de quatro partidas contra a Polônia (e em casa!) e perdeu uma para o Canadá, que apesar de parecer ter um grupo promissor, nunca nos meteu medo.

A própria volta de Ricardinho, que ao menos fisicamente parece longe de sua melhor forma, parece traduzir uma certa falta de opção de Bernardinho.

Já no feminino, a própria necessidade de jogar o Pré-Olímpico continental, depois de não conseguir a vaga na Copa do Mundo, onde se classificavam as três melhores seleções, é um sinal concreto de preocupação, até porque, também no feminino, ainda não conseguimos encontrar uma levantadora que mantenha o padrão de qualidade estabelecido por Fernanda Venturini e Fofão.

Embora não tenha acompanhado de perto, os maus resultados de Cesar Cielo, noticiados a partir de um recente evento na Itália deixam uma pulga atrás da orelha da torcida que irá para o Parque Aquático de Londres atrás de uma medalha que parecia certa, mas que é cada vez mais ameaçada por um certo australiano de nome sueco...

Outro nome de grande destaque em qualquer aposta para medalha brasileira nos Jogos, Diego Hipólito, passou muito tempo, inclusive muito recentemente, no "estaleiro", recuperando-se de múltiplas contusões, o que deixa naturais dúvidas sobre suas possibilidades na competição em solo britânico.

Por fim, a apatia de Ganso nos últimos jogos e as dificuldades que se abatem sobre Neymar cada vez que a marcação é feita de forma minimamente decente eliminam a vantagem que sempre foi apontada em favor da Seleção de Futebol na competição olímpica. Isto sem contar a incapacidade renitente do time de Mano Menezes vencer um time de primeira linha do ranking mundial.

Como se vê, nossas cinco maiores esperanças de medalha vão para Londres sob desconfiança. Está aceso o alerta para nossa delegação olímpica.

domingo, 10 de junho de 2012

CONTRA A MEDIOCRIDADE

Jogão hoje à tarde. Brasil e Argentina realmente protagonizaram um espetáculo esportivo à altura de suas respectivas tradições e da histórica do que muitos chamam do "Maior Clássico do Futebol Mundial".

A louvar - e aqui dou minha mão à palmatória, pois já o critiquei muito neste blog, e agora o Mano parece estar dando um padrão de jogo à Seleção - a postura e a coragem do time, que efetivamente jogou de igual para igual com um time de primeira linha.

O problema, no entanto, persiste. Desde que assumiu a Seleção, Mano Menezes não consegue fazer o Brasil ganhar de nenhum time do primeiro escalão do futebol mundial. Isto é preocupante.

E não me venham com a história de que "este é o time olímpico do Brasil, jogando contra a Seleção principal da Argentina", como repetiu à exaustão o Galvão na transmissão de hoje. O excelente jornalista do Sportv, André Rizek, vem repetindo quase todo dia, e concordo integralmente com suas palavras, que este é, na verdade, o time principal do Brasil.

Não há muito mais jogadores candidatos a constar nesta Seleção. Se não, vejamos: no gol, Rafael não comprometeu, muito pelo contrário. Acho que só poderia ser barrado com acréscimo de qualidade se Júlio César voltasse à forma que apresentava pouco antes da Copa de 2010.

Nas laterais, a faixa direita realmente carece de um Daniel Alves (embora eu ache que ele tem uma máscara sem tamanho...), de um Maicon em boa forma (em boas condições, prefiro ele ao baiano do Barcelona), pois Danilo foi uma grande decepção. Na esquerda, não tem para ninguém, Marcelo tomou a posição. Joga muito. Só temos que prestar atenção para não reeditarmos Felipe Melo no ex-tricolor das Laranjeiras.

Hoje tivemos efetivo prejuízo na zaga, pois não jogou sequer o que seria a defesa reserva. Juan e Bruno Uvini estão há muitos quilômetros de distância da zaga titular: Thiago Silva (um monstro) e David Luiz (não compromete e já está com rodagem internacional).

No meio-campo, para mim, Sandro é titular do time principal. Rômulo ou qualquer outro queijando de contenção é a mesma coisa. Talvez se o Mano ousasse experimentar o Arouca e o Ramires, fosse outra história, mas este é um dado inexistente na comparação.

Na meia de ligação, Oscar definitivamente tomou a posição de Ganso no time titular - e aqui estou falando da Seleção principal. Depois de um promissor início, o meia santista passou mais tempo no estaleiro do que qualquer outra coisa. A própria revista Placar já destacava o paradoxo que envolvia Paulo Henrique Ganso: ele só passou a ser imprescindível depois que se contundiu. Se continuar neste marasmo e o Kaká arrumar um jeito de jogar com alguma regularidade em qualquer time que seja (porque no Real Madrid ele parece que não vai conseguir...), arrisca o parceiro do Neymar ficar de fora de outra Copa.

Neymar é a unanimidade que todos falam no Brasil, embora tenha sido deprimente ver a distância abissal que ainda o separa de Messi. Enquanto que o argentino não cai, acelera o passo atrás da bola até vencer os adversários, o menino moicano volta a cair pedindo falta quando a marcação aperta...

Veja-se bem: não estou dizendo que Neymar é ruim. Ao contrário, é muito bom. Mas precisa mostrar ao que veio na Seleção, embora seja titular inconteste de qualquer time verde-amarelo.

Apesar da verdadeira maldade que o Mano está fazendo com o Lucas, desperdiçado em poscionamentos equivocados e escondido no banco de reservas até quase o final de cada jogo, Hulk está se desincumbindo bem da missão, embora tenha uma tendência irritante a prender a bola.

Como centroavante, aposto muito em Leandro Damião, grande e técnico, dando uma variedade de opções para o ataque. Para mim, é o melhor perfil no comando do ataque. Só perderia para o Fred, que, no entanto, perde para si mesmo, em meio a polêmicas e reiteradas contusões.

Como se vê, a Seleção, com exceção da zaga, é esta aí mesmo. Hoje efetivamente perdemos de uma Seleção que tem um gênio na linha. O que não podemos é ficar com o discurso medíocre de quem comemora só ter perdido de pouco.

No futebol, o Brasil não conseguir ganhar deve ser motivo de grave preocupação. Jogamos bem, mas isto não é suficiente. O complexo de vira-latas tinha sido curado em há quase 45 anos. Não podemos ter uma recaída.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

R10: O ÚNICO CULPADO?

Impressionante ver como o anúncio do afastamento de Ronaldinho Gaúcho entusiasmou um número expressivo de rubronegros.

Embora o rendimento do R10 efetivamente não compense o tamanho do compromisso financeiro assumido pelo Flamengo (e agora o tamanho da dívida aumentou exponencialmente), tenho proposto este exercício para os amigos rubronegros com quem vinha conversando ultimamente: abstraia que quem veste a camisa 10 do clube é o Ronaldinho. Imaginemos um jogador com o desempenho técnico e atlético que o R10 teve nos últimos 500 dias.

Sem qualquer passionalismo, o desempenho do ex-craque gaúcho foi bastante razoável, acima de grande parte do elenco do time no período. Obviamente, não vale nem de longe o milhão e trocados empenhados pelo Flamengo, mas trata-se de um jogador, que com qualquer outro rosto e nome, valeria manter na equipe, ainda que para entrar e sair do banco dependendo das circunstâncias.

Neste ponto é que surge a grande indagação: a grave e inegável crise técnica do Flamengo se deve exclusivamente aos problemas com Ronaldinho Gaúcho?

Ouso dizer que não.

Já na época do Wanderlei Luxemburgo, o time não tinha qualquer padrão tático. Ganhou o Carioca sem convencer ninguém, foi eliminado da Copa do Brasil por um Ceará que acabou o ano na Série B e só se classificou para a Libertadores porque o Vasco já tinha vaga assegurada na competição continental.

Para resolver o problema, o que se faz? Contrata-se "Papai Joel", porque assim R10 poderia continuar na balada sem ser incomodado. Com o devido respeito, trata-se de um dos técnicos mais supervalorizados do país. Só ganha campeonato regional (ganhou o Brasileiro com o Vasco treinando o time em duas partidas, depois de Oswaldo de Oliveira fazer todo o trabalho), tem uma filosofia tática defensivista, radicalmente contrária à cultura do time rubronegro.

Pior: toda a retranca armada pelo atual técnico não conseguiu fazer o Flamengo conseguir resultados favoráveis contra Emelec, Olímpia e o time C do Internacional, estes dois últimos depois de ter marcado três gols no adversário.

Para culminar, nem no Carioquinha (ou como diria Renato Maurício Prado, no "Caixão", ou ainda "Me Engana que eu Gosto") o Flamengo conseguiu fazer uma graça, ficando de fora da final dos dois turnos.

Agora, pergunto: quem arma a defesa do Flamengo? Quem escolhe contratar ou manter dois técnicos que não conseguem dar padrão tático ao time (o atual teve 28 dias para fazê-lo!!!!)?

Vamos mandar para o paredão somente o Ronaldinho Gaúcho?

MAIS UMA CONQUISTA DA ADMINISTRAÇÃO RUBRONEGRA

Como já era há muito anunciado, estourou a bomba R10. E, a exemplo do capitão do Riocentro, que irresponsavelmente carregava artefato para detonar a alegria da galera nos estertores do regime militar, explodiu no colo da diretoria do Flamengo.

O episódio é o exemplo perfeito e acabado do amadorismo que guia a grande maioria dos clubes brasileiros.

A vida do R10 já começou errada no Flamengo antes mesmo dele chegar. O leilão aberto promovido pelo seu irmão já antecipava que a relação poderia ser tumultuada.

Depois, contratou-se um jogador por mais de R$ 1 milhão, dos quais grande parte seria paga por terceiros, no caso, a Traffic, sem que o contrato entre a empresa e o clube tenha sido assinado antes da efetiva transferência do jogador fosse concretizada. Resultado: meses discutindo-se sobre detalhes técnicos que deveriam ter sido resolvidos, repita-se, antes de armar o verdadeiro circo em que se transformou a contratação do Ronaldinho Gaúcho.

Este tipo de situação esdrúxula, inimaginável em qualquer empresa razoavelmente organizada - quanto mais numa entidade com um orçamento na casa da centena de milhões de reais como é o Flamengo -, acabou, por exemplo, na "descoberta" que o plano de relacionamento com torcedores imaginado pela Traffic não poderia ser executado, porque já havia obrigações anteriormente firmadas pelo clube com terceiros...

Por outro lado, a reiterada tolerância com uma infinidade de atos aparentemente violadores das obrigações contratuais do atleta redundaram exatamente na liminar que aterrisou na cara da perplexa diretoria do Flamengo. Com efeito, qualquer advogado trabalhista mediano pode explicar que a aceitação de faltas contratuais do empregado, sem qualquer imposição de punição, encerra perdão tácito da irregularidade, não podendo ser invocado agora para tentar reverter a situação.

Em outras palavras, o Flamengo perdeu a oportunidade de, caso se confirmasse a efetiva ocorrência de falta contratual - e o comentário é que o R10 deixou de comparecer a eventos promocionais do clube, além de infringir determinações de horários para treinamentos e atividades atléticas da equipe de futebol -, rescindir o contrato por justa causa, evitar o pagamento de pesadas indenizações trabalhistas e, eventualmente, ainda pleitear reparação por prejuízos suportados por uma eventual conduta irregular do atleta sob o ponto de vista das obrigações assumidas seja no contrato de trabalho, seja naquele de cessão de seus direitos de imagem.

Para "por a cereja no bolo", ainda temos a reunião de alto nível travada pelo Vice-Presidente de Futebol do clube com um grupo não identificado de torcedores. Veiculada na rede mundial aproveitando-se de uma inacreditável ingenuidade do referido dirigente, percebe-se a absoluta adequação do fórum que se instalou para resolver o afastamento ou não de um atleta cuja contratação envolveu milhões de reais.

Em suma, o Flamengo se envolveu num negócio de aproximadamente R$ 1,5 milhão mensais sem amarrar todos os seus aspectos contratuais; tolerou alegadas infrações contratuais durante um ano e meio; perdeu a eventual oportunidade de mandar um empregado seu por justa causa; tem um risco judicial de R$ 40 milhões pendendo sobre seus cofres e comprometeu as chances de tentar "diminuir o prejuízo" negociando discretamente a transferência de um atleta que não lhe interessa mais.

Realmente brilhante.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

FLAMENGO, ADIDAS E OLYMPIKUS: DEVAGAR COM O ANDOR

Acabei de receber, pelo Facebook, mensagem de meu caro colega de MBA, Maurício Garcia, fazendo remissão ao excelente post feito pelo Arthur Muhlenberg no seu Urublog, no qual ele reproduz estudo que lhe foi enviado por rubronegro anônimo. O estudo vai a fundo das questões que cercam um contrato de fornecimento de material esportivo e demonstra que a diferença a favor da Adidas não é tão grande assim, além de revelar alguns riscos sérios na aceitação acrítica da proposta da empresa alemã.

Para quem se interessa pelo tema, é uma leitura e tanto: http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fgloboesporte.globo.com%2Fplatb%2Farthurmuhlenberg%2F2012%2F05%2F30%2Fadidas-nem-tudo-que-reluz-e-ouro%2F&h=bAQGyLlHTAQEIAcwdTB1fv8zmJT3F2s4IdrQag2_5vAU8Mg

SESSÃO BABA

Conforme prometido aos colegas de MBA e resgatando uma ideia que chegou a ser cogitada quando dividi este blog bissexto com meu irmãozinho, retomo a resenha dos épicos duelos de várzea. Neste capítulo, comentários sobre a Batalha do Terrão do Mandala, que reeditou o clássico dos clássicos: CAMISA x SEM CAMISA.
Time Sem Camisa
MAURÍCIO: o doutor das traves, a cura para os ataques adversários. Seja caindo sobre as chuteiras do Time Com Camisa, seja voando para cortar cruzamentos e espalmar chutes venenosos, superou qualquer expectativa sobre o seu desempenho. Faltou somente o que seria um gol antológico para coroar sua atuação. Nota 9.

FERNANDO: desempenho irregular. Um gol de bico e outro de tranquilidade dentro d'área. Faltou fôlego no final e categoria o tempo todo. Nota 6.

DIEGO CARVALHO: cumpriria a promessa do drible desmoralizante se não fosse parado com falta. No mais, uma atuação discreta e eficiente. Nota 7,5.

SEREJO: a jovialidade do "Babyface" permitiu os exercícios de narcisismo futebolístico. Boa técnica, velocidade e fominhagem. Nota 8.

PAULO: o mestre do meio-campo. Presente em todos lados, apoiou o ataque e correu para cobrir a língua comprida de quem ia e não voltava. Nota 8.

NELSON: início prejudicado pela falta de compromisso com o time, quando foi visto flanando por bar das redondezas, acompanhado por uma jovem. Depois que "voltou" para o jogo, mostrou grande qualidade ao fazer o gol que decretou a vitória de sua equipe. Nota 7,5.

Time Com Camisa
DIRCEU: desempenho pífio. Não tentou agarrar por menos de 10 minutos e cansou. Tentou assumir as carrapetas do churrasco e foi pior ainda. Nota 2.

REIS: vinha bem sem camisa e com o calção à la Bebeto. Resolveu virar a casaca, e se render às vaidades de um time que só joga em cima da camisa. Nota 7,5.

MARCELO: fanfarronice total. Salto na grade, jogadas para a torcida. Alguma qualidade técnica empanada pela maldosa entrada em Diego. Nota 6,5.

CÉSAR: qualidade pura no comando técnico de sua equipe. Prejudicado pela excessiva exigëncia de seus companheiros. Nota 8,5.

MATHEUS: apesar de pressionado, respondeu à altura o desafio de jogar acima de sua categoria. Nota 9.

FELIPE JAMAL: atuação contida, entrou praticamente para preencher espaço. Precisa se soltar mais. Nota 6,5.

DIEGO: o Rei das Firulas, o astro sertanejo do Terrão, a chuteira fosforecente da rodada. Boa atuação, mas abaixo de seu potencial. Muito por conta da preocupação com o cabelo. Nota 8,5.

Menção honrosa para as meninas da turma, em especial para Gabriela Garcia, pela generosidade da oferta do local; e para Lady Marina pelas prendas culinárias.

A torcida aguarda ansiosa novas edições de desafios atléticos do MBA mais barulhento da Trevisan.

terça-feira, 29 de maio de 2012

NOTAS OLÍMPICAS

Vamos lá, pela ordem cronológica:

1. Sábado, pela primeira vez, o time de Mano Menezes pareceu ter alguma consistência. Será que encontramos um caminho para buscarmos nossa tão sonhada medalha de ouro no futebol? Considerando a folha corrida de Mano no comando da Seleção, convém aguardar o fim da excursão...

2. Chegaram os primeiros atletas brasileiros ao Centro de Treinamento do Crystal Palace. O já cognominado Time Brasil terá uma estrutura invejável em Londres. Como já ficou patente em outros posts, sou um entusiasta da Administração Olímpica do país. Aplausos à iniciativa do COB. Será que o conforto se transformará em medalhas.

3. Excelente iniciativa da Confederação Brasileira de Taekwondo ao associar a imagem de Anderson Silva ao esporte. Em ano de Jogos Olímpicos, nos quais o Brasil tem pelo menos dois atletas com boas chances na competição, relembrar a ligação do maior nome do UFC com a modalidade demonstra um salto de qualidade na gestão da CBTKD, que aproveita a visibilidade atual do MMA para divulgar a modalidade olímpica.

Esperemos que a três notas acima possam ser lembradas quando virmos o verde-amarelo no pódio em julho e agosto deste ano.

terça-feira, 10 de abril de 2012

DEMOCRACIA A QUALQUER CUSTO?

Novamente depois de - mais um - longo e tenebroso inverno, volto a postar neste humilde blog, inspirado pelas minhas recentes aulas no MBA de Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan Escola de Negócios e pelos já não tão mais recentes eventos decorrentes da renúncia de Ricardo Teixeira da Presidência da CBF.

Pois bem, diante da torrencial quantidade de matérias que aproveitaram tal renúncia para advogar uma maior democratização da entidade máxima do futebol nacional, cabe a pergunta: os mandatos de dirigentes esportivos precisam necessariamente ter reeleições limitadas?

A "Nova Lei Pelé", revisada pelo texto da recentemente aprovada Lei 12.395/2011, prevê, para as entidades de administração esportiva que recebe recursos públicos, uma série de exigências no sentido de ostentar mecanismos de controle e transparência, mas não estabelece um limite para reeleições.

Em paralelo a esta discussão, o Jornal O Globo, há mais ou menos um mês atrás também veiculou matérias a respeito de uma pretensa "eternização" de dirigentes de federações dos chamados "esportes olímpicos", estendendo um tom de crítica até mesmo ao Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.

Para tentar contribuir ao debate, vou remar contra a maré: é reconhecida, pelo Direito Brasileiro, a autonomia das entidades desportivas, que se constituem, na sua esmagadora maioria, como associações civis. Ora, neste sentido, cada uma delas se organiza como quiser.

Ninguém questiona ter o Jack Welch permanecido por diversos anos à frente da GE. Quem o fizesse seria encarado de forma estranha, diante dos excelentes resultados produzidos sob a liderança de tal executivo. O mesmo ocorre com qualquer líder empresarial que conduza seguidamente sua companhia a bons desempenhos.

Por que há esta espécie de discussão no esporte brasileiro? Porque ele ainda está embebido de um caráter político, quando já passou da hora de se transformar em verdadeira indústria.

O vôlei brasileiro está há mais de trinta anos sob o comando da mesma corrente política da CBV, tendo tido, salvo engano, somente dois presidentes em todo este período: o já referido Nuzman e o atual mandatário, Ari Graça. Pergunta-se: será que por conta disto o esporte está mais fraco? Ou será que a continuidade de uma determinada linha vitoriosa de ação levou a modalidade a níveis elevadíssimos de excelência, dentro e, principalmente, fora das quadras?

Outra pergunta: há outra entidade esportiva com maior grau de transparência administrativa e financeira do que a CBV? Custo a crer.

Portanto, temos que parar de repetir chavões que tratam do esporte dentro do contexto da verdadeira politicagem que sempre pontuou sua administração, e passar a analisar a sua gestão como a verdadeira e pujante atividade econômica em que ele se transformou.

Em outras palavras, determinado grupo de dirigentes fez com que a modalidade se desenvolvesse, ganhasse visibilidade, proporcionasse entretenimento ao público e gerasse emprego para os profissionais da área? Então deixe-os lá!

As viúvas do muro deveriam para de encher o saco e implicar com as sucessivas reeleições de Chavez e queijandos.