sábado, 28 de julho de 2012

COMEÇOU A MARCHA OLÍMPICA

Pensando sobre o que iria escrever ao final deste início primoroso do Brasil em Londres, veio-me de imediato: começamos com o pé direito.

Efetivamente, três medalhas, uma de cada cor, é um resultado além da expectativa. Entretanto, lembrei que os Jogos foram inaugurados ontem, com uma Cerimônia de Abertura que, devo dizer, deixou a desejar. A presença de grandes nomes como Kenneth Branagh e J.K.Rowling prometeu um evento que mostrasse ao mundo a riqueza cultural do Reino Unido. Os toques de humor, com o salto de paraquedas da Rainha e a participação de Rowan Atkinson na execução de Chariots of Fire, também foram muito bem pensados.

Entretanto, como se comentou ao longo da cobertura ao vivo do Sportv, faltou emoção. E faltou porque o Esporte esteve meio longe do que se mostrou ao longo da festa, que também pecou pela falta de ritmo, parecendo um tanto quanto arrastada.

Os pontos altos foram os coros de crianças apresentando os quatro países do Reino Unido, em lindas imagens gravadas e, ao vivo, cantando God Save the Queen; a formação dos aros olímpicos; e a solução dada para a formação da Pira Olímpica, composta por artefatos que acompanharam cada uma das 205 delegações que desfilaram um pouco antes.

Mas acho imperdoável um país com a história esportiva em geral e olímpica em particular, tendo sediado dois Jogos Olímpicos cheios de significado anteriormente, tornando-se a cidade que mais vezes recebeu o evento, tenha deixado a mitologia esportiva de fora da festa. Vale o alerta para a nossa festa daqui a quatro anos.

Portanto, está explicado o título, como no Exército Brasileiro, começamos nossa marcha com o pé esquerdo, mas o direito vem logo a seguir, numa alternância que caracteriza qualquer evento esportivo desta magnitude.

Hoje tivemos a glória dourada de Sarah Menezes, a superação de Felipe Kitadai e a surpresa de Thiago Pereira, que finalmente chegou a um pódio olímpico há muito perseguido.

Por outro lado, tivemos o fiasco de Felipe França, que não chegou à final dos 100m peito, mais uma queda de Diego Hypólito, o apagão do time feminino de Basquete e, em certa medida, o susto preocupante da Seleção de Vôlei Feminino.

Mas o amargor destas derrotas ou a preocupação de uma vitória pouco convincente não bastam para empanar o brilho de uma largada que nos dá razões para sonharmos com uma marcha triunfal, talvez a melhor de nossa história olímpica.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

PARA ENTRAR NA TORCIDA

Se o anterior era para entrar no clima, este é para sintonizar na torcida verde-amarela. Finalmente alguém descobriu o caráter épico de nossa história esportiva: http://youtu.be/UIwfC4MJv1I

PARA ENTRAR NO CLIMA

É 01:44h, já estamos no dia da cerimônia de abertura do Jogos da XXX Olimpíada da Era Moderna. Para entrar no clima, reconheço, mais uma vez, que sou um chorão - como quem eventualmente lê este blog já pode ter percebido -, mas convido todos a pararem um pouco e assistirem estes pequenos vídeos, lançados como preparação para os Jogos de Sydney, em 2000. São dos melhores filmes sobre esporte que já vi. Embora os tenha visto e revisto nos últimos anos, nunca deixo de me emocionar: http://www.youtube.com/watch?v=dbG4cGsfB6o

PALPITES DO BARBALHO: Megalomania Desenfreada

Recapitulando os quatro posts anteriores, fiz a contagem final, e acabei aumentando a aposta tresloucada dos últimos Jogos Olímpicos.

Se em 2008 minha previsão de 33 medalhas já foi destaque - com muita ironia e espanto, merecidos - na coluna do Renato Maurício Prado, este ano aposto em 34!!!

Segundo meus chutes, contaminados com a mais pura ilusão de torcedor, serão 11 ouros, 6 pratas e 17 bronzes.

Conferindo:

ATLETISMO: uma prata com Fabiana Murer, e três bronzes, Maurren Maggi, Marilson dos Santos e 4x100 feminino.

NATAÇÃO: ouro para Cielo nos 50m, prata para Poliana Okimoto na Maratona Aquática, e quatro bronzes, Cielo, nos 100m; Fratus, nos 50m; Thiago Pereira, nos 200m medley e Felipe França, nos 100m peito.

FUTEBOL: ouro para a Seleção Masculina

VÔLEI: dois ouros na praia (Emanuel e Alison, Juliana e Larissa), uma prata para a Seleção Feminina de quadra, e dois bronzes, com a Seleção Masculina de quadra e com Ricardo/Pedro Cunha.

BASQUETE: bronze com a Seleção Masculina.

HANDEBOL: bronze com a Seleção Feminina.

JUDÔ: 4 ouros (Mayra, Sarah, Guilheiro e Camilo), 1 prata (pesado masculino) e 2 bronzes (um no masculino e outro no feminino, categoria a escolher)

VELA: 1 ouro de Scheidt e Prada e 1 prata para Bimba.

TAEKWONDO: 1 ouro de Natália Falavigna e 1 bronze de Diogo Silva.

PENTATLO MODERNO: 1 bronze de Yone Marques.

HIPISMO: 1 bronze, com Doda.

BOXE: 1 bronze com Éverton Lopes e 1 bronze no feminino.

GINÁSTICA: 1 ouro com Arthur Zanetti e 1 bronze com Diego Hypólito.

Revendo o acesso de otimismo delirante acima, uma crítica severa faz alguns cortes e dá a expectativa mais realista:

ATLETISMO: uma prata com Fabiana Murer, e só.

NATAÇÃO: ouro para Cielo nos 50m, bronze para Poliana Okimoto na Maratona Aquática e Bruno Fratus, nos 50m.

FUTEBOL: ouro para a Seleção Masculina

VÔLEI: um ouro e uma prata na praia (com as duas duplas indicadas acima, Emanuel e Alison, Juliana e Larissa) e uma prata para a Seleção Feminina de quadra.

JUDÔ: 2 ouros (um no masculino e outro no feminino, entre Mayra, Sarah, Guilheiro e Camilo), 1 prata (em qualquer categoria, homem ou mulher) e 2 bronzes (um no masculino e outro no feminino, categoria a escolher, tal como na aposta original)

VELA: 1 ouro de Scheidt e Prada.

TAEKWONDO: 1 bronze de Natália Falavigna.

BOXE: 1 bronze com Éverton Lopes.

GINÁSTICA: 1 prata com Arthur Zanetti.

Na visão mais "pé no chão" (ou menos "cabeça nas nuvens", dependendo do ponto de vista), ainda assim o melhor desempenho de nossa história olímpica e dentro da estimativa mais profissional do COB: 17 medalhas, sendo 6 de ouro, 5 de prata e 6 de bronze.

PALPITES DO BARBALHO - Parte 4: Sprint Final

Como deixei acumular, vou ter que lançar os prognósticos no estilo Maradona, ou seja, na carreira (hehehe).

Então, foi dada a largada:

JUDÔ: unanimemente apontada como a modalidade que pode nos dar um número expressivo de medalhas, a Confederação Brasileira de Judô parece ter feito direitinho a lição de casa. Temos diversos atletas com reais chances de obter resultados expressivos e fundamentos reais para acreditar que, depois de 20 anos, veremos um judoca brasileiro no lugar mais alto do pódio. Entretanto, tínhamos três campeões mundiais em 2008 e voltamos com três medalhas de bronze. Um vacilo durante qualquer momento da luta pode por todo um ciclo olímpico a perder. As apostas mais "certas" são os dois brazucas em primeiro lugar nos rankings de suas respectivas categorias: Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar. A gaúcha, inclusive, já tinha sido uma aposta deste blog para os últimos Jogos, que, infelizmente, não se confirmou. Entretanto, continuo com fortes esperanças que ela trará o ouro, assim como Guilheiro, que pode emplacar a terceira edição seguida com medalhas, agora com um brilho dourado. O otimismo que sempre me ataca às vésperas dos Jogos Olímpicos me faz arriscar com outras duas medalhas de ouro: Thiago Camilo, que assim completaria a sua coleção particular (prata em 2000 e bronze em 2008) e Sarah Menezes. Dependendo do cruzamento das chaves, ouso apostar numa prata na categoria pesado masculino, onde nosso representante dificilmente venceria o fenômeno francês Teddy Riner. Além destas medalhas, acredito em mais dois bronzes, provavelmente um no masculino e outro no feminino. Portanto, seriam 7 medalhas: 4 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze.

GINÁSTICA: aqui as maiores esperanças estão com Arthur Zanetti, que depois do vice-campeonato mundial, aprimorou ainda mais sua série, que tem um grau elevadíssimo de dificuldade. Acho que dá para beliscar outro ouro. Diego Hypólito mereceria uma medalha pela peça que o destino lhe pregou nos Jogos de Pequim, mas padeceu todo o ciclo olímpico com inúmeras lesões e está reclamando de dores fortes nos últimos dias. Acredito que, na melhor das hipóteses, ele fatura um bronze. No feminino, temos uma equipe que padece de falta de renovação e de inúmeros problemas de última hora: corte de Jade Barbosa e lesão de Laís Souza. Portanto, mais dois pódios: 1 ouro e 1 prata.

VELA: uma grande chance de ouro está no barco de sempre, Robert Scheidt. Acompanhado por Bruno Prada, nosso bicampeão olímpico vem ganhando tudo na classe Star. A maior ameaça é uma tripulação da casa, campeã em Pequim, mas ponho fé que teremos nosso primeiro tricampeão olímpico este ano. Também acredito que Ricardo Winick leva finalmente a medalha que há tanto tempo persegue na RS:X. Uma prata seria muito festejada.

HIPISMO: Rodrigo Pessoa não tem mais Baloubet du Rouet. O melhor conjunto hoje é liderado por Álvaro Miranda Neto, o Doda. Talvez dê para beliscar um bronze. A equipe nacional, infelizmente, não vem repetindo os bons resultados do início da década.

BOXE: muita gente boa põe suas fichas em Éverton Lopes. Não vou destoar. O campeão mundial amador pode igualar o feito de Servílio de Oliveira e buscar um bronze. No feminino, que estreia nesta edição, o reduzido número de participantes me faz acreditar que talvez surpreendamos com mais um bronze.

TAEKWONDO: meu amigo Daniel Dias, integrante da comissão técnica da Seleção Brasileira, soprou-me a dica de que Natália Falavigna sobra na sua categoria. Entretanto, nossa medalhista em Pequim sofreu com muitas contusões nos últimos tempos. Ainda assim, acredito numa medalha de ouro. Diogo Silva já chegou perto uma vez. Em outro arroubo otimista, prevejo um bronze para nosso atleta.

PENTATLO MODERNO: Yone Marques também já foi aposta deste blog em 2008. Vou repetir o palpite: um bronze para nossa superatleta.

No balanço parcial deste post, são 7 medalhas de ouro, 3 de prata e 6 de bronze. Só aqui, já superaríamos Pequim e Atlanta no total e Atenas no número de campeonatos olímpicos. Já lanço post, logo em seguir, com o balanço final.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

PALPITES DO BARBALHO - Parte 3: Atrasado, para Variar.

Pois bem, queria fazer uma análise que antecipasse os Jogos, mas eis que o trabalho me enrolou e já houve disputa hoje, sem que eu tenha feito meu exercício de gato-mestragem a tempo.

Então, vamos lá. Neste post, vou de trocadilho: analisarei as chances dos esportes coletivos, coletivamente (eu sei... horrível, mas são 00:50h e estou correndo atrás do prejuízo).

Assim o faço por conta da estreia da Seleção de Futebol Feminino, que começou passando o carro em Camarões, o que, aqui entre nós, não é mais do que a obrigação. Em que pese minha grande simpatia pelo time feminino, acho que neste ano não vai dar nada, nem a prata que conquistamos nos dois últimos Jogos Olímpicos.

Nossa participação no último Mundial foi abaixo da média dos últimos anos e os amistosos que antecederam a competição de Londres mostraram um Brasil abaixo das principais potências mundiais. Tomara que eu queime a língua, mas acho que o bronze seria de excelente tamanho. Para cravar um palpite, acho que é menos uma medalha na bagagem.

Já o masculino não tem grandes concorrentes à vista. A Espanha vem liderada pelo Juan Mata, armador do Chelsea que teve seu brilhareco na final da Eurocopa. O Uruguai sempre é uma ameaça, ainda mais em se tratando de Jogos Olímpicos. Por fim, fala-se muito do México. Portanto, estamos na condição de favoritos e meio que temos a obrigação de ganhar, conforme palavras do Presidente da CBF. Aposto no ouro, embora nosso prontuário deixe abertura para surpresas desagradáveis...

No vôlei, a aposta em 6 medalhas (quatro na praia e duas na quadra) está seriamente ameaçada. O time masculino não tem mais o punch ofensivo que sempre caracterizou o Brasil. Perdemos o instinto matador. Acho que entrar no pódio já estará muito bom. Meu palpite é um bronze. Já a seleção feminina tem chances reais de chegar à final. Confirmando-se a expectativa, acho que não terá muitas possibilidades contra os EUA, que nos ganharam no Grand Prix com o time reserva. Prata.

Na praia, a dupla campeã de 2004, Ricardo e Emanuel, virou duas. Chances reais de enchermos novamente o pódio. Aposto no ouro para Emanuel e Alison e bronze para Ricardo e seu parceiro que, lamentavelmente, não lembro o nome. Juliana e Larissa finalmente têm a chance de jogar um torneio olímpico e acho que vão aproveitar em grande estilo: ouro para elas. Maria Elisa e Talita não me parecem ter chance de furar a trinca que se fecha com as duplas chinesa e americana, que vêm brigando com a primeira dupla brasileira citada acima.

Basquete. O time feminino, mais uma vez desfalcado da tresloucada Iziane, que deveria ser definitivamente banida da Seleção, fará mera figuração no torneio olímpico. Já a Seleção Masculina volta com grandes expectativas depois de várias edições no ostracismo. O argentino Ruben Magnano deu um padrão tático que há muito tempo não víamos no time brasileiro. Hoje, Hortência afirmou que esta é a melhor geração que ela viu jogar no Brasil. Também tenho muita fé nesta equipe. Acho que, com sorte, conseguiremos beliscar um bronze, apesar da concorrência duríssima. Dependendo dos cruzamentos, quem sabe uma prata? Ouro está fora de cogitação, pois, embora esteja há léguas do Dream Team original (Kobe faria melhor em ficar calado e só jogar), a Seleção americana está muito acima das outras.

Por fim, o handebol. Depois de uma campanha muito boa no Mundial, nossas meninas podem sonhar com um bronze, sempre dependendo dos cruzamentos após a primeira fase.

Portanto, nos campos e quadras que mais nos agradam como torcedores, os esportes coletivos, podemos fazer uma colheita de 3 ouros, 1 prata e 4 bronzes. Já seria metade da meta posta pelo COB.

terça-feira, 17 de julho de 2012

PALPITES DO BARBALHO - PARTE 2: Águas Misteriosas

Seguindo na série prognósticos, passo para o segundo esporte na escala de "nobreza" dos Jogos Olímpicos: a natação.

Talvez esteja aqui nossa maior esperança de uma medalha de ouro: Cesar Cielo dominou praticamente todo o ciclo olímpico nos 50m rasos, com um bônus: um dos seus concorrentes diretos neste período é outro brasileiro, Bruno Fratus. Seria incrível poder reeditar a dobradinha do pódio do vôlei de praia feminino de 1996 (Jacqueline/Sandra e Adriana/Mônica) ao final dos pouco mais de 20 segundos da prova em questão.

O problema é o tal do Magnussen, australiano com nome de sueco que veio para deixar o negócio complicado. Isto sem contar que os 50m são meio "bola ou búlica"... Um erro mínimo é suficiente para deixar o atleta fora do pódio.

Em outras palavras, podemos coroar nosso sexto bicampeão olímpico e ainda fazer uma dobradinha histórica, mas também nos arriscamos a ter uma decepção daquelas. Esperemos que mau desempenho de Cesão no recente Torneio Sette Colli em Roma tenha sido somente um momento de relaxamento antes do espetáculo de agressividade e comprometimento que o Barbarense normalmente nos proporciona.

Cesar Cielo ainda é esperança de alguma medalha nos 100m livres e nos dois revezamentos 4x100, livres e medley. Diante dos resultados do nosso campeão, e lembrando que ele levou o bronze em Pequim "no photochart", repetir a proeza já estará de bom tamanho na prova individual.

Quanto aos dois revezamentos, levo mais fé no 4x100 medley, onde temos, além de Cielo, Felipe França no nado peito e Thiago Pereira, no nado costas (ou borboleta, não sei). Mas aqui, o máximo que podemos almejar é outro bronze.

Outro bronze também pode sair das braçadas de Felipe França, mas com a dúvida sobre seu fôlego para cobrir os 100m do nado peito, já que suas medalhas em Mundiais vieram nos 50m, que não é prova olímpica.

Um eterno mistério é se Thiago Pereira deixará de ser só a promessa que aparece nos Panamericanos e finalmente conseguirá um resultado expressivo em âmbito mundial - no caso, olímpico. O amadurecimento do nadador e alguma maior consistências nas provas deste último ciclo olímpico podem até nos dar alguma esperança de mais um bronze em alguma de suas provas, em especial os 200m medley.

Por fim, a chance de uma medalha vir pelas mãos de uma mulher está fora das piscinas, na maratona aquática, onde Poliana Okimoto tem um cartel consistente no circuito mundial. Entretanto, o resultado de uma prova específica é sempre imprevisível, especialmente diante dos exemplos de chegadas que se resolvem somente no tapinha na boia da linha final.

Diante de todo exposto, vamos para água cheios de esperança de fazer nosso melhor resultado nos desportos aquáticos, mas com a dúvida de poder voltar com um travo amargo na boca... O prognóstico vai de dois ouros de Cielo, mais um de Poliana, além de uma prata para Fratus e cinco bronzes (os dois revezamentos, Thiago Pereira, Cielo nos 100m livres e Felipe França), até as profundezas de uma depressão sem medalha...

Uma avaliação realista deste blogueiro aponta para um ouro de Cielo nos 50m, uma prata para Poliana Okimoto e quatro bronzes: Fratus nos 50m, Cielo nos 100m, Thiago Pereira e Felipe França. Ainda assim, seria um excelente resultado, talvez fruto do otimismo exagerado deste escriba...

sábado, 14 de julho de 2012

PALPITES DO BARBALHO - PARTE 1: Canarinhos Mirrados

Mantendo a tradição do blog, e agora que faltam menos de duas semanas para o início dos Jogos Olímpicos, passo a exercer meu direito inalienável à gato-mestragem (ou seria gato-mestrice? Tem hífen?).

Só para lembrar, meus prognósticos (nome pernóstico para chutes de quem se mete a entendido no tema) para os Jogos de Pequim passaram longe do alvo, sendo objeto de merecida chacota pública do Renato Maurício Prado em sua coluna. Previ 33 (!!!) medalhas para o Brasil na edição de 2008...(veja neste próprio blog: http://patriadesportiva.blogspot.com.br/2008/08/palpito-ou-chuva-de-ouro-ou-ainda.html ou ainda, http://patriadesportiva.blogspot.com.br/2008/08/palpito-2-ou-menos-fernando-menos.html)

Entretanto, fazendo uso da frase petelha que já virou clichê, como "sou brasileiro e não desisto nunca", começo a Sessão Palpitão pelo atletismo, inspiração para o subtítulo metido a engraçado lá em cima.

Traduzindo (porque piada ruim vc tem que explicar), canarinhos são a referência emprestada do futebol, uma vez que nossa Seleção há algum tempo atrás ostentava com mais frequência este apelido de sentido duvidoso. Mirrados por conta do pífio desempenho do nosso atletismo ao longo da história olímpica, especialmente à luz do nosso potencial.

De fato, em 88 anos de participação em Jogos Olímpicos (não estou contando a edição deste ano), temos quatro medalhas de ouro: duas com Adhemar Ferreira da Silva, no salto triplo, uma com Joaquim Cruz, nos 800 metros rasos, e a última em 2008, com Maurren Maggi, no salto em distância. Ou seja, um campeão olímpico a cada quatro edições dos Jogos, em média.

Pessoalmente, considero este resultado uma verdadeira vergonha, dada a imensa população que temos, e, portanto, a praticamente inesgotável fonte de potenciais atletas a poderem apresentar um desempenho minimamente compatível com a expressão do nosso país no mundo em geral, e no esporte, especificamente.

Pois bem, este ano, o negócio não parece muito melhor.

Maurren Maggi não salta mais do que 7,00 metros desde a noite em que obteve o ouro olímpico, quatro anos atrás. No último Mundial da modalidade, não chegou sequer ao pódio. Entretanto, tem currículo que deve ser respeitado. Uma visão realista lhe dá, no máximo, um bronze.

Fabiana Murer era a grande esperança até o início deste ano, especialmente com o título mundial indoor conquistado em 2011. Entretanto, não vem repetindo o excelente desempenho ao longo deste ano. Talvez a série de treinamentos do ano olímpico produza resultados na própria competição. Como há uma Isinbayeva no caminho, uma prata está de excelente tamanho, sempre contando que nenhuma vara suma durante a competição...

Marílson dos Santos é constantemente apontado como o maratonista melhor ranqueado após todos os africanos de plantão. Portanto, se o tempo, o sol, a pressão atmosférica e os astros se alinharem, pode ser que somente dois - dos 544 africanos que vencem corridas de fundo às dúzias - fiquem à frente dele. Repetir o bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima em 2004 já estaria ótimo.

Ultimamente tem-se falado muito das possibilidades do revezamento 4x100 feminino, que estaria herdando um retrospecto destacado que a equipe masculina teve na década de 1990. Mas o próprio treinador afirma que uma medalha é muito difícil. Para manter o viés otimista do blog, cravo um bronze aqui também.

Como dizia o meu caríssimo amigo Marcos Juruena, ele também apaixonado por esportes, "é o que tem pra hoje": na melhor das hipóteses, uma prata e três bronzes. Vamos contando. Mais tarde eu volto com outras previsões.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

TANGO LOCO

Como bem sabem meus quatro seguidores e os leitores esporádicos deste bloguinho, não sou corintiano, sou rubronegro já de terceira geração, passando a paixão para a quarta. Também não acredito nesta baboseira de que "o Corinthians é o Brasil na Libertadores".

Entretanto, recebi um link para uma matéria do Meio & Mensagem e acabei topando com outro link desta promoção da Brahma. Simplesmente sensacional. Bom para entrar no clima do jogo de logo mais. Vejam:

http://youtu.be/Y0l9tnV5AD8

domingo, 1 de julho de 2012

LINDO!

Estou aqui, tentando disfarçar as lágrimas da minha filha, que pergunta quem são estes senhores velhos que apareceram no Esporte Espetacular.

Já tocado pela emoção trazida por alguma de minhas primeiras memórias esportivas - e de uma das maiores tristezas de minha vida - desabei quando a câmera volta com Glenda Koslowski enxugando o rosto. Vou ao Google e confiro: nascida em 1974. Explicado.

Falo da linda matéria que acaba de ser veiculada no programa da Globo, falando dos 30 anos da derrota no Sarriá, o dia em que acabou o sonho acalentado pela maravilhosa Seleção de 1982. Em 82, Glenda tinha 8 anos. Eu tinha 10, assim como o garoto que, hoje advogado como eu, imortalizou, na capa do Jornal da Tarde, a imagem da torcida chorando uma derrota muito doída.

Eu sempre digo que cresci mal acostumado: o primeiro jogo que lembro de ter assistido foi Flamengo 3 x 2 Atlético-MG, final do Brasileiro de 1980. A partir daí, os primeiros times para que torci foram o Flamengo campeão de tudo entre 78 e 83 e a Seleção Brasileira que encantou o mundo no começo da década de 80.

A certeza da vitória era tão grande, a alegria que cercava cada jogo daquela Seleção era tão contagiante que a eliminação diante da Itália é um evento comparável talvez à tragédia de 1950.

Na verdade, a derrota do Sarriá é, para a minha geração, o que a final de 50 foi para a geração dos nossos avós. Uma tristeza que se imprimiu na memória coletiva. Daí as lágrimas da Glenda. E as minhas.

Mas agora, 30 anos depois, já não há somente a tristeza e a incredulidade daquele momento, onde todo mundo tinha o sentimento relatado pelo grande lateral Leandro na matéria em questão: "acordem-me, estou sonhando. Isto não foi real. Vou acordar e o Brasil ganhou da Itália e nós seguimos no caminho para sermos tetracampeões do mundo." Há também a felicidade de ter presenciado um daqueles momentos singulares no esporte. A hora em que a maior vitória não está no placar, mas no legado que o atleta deixa para história.

É a placa de que Falcão fala na mesma matéria: "Valeu Brasil, nem sempre vence o melhor." O volante mágico que virou o Rei de Roma viu este cartaz na saída do estádio, após a derrota para a Itália. Ele fala que este é o troféu daquele time.

Talvez sim. Talvez... não.

Quem sabe a placa não mentia? No final, aquela Seleção venceu. Não a Copa, mas a eternidade. Um lugar no coração de toda uma geração. Um posto no pódio das equipes que não precisam de um título para marcar seu lugar na história.