domingo, 29 de junho de 2014

#PRONTOFALEI

Não tenho Twitter, mas uso a hashtag conhecida daquele microblog para externar algo que está me incomodando profundamente. Que o time está jogando mal é inegável. Não temos meio-campo e o equilíbrio emocional do time preocupa (até porque não temos torcida para empurrar quando é preciso).

Entretanto, para além das críticas abalizadas de quem jogou muita bola, é insuportável o prazer quase sádico de Carlos Alberto Torres em todos os programas a que compareceu nos últimos meses e de Paulo César Caju na coluna bissexta que lhe deram no Globo. Ambos mal disfarçam uma satisfação mórbida em ver que mais um time não ameaça sua superioridade histórica.

Coisa de gente menor, que eles definitivamente não precisam ser. Conquistaram seu lugar na história; têm todo direito à crítica, mas precisam de uma terapia para descobrir que o surgimento de novos campeões não vai apagar o que eles fizeram dentro de campo.

Até porque fora dele está dose...

#prontofalei

O BRASIL PRECISA DE VOCÊ, PIJAMEIRO DE SORTE

O que mais se comenta hoje em dia é que a Seleção não para de chorar. Credita-se isto à falta de preparo psicológico ou ao excesso de pressão. Cheguei a ficar com raiva hoje, ao assistir o "É Campeão", novo programa do Sportv, em que tive que presenciar o prazer sádico do Carlos Alberto Torres em desdenhar deste elenco. Será que ele se sente ameaçado pela imensurável glória que seria conquistar o título em casa? Ele não precisa disto, é um dos símbolos de uma das melhores equipes da história (embora ache que a de 1958 seja superior, pois tinha Pelé E Garrincha no mesmo time).

Tentando baixar a adrenalina do jogo de hoje, estou lendo tudo o que passa pela minha mão e tive o habitual prazer de mais um post no blog do Rica Perrone, um dos melhores cronistas esportivos que temos. Sob o título "Conquistem-na!" (Ainda não sei fazer links no texto...), ele dentre vários outros acertos, procura traduzir a sensação de abandono que nosso escrete sente ao olhar para a arquibancada e ver que o mesmo país que exige a vitória em casa, não lhe dá uma torcida que preste.

O coro coxinha "Eeeeu sou brasileiro, com muito orgulho..." (Ergh!) não consegue animar nem bingo de asilo. Cantar hino só no início não resolve, porque nossos hermanos também aprenderam a fazê-lo (e vaiá-los só nos traz vergonha, nada mais).

O choro do primeiro jogo era a antecipação da energia que nossos atletas esperavam receber. Os que se seguiram é a agonia de quem carrega o país nas costas e não vê ninguém ao lado sequer para dar uma força. A diferença de jogar em casa é contar com a torcida, e nossos jogadores só tem a si mesmo, porque nossa torcida no estádio é patética.

Portanto, você, pijameiro de plantão que teve sorte de conseguir ingresso no sorteio, ou você, que conseguiu assistir jogo in loco com base em "algum esquema maneiro", trate de por esta garganta para funcionar. Os onze lá de baixo precisam que você tire a bunda do assento numerado padrão FIFA, esqueça a porra da cerveja e da pipoca e passe a cumprir seu dever cívico, que é se esgoelar do começo ao fim do jogo, pondo pressão em quem quer que esteja do outro lado. É desta ajuda que os garotos precisam.

Portanto, como bom rubro-negro que, da arquibancada levei times razoáveis a dois títulos brasileiros impensados e à inaudita Copa do Brasil do ano passado, eis algumas adaptações que podem esquentar um pouco a relação entre o time e os milhares de desatentos que têm ido aos jogos:

Nós queremos respeito
E comprometimento.
Eu não sou argentino,
Eu sou é brasileiro.
Ô,ôôôô
Ô, ôôôô...

Brasil, estou sempre contigo,
Somos uma nação,
Não importa onde esteja
Sempre estarei contigo
Com a camisa amarela
E a bandeira na mão
Está copa é nossa,
Vai começar a festa!
Dale, dale, dale, ô
Dale, dale, dale, ô
Dale, dale, dale, ô
Brasil do meu coração!

Eu sempre te amarei,
Onde estiver estarei,
Ó meu Brasil!
Tu és o pentacampeão,
Raça, amor e paixão.
Ó meu Brasil!


Se você tem algum canto de seu time, mande para cá. Ficarei feliz em tentar ajudar nossos irmãos pijameiros a torcer decentemente.


sábado, 28 de junho de 2014

A CORAGEM DE MUDAR

É evidente que o time brasileiro não está jogando bem. Ainda que uma análise tranqüila e com mais distância do sofrimento de hoje revele que complicamos uma partida que não era para ter sido tão dura, não da para esconder que estamos jogando sem meio-campo e que não temos centroavantes que estejam à altura do desafio. Isto sem contar o presepeiro do Daniel Alves, que em quatro rodadas só acertou o chute defendido por Bravo hoje. De resto, é a marra de cabelo descolorido.

Portanto, invoco aqui o exemplo radical da final olímpica do vôlei masculino em 2012. Sem saída aparente contra o Brasil, o técnico russo puxou o meio de rede para a ponta e virou o jogo. Prova de que a qualquer momento pode-se tentar um novo caminho. Dos cinco títulos mundiais, quatro foram ganhos com um 4-4-2 (sim, porque Zagalo em 58 e 62, e Rivelino, em 70, eram o quarto homem do meio-campo). Talvez povoar o miolo seja a solução para conter os endiabrados Cuadrado e Rodriguez na próxima sexta.

Neste sentido, prefiro o meio-campo montado em losango, com um volante de contenção, dois armadores que tenham fôlego para apoiar a defesa, e um ponta de lança que se junte ao ataque. Com a suspensão de Luiz Gustavo, o substituto que parece ideal é (agora corro para o abrigo da chuva de críticas que certamente receberei)... Henrique, convocado justamente porque faz a dupla função de zagueiro e volante, além de dar a proteção contra bolas altas presente com o volante do Wolfsburg. Os dois armadores seriam Fernandinho e Hernanes, especialmente este ultimo, que parece ter mais capacidade para cadenciar o jogo quando necessário. Fazendo a ligação com o ataque, Oscar fica mais livre para cumprir sua função principal e pode roubar bolas mais próximo da área adversária.

No ataque, Fred não está funcionando e Jô não parece ser substituto à altura. Portanto, abandone-se o esquema com o homem fixo e deixe-se Neymar e Hulk flutuando livres na frente.

Por fim, enterre-se Daniel Alves no banco e coloque-se um lateral de verdade em campo: Maicon já!!!

RESENHÃO DO BARBALHO/BRASIL 1 X 1 CHILE: No Sufoco Não Vai Dar

Num momento raro deste blog, faço minha resenha em cima do lance. E repito o título: no sufoco, não vai dar. O time jogou muito mal hoje. Continuamos sem meio-campo e não se vê uma solução para o problema. Não fomos eliminados porque Deus não quis e Júlio César não deixou. Eis as notas:

JÚLIO CESAR: fez uma defesa milagrosa nos 90 minutos, pegou dois pênaltis e ainda teve sorte no fim do jogo, quando a trave o salvou - 10,0

DANIEL ALVES: tirando o chute que quase surpreendeu Bravo no primeiro tempo, desfilou sua marra infinita pelo campo, errando tudo o que tentava, cruzando da intermediária e saindo errado com a bola por mais de uma vez. Já passou da hora de ser barrado - 2,5

THIAGO SILVA: com frequência o vejo atrasado em lances capitais, mas transmite segurança - 5,5

DAVID LUIZ: um gigante. Acho que o gol foi contra, mas estava lá do lado para provocar o erro do adversário. Absoluto na zaga, embora pudesse ter ido no passe que resultou no gol do Chile. Foi quem melhor bateu pênalti no Brasil - 8,0

MARCELO: continua sendo uma das poucas opções de saída decente de bola. - 7,0

LUIZ GUSTAVO: sua suspensão no próximo jogo é uma preocupação. Continua sendo uma garantia à frente da zaga e tem se apresentado para dar opção de jogo. - 7,0

FERNANDINHO: não disse a que veio. Absolutamente apagado, só apareceu quando tomou o cartão amarelo. - 3,5

RAMIRES: também errou tudo o que tentou. Horrível. - 2,5

OSCAR: sacrifica-se pelo time, é talvez o maior ladrão de bola do Brasil, mas não cumpre sua função principal, que é armar o time. - 5,5

WILLIAN: bateu uma falta ridícula para o lado, quando a zaga inteira tinha subido para tentar a cabeçada no ataque. Perdeu o pênalti. - 3,0

HULK: altos e baixos. Foi o jogador que mais tentou e o atacante mais efetivo do Brasil, mas errou bisonhamente no gol do Chile e bateu o pênalti no meio do gol. - 6,0

FRED: não conseguiu acertar uma jogada. Tento ter paciência, mas está difícil - 2,0

JÔ: ruim igual ao Fred. - 2,0

NEYMAR: buscou o jogo no primeiro tempo, mas continua prendendo demais a bola. Voltou a bater mal o pênalti, mas deu sorte e a bola entrou. - 6,0

LUIZ FELIPE SCOLARI: não consegue acertar o meio-campo, esqueceu do Hernanes, mexeu mal. - 3,0

sexta-feira, 27 de junho de 2014

PALPITÃO DO BARBALHÃO/OITAVAS DE FINAL: Oh, Dúvida Cruel.

Seguindo a tradição do blog e a obrigação dos múltiplos bolões em que me inscrevi, descobri-me numa tremenda dúvida em quase todos os confrontos das Oitavas de Final. Eis minha tentativa de adivinhar os resultados.

BRASIL x CHILE: o retrospecto nos altamente favorável e o Chile nunca foi uma seleção que assustasse antes da Copa. Além disso, o jogo contra a Holanda demonstrou os limites do time andino. Entretanto, nossa equipe também não inspira tanta confiança. Apesar de ser um jogo de risco, ainda acredito no Brasil.

COLÔMBIA x URUGUAI: o time da Colômbia é muito técnico, tem jogadores muito talentosos e o Uruguai ficou sem sua estrela maior. Em tese, tudo favorece os colombianos. Entretanto, o desafio posto à Celeste pode ser um poderoso combustível moral para a seleção cisplatina. Na minha opinião, ou a Colômbia leva o jogo fácil no tempo normal, ou a partida vai para os pênaltis.

ALEMANHA x ARGÉLIA: ainda que a Argélia tenha realizado uma das maiores surpresas da primeira fase e seja um time de dedicação comovente, não vejo como fazerem frente à impressionante eficiência germânica. Vitória fácil da Alemanha.

FRANÇA x NIGÉRIA: o time africano mostrou qualidades contra a Argentina, mas a França teve apresentações mais consistentes. Os Bleues são favoritos. Vitória nigeriana só se o jogo for além dos noventa minutos.

HOLANDA x MÉXICO: os holandeses apresentaram o desempenho mais impressionante da primeira fase e parecem ter um contra-ataque irresistível. Para mim, estão com o caminho livre até a semi-final. Entretanto, o México parece disposto a ser a surpresa definitiva da Copa. Se conseguirem embolar o jogo, as chances se aproximam.

COSTA RICA x GRÉCIA: tenho grande simpatia pela zebra da Copa, que mostrou um futebol muito consistente, que em condições normais os tornaria francamente favoritos neste embate. Entretanto, como diz o André Rizek, do Sportv, a Grécia é o time mais chato do planeta. A partida tem jeito de ir para os pênaltis, ou de morrer num gol achado pelos europeus, que se escondem o resto do tempo atrás da linha do meio-campo.

ARGENTINA x SUÍÇA: a Argentina tem um time muito superior, ainda que esteja desfalcada do Agüero. Talvez seja torcida, desejo recôndito dado pelo medo já exposto em posts anteriores, mas ainda nutro a esperança de que a fragilidade da defesa albiceleste dê brecha para um ou mais gols vadios dos suíços, que não deem muita margem para a reação argentina. Mas, olhando isentamente, este desfecho é pouco provável, ainda mais com o Messi do jeito que está jogando.

BÉLGICA x EUA: para mim, os belgas são a maior decepção do Mundial. O tal do Hazard é realmente muito bom jogador e pode desequilibrar, se resolver jogar de verdade. Entretanto, acredito que a disciplina e a organização tática dos americanos devem prevalecer.

Diante da sessão de gatomestrice, teríamos as seguintes Quartas de Final: BRASIL x COLÔMBIA; ALEMANHA x FRANÇA; HOLANDA x GRÉCIA; ARGENTINA x EUA. Será?

A SELEÇÃO DA TERCEIRA RODADA

Antes que comecem as Oitavas de Final e atendendo à intimação do meu amigo virtual Viegas, eis a seleção da terceira rodada:

BUFFON (Itália): aqui, começo divergindo do amigo mencionado acima. Embora Dominguez, do Equador, tenha resistido a um verdadeiro bombardeio do ataque francês, ele me parece um grande peladeiro (ainda que tenha um excelente sentido de colocação). Já Buffon fez três defesas monumentais contra o Uruguai (duas no mesmo lance).

BOATENG (Alemanha): além das funções defensivas da linha de quatro zagueiras montada pelo Joachim Löw, apoiou consistentemente o ataque, criando uma pressão impressionante sobre os EUA.

RAFA MARQUEZ (México): liderou o México contra a Croácia, deslocando-se para frente para furar o bloqueio do time eslavo.

GIMENEZ (Uruguai): ainda que Godín tenha assumido a faixa de capitão e marcado o gol da classificação celeste, o jovem zagueiro deu uma nova agilidade à defesa uruguaia, substituindo não só à altura, mas com sobras, o titular Lugano.

MARCELO (Brasil): numa posição carente em âmbito universal, Marcelo tem mostrado uma qualidade constante, especialmente como opção para a saída de bola da Seleção brasileira.

FERNANDINHO (Brasil): entrou no segundo tempo contra Camarões e mudou o jogo, provavelmente ganhando vaga no time titular.

FEGHOULI (Argélia): jogador-símbolo da dedicação da equipe magrebina. Categoria técnica e entrega à marcação até o final do jogo.

RODRIGUEZ (Colômbia): o pouco que vi do jogo mostrou um jogadoraço, verdadeiro merecedor da camisa dez que enverga. Armou, organizou o jogo e fez um gol maravilhoso ao final.

MESSI (Argentina): novamente desequilibrou em favor de sua seleção. Um craque na verdadeira acepção da palavra.

SHAQIRI (Suíça): fez um golaço de fora da área e outros dois típicos do centroavante técnico, olhando para o goleiro e pondo a bola onde ele não está.

NEYMAR (Brasil): destruiu o jogo no primeiro tempo. Deu dribles, chamou a responsabilidade e marcou duas vezes, abrindo a goleada sobre Camarões.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

SUÁREZ COMO METÁFORA

O grande jogo da última terça foi, como se esperava, Itália e Uruguai. O mata-mata antecipado que despachou o terceiro campeão mundial para casa teve tudo o que se espera de uma partida deste tipo, inclusive a falta de técnica e o jogo truncado. Dentro do drama naturalmente presente nestes embates, todas as manchetes se voltaram para o novo acesso canibal de Luis Suárez.

Vendo as notícias e a crônica sobre o jogo de ontem, cheguei a uma conclusão claramente influenciada pela visão pessoal que tenho sobre história e política.

A Itália reclama muito da expulsão de Marchisio, pela entrada que deu em Arévalo no segundo tempo. Já na transmissão ao vivo percebi que o árbitro imediatamente levou a mão ao bolso de trás, para tirar o cartão vermelho. A falta foi na sua frente e, no replay, vê-se que o italiano vem por cima da bola, com a sola quase na altura do joelho do uruguaio. Neste momento deu-me o clique: a Itália, ontem, parecia ter vestido o tom mais claro de azul, assumindo a catimba que normalmente caracteriza nossos vizinhos cisplatinos.

Enquanto isto, sob a batuta do Maestro Oscar Tabarez, o Uruguai jogava com a cabeça. Sem deixar suas conhecidas garra e paixão de lado, mas sem cair na valentia burra que levou o futebol da Banda Oriental para o buraco por muitos anos. Com a expulsão do meio-campista azzurro, a Celeste tomou conta do jogo e via-se que o gol poderia ser questão de tempo.

Em outras palavras, o Uruguai deixou de lado o destempero que confundia valentia com grosseria e garra com covardia e jogava com inteligência, adotando um comportamento que dá um novo sentido às suas características históricas, abandonando aquilo que, embora natural, era nocivo ao seu jogo. O paralelo que se pode fazer é com a retomada democrática dos países latino-americanos nas décadas de 80 e 90 do Século XX. Depois de mais de um século de caudilhismos diversos, a América Latina parecia tomar a via da política institucionalizada, longe dos personalismos que nos conduziram a anos de desventuras.

Mas aí veio Suárez e sua ridícula mordida em Chiellini. Por sorte, o árbitro não viu e o Uruguai ficou com onze até o fim da partida. Mas a atitude do atacante, além de ser eticamente condenável e sequer comportar uma explicação que seja, diante das circunstâncias da partida e do lance, mancha a vitória de sua equipe (porque dá desculpa para que os europeus digam que estão sujeitos à "selvageria" dos sul-americanos), e pior, compromete o futuro do Uruguai na competição, já que um pesado gancho é esperado para o mordedor contumaz, sendo grande a probabilidade de que Suárez não jogue mais nesta Copa.

Neste ponto, outro paralelo. Após abandonar velhos vícios e conseguir uma vantagem competitiva e uma normalidade institucional, alguns países latino-americanos voltaram a acreditar num excepcionalismo quase adolescente, que propõe regimes políticos esdrúxulos, sempre calcados em indivíduos que reciclam o velho caudilhismo que sempre dominou a mentalidade política do continente.

Esta velha tentação latino-americana se personificou (como não poderia deixar de ser, ante nosso fetiche em fulanizar tudo) em Luis Suárez. Além da estupidez marcada no ombro de Chiellini, o atacante abusou do individualismo (olha ele aí de novo!), "fominhando" em dois contra-ataques que poderiam ter matado o jogo antes do fim e acalmado a situação para sua Seleção. Ou seja, depois de uma demonstração de empenho e entrega à sua equipe nacional, conduzindo o Uruguai à vitória contra a Inglaterra, o atleta que se destaca na liga mais estelar do planeta resolveu consagrar-se sozinho, em vez de continuar a servir seu time.

Eis nossa danação de sempre: nosso talento e nossas singularidades, em vez de nos impelirem à frente, são, com frequência a fonte de nossos problemas. A provável ausência de Suárez se constitui em grave desfalque para a Celeste, que terá que encarar uma Colômbia que vem sendo um sucesso de crítica e de público. Que seu esforço para superá-lo seja uma boa lição não só para os uruguaios, mas todos nós, latino-americanos. Dentro e fora do campo.

A SELEÇÃO DA SEGUNDA RODADA

Com este post, sigo duas tradições do blog: a primeira é fazer seleções de cada rodada da Copa. A segunda é o atraso na repercussão dos fatos. Mas, afinal, sou advogado e não jornalista, e acabo cumprindo tudo em cima da hora... De toda forma, antes que a terceira rodada passe da metade, segue minha seleção da segunda rodada, de novo no 4-3-3:

OCHOA (México): fechou o gol contra o Brasil, fez uma defesa estilo "Gordon Banks" e mostrou boa colocação e reflexos que deixaram o placar no zero.

UCHIDA (Japão): se a seleção do Sol Nascente não conseguiu marcar contra a Grécia, não foi por falta de apoio no setor direito. O lateral nipônico se apresenta com velocidade e, ao contrário de Daniel Alves, cruza com precisão.

THIAGO SILVA (Brasil): o habitual monstro na zaga. Segurou as investidas do México e mostrou porque é um dos melhores defensores do mundo.

MANOLAS (Grécia): outra razão para o 0x0 entre Grécia e Japão, foi incansável em assegurar a habitual retranca helênica.

PRANIJC (Croácia): apoiou com frequência e foi premiado com gol sobre Camarões.

BRADLEY (EUA): o cão de guarda do meio-campo americano teve participação ativa no jogo contra Portugal e quase marcou um gol.

VIDAL (Chile): liderou a vitória da Roja legítima contra a Fúria reciclada.

CUADRADO (Colômbia): faz a ligação entre meio-campo e ataque de forma magistral. É um dos vários talentos que povoam o time da Colômbia.

ROBBEN (Holanda): está destruindo no ataque holandês. Até agora, é o melhor jogador da Copa, um verdadeiro Usain Bolt que joga bola.

BENZEMA (França): lidera uma equipe que vai correndo por fora. Ainda que tenha enfrentado adversários abaixo da crítica, cumpriu o que se espera de um campeão mundial, e o atacante vem fazendo uma grande Copa.

SUÁREZ (Uruguai): marcou os dois gols da vitória que ressuscitou a Celeste no Mundial. Um com grande categoria, deslocando conscientemente o goleiro inglês com um preciso golpe de cabeça; e outro uma patada de quem não tem medo de decidir.

JORGE PINTO (Costa Rica): num time sem grandes destaques individuais, está protagonizando o milagre desta Copa. Deu um baile no time que é a síntese do futebol tático, a Itália.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

SELEÇÃO DA PRIMEIRA RODADA

Mantendo outra tradição iniciada na Copa de 2010, escalo minha seleção dos melhores da primeira rodada, montada num 4-3-3 clássico e lembrando que o jogo do Brasil contra o México não contou, pois era da segunda rodada:

NAVAS (Costa Rica): antes da zebra galopar no Castelão, o goleiro costarriquenho parou o ataque celeste com defesas notáveis.

LAYÚN (México): apoiou com grande eficiência. Pelo seu lado foram criados os dois gols mal anulados contra Camarões.

HUMMELS (Alemanha): zagueiro seguro, que não deixou o ataque de Portugal se criar. Acabou premiado com um gol.

DAVID LUIZ (Brasil): absoluto na zaga contra a Croácia, não perdeu uma jogada, tendo iniciado os trabalhos com a virilidade necessária numa dividida com menos de um minuto de jogo.

BLIND (Holanda): três passes para gol no massacre laranja sobre a Espanha. Dois deles de mais de 30 metros. Precisa explicar mais?

LAHM (Alemanha): já frequenta esta lista desde a Copa passada, mas agora figura no meio-campo. Referência na armação e na proteção à zaga do melhor time do Mundial até agora.

PIRLO (Itália): um armador clássico. Tão bom que faz o time jogar até quando não toca na bola, como no lance do gol de Marchisio contra a Inglaterra.

OSCAR (Brasil): injustiçado na premiação da FIFA quando da escolha do melhor jogador de Brasil x Croácia. Desarmou, driblou, participou das jogadas dos dois primeiros gols e fez um golaço de bico no final do jogo.

ROBBEN (Holanda): um monstro. Destruiu a defesa espanhola com seus piques e, em ambos os gols, teve grande categoria para se livrar dos zagueiros.

VAN PERSIE (Holanda): um golaço de peixinho, movimentação constante e precisão no arremate do segundo gol. Um centroavante moderno.

MÜLLER (Alemanha): se o jogo tivesse sido no domingo, teria pedido música no Fantástico. Com 24 anos já tem 8 gols em Copas do Mundo. Jogador polivalente, com jeitão de peladeiro, agora comandando o ataque alemão.

Treinador/JOACHIM LÖW: mantém a Alemanha em altíssimo nível. Amarrou Portugal de modo irremediável.

E CRESCE O MEDO

Já tinha externado minha preocupação com o caminho altamente favorável que se desenha para a Argentina. Achava inclusive que o europeu mais fraco tinha caído no seu grupo, impressão que já tinha se desfeito com os amistosos pré-Copa da Bósnia. E o valor de mais este filhote da ex-Iugoslávia se confirmou na primeira rodada, quando fez um jogo duro com os bicampeões mundiais.

Entretanto, as dificuldades da Argentina na referida partida parecem reforçar o medo que tenho dos hermanos nesta Copa. A boa fortuna que os tinha agraciado no sorteio os bafejou novamente, no gol contra que abriu o placar em favor dos albicelestes. Este tipo de sorte costuma acompanhar os campeões...

O time não jogou tão bem, mas Messi tranquilizou o jogo com um golaço. Passou pelo adversário mais difícil do grupo e agora pode embalar nos próximos três embates. Sim, três embates, pois já vejo a Argentina classificada em primeiro lugar e jogando com Suíça e Equador, que não devem oferecer qualquer resistência. Ou seja, complicação somente nas quartas-de-final. Que medo...

domingo, 15 de junho de 2014

O PODER DA FÉ

Assistindo a um vídeo que anda bombando na Internet, no qual O inglês John Oliver explica o que é a Copa para os americanos, ele, para mostrar que o futebol é um tanto importante para o "resto" do mundo, passa diversos trechos de reportagens que afirmam, repetidamente, que futebol é uma religião, o que poderia ser confirmado pela conhecida afirmação de Juca Kfouri, ao lembrar que seu pai se declarava como "católico apostólico corintiano".

Pois bem, se futebol é uma religião, a Copa seria uma espécie de "ramadã" esportivo, em que multidões se destinam a um país específico para celebrar sua fé.

E somente a fé pode explicar o que aconteceu ontem entre Uruguai e Costa Rica. Ainda que a Celeste Olímpica não seja mais o time de quatro anos atrás, que reconquistou seu lugar enterre os grandes com o quarto lugar na ultima Copa, era efetivamente inimaginável uma vitória tão eloqüente dos centro-americanos.

Entretanto, a demonstração de coesão e empenho do time costarriquenho, de sua dominância sobre um adversário teórica, mas nitidamente superior, é um dos milagres próprios do futebol, mas que ficam mais recorrentes neste período "santo" da Copa. A crença de que a superação é necessária para trazer glória ao seu país faz com que os atletas efetivamente dêem mais do que 100% em cada jogo; superem seus limites em busca da bênção de uma vitória em Copa do Mundo.

Ontem foi o dia do milagre da Costa Rica. Pode ser que sua alegria fique por aí. Mas será um momento eterno na história futebolística daquele pequeno país. Um jogo de culto na memória de seus torcedores.

sábado, 14 de junho de 2014

DEVAGAR COM O ANDOR

O segundo dia da Copa revelou uma surpresa que chocou o mundo: a goleada da Holanda sobre a Espanha, 5x1. Ninguém, nem mesmo os holandeses, esperava um resultado destes. A vice-campeã mundial, apesar de feito o passeio habitual nas eliminatórias, vinha de amistosos muito ruins, além de ter feito uma Eurocopa desastrosa, onde perdeu os três jogos. Ainda que fosse um clássico mundial, do qual fosse possível esperar até mesmo uma vitória da equipe laranja (que ontem jogou num estranho, mas bonito, azul), cogitar de um chocolate como o de ontem era impossível.

Ainda mais depois do primeiro gol da Espanha. Entretanto, depois da Holanda fazer 3x1 (com um gol irregular, é bom que se diga), os atuais campeões mundiais se perderam completamente. O quinto gol é uma prova da desarrumação de ultime que depende fundamentalmente de sua compactarão e de sua organização tática.

Agora, todo mundo se apressa a cravar a Holanda como favorita e decretar a morte da Espanha. Devagar com andor. Nem a Holanda vai ressuscitar o carrossel de 1974 (até porque não acho que o Van Gaal tenha capacidade para isto), nem Lá Roja já está com as passagens de volta compradas. Embora o Chile esteja numa situação confortável para jogar pelo empate contra a Espanha, podendo até perder para a Holanda se conseguir tirar ponto dos espanhóis na segunda rodada, estes continuam a ser francamente favoritos, até porque os Sul-americanos não sabem jogar na retranca.

Portanto, cuidado, a Espanha começa a aparecer mais nítida em nosso radar. Tudo vai depender do próximo jogo no Maracanã. Se houver uma reação da Espanha, a goleada pode ficar para trás. Caso a apatia de ontem volte a aparecer, a chance de termos um adversário mais palatavel na segunda fase.

Agora, aqui entre nós, que fase, Casillas!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

RESENHÃO DO BARBALHO/DIA 1: Festa, Vaia e Jogo

Reeditando a tradição que pretendi inaugurar nos blogs da Copa de 2010, vou lançar notas a cada jogo do Brasil, até para atender ao pedido de meu amigo Bruno Dubeux (e, como ele é meu Chefe duas vezes, no trabalho e como Presidente da minha associação de classe, pedido dele é uma ordem).

Antes das notas, porém, comentários sobre o ato inaugural da nossa Copa. Antes de mais nada, repito: no que depender do que ocorre fora das quatro linhas, esta passará longe do que a propaganda oficial quer ridiculamente apelidar de "Copa das Copas". Como diria Jack, o estripador, vamos por parte:

a) O Itaquerão: para desespero do Marketing do Corinthians, vou chamar o estádio pelo apelido. Um pela revolta contra as condições em que o alvinegro paulista conseguiu sua arena, um "presente" dado por um governo que não teve qualquer vergonha de malbaratar todas as condições habituais de financiamento público, só porque o "Seu Guia" torce pelo clube. Mais do que isto, também é punição pela incapacidade de obter um patrocinador de naming right (embora o Marketing do Corinthians seja, disparado, um dos melhores dos clubes brasileiros, muitos anos-luz adiante da grande maioria dos concorrentes). Pois bem, embora tenha uma arquitetura bastante diferente, tenho sentimentos conflitantes sobre se gosto ou não do estádio. É moderno, arrojado, mas realmente parece uma impressora. Além disso, as duas arquibancadas provisórias, que custaram os olhos da cara para viabilizar o jogo de abertura da Copa, são horrendas, destoam do resto do conjunto. O que interessa: segundo as notícias, o funcionamento da arena deixou a desejar, tanto no que já anunciado acesso à Internet, quanto no oferecimento de produtos e serviços nos bares. Não bastasse tanto, os refletores apagaram duas vezes durante a partida. Até o final da Copa, serão mais três jogos que acabarão já sem luz natural... Oremos.

b) A Festa de Abertura: numa só palavra: ridícula. O som estava horrível; o acabamento das alegorias deprimente (tinha um índio com cinto de segurança dentro de uma canoa!!!!); o roteiro sofrível (o árbitro-mirim expulsou os dançarinos de campo, talvez já reconhecendo o nível indigente do espetáculo) e o dimensionamento da quantidade de figurantes foi claramente ruim, deixando a impressão de falta de gente para o show. Mas o pior ficou para o play back mal feito por Claudia Leitte, J-Lo e o Paulo Gustavo pescando siri (isto sem falar no defeito do elevador que deveria levar estes dois últimos para o palco...). Não bastasse tanto, o pontapé inicial do portador do exoesqueleto, largamente anunciado antes da Copa, quase não foi captado pelas câmeras. A direção do espetáculo não lhe deu nenhum destaque. Lamentável.

c) As Vaias: postei algumas vezes no Face e aqui cabe novamente a distinção. Sou contra vaiar (e muito menos xingar) uma autoridade em solenidade oficial. O jogo inaugural era um evento desta natureza. A Presidente da República, por mais inepta que seja (e acredito com força nesta debilidade gerencial da Dilma, tanto que não votei nela), estava lá na condição de Chefe do Estado Brasileiro (e não como Chefe de -des-Governo), ou seja, representante da Nação. Não interessa se não votei, ou grande parte do estádio também não tenha votado nela. Ela é a Presidente (e não presidenta, como Chefe de Estado ela devia se dar ao respeito e preservar a língua pátria) e ponto. Insultá-la depõe mais contra nós do que contra ela. Passamos a imagem de um povo mal educado (o que realmente somos). Entretanto, irrita o duplo padrão de amplos setores esquerdistas da imprensa brasileira. Não pode xingar a Presidente, mas pode a FIFA. Também tenho minhas críticas à entidade, mas seria educado tratar mal uma visita?

Feita uma looonguíssima introdução, eis o que interessa. As cornetadas do Barbalho:

JÚLIO CÉSAR: emocionei-me e, ao mesmo tempo, preocupei-me com seu choro sincero. Devo concordar com a ressalva de vários colegas meus com relação à estabilidade emocional do nosso goleiro. Mas tenho muita fé nele. É um dos melhores de nossa história, e ontem, quando exigido, correspondeu. - 7,5

DANIEL ALVES: no mesmo nível da festa de abertura. Horrível. Errou tudo. O gol saiu nas suas costas. Continuo achando que tem muita marra para pouco futebol. Minha última resenha de 2010 desceu a lenha no baiano. Começo 2014 do mesmo jeito - 3,0

TIAGO SILVA: discreto, não comprometeu. Parece-me muito nervoso, desde antes da Copa, mas sempre lembro que Renato Gaúcho falava que ele seria o melhor zagueiro do mundo. - 6,5

DAVID LUIZ: foi muito bem. Seguro, não lembro de ter perdido nenhuma jogada. No primeiro lance, dividiu com vontade com um croata, para mostrar como a jiripoca iria cantar lá atrás. - 7,5

MARCELO: sem culpa no gol contra, não se abateu e foi uma boa opção de saída de jogo - 7,0

LUIZ GUSTAVO: já vai provando porque é o homem de confiança do Felipão. Carregou um piano enorme e até foi uma alternativa razoável de distribuição do jogo. Um dos melhores do time - 8,0

PAULINHO: decepcionante. Até começou bem, mas depois sumiu. Não fechou o meio-campo, nem foi uma opção de ataque. - 5,0

HERNANES: entrou no lugar de Paulinho, não acrescentou muita coisa, mas também não comprometeu. - 6,0

OSCAR: melhor em campo. Deu combate, roubou bolas, driblou, armou incansavelmente. Participou dos dois primeiros gols e lembrou Ronaldo e Romário com seu gol de bico. - 9,5

HULK: cumpriu bem sua função tática. Acabou sacrificado na parte ofensiva, mas cumpriu bem o papel de conter o lateral direito croata. - 6,5

BERNARD: substituiu Hulk para dar mais força ao ataque. Efetivamente agrediu mais a defesa croata, mas nada de muito espetacular. - 6,5

FRED: sumido, só apareceu quando simulou - com sucesso - o pênalti. - 5,5

NEYMAR: chamou o jogo e assumiu a responsabilidade de craque do time. Fez dois gols e foi crucial na vitória. Perde pontos em três questões: continua prendendo demais a bola (embora já tenha melhorado em comparação aos últimos amistosos), tomou um cartão idiota e desnecessário, e bateu o pênalti muito mal. Mas, repito, depois de Oscar, foi um dos melhores do time - 8,5

RAMIRES: entrou por pouco tempo, mas teve tempo de fazer o desarme precioso que resultou no gol do Oscar - 7,0

FELIPÃO: mexeu muito bem no time e, após a partida, mostrou porque é um líder nato. Trouxe a torcida para o seu lado, elogiando o público paulista; não expôs o time, recusando-se a dizer o que estava errado na Seleção antes de falar com seus jogadores; e destacou enfaticamente a atuação de Oscar, que vinha sendo posto em xeque pela imprensa. Ressalvo uma certa frouxidão do meio-campo, que deixou a Croácia tocar a bola livremente em alguns momentos. - 8,0

quinta-feira, 12 de junho de 2014

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO A: Três Esfinges para o Brasil

Depois de sessões intermináveis de gatomestrices, que só a minha esposa tem paciência de comentar, deixei a análise do grupo para o final. E eis que me aflige o mistério. Não sei se é cautela de um torcedor cabreiro, ou até temoroso das reais possibilidades de nossa Seleção, mas a primeira imagem que me veio à cabeça foi a de um grupo traiçoeiro.

Até mesmo após o sorteio, não consegui ver uma opinião mais incisiva sobre os concorrentes do Brasil na primeira fase. Que somos os favoritos para ficar com a primeira vaga, ninguém duvida. Entretanto, todos os outros três times representam algum grau de ameaça para nossa equipe.

A Croácia parece ser um dos europeus mais fracos que vieram à Copa, mas é herdeira do futebol vistoso da Iugoslávia e tem um meio campo muito ajustado. O México é uma pedra no nosso sapato, nos tirou a sempre perseguida medalha de ouro olímpica e estava ensaiando uma recuperação sob o novo técnico. Todavia, os últimos jogos voltaram a mostrar um time claudicante. Já os camaroneses vêm com as confusões de sempre: briga por premiação, rixas entre o elenco e o técnico e falta de entrosamento de sua estrela com o resto do time. Mas, embora nunca mais tenham brilhado como em 1990, não há como desprezar um time com nomes como Eto'o, Song e outros atletas que disputam os torneios europeus.

O que se vê, portanto, é que o Brasil enfrenta seleções absolutamente misteriosas, que tanto podem deixar o caminho aberto para que o Brasil pegue impulso com vitórias convincentes, ou podem ser uma dura pedreira que se põe entre nós e a sonhada redenção da tragédia de 1950. Em suma, como diz o dono do Urublog, Arthur Muhlenberg, sapatinho máximo. Seriedade e dedicação devem garantir a Seleção em primeiro lugar.

Para a segunda vaga, tinha o México como favorito, mas, para isto, os Tricolores aztecas precisarão melhorar muito para não cederem espaço para o perigoso time da Croácia. Já Camarões parece estar um pouco abaixo dos demais e sua crônica desorganização parece eliminar quase que totalmente suas possibilidades.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO G: O Verdadeiro Grupo da Morte

Enquanto grande parte da imprensa e a totalidade dos pijameiros que saem da toca a cada quatro anos se assustam (não sem alguma razão) com o Grupo D e seus três campeões mundiais, para mim, o verdadeiro Grupo da Morte é o G. Desde o sorteio estou espantado com o equilíbrio desta chave, que, para começar, conta com A seleção favorita para este Mundial: a Alemanha.

Embora tenha amarelado duas vezes para a Espanha e outras duas para a Itália (na Copa de 2006, em casa; e na última Euro, ambas na semifinal), a Alemanha, para mim, se tornou o verdadeiro país do futebol. Têm o campeonato de melhor média de público; uma Federação que efetivamente trabalha em prol do esporte e, mais importante, uma geração espetacular, a qual, embora ainda jovem, já tem duas Copas de experiência. Que outra equipe pode contar com nomes como Neuer, Lahm, Schweinsteiger, Thomas Muller, Khedira, Özil, Götze e Podolski (e este tem andado no banco!!!)?

Por incrível que pareça, o que pode complicar este timaço são duas coisas que historicamente favoreceram os alemães: a defesa parece não estar à altura do resto do elenco, e o estado físico dos atletas foi prejudicado pela estafante temporada europeia, que causou baixas importantes neste ano. Nada obstante, os tricampeões mundiais são francamente favoritos para levar a primeira vaga.

Para a segunda vaga, Portugal poderia estar um pouco mais à frente, especialmente por contar com Cristiano Ronaldo, mas a suspeita de uma contusão mais grave deixa tal prognóstico em suspenso. Neste contexto, o equilíbrio do grupo se acirra quando se vê que Gana, embora envelhecida, começa a apresentar um futebol consistente em nível mundial (já é a terceira Copa seguida).

No mesmo sentido, os EUA também vêm firmando uma tradição razoável para além da Concacaf. Contam com uma liga nacional consistente; um trabalho de formação de atletas que segue o padrão de eficiência que rege todos os demais esportes norte-americanos e, como se não bastasse, trouxeram Jurgen Klinsmann, o mesmo técnico que começou a formar, em 2006, a incrível geração alemã descrita acima.

Portanto, se CR7 não continuar fazendo as maravilhas que apresentou no Real Madrid, Portugal terá sérias dificuldades para superar os demais concorrentes do grupo, até porque estreia com a Alemanha, e já pode ir para a segunda rodada com a corda no pescoço.

De todo modo, ainda acredito que os patrícios seguirão a Alemanha para as Oitavas.

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO F: Caminho Livre para o Tri?

Citando Regina Duarte em momento glorioso de nossa história política, estou com medo, estou com muito medo. Eles têm o Messi; Eles têm o Papa. Não bastasse tanto, também ficaram com um grupo ainda mais baba do que o da França e com deslocamentos tranquilos durante a Copa. Os argentinos parecem ter o caminho livre até pelo menos as quartas de final. E mesmo nesta fase crítica, onde nós, brasileiros, já ficamos por quatro vezes nas últimas oito copas, eles provavelmente irão cruzar com alguém deste grupo de cinco seleções: Gana, EUA, Portugal, Bélgica ou Rússia. Convenhamos que é melhor do que encarar Itália ou Uruguai, como se desenha no caminho do Brasil...

Neste grupo, cravo com segurança que nossos hermanos ficarão em primeiro, sem qualquer susto. Até algumas semanas atrás, também dava a Nigéria como classificada sem muita preocupação. Entretanto, analisando os últimos resultados da Bósnia, o time parece estar encaixado e, assim como a França, crescendo no momento certo. Arrisco até dizer que podem endurecer na estreia contra a Argentina.

Como a grande façanha do Irã deverá ser marcar gol em alguém, o jogo-chave do grupo parece ser o da segunda rodada, entre africanos e mais um da turma da antiga Iugoslávia, no forno de Cuiabá, o que pode ser um fator que reequilibre um pouco a favor da Nigéria. Mas ainda assim, tendo a acreditar que os estreantes conseguirão passar na outra vaga da chave.

domingo, 8 de junho de 2014

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO E: A Sorte de não ser Cabeça de Chave

Com a adoção do ranking da FIFA para indicar os cabeças de chave (finalmente ele serviu para algo), várias equipes tradicionalíssimas ficaram em posições ruins no sorteio. Por conta disto, a Holanda acabou reeditando a final de 2010 já na primeira rodada e Inglaterra e Itália dividem um grupo com outro campeão mundial, o Uruguai. Neste rodamoinho provocado pelo critério (justo) da FIFA, quem se deu bem foi a França.

Os Bleus poderiam ter ficado no lugar da Holanda, da Inglaterra, da Itália ou até mesmo de Portugal, encarando a Alemanha logo de cara. Entretanto, foram parar no grupo encabeçado pela Suíça, talvez o mais fraco daqueles postos nos líderes de cada chave. Após quatro anos de um certo descrédito, os gauleses cresceram na hora certa, ganhando da Holanda já neste ano e encerrando sua preparação com uma sonora goleada de oito sobre a Jamaica.

Mesmo sem Ribéry, são favoritos destacados para se classificarem em primeiro lugar. E a segunda vaga? Com certeza não ficará com Honduras.

Restam, então, Suíça e Equador. Aqui, novamente, o fator campo pende em favor dos sul-americanos. Para contrabalançar, a equipe helvética parece melhor estruturada e, na média, de melhor nível técnico. Os destaques de cada time, Shaqiri do lado suíço e Valencia, do equatoriano, parecem equivaler-se. A eficiência suíça nos mundiais anteriores recomendaria a opção pelos europeus, mas algo me diz que se há uma Copa para os "hermanos" fazerem uma graça, é esta. Portanto, cravo França e Equador, na ordem.

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO D: Choque de Titãs

A presença da Costa Rica no Grupo D impede, na minha opinião, que esta chave se transforme no chamado Grupo da Morte. Mais adiante falo de onde a foice vai comer solta, pois agora cabe analisar um singularíssimo encontro de três campeões mundiais já na primeira fase. Um deles sobra.

Até a última Copa, o candidato à degola seria o Uruguai. Entretanto, desde 2010 a Celeste Olímpica vem ensaiando um renascimento. Tem um ataque poderosíssimo (muito embora Luisito Suarez não chegue a 100%), a mística de 1950 e lhe dar um impulso adicional e o fator territorial, que pode contribuir para que os uruguaios tenham uma pequena vantagem sobre os seus fortíssimos concorrentes. Além disso, depois de ver o último jogo dos bicampeões mundiais, confirmei que Forlán, ao contrário da maioria dos outros atletas com atuação internacional, joga muito mais na Seleção do que no clube em que estiver eventualmente vinculado. Acredito que nossos irmãos sul-americanos se classificam, ainda que na segunda vaga.

A bomba sobra para Itália e Inglaterra desarmarem. A princípio, a sempre forte Azzurra seria favorita, e acredito que efetivamente tenha vantagem sobre os britânicos. Entretanto, os italianos jogam suas partidas em Manaus, Recife e Natal, o que pode desgastar demais o time, enquanto que a Inglaterra, depois de estrear na estufa da Arena Amazônia, jogará em São Paulo e Belo Horizonte, cidades de clima muito ameno nesta época.

Em resumo, muita coisa dependerá da partida entre os dois, mas, em que pesem as ponderações com relação ao clima e ao desgaste, ainda acredito que passam os tetracampeões, com o Uruguai em segundo.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO C: Quem não tem Falcão, Caça com o Quê?

Seguindo na gatomestrice, lanço meus palpites para o Grupo C. Como disse no post anterior, o fator campo pode favorecer as seleções sul-americanas, e nesta chave a Colômbia despontava como favorita, seguida da Costa do Marfim. A retranca de proporções mitológicas da Grécia e a dedicação exemplar dos japoneses não devem ser suficientes para barrar o jogo mais vistoso dos colombianos e africanos.

Entretanto, o corte de Falcão Garcia pode ter efeito mais sério sobre o ânimo de sua equipe, muito embora esta seja apontada como a melhor geração colombiana desde o time que tinha Valderrama, Rincón e Higuita. Mas resta a incógnita sobre quem preencherá a lacuna deixada pelo craque.

É neste ponto que os "Elefantes" da Costa do Marfim podem se esgueirar para conquistar a liderança da chave. Com um time um pouco envelhecido, mas muito experiente, não só pela atuação de seus principais jogadores nos grandes campeonatos europeus, mas também pela vivência da Copa passada. Começando contra o Japão em Recife, o clima pode ajudar, ainda que o jogo tenha sido marcado para as dez da noite. Enquanto isto, a Colômbia sofrerá com o jogo horroroso da Grécia, que se fecha lá atrás e pode complicar qualquer partida.

Dependendo dos resultados da primeira rodada, os Marfinenses podem jogar pelo empate, empurrando a Colômbia para o segundo lugar.

Ainda que o desnível entre os times não seja tão grande como aquele existente no Grupo B, Japão e Grécia não parecem ter muitos recursos para superar os favoritos. Os helênicos talvez tenham um pouco mais de chance, baseando-se numa defesa forte para arrancar empates e tentar jogar sua sorte justamente contra a equipe asiática.

Por outro lado, o Japão pode ter problemas com o calor das três sedes que o acolherão: Recife, Natal e, principalmente, Cuiabá devem oferecer dificuldades adicionais a uma equipe que já se mostrou abaixo do nível necessário para lograr classificação à fase seguinte de uma Copa.

terça-feira, 3 de junho de 2014

PALPITÃO DO BARBALHÃO/GRUPO B: O Perigo Mora ao Lado

Como é tradição neste bloguinho, faltando dez dias para a Copa, começo a sessão de gato-mestragem. Afinal, qual a utilidade de escrever um blog sobre esporte se não for para dar palpite?

A ideia é analisar cada grupo, acabando por aquele do Brasil. Pela ordem, o grupo que vai indicar o adversário da nossa Seleção nas oitavas, o B.

Pela lógica natural, Espanha e Holanda se classificam, já que Austrália e Chile não devem oferecer grande resistência. Entretanto, o jogo inaugural, que reedita a final da última Copa e deve definir o primeiro da chave, pode ser a esperança do Chile.

Explico: embora a dupla europeia seja visivelmente superior, acredito o fator campo pode favorecer os sul-americano. Como um dos dois vai começar perdendo dois ou três pontos, se o Chile vencer bem da Austrália, pode embalar para fazer jogo duro nas demais rodadas. Já demonstrou que pode fazê-lo na fase de preparação, contra a própria Espanha.

A complicar a Holanda, cinco dias depois de jogar à tarde em Salvador, jogará no frio de Porto Alegre, o que pode comprometer o seu desempenho.

Mas tudo isto pode ser só um desejo deste escriba, já que, como disse no título, o posicionamento dos grupos colocou os vencedores desta chave no caminho do Brasil, já nas Oitavas de Final. Os dois favoritos, Espanha e Holanda, apresentam equipes envelhecidas (os ibéricos mais do que os vice-campeões mundiais), mas estão muito acima dos outros dois adversários. A falta de contundência da atual detentora do Troféu FIFA poderia ser amenizada pela presença de Diego Costa que, assim como outras estrelas, chega a meia-bomba. Ainda assim, este bloguinho crava a Espanha em primeiro e a Holanda em segundo.

E ali do lado já sai uma ameaça grave às aspirações nacionais nesta Copa...

domingo, 1 de junho de 2014

APESAR DE VOCÊ

Faltam onze dias para a Copa do Mundo e tenho visto que, assim como a mim, agride a diversos conhecidos a amargura e o desânimo com que estamos encarando a Copa que deveria ser o Mundial de nossas vidas. Nossa geração está tendo a oportunidade de sediar uma festa inigualável, celebrando o esporte que é traço de nossa cultura nacional, e todos estamos parados, abúlicos, assistindo o roubo de uma de nossas alegrias genuinamente coletivas.

Antes de agora, somente a geração de nossos avós teve a possibilidade de receber uma Copa do Mundo, e mesmo assim antes de termos construído os mais incríveis capítulos da linda história de amor entre o Brasil e o Futebol. Como já disse aqui anteriormente, o sentimento de que perdemos a Copa que poderíamos ter ganho independentemente do resultado em campo está contaminando a ocasional vitória que esperamos a cada quatro anos.

Sim, porque a cada quatro anos, enquanto onze bravos vestem nossas cores em algum lugar do mundo, nós vestimos nossas cores em casa e na rua, choramos e comemoramos juntos o fato de estarmos sob a mesma bandeira, de compartilharmos a paixão por algo tão prosaico como um jogo de bola, mas tão crucial como a reafirmação do orgulho nacional. Torcemos também pelos jogadores, alvos de nossa admiração e de nossas críticas, mas torcemos mais do que tudo por nós mesmos, na medida em que a Seleção é o repositório de tudo aquilo que sublimamos no cotidiano de um país que nos promete muito, mas que sistematicamente nos nega outro tanto.

Já afirmei isto em outras ocasiões neste bloguinho: a Seleção é o Brasil que nos ensina que podemos dar certo; que podemos ter qualidade no que fazemos, sem nos despir do espírito que nos faz brasileiros. É isto que está escondido por trás de cada gol feito ou sofrido.

Há algum tempo atrás descobri, com meu compadre Leonardo Espíndola, que eu não era o único maluco que media sua vida tendo como parâmetro as Copas do Mundo. Aprendi que muitas outras pessoas comparavam sua vida com o marco dos quatro anos anteriores. O que fazia, como eu estava nas Copas de 2010, 2006, e assim por diante? Isto pode dar uma nova perspectiva ao caminho que fazemos nestes quadriênios. Se faz sentido para indivíduos, por que não faria para o país como um todo, ainda mais considerando a força de celebração coletiva que tem o futebol?

Neste caso, nossos títulos refletem bem este paralelo. Em 1958 o país vivia no Governo do "Presidente Bossa Nova", Juscelino Kubitschek, um momento de esperança no futuro, de vontade de realização, com a construção de Brasília; com o ímpeto de industrialização e urbanização do Brasil. O momento dos "50 anos em 5". 1962 foi a confirmação da singularidade daquele time maravilhoso (na minha opinião, o maior de todos os tempos, até mesmo do que a Seleção de 1970), mas que, cansado pelo tempo, já mostrava alguns sinais de desgaste. Enquanto dentro do campo soubemos nos reinventar, fora dele caminhávamos para os mesmos erros de sempre...

E aí veio 1970. Ditadura brava e um time espetacular. Como torcer para uma Seleção que poderia ser o espelho de um "Brasil Grande" repudiado por muitos? São vários os relatos de perseguidos políticos que tentaram, mas não resistiram à magia de um esquadrão que encantou o mundo inteiro. E não resistiram porque a Seleção não era daquele ou de qualquer outro Governo. A Seleção é uma expressão do país, o produto acabado (ou às vezes nem tanto) de uma série de valores imateriais que, pertencendo a todos nós, não são de propriedade de ninguém.

Em 1994, tivemos a mais polêmica de nossas conquistas. Um título que chegou a ser comemorado de mau humor por alguns que não reconheciam que o país poderia vencer de muitas formas; que os novos tempos demandavam uma postura mais madura e racional. Muitos dos detratores de então se derramam em elogios para o tique-taque da Espanha de hoje, que nada mais é, na minha humilde opinião, do que a reedição da obsessão pela posse de bola do time de Parreira, com a desvantagem de que eles não tem Romário e Bebeto lá na frente.

E, finalmente, 2002. Depois de um vice-campeonato em que não soubemos reconhecer nossos limites, criando teorias conspiratórias para ocultá-los de nossos olhos, fomos ao Oriente com um técnico que sabia traduzir o sentimento que girava em torno da Seleção. Felipão foi o homem certo na hora certa. Ele resgatou craques em frangalhos e um time humilhado e transformou-os naquilo que sempre foram: o repositório da esperança e da alegria de todo um país. Por um breve mês, testemunhamos novamente o que nossa capacidade de trabalho e superação podem fazer.

Pois bem, depois de passarmos 2006 e 2010 deslumbrados em ilusões de como seríamos inigualáveis ou de como resultados ocasionais nos tornariam imunes a qualquer revés (e olha o paralelo com a vida nacional novamente...), chegamos a 2014 no cenário depressivo que descrevi acima e que todos os meus 5 leitores percebem. Mas estamos, eu e todos com que converso, incomodados com isto. A desilusão com nossa classe política não pode permitir que nos seja levado, além "tudo o que já tinha para ser roubado", também o que não poderiam tomar de nós.

Como falei ali em cima, assim como a Seleção não é de nenhum Governo, a alegria da Copa também não tem cor partidária. É verde-amarela e mais todas as cores que couberem na celebração não de um "Brasil Grande", e não de "um país sem miséria". A alegria da comunhão vivida em cada casa e no meio da rua é de um país de muitas faces, que construiu, à margem do Estado onipresente na nossa vida, um sentimento coletivo em torno de um esporte. O futebol é uma religião pagã que encanta o maior dos católicos e desperta a fé no mais cético dos ateus.

O futebol é nosso, e a alegria que vem com ele não nos é presente de ninguém, além dos onze jogadores em campo. E, embora reafirme a constatação de que perdemos a Copa fora do campo, cabe invocar, curiosa e ironicamente, as palavras de Chico Buarque, de quem não nutro nenhuma admiração política - muito pelo contrário. Mas seu gênio musical gravou versos que, tendo ilustrado muito bem a autonomia do sentimento nacional na década de 1970, poderia muito bem nos inspirar a comemorar, sem constrangimento, a alegria que tentam expropriar da torcida brasileira neste 2014:

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente