quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CUBA NO CANGOTE

Como antecipei ontem, iniciado o atletismo, Cuba começa a se aproximar. Agora são quatro medalhas que nos separam dos últimos comunistas do planeta.

E ainda tem o judô, onde batemos de frente justo com eles.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

E O PAN?

Imperdoável meu silêncio durante a primeira semana dos Jogos Panamericanos.

Injustificável, mas explicável. Primeiro, a transmissão da Record quebra um paradigma já estabelecido há muito tempo na TV brasileira: o que não é veiculado pela Globo, não "decola". O hábito nacional é acompanhar esporte na Globo, no Sportv ou na ESPN.

Com um pouco mais de esforço, para aqueles um pouco mais rodados, como este escriba, a Band (que uma vez foi Bandeirantes) também serve.

A Record ainda não tem cultura ou tradição recente de cobertura esportiva, embora eu tenha ciência que, antes da Bandeirantes, ops, da Band, a Record, com a musiquinha que orna as medalhas de ouro do Brasil nestes dias, era uma referência neste campo.

Mas realmente não dá para aturar a indigência técnica e o tom forçado da equipe da Record. Tatiana Lemos já tinha "aberto o bico" na última virada dos 200m livres e o Álvaro José e o Fernando Scherer ainda diziam "que ela estava bem".

As vitórias da Seleção Feminina de Vôlei sobre times de terceira categoria são comemoradas como se fossem o novo ouro olímpico. Não dá. Isto para não falar na conversão do Romário em político tradicional, aproveitando o vexame da Seleção Brasileira de Futebol Masculina para bater na CBF, dizendo que deveríamos ter levado os melhores jogadores Sub-22 do país...para o Pan?! Desfalcando os times na reta final do Brasileirão?! Já bastam os desafios "imperdíveis" contra Costa Rica e Gabão...

Outro ponto é o baixo nível técnico da competição. O Brasil, graças a Deus, já passou da fase de vibrar com as enganosas vitórias dos Panamericanos. Enquanto nossos nadadores dominavam as provas em Guadalajara, o resto do Mundo se preparava para mais uma etapa da Copa do Mundo de Piscina Curta.

Muito legal o Thiago Pereira ganhar um caminhão de medalhas douradas em dois Pans, mas eu preferia vê-lo ganhar um bronze que fosse numa prova de nível mundial.

Tem sido bom constatar que começamos a ser uma real ameaça à posição de Cuba e do Canadá, mantendo-nos em segundo lugar no quadro geral de medalhas, embora ainda há uma semana de atletismo para que sejamos ameaçados, principalmente pelos caribenhos.

Portanto, a conclusão é: trata-se de um importante evento que mobiliza a torcida um ano antes dos Jogos e atrai a atenção dos patrocinadores no final do ciclo olímpico, mas passamos para a primeira divisão. Agora é partir para tentar chegar ao Top Ten dos próximos Jogos Olímpicos.

MAIS UM ALIADO DO ESPORTE

Depois de muito tempo envolvido com inúmeras pendências profissionais, volto ao blog para saudar a entrada do Ahe! na Internet, um portal integralmente dedicado ao esporte olímpico (www.ahebrasil.com.br), mais uma iniciativa virtual que conta com a participação do irmãozinho deste escriba.

domingo, 11 de setembro de 2011

A VOLTA DE UMA PAIXÃO?

Ontem voltei a lembrar porque o basquete conquista tantos corações ao redor do mundo, e quais as razões que levaram a modalidade a ser a segunda paixão do brasileiro até a ascensão impressionante do vôlei.

Um dos primeiros posts deste blog foi sobre a derrocada do basquete brasileiro, em mais uma tentativa fracassada de chegar aos Jogos Olímpicos, às vésperas da competição em Pequim (e aqui, duas conclusões: já há três anos que mantenho - mal e porcamente - este blog; e que até hoje não sei fazer um mísero link para o mesmo blog, portanto, vejam a lista completa de posts para achar o que escrevi à época...), e debatia a absoluta inépcia da CBB em resgatar o valor de um esporte que tinha uma belíssima história cenário emocional da torcida verde-amarela.

Nestes três anos, pelo que eu me lembre, postei duas outras vezes sobre o basquete, durante o Mundial, no ano passado, falando da emoção ínsita à modalidade. Já naquele momento a Seleção Brasileira mostrava evolução, embora ainda não tivesse produzido resultado.

O que se viu ontem foi o resgate de um esporte que foi mal conduzido e estava sendo mal jogado. Os times brasileiros não tinham padrão de jogo, nem equilíbrio emocional. A partida contra a República Dominicana, se não mostrou uma equipe pronta para reocupar o lugar entre os maiores que uma vez foi seu, já revelou uma equipe que sabe se controlar, que não se desespera pelas adversidades transitórias que um jogo de basquete traz consigo.

Ruben Magnano é um técnico como há tempos não senta no banco brasileiro. Um argentino para fazer o papel de libertador do nosso basquete. Superou um sem número de adversidades, inclusive arbitragens no mínimo incompetentes contra Argentina e República Dominicana, além da habitual falta de compromisso de alguns dos "astros" da NBA, para fazer uma verdadeira equipe, um time com 12 jogadores que sabem, cada um à sua medida, que podem fazer a diferença.

E, como o esporte adora nos dar lições a cada dia, o emblema desta transformação não poderia ser outro que não Marcelinho Machado, que de sucessor do "Mão Santa", passou a ser um disciplinado reserva, que entra quando chamado e dá sua contribuição.

Ninguém melhor do que este atleta, tricampeão panamericano, estrela dos times brasileiros em que joga, cestinha de quase todas as partidas de que participa, mas que até hoje não tinha o gosto de ter participado de uma edição de Jogos Olímpicos. Foi Marcelinho que deu o tom do time na fase crítica da partida contra os dominicanos, lançando arremessos de três com precisão de atirador de elite; acalmando e orientando os colegas; fazendo assistências, cadenciando o jogo, sintetizando nele próprio tudo o que não soubemos fazer nas outras tentativas de alcançar o direito de postular à glória olímpica.

Ganhamos, finalmente, tal direito. Que este 10/09 possa ser o marco do renascimento do basquete brasileiro; do reencontro deste esporte sensacional com a nossa torcida.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PRECISAMOS DE CAMPEONATOS ESTADUAIS?

Não me lembro mais em que dia houve a publicação da notícia no Globo, mas fiquei impressionado com a falta de noção de alguns representantes do basquete carioca, reclamando que os outros três grandes clubes da cidade (Vasco, Fluminense e Botafogo) não se interessaram em formar equipes para disputar o campeonato estadual de basquete.

Sinceramente, entendo que temos que deixar para trás a época dos campeonatos estaduais como eventos de relevo na temporada.

As federações estaduais devem se dedicar às divisões de base e à ativação das equipes de menor porte, como "filtros" iniciais de times e atletas para uma competição nacional que realmente possa reinserir o esporte no patamar de destaque que já teve no Brasil.

O absurdo da notícia é ver que o Flamengo, com um time que custa R$ 5 milhões, tem que jogar um torneio de quatro times em ginásios amadores.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ISTO SIM É FUTEBOL-MOLEQUE!

Só para lembrar que futebol, no fim das contas, é diversão: http://youtu.be/NHpAYlas7lA

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

UNIVERSIDADE, O CAMINHO PARA O ESPORTE BRASILEIRO

Leio esta semana na Veja Rio notícia sobre projeto da Unversidade Gama Filho, que se junta ao Botafogo para explorar as instalações de atletismo do Engenhão e busca formar atletas de alto rendimento.

Não vejo caminho para que o Brasil se torne uma potência olímpica que não passe pela universidade. Todo esporte, para se desenvolver, precisa de público. É a sua audiência que estimulará os atletas e atrairá patrocinadores. Não estou falando de números milionários como os do futebol, mas de uma base estável de espectadores e praticantes amadores, de onde se formará a quantidade da qual se extrairá a qualidade.

A baixa confiabilidade dos clubes e a transitoriedade natural do interesse de empresas no esporte deixa um claro enorme, a ser preenchido por um grupo de instituições permanentes que consigam desenvolver laços afetivos com os espectadores.

Está aí criado o cenário em que se desenvolverá o esporte universitário, aproximando o alto rendimento do esporte educacional, que é a vertente privilegiada pelos recursos públicos previstos na Lei Pelé e permite replicar o modelo de inquestionável sucesso dos Estados Unidos.

Além de criar times num ambiente cercado pelo público de grande potencial de consumo (jovens no final da adolescência e no início da idade adulta, com boas perspectivas de ascensão sócio-econômica pela passagem nos bancos universitários), tal solução ainda pode angariar o apoio dos ex-alunos, criando uma rivalidade sadia entre as equipes e suas respectivas torcidas, além de estabelecer uma identidade mais definida das equipes dos diversos esportes olímpicos.

Estão aí os Jogos Jurídicos, disputados entre as Faculdades de Direito do país, que já criam uma tradição entre os alunos e são um excelente exemplo de como potencializar a relação entre esporte e universidade.

O que falta para implementarmos esta ideia irresistível?

RIDÍCULO

Como já antecipei em post anterior ("Antes que Seja Tarde"), não me parece que Mano Menezes tenha estofo para ser o técnico da Seleção.

Aturar Fernandinho, Jadson, André Santos é demais para mim.

Hoje perdemos para um freguês de caderno, que sempre amarela para nós, mas nem assim conseguimos ganhar de uma seleção que preste.

Pior do que isto, teríamos completado mais um jogo sem sequer marcar um gol em time decente se não fosse o juiz amigo inventar um pênalti contra a Alemanha.

Já passou da hora: FORA MANO!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

SOU MAIS SANTOS

Embora muito alegre com a vitória época do meu Mengão, vi um Santos que poderia ter ganho o jogo a qualquer momento, com muito mais segurança que o Flamengo.

Mais do que isto, o que é aquele meio-campo? Arouca, Ibson, Elano e Ganso. Se este último recuperar a forma e o Neymar ficar até o fim do ano, estou aceitando apostas contra o Barcelona.

FÉ NO ESPORTE

Noite interessante que tive hoje. Voltei tarde do trabalho e, ao sair da estação do metrô, já vi a arcoirizada comemorando o primeiro gol do Santos. Cheguei em casa, liguei a TV, mais alguns instantes e... 2x0. Fui arrumar um sanduíche na cozinha, depois de ter xingado um bocado o Deivid...e minha mulher me chama, não sem alguma ironia na voz: "Nando, gol". 3x0.

Ela propõe pelos um DVD para vermos, eu quase sucumbo, mas a consciência cívica prevalece. E logo foi premiada: o goleirinho do Santos falha, e R10 não é o Deivid: 3x1.

Pouco depois, jogada quase igual pela direita, e como pelo alto não dá para o Thiago Neves prender a bola, fica 3x2 o placar.

Agora dá!

Não. Williams faz pênalti em Neymar. Elano vai para bater. Ele é bom jogador, a cobrança na arquibancada na Copa América foi um acidente. A reação do Flamengo acaba ali...

Mas eis a cavadinha. Parece até que não é atleta do Murici: "a bola pune". Puniu mesmo. Além de aturar o Felipe fazendo embaixadinha, ainda toma um gol do Deivid, que já tinha queimado minha língua no segundo gol, com seu otimo passe para o Leo Moura.

O jogo para, volta, e o Neymar continua me causando infartos cada vez que recebe a bola mano a mano com o zagueiro, para rapidamente por o Santos na frente de novo. Mas aí o R10 resolve jogar, bate falta, recebe bola no contra-ataque e faz o que se espera dele: 5x4, e um dos melhores jogos dois últimos anos. Partida de antologia.

Nestas horas eu lembro porque gosto de esporte.

Obviamente, o resto da noite foi catando as matérias sobre o jogo. No meio do périplo pelos noticiários esportivos, vejo matérias sobre a preparação do COB para os Jogos de 2012. A previsão é repetir algo parecido com as 15 medalhas de Pequim 2008. Pelo jeitão da coisa, acho até que vai dar mais do que isso, mas talvez seja só empolgação de rubronegro que passou a acreditar no impossível...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESPETACULAR

Este foi um dos times que marcaram minha infância futebolística. Junto com o Flamengo de 79/83, foi o culpado por eu ser uma pessoa tão mal acostumada no que diz respeito a futebol bem jogado.

Convido todos a se deliciarem com os gols e verem o quanto aquela Seleção merece todos os discursos apaixonados e admirados que até hoje se fazem sobre ela.

Link para o Youtube: http://youtu.be/zZxvYy5-ekI

quinta-feira, 21 de julho de 2011

MAU CARÁTER

Depois de tentar enrolar Palmeiras e Flamengo atrás de um aumentinho de salário (só a Diretoria do Rubronegro não viu isto...), Kléber mostrou hoje sua verdadeira face: mau caráter.

Não bastasse ser expulso quase que jogo sim outro também, o pseudogladiador alviverde protagonizou uma jogada de moleque, no pior sentido da palavra. Sem qualquer espírito esportivo, merecia ter tomado uma porrada no meio da fuça, para deixar de bancar o esperto.

Graças a Deus não veio para o Flamengo.

ANTES QUE SEJA TARDE

Acabei de ver o Paraguai ganhar outra nos pênaltis. Iria escrever logo após o jogo do Brasil no fim de semana, mas a Seleção (ou seria, como diria o outro, a Selecinha?) não me deu ânimo sequer de bater nela.

Não dá ânimo nem de falar mal porque o time é um verdadeiro amontoado, sem qualquer padrão de jogo.

Tomara que eu morda a língua, mas o Mano Menezes não me parece ter estofo suficiente para treinar a Seleção. Desde que ele entrou, só ganhamos metade dos jogos (o que para o Brasil é um desempenho sofrível), com o agravante de que não vencemos nenhum time decente, só babas.

Disse o Mano que o time brasileiro não chegará a Copa cambaleando. Será?

MEIA-VOLTA, VOLVER.

Tudo bem, estamos passando o rodo no quadro de medalhas dos Jogos Mundiais Militares, mas a participação do Brasil me parece meio - bastante - artificial.

Enchemos as Forças Armadas (FFAA's) de atletas como militares temporários e produzimos uma equipe falsamente forte.

Falsamente forte porque as FFAA's brasileiras não têm a tradição de preparar atletas sistematicamente. Tirando modalidades bem específicas como o tiro e o hipismo, é difícil vermos atletas oriundos do meio militar (muito embora João do Pulo fosse militar do Exército quando bateu o recorde mundial do salto triplo; nosso primeiro campeão olímpico tenha sido o Tenente Guilherme Paraense e, mais recentemente, o judoca peso-pesado João Gabriel Schlittler também seja integrante das fileiras verde-olivas).

Falsamente também porque nunca tivemos como política integrar atletas às FFAA's como meio de prover-lhes uma fonte de renda estável - e agora tal expediente me parece desnecessário com a quantidade já expressiva de incentivos esportivos nas três esferas federativas - e integrá-los a um programa de preparação física específico para o meio militar.

Desta forma, ou estabelecemos um padrão sistemático de relação entre esporte de alto rendimento e as FFAA's - e já há plataformas para isto, como, por exemplo, a excelência provida pela Escola de Educação Física do Exército -, ou deixamos de lado este capricho de alistarmos atletas só para fazer bonito em competições internacionais.

terça-feira, 12 de julho de 2011

FRASE LAPIDAR

Para não deixar o blog parado, um postzinho rápido. Vendo o Seleção Sportv agora, ouvi frase lapidar do Lúcio, zagueirão do escrete canarinho: "Na Seleção, o nome que vem na frente da camisa e mais importante que aquele está atrás."

Serve para uma porção de gente, dentro e fora do futebol. E ainda mais fora do esporte.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O REINO DO MAU HUMOR

Há muito tempo sem postar, volto para um breve comentário: estava zapeando minha TV, quando passei pelo Sportcenter, da ESPN Brasil. Ouvi o seguinte final de frase: "país do futebol, legal. Mas eu preferiria que fôssemos o país de todos os esportes. Do basquete, como já fomos; do vôlei, com campeonatos de casa cheia; do judô..."

Concordo que temos que ter visão crítica - e minha passagem pela Secretaria de Esporte e Lazer reforçou esta percepção -, e a ESPN Brasil desempenha em parte este papel. Mas exagera na dose. Sinceramente, lembra o PT na época do FHC: "quanto pior, melhor".

Até hoje tenho na memória a cara de desgosto do Paulo Calçade logo após o anúncio da vitória da candidatura olímpica do Rio de Janeiro. Pior do que isto, só a mesa redonda da Band depois da final do Tetra, em 1994.

Desde quando somos só o país do futebol? É evidente que a modalidade tem uma preponderância enorme, mas o próprio discurso do Antero Greco (era ele a falar quando eu vi o programa) desmonta a si prórpio.

Se efetivamente não somos o país do basquete, pois até mesmo nossos atletas não acreditam nas nossas possibilidades (mas espinafrar Leandrinho e Nenê fica para depois), o vôlei há muito é exemplo de gestão esportiva eficiente e começou, nos últimos dois anos, a popularizar a Superliga, completando o "quadradinho" que faltava para constituir-se numa opção viável de produto esportivo (eu mesmo já falei aqui da significativa assistência do final do torneio masculino deste ano).

O Judô vem consistentemente ganhando medalhas olímpicas desde 1984, já é o segundo esporte que mais láureas trouxe dos Jogos para o país. Há pouquíssimo tempo tivemos um evento de primeira linha, que já se repete anualmente, o Grand Slam, seguido logo após de uma etapa da Copa do Mundo.

Isto para não falar da natação e da ginástica artística, que começam a criar uma massa crítica que permitirá a passagem de bastão de uma geração para outra, como aconteceu com o vôlei.

Estamos longe de sermos uma potência olímpica. Com certeza. Mas também já deixamos para trás a monocultura esportiva, que só o mau humor da ESPN Brasil consegue ver...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

CAMPO DOS SONHOS


Em meio a um turbilhão de trabalho, fiquei mais uma vez distante do blog. Mas volto em grande estilo. Por conta de meu trabalho na Assessoria Jurídica da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer, tive a oportunidade de participar do evento que marcou o 61º aniversário do Maracanã, razoavelmente noticiado pela imprensa e que foi pontuado por uma espécie de "mesa redonda" entre cinco figuras que fizeram história no ex-Maior do Mundo: Maurício, o heroi (agora é sem acento?) que tirou o Botafogo da fila em 1989; Edinho, zagueiraço tricolor, capitão da Seleção na Copa de 1986, autor do gol título carioca de 1980 e o cara que barrou o Aldair na zaga rubronegra do time campeão brasileiro de 1987; Roberto Dinamite, ídolo eterno e atual presidente do Vasco; Petkovic, o sérvio autor do gol de falta mais emocionante da história do velho estádio, aquele que decretou o quarto tricampeonato do Mengão em 2001.

E Ele: Zico, o Messias rubronegro, ídolo de toda uma legião de trintões e quarentões (estou bem na fronteira destas duas faixas), o jogador que tornou minha infância um período imensamente feliz. E, acima, a prova do felicidade pouco contida deste escriba.

Pois bem, nesta noite de realização de um sonho pessoal, em que, além da foto e da breve conversa com o ídolo que marcou a vida de qualquer rubronegro que se preze, ainda consegui levar para casa uma camisa branca do Flamengo com os autógrafos Dele, do Pet e do Edinho (afinal, apesar da identificação tricolor, ele também compõe a galeria de grandes campeões do Esquadrão da Gávea), tive a felicidade de testemunhar uma conversa que merecia, por tudo, ter sido transmitida ao vivo em rede nacional.

A verve de jogadores que tiveram o privilégio de ter o Maracanã como palco de sua arte, o bom humor das provocações e o encanto de histórias conhecidas e inéditas foram o conteúdo perfeito para uma moldura singular, quase surreal: um gigante de concreto, parcialmente demolido, iluminado por holofotes que guiavam o trabalho de centenas de operários metros abaixo do que um dia foi a arquibancada mais vibrante do mundo do futebol.

Como culminância deste roteiro único, a bela condução da conversa por dois mestres da matéria, Maurício Menezes e Sérgio Du Bocage, também velhos conhecidos da torcida carioca, levou os ex-atletas a abrirem seus corações e mostrarem a memória emocional do Maracanã de cada um.

E daí a razão do título deste post. Foi impressionante ver, na resposta dos quatro cariocas do grupo, que a emoção mais marcante de cada um no velho estádio não foi como jogador profissional, mas como torcedor ou jogador das divisões de base. Desde a tentativa frustrada do Edinho de assistir Brasil x Paraguai nas Eliminatórias para a Copa de 1970, até a chegada do Zico horas antes do jogo, só para por os pés na beira do sagrado gramado do Maraca, os quatro cariocas revelaram o encanto que o estádio suscitava em cada um por conta de seu passado como torcedor.

O belo discurso do Roberto, que afirmou existir um verdadeiro espírito do Maracanã pulsando no coração de cada um deles, aliado à descrição do Edinho de uma energia que circunda e brota daquelas arquibancadas, tudo me lembrou o sentimento que inspira a história do belo filme Campo dos Sonhos, estrelado por Kevin Costner, no final da década de 80.

Além de outras considerações, o filme narra muito bem a importância do beisebol na formação da consciência nacional norte-americana, o caráter emocional da reverência aos grandes ídolos daquele esporte. A noite de terça-feira foi exatamente a celebração da mesma importância e das mesmas emoções para todos que tiveram a fortuna de participar do espetáculo que era ver um jogo num Maracanã lotado.

O filme em questão era marcado pela frase ouvida pelo protagonista, ao ser instruído a construir um campo de beisebol em meio ao milharal de sua fazenda: "Construa e eles virão." Pode ser um mantra que inspire a atual reforma, que a oriente para recriar um estádio moderno, mas que mantenha a aura mística que circunda sua história e pontuou cada tarde de domingo destes 61 anos.

"Construa e eles virão." Virão os craques; virão os títulos; virão os nobres e pobres sentimentos que dilaceram o coração dos torcedores. Mas virão principalmente estes torcedores, grandes ou pequenos, mas todos eternas crianças diante do gigante que nos acolhe em tardes e noites de sonho, embaladas por caprichosas bolas que nos regalam júbilos ou nos sonegam a glória a cada jogo.

Nós também temos nosso Campo dos Sonhos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

RIVALDO DODOIZINHO

Se tem um jogador que me enerva profundamente é o Rivaldo. Como não acompanho o futebol paulista de perto, só tinha ouvido falar da bulha entre ele e o Carpeggiani. Se ele já não me agradava, ao brigar com o comandante do maior time do Flamengo que eu já vi jogar, conquistou definitivamente minha antipatia.

Sinceramente, o Rivaldo entra na categoria de jogadores supervalorizados - e o adjetivo vem no sentido pejorativo, no mesmo sentido de superfaturado, o que no caso também se encaixa.

Não estou dizendo que ele é mau jogador. Realmente é um bom atleta, jogador de alguns lampejos, mas profundamente irritante e, na minha opinião, a anos-luz do craque que querem fazer dele.

Ah... ele foi eleito o Melhor do Mundo em algum ano aí, quando jogava no Barcelona. Vamos falar a verdade? Ser eleito o Melhor do Mundo jogando pelo Barcelona está mais ou menos na descrição do cargo do camisa 10 azul-grená. Pode ver: quase todo mundo que passa pelo time catalão tem lá sua melhor fase em toda a vida; ou, pelo menos, tem os lances mais plásticos para colocar no seu DVDzinho de praxe.

Foi assim com Laudrup, Romário, Stoichkov, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e, agora, Messi. Os gols mais espetaculares de todos estes jogadores sempre são feitos pelo Barcelona. Coincidência? Acho que não.

Para além do mérito inerente à cultura do time catalão, que prima pelo futebol ofensivo, a explicação está, em grande parte, na absoluta inépcia das defesas no campeonato espanhol, que, mais uma vez parafraseando Washington Rodrigues neste blog, é um Gauchão com farol de milha. Tem a dupla Gre-Nal em escala planetária (realmente Barcelona e Real Madrid parece ser a maior rivalidade futebolística do mundo), um Juventude e um Caxias aqui e ali (Valencia, Sevilla e queijandos), e o resto é resto.

Então, o fato de "jogar para caramba e ser eleito o melhor do mundo no Barcelona" não me convence. O cara tem que mostrar serviço em outras paragens, como fizeram Romário, Ronaldo, Stoichkov e Laudrup (atenção!!!! Não estou dizendo que o Messi não joga nada, ao contrário, concordo que ele é realmente o melhor do mundo, mas este parêntese de vários parágrafos é para relativizar a passagem do Rivaldo pelo Barcelona).

Fechado o megaparêntese (é assim depois da desgraçada reforma ortográfica do Lula?), Rivaldo sempre me irritou pela sua mania de prender a bola, segurando e atrasando o jogo, às vezes com consequências nefastas, como na semifinal dos Jogos Olímpicos de 1996, onde, ao prender - e perder - a bola no meio-campo, propiciou a roubada de bola e o contra-ataque que acabou no gol de Kanu e na nossa eliminação em Atlanta.

Ah... mas ele foi o melhor jogador da Copa de 2002. Divirjo. Ronaldo Fenômeno foi muito mais efetivo do que ele. Que eu me lembre, Rivaldo só resolveu o jogo contra a Bélgica (caramba, que medo... resolver o jogo com a Bélgica... realmente uma façanha...)

Não venham me dizer que ele empatou o jogo contra a Inglaterra, nas quartas-de-final, pois mais de 70% daquele gol são do Ronaldinho Gaúcho, que carregou a bola até entregar nos pés do Rivaldo.

E como não se bastasse minha implicância com seu estilo de jogo egoísta e pouco produtivo (veja que o Felipão conseguiu acertar o time de 2002 quando o colocou no ataque, sem possibilidade de estragar a armação do jogo), o Rivaldo ainda gosta de dar uma de perseguido, já tendo afirmado que não tinha mais destaque porque era nordestino.

Ora, faça-me o favor... Ele não tem destaque porque não tem nenhum carisma e não é nada mais do que um bom jogador. Não dá para ser a estrela. Vavá era pernambucano e nunca teve este problema. Júnior é paraibano, afirma isto com orgulho e nunca foi discriminado. Juninho PERNAMBUCANO é idolatrado pela torcida do Vasco e sempre foi unanimidade na crônica desportiva.

Agora, a onda é ficar de beicinho porque aqueceu e não entrou contra o Avaí. Rivaldo, vamos combinar: você já tem quase 40 e arrumou uma boquinha no clube mais poderoso do Brasil. Já está de bom tamanho. Para de chorar e, citando os árbitros mais razinzas, vai jogar sua bolinha.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

MARCA NO SUVACO

Como tenho pouca coisa para fazer, há pouco mais de um mês me matriculei num curso on line de gestão esportiva. Em meio aos interessantes debates travados entre alunos e professores, um dos alunos, Rafael, chamou a atenção para notícia veiculada na internet (http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2011/05/clubes-brasileiros-vendem-menos-e-arrecadam-mais-com-patrocinios.html).

A referida notícia faz um paralelo entre a arrecadação dos clubes brasileiros entre 2009 e 2010 e destaca que houve menos vendas de jogadores para o exterior, com os patrocínios dos uniformes passando a ocupar posto de destaque no conjunto de receitas do futebol brasileiro.

Diante do debate proposto, reproduzo minhas considerações feitas no curso, pois olhando a composição das receitas e o histórico relatado na matéria, parece-me que mais do que diversificar as fontes de receitas (e isto não se pode negar que esteja ocorrendo), os clubes estão trocando uma solução fácil por outra para custearem suas atividades.

O que quero dizer é que, em vez de estruturar um plano de desenvolvimento de marketing calcado no imenso valor das marcas que detêm, os clubes acharam outra "galinha dos ovos de ouro": suas camisas.

Em outras palavras, trocam a venda de jogadores pela exploração exaustiva dos espaços nos seus uniformes, vulgarizando-os até não mais poder.
Não sou saudoso da época em que os uniformes eram "imaculados", sem qualquer patrocínio, mas o que acontece hoje é um exagero.

Os clubes tem duas, ou às vezes três marcas estampadas na frente da camisa, mal se distinguem as cores do clube. Além, disto, é marca no ombro, na manga, atrás do calção e nas axilas, isto é, fazem propaganda até no traseiro e no suvaco!!!
Ao meu ver, tratam os uniformes de futebol como um macacão de Fórmula 1, quando os primeiros são espaços de valor incomensuravelmente maior.

Não raro as camisas dos clubes são referidas como "mantos sagrados", objetos de devoção dos torcedores e de incessantes debates a cada troca de modelo (que hoje em dia ocorrem cada vez mais rápido).

O que os clubes estão fazendo, ao lotarem estes espaços, é apequenar o valor deste produto, "comoditizá-lo".

A equiparação da camisa ao commodity acontece quando não se vende a inserção num objeto de culto, numa "embalagem" de sucesso; mas alugam-se somente centímetros sobre um pano qualquer. O valor vai depender da área ocupada sobre um retalho de uma camisa.

É neste sentido que vejo uma mera "troca de guarda": saem os jogadores (igualmente comoditizados, vendidos como mera matéria prima para a Europa, que os trabalham e os transformam em marcas capazes de arrastar milhões - de pessoas e em dinheiro); entram os uniformes, igualmente aviltados, vendidos como peças avulsas, não como um dos principais produtos de um conjunto de valores, sensações e experiências, fatores cada vez mais preciosos não só no mundo do entretenimento, mas no setor de serviços em geral.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ALERTA NA PRAIA.

Lendo o globo.com de ainda há pouco, vi que o Ari Graça, Presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, reconhece um relativo fracasso na renovação e no próprio desempenho do vôlei de praia brasileiro.

Este blog já antecipava, ainda que circunstancialmente, uma certa preocupação com nosso declínio na praia, em post feito durante os Jogos de 2008 (Tradição Ameaçada na Praia), tendo nossos resultados sido declinantes, especialmente no feminino, desde a tarde gloriosa de 1996, em que a final ocorreu entre duas duplas brasileiras.

Hoje mesmo o Sportv fez chamada sobre a falta de patrocinadores da modalidade.

Por que um esporte com a cara do Brasil, e que já se mostrou efetivamente vencedor, não consegue deslanchar?

terça-feira, 10 de maio de 2011

DESISTIR DA COPA?

Como já disse antes aqui, descobri que não estou eventualmente enrolado, mas sim que sou um cara enrolado... Pois bem, em meio às incontáveis tarefas que arrumo para minha vida, acabo atrasando a leitura de várias coisas que me disponho a ler.

Pois bem, acabei hoje de ler a Veja da semana passada e me deparei com proposta ousada e polêmica do sempre excelente Roberto Pompeu de Toledo: desistir da Copa de 2014.

A chamada do artigo pontua da seguinte forma: "Por que não desistir da da Copa do Mundo? Não seria a primeira vez. A Colômbia, escolhida para sediar a Copa de 1986, jogou a toalha três anos antes, e o torneio mudou para o México."

O artigo é redigido na forma de uma carta aberta à Presidente Dilma Rousseff e, num parágrafo, sintetiza todos os óbices à realização de uma Copa decente no Brasil: "Os aeroportos já são um caso perdido, segundo estudo do Ipea... Nove, entre os treze que servirão ao evento, de acordo com o estudo, não ficarão prontos a tempo. Na semana passada, num gesto que soa a desespero, pois contraria um dogma de seu partido, o governo abriu a possibilidade de privatização dos novos terminais. Mesmo que seja para valer, não serão dispensada, é claro, as concorrências, os contratos, as licenças ambientais, sabe-se lá mais o quê. Mas suponhamos que dê certo, e o prognóstico do Ipea não se confirme. Muito bem, o distinto público não consegue desembarcar nos aeroportos. Suponhamos que num dos aeroportos paulistas. Novo desafio: como chegar à cidade? Não há trens, e as estradas vivem congestionadas. Como este é um exercício de boa vontade, suponhamos mais uma vez que consigam. Problema seguinte: como chegar ao estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera, o escolhido da Fifa? A linha de metrô que o serve está saturada, e o trâfego nas avenidas com o mesmo destino é de fazer chorar. Mas suponhamos, mais uma vez, que dê certo. Enfim, chegamos. Mas... aonde? A um terreno baldio. O estádio do Corinthians não é mais que uma hipótese. Nem que vai pagá-lo se sabe."

E isto porque está o articulista falando da maior cidade do Brasil. E os "achados" da Copa como Natal, Manaus e Cuiabá, citados no mesmo artigo?

Eu, pessoalmente, acho que não há necessidade de se ir tão longe, mas diante das ameaças inflacionárias; a instabilidade no cenário econômico mundial, assim como as incontáveis demandas prioritárias do país, o projeto da Copa teria que sofrer drástica revisão, enxugando o número de cidades, adequando os projetos a uma sustentabilidade econômica pós-Mundial e optando por priorizar obras que efetivamente deixem um legado para a população.

Afinal, não era este o mote para sediarmos a Copa?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

PERGUNTA SOB CHUVA

Aproveitando que estou há duas horas e meia parado a 500m da minha casa, cortesia do descaso da Prefeitura com a Tijuca e da péssima educação dos cariocas, uma pergunta que assola meu ser: quem ainda acredita no Thiago Neves batendo pênalti?

Igualzinho ao Edmundo: pode até jogar bem, mas não tem preparo para uma disputa desta.

domingo, 24 de abril de 2011

DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA

Corroborando o que falei em meu último post, o Facebook bomba com os comentários sobe o Fla-Flu. Se os clubes de futebol tivessem metade do preparo gerencial que têm os de vôlei, que estão, paulatinamente, transformando a Superliga num evento esportivo de apelo popular, hoje, com certeza, teríamos casa cheia.

Por que os clubes de futebol, com um estádio literalmente ao lado de uma estação de trem e próximo a outra do metrô, não conseguem transformar o Engenhao num bom programa para os torcedores.

O Rio Unilever fez parceria com o Metrô para associar a passagem a um ingresso de graça. No Pan, eu peguei o trem pela primeira vez, numa linha destinada especificamente para a torcida. Qual a dificuldade?

Se o futebol se organizasse só um pouquinho, a demonstração de força seria mais notória e mais rentável, tal como foi o excelente jogo entre Sesi e Cruzeiro, com mais de 15 mil pessoas no ginásio numa manhã de pascoa.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

EXEMPLO DE MENTALIDADE COLONIZADA

Agora que deu o comichão, vou aproveitar e despejar todas as ideias que surgem ao longo do dia e não vêm ao blog por falta de tempo.

Este post se desenrola, em parte, do texto postado nesta última madrugada (Odes ao Atraso). Naquele post apontei que o saudosismo acrítico que acomete o público que gira em torno do futebol nos prende a um papel de "fornecedor de matéria-prima", em vez de nos tornarmos produtores de conteúdo.

Um exemplo característico é o lamentável deslumbramento que temos em relação ao futebol europeu. Irrita-me profundamente ver crianças na rua com a camisa do Drogba ou do Messi! Tudo bem que vivemos num mundo globalizado, mas eu não vejo crianças americanas com camisas do Oscar Schmidt ou de qualquer atleta do basquete europeu.

Já falei anteriormente neste blog que o Brasil tinha tudo para ser a NBA do futebol (e isto não é ideia original minha, já vi o Parreira declarando isto em entrevista). Mas para isto, temos que querer importar o modelo de organização e divulgação das ligas europeias. É isto que devemos perseguir.

Entretanto, pretendemos manter nossos "coliseus" e seus folclores regados à amônia, porque isto é mais "autêntico", enquanto a principal rede de TV brasileira, associada ao jornal do mesmo grupo, dá ampla e destacada promoção aos repetidos jogos entre Real Madrid e Barcelona.

Tratam-se de jogos incríveis, com excelentes jogadores? Sim. Mas para mim, que cresci jogando botão com as carinhas dos atletas em atividade no Brasil; que vibrei com as rivalidades que iam se construindo no plano nacional entre meu Flamengo e o Atlético-MG e o São Paulo; entre o Palmeiras e o Grêmio; entre Cruzeiro, Santos e São Paulo, é absolutamente inaceitável ver crianças envergando camisas de times de aluguel de russos de procedência duvidosa e o embevecimento colonizado da crônica com campeonatos que são Gauchões vitaminados.

Afinal, o que é o campeonato espanhol? Barça e Real e mais uma porção indistinta de times médios e pequenos, sem quase nenhuma chance de título. Não parece a dupla Grenal e o resto dos times dos Pampas riograndenses?

Eventualmente posso parar o trabalho para dar uma olhada nas semis da Liga dos Campeões, mas gostaria muito que a própria TV que exalta tanto os torneios europeus tivesse postura ainda mais ativa (até porque reconheço que muito do profissionalismo que temos absorvido vem em decorrência do envolvimento da televisão) na transformação do Brasileirão e da Libertadores em produtos de alcance global.

Quero ver sauditas e vietnamitas não só com a camisa da Seleção, mas envergando o meu Manto Sagrado e as camisas tricolores de São Paulo, Grêmio e Fluminense, as alvinegras de Atlético, Santos e Botafogo, dentre tantos outros uniformes que representam uma História esportiva singular e podem revelar um futuro diferente da indigência que é imposta aos torcedores brasileiros.

MOMENTO CORNETA

Enquanto isto, no Engenhão... O Flamengo se perde em mais um empate. Como disse em post anterior, o Mais Querido do Brasil não perde, mas também não convence.

Estou percebendo neste time do Flamengo o mesmo defeito que via no Luxemburgo quando treinou a Seleção. Ele fica variando a escalação e parece perdido, sem conseguir dar um padrão de jogo à equipe.

Que este "clic" possa vir no próximo domingo, contra um Fluminense embaladíssimo. Senão...

ODES AO ATRASO

Hoje pela manhã, durante a curtíssima leitura de jornal que me é possível, deparei-me com o artigo de Pedro Motta Gueiros, no Globo, lamentando que o Maracanã "não é mais nosso".

Pensei comigo: eis um bom tópico para reativar meu blog, novamente travado por conta das inúmeras demandas profissionais. A linha que seguiria no texto acabou se confirmando ao final do jogo do Fluminense hoje à noite.

De fato, é lamentável ver-se, pela enésima vez, as dantescas cenas de jogadores se esmurrando ao final de uma partida, em meio a uma turba de pessoas que nada tem a ver com o jogo. Tudo sob o olhar complacente de outra polícia sulamericana absolutamente comprometida com a parcialidade e tristemente distante da missão que deveria inspirar a atuação de qualquer Força de Segurança.

Estes episódios se repetem ano após ano sob as barbas de uma Conmebol absolutamente incompetente, que nada faz para banir este tipo de comportamento selvagem dos campos da Libertadores.

Entretanto, há que se ter em mente que não dá para se esperar muito de uma entidade que prefere faturar trocados com cartões amarelos, em vez de garantir a higidez e a disciplina das partidas de suas competições.

Com isto, continuamos presos a uma filosofia que vigia há quarenta anos atrás e que várias vezes contribuiu para que o campeão europeu se negasse a disputar o Mundial de Clubes com o vencedor da Libertadores.

E o que isto tem a ver com o Maracanã e o texto do Globo de hoje?

Em comum, a irritação que ambas as posturas me provocam. Evidentemente, ninguém poderá aplaudir o comportamento dos argentinos ao final do jogo de hoje contra o Fluminense, mas muitos louvarão a ode a uma pretensa autenticidade que parece transparecer do artigo do Motta Gueiros.

O articulista, como imagino ser quase todo jornalista esportivo carioca, demonstra ter sido assíduo frequentador do Maracanã, tanto que capta com maestria o sentimento verdadeiramente religioso que inspira a ida de um torcedor de verdade (e não os pijameiros de final de campeonato) ao "ex-Maior do Mundo".

Sinceramente, acreditar que sujeitar o público da geral a bombardeios de cerveja ou de urina possa assegurar alguma sobrevida ao velho Maracanã é algo que não honra a pena do referido jornalista.

Mais do que isto, alguém acha que é saudável ter saudade de ter que ficar no senta-levanta da arquibancada do trecho entre a Jovem Fla e a Raça Rubronegra, porque junto à grade daquele espaço do estádio tem muito mais gente do que a sua real capacidade?

Será que é plausível considerar-se natural que um estádio da magnitude do Maracanã não tivesse um sistema de som decente, em que vc, em jogos da Seleção, por exemplo, não conseguisse ouvir o hino nacional?

Isto para não falar dos hectolitros de urina que se misturavam às pequenas lagoas de água quando chovia durante os jogos...

Sinceramente, é este tipo de saudosismo que não deixa o futebol brasileiro ir para frente, que ainda nos prende a três meses de campeonatos estaduais em que os grandes clubes se afundam financeiramente; que minam o potencial da segunda competição interclubes do planeta, relegando a Libertadores a um papel muito menor do que pode ter em relação à supervalorizada Liga dos Campeões; que nos prende a um papel de fornecedores de matéria-prima (jogadores), em vez de nos libertar para sermos produtores de conteúdo, ou seja, torneios, campeonatos e ligas de alcance e repercussão mundial.

No final das contas, era João Havelange que tinha razão: a solução era implodir o Maracanã. Os ingleses, que ao contrário de nós, ganharam a Copa que fizeram em casa, puseram abaixo o estádio que viu seu único título mundial. Por que nós temos que gastar BILHÕES com a nossa arena-símbolo?

Contudo, Inês estava morta desde o Panamericano. A hora de demolir era aquela. Hoje, depois das centenas de milhões investidos na modernização do Estádio Mário Filho antes de 2007, não poderia o Governo optar por outra coisa que não fosse acabar o processo de remodelação do estádio.

NON C`È DUE SENZA TRE: MAIS UM ÉPICO TRICOLOR

Como meus poucos leitores sabem, sou confessadamente rubronegro. Nada obstante, peguei-me torcendo para o Fluminense no final da noite.

Primeiro, porque foi o melhor jogo da rodada, a anos-luz da modorrenta partida realizada por um Flamengo que não perde, mas também não convence. Mas isto será outro post.

Segundo, porque sempre é bom ganhar de argentinos, especialmente por conta do espetáculo deprimente protagonizado ao final do jogo.

Por fim, com o passar do tempo, quem acompanha e gosta de esporte passa a admirar as demonstrações de superação de quem quer que seja, mesmo que parta de um rival. Já está se tornando uma constante o resgate do Tricolor carioca de situações desesperadas.

É realmente comovente a entrega dos jogadores e impressionante a certeza que o time passa da superação, confirmando o ditado italiano que figura no título deste post: não há dois sem três. Em outras palavras, depois do milagre de 2009, contra o rebaixamento; e do sprint final até o título de 2010, duas situações em que o Fluminense estava absolutamente desenganado, a reação épica aconteceu mais uma vez, em tintas que somente Nelson Rodrigues conseguiria descrever.

Mas pensando em Nelson Rodrigues, contente que deve estar do lado de lá, há que se considerar meio absurda tanta surpresa com mais esta virada tricolor. Afinal, não se poderia esperar outra coisa de um time que conta com o Sobrenatural de Almeida no seu elenco...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

E A POLÍTICA NACIONAL DE ESPORTES?

Para variar, repercuto notícia com atraso (agora são dois blogs que não mantenho em dia...).

Lendo o Globo de 18/02/2011, vejo, na pag.5 do Caderno de Esportes, o debate a respeito da destinação das enormes verbas públicas que vêm irrigando o esporte brasileiro nos últimos tempos.

Já ao final dos Jogos de 2008, houve críticas a respeito do alegado pouco retorno para a quantidade de investimentos feitos com renúncia fiscal e incentivos públicos naquele ciclo olímpico.

Agora, com o incremento dos investimentos, especialmente à luz dos Megaeventos que serão sediados no Brasil a partir deste ano (sim, há os Jogos Mundiais Militares em 2011!!), discute-se o acerto e até mesmo a própria existência de uma efetiva e séria política desportiva no Brasil.

A conclusão não parece ser muito animadora, já que os recursos estão quase todos canalizados para o esporte de rendimento, enquanto que a Educação Física é tratada nas escolas como um mero período de recreação.

Como resolver este problema?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

PENSANDO ALTO: Um Pequeno Exemplo de Como Aumentar a Dimensão de um Evento Esportivo

Encerrei meu post anterior com a indagação sobre se conseguiríamos fazer algo igual, ou reformulando, ao menos parecido com o que se faz na NFL e demais ligas esportivas americanas, ou mesmo na UEFA Champions League, onde o próprio tema musical da competição já tenta inspirar o mesmo clima épico que eleva a estatura de qualquer peça de divulgação da liga norteamericana de futebol (o da bola oval).

Pois bem, faço aqui um exercício de como poderíamos vender o Campeonato Brasileiro, não só para o público interno, mas para o exterior. Não sou marqueteiro ou publicitário, mas eu, como amante do esporte, ficaria curioso para assitir a seguinte competição:

Do maior celeiro de craques da história mundial (imagens de jogadores campeões mundiais pela seleção brasileira - o gol de Pelé contra a Suécia em 58; um drible de Garrincha sobre um "João" qualquer; o gol de Jairzinho contra, salvo engano, a Tchecoslováquia em 70, aquele da matada no peito; a comemoração do "embala nenê" de Bebeto, Romário e Mazinho em 94; a perseguição a Denílson por quatro turcos em 2002 e o segundo gol de Ronaldo contra Alemanha na final da mesma Copa - seguidas por imagens dos melhores jogadores brasileiros em atividade na Europa: Kaká, Robinho, Pato, Hernanes, Anderson, Júlio César), vem o campeonato mais disputado do planeta (imagens de lances de efeito dos jogos anteriores, especialmente com jogadores conhecidos no exterior). Vinte clubes. Uma taça. Inúmeras emoções.

O clube mais vitorioso da história do Brasil. Três títulos mundiais, seis campeonatos nacionais. O clube que revelou Careca, Raí, Cafu e Kaká para o mundo, agora liderado pelo maior goleiro-artilheiro da história, Rogério Ceni, e pelo maestro da seleção campeã mundial em 2002, Rivaldo. SÃO PAULO

A maior torcida do Mundo. Campeão do mundo em 1981. Seis títulos nacionais. O time treinado pelo técnico que mais vezes conquistou o Brasileirão vê uma lenda

(imagem de Zico) passar seu manto sagrado para outra (imagem de Ronaldinho Gaúcho). FLAMENGO

O clube que bateu o mágico Barcelona de 2005 na final do Mundial Interclubes. Duas Copas Libertadores, três títulos nacionais. A casa de Falcão, Dunga, Taffarel e Alexandre Pato, agora conduzida por D'Alessandro e Rafael Sóbis. INTERNACIONAL

Dois títulos mundiais e oito nacionais. O clube de Pelé e Robinho agora saúda novos artistas da bola: Neymar e Ganso. SANTOS

O clube mais aristocrático do Brasil. Com três títulos, o atual campeão brasileiro. Treinado pelo único técnico a ganhar três vezes seguidas a competição
(imagem de Muricy Ramalho) entra em campo um elenco estelar: Fred, Belleti, Conca e Deco. FLUMINENSE

A camisa azul que revelou Tostão e Ronaldo para o mundo. Vencedor de duas Copas Libertadores. O time que conta com outro maestro argentino, Montillo. CRUZEIRO

O maior clube de colônia portuguesa do Brasil e o primeiro a admitir um jogador negro em suas fileiras. Vencedor de uma Liberadores e quatro campeonatos brasileiros. O berço de Romário, hoje guardado por uma verdadeira muralha, Fernando Prass. VASCO DA GAMA

Brasileiros que torcem como argentinos: a torcida mais fiel do país. O clube que revelou Rivellino e Sócrates. Campeão mundial de clubes em 2000. Quatro títulos nacionais. Liderado por Ronaldo e Liédson. CORINTHIANS

O orgulho dos bravos gaúchos. Vencedor de duas Copas Libertadores e dois títulos nacionais. O herói do título mundial de 1983
(imagem de um gol de Renato contra o Hamburgo na final interclubes) volta a casa para comandar o time em mais um desafio. GRÊMIO

Um clube em busca de suas glórias passadas. Casa de Cerezo e Gilberto Silva. Um time de primeira, sob a condução de um campeão mundial, Ricardinho, e de um artilheiro nato, Diego Tardelli. ATLÉTICO MINEIRO

Uma academia de jogar futebol. O maior clube de colônia italiana do Brasil. Oito vezes campeão nacional. Campeão da Libertadores de 99. Treinado por um técnico de categoria internacional
(imagem de Luís Felipe Scolari) e baseado no talento de Marcos e do mago Valdívia. PALMEIRAS

O maior rival do magnífico Santos dos anos 60. Um rol de lendas vestidas em preto e branco: Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho. Uma estrela solitária conduzida por um uruguaio singular: Sebastian Loco Abreu. BOTAFOGO

E então? Conseguiu imaginar as imagens se descortinando na TV? Será que um produto deste teria dificuldade de bater campeonatos que se resumem a dois clubes e uma porção de coadjuvantes?

A LIÇÃO DO ESPETÁCULO - Parte II

Com semanas de atraso, deveria vir a resposta ao post anterior. Entretanto, para estender a demora, trago minha experiência pessoal ao assistir o Superbowl na semana passada, o que só reforça os comentários que fiz na semana passada.

Um show de imagens, um espetáculo de celebração do esporte e da comunidade que o circunda. Para além da grandiosidade do estádio em que se realizou a partida, onde figurava imponente um telão gigantesco, é impressionante ver como a NFL consegue valorizar cada pequeno momento do pré-jogo, verdadeiramente aguçando o interesse do público e criando a expectativa para o "prato principal".

Partindo da premissa de que o futebol americano é um verdadeiro traço de identidade nacional, os organizadores se aproveitam do patriotismo ínsito à tradicional audiência da modalidade e cercaram o jogo de símbolos norteamericanos, pontuando o hino nacional com uma superstar de sua música, Cristina Aguilera, não sem antes precedê-la da jovem atriz/cantora do seriado do momento, Glee.

Mas o ponto alto do pré-jogo foi a apresentação do Superbowl por Micheal Douglas. No tom épico próprio das transmissões e filmes produzidos pela NFL, o ator, que acaba de publicamente enfrentar um câncer na garganta, remete, ele próprio, à capacidade de recuperação dos americanos e, marcando seu discurso, sucediam-se imagens de momentos históricos do país, invocando os momentos de vitória e aqueles de superação de enormes dificuldades, para ao final entrelaçar tais ideias à noção de que o Superbowl era uma parte da longa tradição americana, transformando aquele momento em mais do que mero entretenimento, uma verdadeira celebração da crença no "sonho americano".

Sinceramente, isto é saber extrair de um evento esportivo a essência daquilo que o faz querido pela população.

O que se seguiu foi um show de técnica de transmissão televisiva, com uma torrente de dados sobre jogadores e competições ao longo do tempo, a valorização de cada lance e a transformação de cada momento da partida numa imagem crucial para o desenvolvimento de um enredo que prende a atenção dos espectadores.

Será que não conseguimos fazer igual?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A LIÇÃO DO ESPETÁCULO - Parte I

Ontem fiquei até tarde acordado para ver a final da Conferência Americana de Futebol (AFC), último passo antes do Superbowl, a conhecidíssima final do campeonato de futebol americano patrocinado pela poderosa National Football League (NFL).

Peguei o jogo entre Pittsburgh Steelers e o New York Jets já no segundo tempo, mas é impressionante como qualquer transmissão esportiva se transforma num verdadeiro show na mão da TV.

Além da dinâmica própria de um esporte marcado pela disputa de território, que força os times sempre para o ataque, sem desvalorizar o mérito de uma boa defesa, o espetáculo das imagens e do estádio lotado mostra como explorar à exaustão o potencial de uma modalidade.

E isto me traz para o Brasil. O que sempre despertou a atenção do Mundo para o nosso esporte? A beleza e a audácia dos nossos atletas, especialmente aqueles do futebol (agora, aquele da bola redonda).

Para além de um enorme mercado interno a explorar de modo mais eficiente, potencializando as supermarcas que os times têm na mão, tratando melhor os torcedores, o Brasil joga fora a oportunidade de transformar nosso Campeonato Nacional numa liga comparável às estelares NFL, NBA e, por que não? a própria Champions League.

Ainda que pareça um delírio, há que se sonhar alto. Quem compõe a maioria dos destaques da maior competição europeia? Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Kaká, Robinho, dentre muitos outros brasileiros que povoam os maiores times do Velho Continente.

Por que não se pode explorar a imagem do berço dos maiores atletas do futebol mundial? O que nos impede de divulgar as belíssimas imagens da festa que cada torcida faz nas diversas arquibancadas do país?

Quem concorre com o Brasileirão (e eis aí uma marca poderosa, mesmo no exterior, já que evoca a singularidade de nossa língua e de nosso trato com o futebol)? O campeonato italiano, com suas retrancas infindáveis? O espanhol, que tem um Grenal de escala mundial, mas com um resto sofrível? O holandês, que tem um Ba-Vi sem graça e no frio?

Para competir com a força do nosso futebol nacional, talvez só o campeonato inglês, com pelo menos quatro clubes de tradição (Chelsea, Liverpool, Arsenal e Manchester United) e a já mencionada Champions League, em que se reúne times de todo o continente para estabelecer uma disputa parelha.

Mas o que é preciso fazer para chegar mais perto deste mundo que parece inatingível para o futebol brasileiro?

Enquanto a segunda parte deste post não vem, vc pode mandar sua resposta.

domingo, 23 de janeiro de 2011

VOLTANDO... MAIS UMA VEZ

À minha caríssima meia-dúzia de leitores, volto, animado pela movimentação da virada do ano.

E daí, vem a pergunta: com o crescimento econômico do Brasil, viraremos finalmente um centro de esporte de excelência?

E não falo somente de bons resultados com as seleções nacionais dos diversos esportes, mas do desenvolvimento de ligas nacionais de efetivo relevo internacional.

No futebol, estamos vendo alguns atletas, ainda que na fase da "seca" ou já na descendente, retornarem ao Brasil: Ronaldo, Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Fred, dentre outros.

No vôlei, grande parte das equipes campeãs olímpica (no feminino) e trimundial (no masculino, com reforma ortográfica) está jogando no país.

Além disso, Cesar Cielo parece querer continuar treinando aqui...

Diante disto, pergunto: o mundo empresarial brasileiro está descobrindo o esporte? O esporte brasileiro está descobrindo que pode ganhar dinheiro pelas próprias pernas?