quinta-feira, 29 de abril de 2010

SUPERQUARTA

Morrendo de sono, aí vão algumas observações sobre uma quarta-feira recheada de futebol:

1. ROTEIRO DE CINEMA: Acho que pintou o campeão da Liga dos Campeões da UEFA. A Inter de Milão conta com um roteiro de cinema para coroar sua campanha. Explico. A final será contra o Bayern de Munique, que inexplicavelmente dispensou, ao final da temporada passada, o Lúcio, que acabou na zaga da Internazionale. Quer vingança melhor do que ganhar o maior título europeu interclubes em cima do time que o desprezou (de preferência marcando gol, como na final da Copa das Confederações)?

2. A CHAPA ESQUENTOU: Como já havia falado antes, embora reconheça a beleza e esteja impressionado com a habilidade e a fluidez do time do Santos, todo este jogo vistoso é fácil de apresentar contra times menos cotados da Copa do Brasil e num Paulistão inchadíssimo com clubes de reduzida expressão. A confirmação veio hoje em Belo Horizonte. Ao enfrentar um time grande e bem armado, o Santos já ficou em desvantagem. Pode muito bem reverter a situação na Vila Belmiro, mas o jogo de domingo, em que o Santo André partiu para cima e complicou o alvinegro praiano, e a partida desta quarta recolocam o Santos no seu devido lugar: um time promissor, ainda distante do Olimpo em que a Imprensa quer colocá-lo.

3. A CARAVANA DUNGA VAI PASSANDO: Na esteira da notinha nº2 acima, tais dificuldades só servem para deixar o técnico da Seleção à vontade para colecionar argumentos que justifiquem não chamar o Neymar e o Ganso.

4. ME ENGANA QUE EU GOSTO: Citando a expressão consagrada por Renato Maurício Prado em sua coluna, a fraqueza do Campeonato Carioca começa a ser revelada com a sapatada que o Vasco tomou do Vitória. Se não houver reforços, os dois alvinegros do Rio, tanto o cruzmaltino quanto o da estrela solitária, sofrerão horrores no Campeonato Brasileiro.

5. REFLEXÕES SOBRE O DUELO DO MARACANÃ
5.1. Micheal é um Maurinho que acha que joga bola. Assim como o antigo lateral do Flamengo (que andou tendo um brilhareco em alguns jogos do Carioca pelo Macaé ou outro queijando do interior que eu não me lembro mais), o misto de lateral e apoiador vai construindo uma incompreensível preferência na comissão técnica rubronegra, já que ele sempre escolhe a jogada errada. Hoje, além disso, baixou o Júnior Baiano no menino e ele fez duas faltas idiotas, desfalcando o time já no primeiro tempo. Nota ZERO.
5.2. O time do Flamengo pelo menos mostrou mais vontade hoje. O Williams voltou, depois de muito tempo, a fazer uma boa partida. Adriano penou pelo isolamento forçado pelo "discernimento" do Micheal, mas já se empenhou mais e perturbou a zaga tentando arrendondar os chutões que recebia diretamente dos defensores do Flamengo.
5.3. Quem parece que esgotou o estoque de recursos ofensivos foi o Vágner Love. Corre muito, doa-se completamente ao time, ganhando o respeito da galera por isso (parece que pegaram um torcedor da arquibancada e botaram no campo), mas há alguns jogos não consegue dar sequência a uma jogadinha de ataque. Está prendendo demais a bola e não consegue mais ameaçar o gol adversário.
5.4. Dentinho e seu cai-cai, agora temperado pela pretensão de intimidar os adversários, está ficando insuportável. Exemplo de carreira que pode ir para o buraco por falta de orientação.
5.5. Roberto Carlos não foi brilhante, tomou um "come" no limiar da humilhação do Leo Moura, mas mostra recursos e segurança que eventualmente podem fazer dele um candidato a ocupar o vácuo que ainda paira sobre a lateral-esquerda da Seleção.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

CORNETANDO UMA SELEÇÃO

Importo a expressão tipicamente paulista, pois me parece extremamente simpática e a mais precisa para descrever o esporte nacional associado ao futebol: dar palpite, ou seja, cornetar.

Sujeitando-a às críticas e caneladas de todos, ou às expressões de surpresa com meus insuspeitos conhecimentos de futebol, apresento a minha lista de 23 para a Copa de 2010:

GOLEIROS: Júlio César, Victor e Marcos (este último por conta da experiência em Copa e por servir como um agente que cobraria dos mais novos ou dos mais "afoitos")
LATERAIS: Maicon, Daniel Alves, Michel Bastos e, na absoluta falta de qualquer outro lateral que preste na esquerda, Roberto Carlos, que voltou a jogar num nível aceitável no Corinthians
ZAGUEIROS: Lúcio, Juan, Thiago Silva e Miranda
VOLANTES: três são o bastante - Felipe Melo, Ramires e Thiago Motta
MEIAS: Elano (versátil, pode jogar mais recuado ou até mesmo como lateral), Kaká, Júlio Baptista (tem estrela: sempre faz gol em jogos complicados, além de ser igualmente versátil, já que começou a carreira como volante) e Ronaldinho Gaúcho (além do deste escriba ser um fã seu, sempre é uma alternativa no banco - quem sabe ele não para de se esconder ali pela ponta esquerda?)
ATACANTES: Robinho, Luis Fabiano, Nilmar, Neymar (rendendo-me ao clamor popular, mas ressalvando que fazer graça contra Naviraiense e Ituano é fácil) e Fred.

E aí, qual a sua seleção ideal para 2010?

CONVOCAÇÃO AOS PALPITEIROS

Vou repetir o que já virou clichê no mundo do futebol: o Brasil tem 190 milhões de treinadores, especialmente em Copa do Mundo.

Até mesmo sua mulher, que não entende nada de futebol, fica investida, de quatro em quatro anos, no direito de dar pitaco na escalação e na organização tática da Seleção (ou, como faz a minha, reclamar que nosso time não tem jogadores tão bem apresentados quanto os italianos ou daquelas seleções nórdicas como Dinamarca, Suécia e Alemanha).

Pois bem, iniciando a temporada da - como diriam nossos amigos paulistas - "cornetagem", abro uma pequena discussão para animar meus 10 leitores: o próprio Dunga já disse que grande parte do grupo que vai à Copa já está fechado.

Quem os ilustres leitores acham que já está garantido, e quais vagas estão em aberto? A partir daí, exerçam o sacrossanto direito ao palpite: quem cada um levaria?

Para mim, eis quem está garantido:

GOLEIRO: Júlio César
LATERAIS: Maicon, Daniel Alves e Michel Bastos
ZAGUEIROS: Lúcio e Juan (este, só se mantiver a integridade física, um tanto baleada nas últimas temporadas)
VOLANTES: Gilberto Silva e Felipe Melo
MEIAS: Elano e Kaká
ATACANTES: Robinho, Nilmar e Luis Fabiano

Portanto, temos 13 vagas já ocupadas. Eis as outras 10, seguindo o raciocínio de "caixinha" do Dunga (segundo o Carlos Eduardo Lino, do Sportv, nosso técnico monta a Seleção em "caixinhas". Portanto, na caixinha do Gilberto Silva, por exemplo, só pode entrar outro volante de contenção, e assim por diante):

GOLEIROS: Victor e Gomes (Doni teria chance e crédito por conta da Copa América, mas não está jogando na Roma). Hélton corre por fora.
LATERAL ESQUERDO: Gilberto e Kléber brigam por uma vaga.
ZAGUEIROS: Thiago Silva e Miranda estão na frente, mas Alex Silva e Naldo (que joga no futebol alemão, um fetiche identificável nos critérios de convocação de nosso treintador) podem ter alguma - reduzida, espero eu - chance.
VOLANTES: Josué (outro "alemão) para a reserva do Gilberto Silva, e Ramires para esquentar o banco para o Felipe Melo.
MEIAS: Para o lugar do Elano, não sei se o Kleberson ainda tem chance após sua barração no Flamengo. Para a reserva do Kaká, parece-me que o Dunga vai confiar na estrela do Júlio Baptista.
ATACANTES: Como o Adriano está fazendo de tudo para não ir à Copa (ouvi dizer que o Jorginho teria externado sua contrariedade à convocação do Imperador após a perda do pênalti contra o Botafogo), parece-me, não sem alguma consternação de minha parte, que teremos que ver Grafite com a camisa canarinho (o que, embora triste, não chega a ser inédito, na medida em que Paulo Sérgio foi campeão do mundo em 1994).

E aí, concordam comigo? Devo registrar que estas são as minhas observações, com base no que o Dunga tem feito nos últimos tempos. A minha seleção pessoal, só no próximo post.

Ingresso no Maracanã: Inaceitável Via Crucis

Como prometido, vou continuar destilando minha raiva. Até porque um verdadeiro calvário espera a mim e a qualquer torcedor que pretenda ver o jogaço que se prenuncia para a próxima quarta-feira.

É simplesmente inconcebível o que se faz com o torcedor no Maracanã. Como disse, fui ao estádio tentar comprar o ingresso no último dia 21/04, para assistir a partida entre o Flamengo e o poderosíssimo esquadrão do Caracas.

Pois bem, minha via crucis começou às 11:30h. Peguei o carro e tentei adquirir os ingressos antes de levar os Barbalhinhos ao Zoológico. Passei em frente à estátua do "Bellini" (na verdade a figura ali representada não é propriamente o capitão da Seleção de 1958, mas a versão acabou pegando) e já fui tomado pela vergonha patriótica.

Um grupo de turistas tirava fotos em frente ao referido monumento, que estava tomado por pichações. O futebol, ao lado da música popular, talvez seja a maior expressão da cultura nacional, e um ponto de referência tradicional do principal estádio do país estava em estado lastimável.

Mais grave do que isto, não se vê qualquer comércio regular em volta do Maracanã. O estádio é o segundo ponto turístico mais visitado do Rio de Janeiro, e não há qualquer plano de aproveitamento de tal potencial. Mas isto já será outro post.

Voltando à minha via crucis, já estava impressionado porque não há sequer uma informação visível a respeito do local para adquirir ingressos. Passei em frente à bilheteria ao lado do Bellini, e nada.

Contornei um quarto do enorme complexo e, com medo de não encontrar vaga disponível, pare o carro um pouco antes do famoso Portão 18 (cuja reputação foi eternizada por uma lenda do folclore político do Estado do Rio de Janeiro, ao se afirmar que o primeiro pedido de cargo a um determinado Governador recém-eleito foi a indicação do porteiro responsável por tal setor, que dá acesso às Tribunas e às cadeiras especiais do Maracanã - daí se vê a cultura lastimável que cerca o estádio).

Vi um pessoal em frente a uma bilheteria e pensei que resolveria a "parada" rapidamente. Ledo engano. Tratava-se de vendas para o jogo do Harlem Globetrotters, que se apresentarão no Maracanãzinho.

Desci toda a rua em busca de outra bilheteria, contornei o Estádio de Atletismo Célio de Barros (um monumento ao desperdício de espaço e da falta de planejamento conjunto, na medida em que o Engenhão tem excelente pista quase que absolutamente ociosa - mas isto já é um terceiro post) e continuei andando mais uns 10 minutos, até encontrar uma bilheteria com uma fila já considerável.

Como tinha horário com a molecada, acabei nem entrando na fila. Voltei somente após a visita ao Zoológico, conforme já disse no meu penúltimo post. A fila estava maior ainda. Uma patrulhinha da PM estava em frente à bilheteria, mas a presença era inútil, pois 30 metros à frente, cinco cambistas impregnavam os ouvidos dos otários que, como eu, entravam na fila para tentar comprar seus ingressos de modo lícito.

Cheguei às 16:20h. Saí às 18:00h. Mais de uma hora e meia para testemunhar cinco guichês vendendo ingressos para centenas de torcedores. O torcedor não tem qualquer informação quanto à fila em que está entrando (somente após uma hora de espera aparece alguém separando quem compraria ingresso de arquibancada de quem pretendia adquirir uma cadeira para assistir ao jogo).

O torcedor não vê quem lhe vende o ingresso, fala a um retângulo de 15cm por 5cm. A burocracia para comprar uma meia entrada é infinita: você tem que apresentar a carteira de estudante, a via original do carnê de pagamento ou da declaração de que está matriculado em curso regular. Falta somente o certificado de reservista ou o atestado de bons antecedentes... Cada um que tenta usufruir o benefício leva mais de 5 minutos para comprar um ingresso. Isto tudo em detrimento do andamento da fila.

Ou seja, o despreparo de quem trabalha; a falta de respeito com o torcedor como consumidor de um espetáculo (??!!) caro são absolutos.

É assim que queremos sediar os dois maiores eventos esportivos do planeta?

Será que vamos repetir a balbúrdia que foi comprar ingressos para qualquer evento um pouco mais concorrido no Pan de 2007?

Sou um entusiasta das Olímpiadas e da Copa, mas cada dia tenho mais dúvidas quanto à efetiva contribuição que tais eventos trarão para o esporte brasileiro. Cada vez mais desconfio de que faremos a maquiagem de sempre e, passado o show para o público mundial, tudo voltará a ser como sempre foi: uma zona.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Escapadinha do Barbalho

Depois do show de mau humor, só lanço mais um post para divulgar que o outro Barbalho que aqui escreve está andando com outros blogs...

Convido a todos a visitar o blog do Felipe na edição eletrônica do Jornal A Tarde. Lá ele vai falar exclusivamente de Copa do Mundo: Doido por Copa

Vale a visita.

De Volta - de novo - e de Mau Humor

Mais uma vez, tento voltar, extremamente mal humorado (sei como fica com a porcaria da reforma lulográfica, que só serviu para a gente desaprender ortografia - ele não sabe português e quer que todo mundo desaprenda).

Como vcs devem ter visto nos últimos posts de quatro meses atrás, este é um blog de rubronegros. Portanto, estou um tanto irritado depois dos últimos jogos do time. Obviamente, fui ao jogo ontem, mas deveria ter sabido ler os sinais.

Há muito tempo não frequento a arquibancada do ex-maior do mundo por conta da ZONA que virou comprar ingresso no Maracanã. Ontem desafiei o bom senso e, depois de levar os Barbalhinhos ao Zoológico, fiz a minha mulher parar no meio da Radial Oeste para atravessar a via e enfrentar a fila para comprar os ingressos para mim e meu sócio, também parceiro em desventuras flamenguistas.

O show de desorganização e despreparo para atender aqueles que compõem o maior patrimônio do Flamengo, a torcida, será objeto de post futuro, em que desancarei outras tantas pessoas. Entretanto, só para ter uma ideia, fique uma hora e meia para comprar dois ingressos para um jogo que teve o público ridículo de 35 mil pagantes (ou presentes, sei lá o número de caronas no estádio).

Pois bem, com 30 minutos de fila, eu já deveria ter sacado o recadinho divino. Mas, não, eu sou brasileiro, e não desisto nunca, nem com os sinais anteriores, que o articuladíssimo Departamento de Futebol rubronegro já tinha emitido desde o início de 2010.

Pois bem, está feito o desastre. Hoje temos - nós rubronegros - que torcer para Deportivo Quito, Emelec, Cerro Porteño ou talvez que o Internacional tenha um acesso e despacho o primeiro equatoriano citado acima. Com o time que o Flamengo tem, é francamente ridículo.

E já que estou de mau humor, aqui vai: Andrade é um dos meus ídolos de infância, mas não 'tá dando mais. O time não joga bem desde ANTES de ser campeão brasileiro. A última boa partida de que me recordo foi a do Palmeiras (ou talvez do Altético/MG, se tiver sido posterior). O Flamengo precisa de uma chacoalhada, de alguém que ponha os jogadores no lugar. Se tiver que tirar o Andrade, já demitimos o Carpegianni e o Carlinhos, ninguém tem lugar cativo naquele banco.

Mas o fanfarrão do Marcos Braz tem que ir antes.