terça-feira, 30 de abril de 2013

ESTAMOS NOS PERDENDO

Depois de mais um longo inverno - na verdade um verão, pois a última postagem foi em setembro de 2012 - longe do blog, volto a dar meus pitacos por aqui, preocupado com o que temos adiante, tanto na Copa, quanto nos Jogos Olímpicos.

Com a reinauguração do Maracanã e todas as já esperadas celeumas em torno de seu projeto - porque já era sabido que iria haver uma porção de gente querendo tirar sua "casquinha" quando os Megaeventos chegassem, e agora todo mundo se descobre "proprietário" ou "defensor" não só do estádio, mas de todos os seus arredores -, vejo que estamos nos perdendo e, para além de estarmos deixando passar uma oportunidade única de utilizarmos o esporte como uma plataforma para o desenvolvimento do país, estamos comprometendo nosso próprio desempenho esportivo em tais competições.

O nosso futebol a cada dia revela sua indigência escandalosa: campeonatos estaduais que nada acrescentam, a não ser cabelos brancos nos pobres coitados dos treinadores que não o conquistam; clubes em estado muito além da falência; uma seleção que se vulgariza e joga no lixo uma mitologia construída ao longo de décadas.

No esporte olímpico, todos agora se dizem surpresos com a derrubada dos espaços de atletismo e natação no Complexo do Maracanã. Há pelo menos cinco anos é conhecida a intenção do Estado em abrir novas áreas para exploração comercial no Maracanã. Ninguém pensou numa solução que não fosse ficar esperneando? O projeto olímpico do Rio já previa a derrubada do Velódromo. A CBG precisou ser pressionada por um campeão olímpico em rede nacional para distribuir os equipamentos que estavam sobrando do antigo Centro de Treinamento? Ninguém lembrou que o Maria Lenk iria fechar para obras de adequação às exigências dos Jogos de 2016?

Todos cinicamente surpresos, escondendo sua falta de planejamento atrás de uma nem tão bem ensaiada indignação.

Estamos nos perdendo, e iremos perder muito mais quando 2014 e 2016 chegarem, se não passarmos a levar o assunto a sério, pararmos de nos comportar como adolescentes inconsequentes e assumirmos o ônus de planejar e executar alternativas viáveis e racionais, e não esperar que tudo se ajeite com base na benevolência do Estado Brasileiro ou de empresários que estão investindo milhões na esperança que o esporte brasileiro se torne uma indústria digna do nome.