quarta-feira, 30 de junho de 2010

GILBERTO ABERTO, MAIS QUE UMA RIMA, UMA SOLUÇÃO

Vendo o blog de meu irmão (Doido por Copa, no site do Jornal A Tarde), vi que compartilhamos a preocupação com a armação do meio-campo brasileiro para o jogo contra a Holanda.

Diante da falta de Elano, Daniel Alves deve continuar no setor. A opção mais óbvia é o Josué, embora meu irmão tenha falado no Kleberson, até porque Josué é o reserva do Gilberto Silva, no esquema de "caixinhas" do Dunga.

Mas lembrando de quem poderia entrar (Felipe Melo, Elano e Júlio Baptista contundidos; Ramires suspenso, só sobraria o Kleberson e o Josué mesmo), constatei que o Gilberto entrou para compor o meio-campo no final da partida contra o Chile.

E aí lembrei também que o Falcão vem pedindo o jogador do Cruzeiro para reequilibrar o time, e me convenci que talvez que seja a melhor solução.

Gilberto Silva na frente da zaga, Daniel Alves pela direita e Gilberto pela esquerda, enquanto Kaká encosta no ataque, formando um losango no setor, desenho melhor do que o quadrado dos dois volantes de contenção e os dois meias de criação. Gilberto e Daniel Alves, por serem laterais de formação, poderiam fazer as duas funções e propiciar mais opções para a saída de bola.

Estaria este blogueiro viajando?

O FIM DOS TEMPOS

Época da Copa é um inferno para quem acompanha futebol regularmente. Só para ter um exemplo, hoje estava no bar no Centro da Cidade onde tomo uma vitamina pela manhã e ouvi a Ana Maria Braga comentar o esquema tático do Brasil.

Socorro!

SELEÇÃO DAS OITAVAS

Tendo visto quase todos os jogos, fica mais fácil:

Goleiro: EDUARDO (Portugal)
Lateral Direito: MAICON (Brasil)
Zagueiros: LÚCIO e JUAN (Brasil)
Lateral Esquerdo: FÁBIO COENTRÃO (Portugal)
Volantes: SCHWEINSTEIGER (Alemanha) e PEREZ (Uruguai)
Meias: SNEIJDER (Holanda) e MÜLLER (Alemanha)
Atacantes: DAVID VILLA (Espanha) e ROBBEN (Holanda)
Técnico: JOACHIM LÖW (Alemanha)

O FUNIL ESTREITA

Acabaram-se as oitavas. O primeiro jogo do dia foi pautado pelo medo. Tanto medo, que a decisão só saiu nos pênaltis, e com uma bola na trave. Ou seja, nem mesmo os goleiros ousaram buscar uma defesa. Saiu o Japão, que apresentou um futebol melhor ao longo da Copa. Ficou o Paraguai, para consolidar o bom resultado dos sulamericanos. Será que esta supremacia continua até o final? Se assim for, que seja através do Brasil.

Já o segundo jogo foi muito melhor. O 1x0 não refletiu a quantidade de chances que foram criadas tanto pela Espanha quanto por Portugal. Da vitória espanhola, algumas constatações:

1. A Espanha poderia ter sido eliminada, especialmente pela insegurança de Casillas, que não estava num bom dia.

2. Por outro lado, Eduardo salvou Portugal de uma goleada humilhante.

3. É impressionante como a Fúria prende bem a bola. O toque entre os jogadores espanhóis é preciso, veloz, quase sempre no esquema "um, dois". Se sair na frente, é muito difícil de virar o jogo, porque o adversário não consegue ficar com a pelota.

Agora o funil está bem estreito. Tirando a Espanha, todo mundo tem jogo duro.

URUGUAI x GANA: a tradição e a garra celeste contra a força africana. Já disse aqui que acho o time de Gana uma empulhação (Uma ressurreição e uma constatação). De bom, só o goleiro. O perigo é a empolgação e a força física dos africanos. Se o jogo for para a prorrogação, o risco de Uruguai sucumbir ao preparo atlético dos "Estrelas Negras" é grande. Entretanto, acredito mais nos nossos vizinhos da Banda Oriental, que têm Forlán e Suárez. Se este último deixar de "fominhar", a partida pode se resolver no tempo normal, em favor do Uruguai. Mas não sem sofrimento.

ARGENTINA x ALEMANHA: outro jogaço. O conjunto e a velocidade alemãs, contra a qualidade individual dos argentinos. Embora Messi e Tevez possam desequilibrar a partida numa jogada, acredito mais nos alemães, que fizeram as duas melhores apresentações deste Mundial.

ESPANHA x PARAGUAI: a única coisa que pode complicar a Fúria é sua incapacidade de resolver o jogo objetivamente. Se o gol demorar a sair e o Casillas sucumbir à insegurança que demonstrou hoje, o Paraguai poderia até sonhar com algo melhor do que uma derrota digna. Mas se o time espanhol engrenar logo no início, deve ser um passeio.

BRASIL x HOLANDA: jogo duríssimo, como já disse antes (Temos uma pedreira pela frente), especialmente se todos os desfalques se confirmarem. Temos que contar que Josué tenha um desempenho defensivo espetacular, para anular a articulação holandesa, e que Daniel Alves repita a boa atuação que teve contra o Chile.

Como diria o meu pároco, oremos.

terça-feira, 29 de junho de 2010

RESENHÃO DO BARBALHO - Parte IV: Brasil 3 x 0 Chile

Uma apresentação muito boa do time inteiro, com boas notas para quase todos:

JÚLIO CÉSAR: pouco acionado, respondeu quando necessário. - 6,5
MAICON: também foi menos demandado do que nos outros jogos, mas alçou uma belíssima bola para o gol de Juan e continua demonstrando um vigor impressionante. - 7,5
LÚCIO: mantém o padrão de qualidade de todos os jogos, preciso, sobe com a bola sempre que necessário, desarma cada vez mais, além de afastar até mesmo os nossos jogadores que eventualmente atrapalharão nosso ataque, como foi no gol de Juan, em que empurrou Luís Fabiano. - 8,5
JUAN: excelente partida, um gol e a atuação segura e precisa de sempre - 9,0
MICHEL BASTOS: já jogou melhor hoje. No final da partida, quase fez um gol antológico, faltou botar o pé na forma. - 6,5
GILBERTO SILVA: subiu muito de produção hoje. Deu segurança à zaga e, por vezes, encostou com eficiência no ataque, além de ter disparado um ótimo chute ao gol. - 6,5
RAMIRES: boa atuação, uma linda jogada no gol de Robinho, mas perdeu pontos com outro cartão amarelo desnecessário. - 6,5
GILBERTO: entrou, mas não teve tempo de produzir nada digno de nota. - SEM NOTA
DANIEL ALVES: deu muita velocidade ao meio-campo e ocupou espaços no setor defensivo, mas ainda precisa por o pé na forma também. - 7,5
KAKÁ: vem subindo de produção jogo a jogo. Deu um excelente passe de primeira para o gol de Luís Fabiano e voltou a mostrar seu poder de arranque com a bola. Mas não pode ficar tomando cartão como aconteceu novamente hoje. - 8,0
KLEBERSON: tentou uma fugida na direita, mas nada que mereça maior registro - SEM NOTA
ROBINHO: meio escondido no primeiro tempo, puxou o contra-ataque que resultou no segundo gol do Brasil e foi premiado com um golaço na etapa final - 8,5
LUÍS FABIANO: começou se enrolando com a bola e tentando chutes despropositados. Fez o que se espera dele, que é marcar quando a chance aparece, o que realizou com muita categoria no segundo gol. Sumiu no segundo tempo. - 7,5
NILMAR: ficou pouco tempo, mas mostrou vontade. Nada, no entanto, que mereça registro. - SEM NOTA
DUNGA: foi ousado na armação do time e mostrou consciência ao retirar os jogadores pendurados do campo. - 7,0

segunda-feira, 28 de junho de 2010

TEMOS UMA PEDREIRA PELA FRENTE

Encerrada a segunda-feira, já sabemos que na sexta haverá jogão para arrebentar os corações: Brasil x Holanda.

Na minha história pessoal das Copas, as partidas entre estas seleções em 1994 e 1998 estão no meu Top 5 dos jogos mais nervosos. A Holanda é uma das poucas equipes que não tem medo de partir para cima do Brasil e sempre apresenta jogadores de exceção.

A versão 2010 da Laranja Mecânica mostrou hoje que Robben está recuperado e Sneijder melhora a cada jogo. Mais do que isto, o resto do time apresenta várias opções: Kuyt, Van Persie, Elia e Van Bommel, além de descobrir-se que têm um goleirão, no dois sentidos, físico e técnico, Stekelenburg, com seus quase 2 metros de altura.

O Brasil jogou bem hoje, mas o Chile está a anos-luz da qualidade técnica da Holanda. Estou assistindo à reprise do Seleção Sportv e estou muito preocupado com a animação de nossos comentaristas. Marco Antonio Rodrigues chega a dizer que somos favoritos diante dos holandeses.

Nada mais falso. O jogo será igual. Jogador por jogador, temos vantagem na defesa, mas os demais setores, se fizermos uma comparação individual, têm uma equivalência quase que absoluta. O exemplo maior são os trios de expressão de cada time: Sneijder não está devendo nada a Kaká; Robben se equivale ao Robinho e Van Persie tem desempenho similar ao de Luís Fabiano (embora os estilos destes dois sejam bastante diferentes).

Ganhará quem estiver mais concentrado, mais atento ao jogo, de modo a não errar e dar a oportunidade ao outro.

A ARGENTINA NÃO ME CONVENCE

Com atraso, comento brevemente o jogo da Argentina. Em resumo: não me convenceu. O jogo estava parelho, com direito a bola na trave em chute do México, até que o Tevez fez gol em manifesto impedimento.

Depois, o zagueirinho mexicano entregou o ouro na frente do Higuaín, que fez outro gol molezinha e pulou à frente na competição da artilharia.

No final, um golaço do Tevez, que é a tradução do time da Argentina, excessivamente dependente do talento individual dos seus jogadores, que é imenso, mas pode não ser suficiente frente ao time muito bem armado da Alemanha.

domingo, 27 de junho de 2010

A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO

Bem feito para os ingleses. Não que tenha raiva deles, mas o único título que eles têm foi ganho com uma enorme garfada nos alemães, que é outra seleção que eu sempre gosto muito.

Pois bem, eis que o destino reservou para hoje uma vingança histórica. 2x1 para a Alemanha no primeiro tempo e, poucos minutos depois do primeiro gol inglês, Lampard faz uma jogada genial e encobriu o goleiro Neuer, com a bola batendo no travessão e caindo dentro do gol. O bandeirinha não vê, o juiz não vê e o gol inexistente em 1966 foi cobrado em 2010.

Um empate naquela hora poderia mudar o jogo? Talvez. Com certeza a Alemanha não teria a facilidade para os contra-ataques que teve no segundo tempo, mas a impressão que tenho, antecipada neste mesmo blog (Palpitão das Oitavas), é que a Alemanha ganharia de qualquer jeito. Porque é mais time do que a Inglaterra jamais conseguiu ser nesta Copa (faz a Santíssima Trindade das decepções deste Mundial com a França e a Itália); porque está jogando mais até mesmo do que as outras encarnações do Nationalelf em copas passadas.

Sempre comparou-se a seleção alemã de futebol com um Panzer, tanque reconhecido por seu poderio na Segunda Guerra Mundial. Mas além do peso e do poderio daquele artefato bélico, agora a Alemanha também tem a agilidade que era outra característica daquele veículo blindado.

Qual será a "tropa" que poderá enfrentar de igual para igual tamanho poder de fogo?

UMA RESSUREIÇÃO E UMA CONSTATAÇÃO

Falando com atraso sobre o primeiro dia das oitavas, não poderia deixar de falar da notícia da rodada, que é justamente o renascimento do Uruguai como um time respeitável.

Devo dizer que cresci com uma profunda antipatia pela Celeste Olímpica, já que peguei, a partir do final da década de 70, uma seleção que se fiava somente na mística da "raça uruguaia", que invariavelmente era apelar para a violência após esgotados os (parcos) recursos de seus jogadores.

Entretanto, este time uruguaio está melhor estruturado sob o comando daquele que é, juntamente com Joachim Löw, o melhor técnico da Copa até agora: Oscar Tabarez, que soube, já no curso do Mundial, remontar a "coluna vertebral" do time, que já era boa com o goleiro Muslera (apesar de ter falhado no gol da Coreia ontem), o zagueiro Lugano e o atacante Suárez (embora seu excesso de individualismo ponha a perder algumas boas oportunidade). Sem solução para a articulação, soube recuar seu melhor jogador, o atacante Forlán, para o meio-campo, revelando dotes antes desconhecidos.

Não bastasse o bom futebol da seleção uruguaia, ainda há a entrega dos jogadores, realmente comovente. Ao contrário de minhas reservas da infância e adolescência, estou gostando do avanço da Celeste nesta Copa.

Por outro lado, o que não estou gostando nada é da farsa ganense (ou ganesa, sei lá). O time até agora não apresentou nada de interessante. Passou da primeira fase com dois gols de pênalti e uma atuação covarde diante da Alemanha.

Conseguiu se classificar ontem com um gol de chutão, em que o atacante Gyan conseguiu superar o zagueiro americano no jogo de corpo.

"Ahhh..." dirão os deslumbrados com o mito do futebol africano ou com esquerdopatia politicamente correta, "tem o Gyan, um atacante muito bom." Bom nada. Fez dois gols de pênalti e um aproveitando um chutão e uma bobeada da zaga. Além do mais é um presepeiro canastrão.

Outro dia fiz um post sobre as comemorações desta Copa. Acho muito legal ver jeitos diferentes de celebrar um gol, inclusive as coreografias da garotada do Santos, muito inspiradas na irreverência de Viola e Paulo Nunes, que geravam uma atração a mais nos jogos da década de 90. Contudo, odeio esta mania insuportável que vem grassando nos campos desde que os jogadores descubriram a câmera atrás do gol. Esquecem tudo para mandar seu recadinho para casa. Só falta lembrar a época do Show da Xuxa: quero mandar um beijo para minha mãe, 'pro meu pai e 'pra você...

O Gyan é exatamente este tipo de presepeiro. Fica bancando o rapper, com caras e bocas, para aparecer para as 32 câmeras da FIFA. A confirmação de tal impressão se deu ontem, quando, depois da dancinha do gol, ele se ajoelhou, bem canastrão, como se estivesse emocionado... Faça-me o favor...

Eis uma constatação peremptória deste blogueiro: o jogador mais insuportável da Copa é o Gyan, que não à toa é o destaque individual da seleção que mais engana no Mundial. Tomara que o Uruguai passe o carro neles.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

PALPITÃO DAS OITAVAS

No último exercício decorrente do encerramento da Primeira Fase, vamos aos palpites relativos aos confrontos das Oitavas:

URUGUAI x COREIA DO SUL: o time coreano conseguiu a classificação porque a chave era composta por uma seleção muito irregular, a Nigéria; e outra regular na sua retranca e falta de imaginação ofensiva, a Grécia. O Uruguai ganhou com autoridade dos anfitriões e do México, quando foi preciso. "Tem camisa" e está com um Forlán em excelente momento. Parece-me que a Celeste passa com alguma facilidade.

EUA x GANA: o time americano ganhou muito gás com os dois últimos jogos, onde buscou o resultado no final do segundo tempo. Tem um jogador diferenciado, Donovan, e muito bons coadjuvantes, reunidos com a disciplina tática já conhecida das equipes de esporte coletivo estadunidenses. Já a seleção africana não mostrou nada demais. Classificou-se confiando na sorte, já que a Sérvia quase conseguiu o empate no final com a Austrália. Trata-se de um time forte, que pode contar com alguma simpatia da torcida local, em nome da "honra" continental. Mas não parece ser suficiente para superar os EUA. O jogo parece que será sofrido, mas os EUA passam.

ALEMANHA x INGLATERRA: um jogaço, de resultado imprevisível. Se os alemães parecem já estar com o time mais pronto do que os britânicos; o elenco inglês tem jogadores de mais "peso", com mais experiência e capacidade técnica consolidada. Ainda assim, a equipe alemã parece mais equilibrada. Aposto em prorrogação e, talvez, pênaltis.

ARGENTINA x MÉXICO: talvez seja o primeiro adversário que exija efetivamente a Argentina, mas a seleção asteca não parece ameaçar os bicampeões mundiais. Dá Argentina, mas com alguma dificuldade.

HOLANDA x ESLOVÁQUIA: será jogo duro, mas a Eslováquia já foi longe demais, além de não ter jogadores que façam a diferença como tem a Holanda, que deve ganhar.

BRASIL x CHILE: tenho um pouco de medo da "loucura" do Bielsa, que pode ameaçar o Brasil. Entretanto, a defesa está desfalcada por três jogadores e o estilo de jogo "encaixa" bem com o brasileiro. Dá Brasil. Tem que dar. Com um pouco mais de tranqulidade, por favor.

PARAGUAI x JAPÃO: a equipe nipônica tem uma disciplina tática que complicará muito a vida dos paraguaios. O desempenho lamentável contra a Nova Zelândia no último jogo traz muitas suspeitas sobre as possibilidades dos nossos vizinhos, que parecem que irão fazer jus à fama de seus cavalos. Passará o Japão.

ESPANHA x PORTUGAL: o outro clássico das Oitavas, cheio de rivalidade. Cristiano Ronaldo contra a Armada Espanhola. Um tanto imprevisível, mas a Espanha tem mais time, deve ganhar.

Assim, as quartas de final seriam:

URUGUAI x EUA
ALEMANHA x ARGENTINA
BRASIL x HOLANDA
ESPANHA x JAPÃO

Alguém concorda? Provavelmente, muito poucos...

BALANÇO DA PRIMEIRA FASE

Encerrada a primeira fase, preocupa o baixo nível técnico da Copa em geral, com times que não se segurariam na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. A situação melhorou com a última rodada, que apresentou lances de emoção que serviram para redimir um pouco o gosto insosso dos primeiros jogos.

Como sou um cara neurótico e não tenho muito tempo para me deitar em estilo, vamos como Jack, o Estripador, ou seja, por partes:

GRUPO A
Marcado por um novo vexame da França (que me fez dormir na pia, de tanto que chorei por conta de sua eliminação...chorei de rir, evidentemente), serviu para ressuscitar o Uruguai, que periga embalar, especialmente diante do adversário das Oitavas (a Coreia do Sul). A lamentar a eliminação dos Bafana Bafana, traídos pela fraqueza de seu elenco e pela falta de sorte, demonstrada em duas bolas na trave, uma no primeiro jogo contra o México, outra no último, contra a França, quando a partida ainda estava 2x0. Destaque individual para Forlán, que recuado para o meio-campo transformou a Celeste Olímpica. Chegando ao final do comentário, vejo que não falei do México, que se classificou sem despertar a atenção de ninguém. Se isto é bom ou ruim, caberá a Maradona dizer depois de amanhã...

GRUPO B
A Argentina passeou num grupo fraquíssimo. A Nigéria não é mais sombra do time insidioso que foi nas Copas de 94 e 98 e a Grécia, junto com a Suíça, é o paradigma da retranca. Foi o que bastou para que a Coreia do Sul, mesmo tomando de quatro da Argentina, conseguisse a segunda vaga. Destaque individual não poderia ser outro, senão Messi, que está tentando, mas assim como a África do Sul, está sendo perseguido pelas traves. Se as bolas começarem a entrar...

GRUPO C
Decepção com a Inglaterra, com um futebol muito aquém do que se espera de uma candidata ao título; surpresa com a Eslovênia, que mostrou muito mais do que o fiasco de 2002, além de alegrar a Copa com suas dancinhas de comemoração dos gols marcados; e emoção até o final com os EUA, que foram buscar dois resultados até o fim dos jogos com a Argélia e a Eslovênia. Destaque individual para o americano Donovan, que parece ser o líder de um time que quer se tornar grande.

GRUPO D
Uma chave morna. A Alemanha começou empolgando, depois perdeu para a Sérvia e fechou a participação na primeira fase jogando para o gasto contra Gana. Jogar para o gasto, aliás, foi o que fizeram os únicos africanos que sobreviveram à primeira fase. 1x0 magro contra a Sérvia, de pênalti; um empatezinho contra a Austrália, também graças a outro pênalti e uma derrota pequena contra os tricampeões mundiais. A Austrália mostrou ser um time razoavelmente consistente para as expectativas que pairam sobre o futebol dos Socceroos, enquanto que todo o nacionalismo sérvio não conseguiu produzir qualquer coisa além da mais impressionante comemoração da Copa até agora, com o jogador se atirando ao fosso do estádio para celebrar com a torcida. Destque individual para Schweinsteiger, o melhor volante do Mundial.

GRUPO E
Num grupo em que a Holanda passeou sem muito esforço e Camarões perdeu para todo mundo, o pouco de agitação se deveu a Dinamarca, que fez um grande duelo com os africanos; e o Japão, que mataram os Vikings com três golaços. Destaque individual para Sneijder, que promete mais para a fase de mata-mata.

GRUPO F
A chave mais fraca da Copa foi a que proporcionou a maior emoção. A Itália sucumbiu à falta de renovação e saiu do Mundial sem ganhar um jogo sequer e mostrando um elenco fraquíssimo, muito aquém das expectativas sempre depositadas nos tetracampeões do Mundo. O Paraguai ficou em primeiro lugar sem fazer muita força e eslovacos e neozelandeses se mostraram heroicos, conquistando suas "copas particulares": a Eslováquia com a classificação histórica contra a Itália e a Nova Zelândia saindo do Mundial invicta. Destaque individual para... Quagliarella, pelo esforço no final do último jogo e pela perplexidade de ver que um jogador de tal qualidade esteve no banco italiano este tempo todo...

GRUPO G
Eis uma chave que se mostrou realmente complicada. O Brasil penou para vencer a retranca norte-coreana, e sofreu até abrir a porteira contra Costa do Marfim, que perdeu a classificação na falta de ambição contra Portugal. Destaque individual, pasmem, para outro volante, Tiago, de Portugal, que também melhorou muito o time depois que entrou como titular.

GRUPO H
Deu a lógica, apesar do tropeço espanhol na primeira rodada. Depois de refeitos, fizeram dois gols em cada jogo e se classificarm em primeiro. Os suíços esbarraram na sua incompetência para fazer gols e perderam a vaga para o Chile. Honduras fez figuração. Destaque individual para David Villa, com três belíssimos gols.

Feito o balanço, eis a seleção da primeira fase:

Goleiro: BENAGLIO (Suíça) - o time saiu da Copa tendo tomado apenas um gol, e não foi por culpa dele, já que fez milagres contra o Chile. Ganha do nigeriano Enyeama por ter mantido a regularidade, já que o nigeriano "entregou o ouro" contra os gregos...

Lateral Direito: MAICON (Brasil) - é a melhor opção de saída de jogo do Brasil e fez um dos gols mais bonitos da Copa até agora. Além de tudo, mantém a regularidade.

Zagueiros: LÚCIO (Brasil), absoluto em todos os jogos e TERRY (Inglaterra), que exerce uma liderança impressionante dentro do English Team, tanto que não foi barrado após desafiar o próprio técnico.

Lateral Esquerdo: LAHM (Alemanha), na absoluta falta de qualquer lateral esquerdo que preste, desloca-se o lateral direito alemão para sua posição original.

Volantes: SCHWEINSTEIGER (Alemanha), que realizou duas excelentes partidas nas vitórias dos tricampeões, mostrando que a função pode ser executada com qualidade técnica e dinamismo e TIAGO (Portugal), que deu maior dinamismo ao meio-campo lusitano.

Meias: SNEIJDER (Holanda), jogador que faz a sua seleção andar e se destacou em meio à relativa "preguiça" que acometeu esta reedição da Laranja Mecânica num grupo muito fraco, e MESSI (Argentina), destaque absoluto da Argentina, que vem fazendo jus ao título de melhor do Mundo.

Atacantes: FORLÁN (Uruguai), que ajeitou o time do Uruguai com seu recuo para o meio-campo e chega à frente com perigo para os adversários e DAVID VILLA, goleador dotado de excelente técnica.

Treinador: OSCAR TABAREZ (Uruguai), soube perceber as carências de seu time e alocou seu melhor jogador para construir as opções de ataque da Celeste Olímpica.

RESENHÃO DO BARBALHO - Parte III: Brasil 0 x 0 Portugal

Notas para um jogo horrível:

JÚLIO CÉSAR: salvou o time em duas saídas de grande coragem - 7,5
MAICON: novamente foi a via de escape do time, embora a inoperância do meio-campo o tenha acionado muito pouco - 7,0
LÚCIO: o melhor em campo. Anulou o ataque de Portugal e ainda foi a opção (!!!) para armar o jogo do Brasil - 8,0
JUAN: igualmente muito bem, até mesmo no cartão amarelo, onde teve a clarividência de botar a mão na bola para matar o contra-ataque lusitano - 7,0
MICHEL BASTOS: horrível. Continua tímido (embora desconfie que o Dunga dá instrução para ele ficar preso na defesa) e segue matando mal as bolas que lhe são viradas - 3,0
GILBERTO SILVA: a mesma obviedade de sempre. Toques para o lado em profusão. - 5,0
FELIPE MELO: com todas as críticas, foi o melhor do meio-campo até ser justamente sacado para evitar a expulsão. O reparo à sua atuação é a irresponsabilidade com que arrumou confusão com Pepe - 6,0
JOSUÉ: fez o que se espera dele, dando combate no meio-campo - 5,5
DANIEL ALVES: sinceramente, não consegui ver toda a qualidade que os comentaristas da Globo enxergaram na sua atuação. Quando não foi burocrático, foi presunçoso, achando que poderia fazer jogadas de efeito ou gols do meio da rua. Acho que tem um cartaz muito maior do que seu futebol. - 5,0
JÚLIO BAPTISTA: horroroso. Não entrou no jogo. - 2,0
RAMIRES: ia chutar uma bola longe do gol e quase marcou. Além disso, tentou algumas jogadas na lateral. Já é mais do que Júlio Baptista fez durante todo o jogo - 5,0
NILMAR: ótimo primeiro tempo, onde buscou o jogo e mandou uma bola na trave. Apagado na segunda parte; - 7,0
LUÍS FABIANO: quase acertou uma cabeçada no primeiro tempo. Tentou incessantemente o tempo todo. - 6,5
GRAFITE: a substituição mais incompreensível do jogo de hoje. Nada fez. - SEM NOTA
DUNGA: foi muito mal. Ficou esperneando na beira do campo e só foi mexer no time depois dos 30 minutos do segundo tempo. E substituiu mal. - 4,0

SELEÇÃO DA 3ª RODADA

Agora tendo visto um pouco mais de jogos, eis minha seleção da terceira rodada, voltando ao esquema 4-4-2 tradicional:

Goleiro: TZORVAS (Grécia)
Lateral Direito: MILNER (Inglaterra)
Zagueiros: TERRY (Inglaterra) e LÚCIO (Brasil)
Lateral Esquerdo: CLEMENTE RODRIGUEZ (Argentina)
Volantes: TIAGO (Portugal) e SCHWEINSTEIGER (Alemanha)
Meias: INIESTA (Espanha)e FORLÁN (Uruguai)
Atacantes: HONDA (Japão) e VITTEK (Eslováquia)
Técnico: TAKESHI OKADA (Japão)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

DIFERENTES TONS DE AZUL

A cor desta quinta foi azul, ou azzurro, como dizem os italianos da cor da camisa de sua seleção. Um azul marinho profundo em desespero e vergonha pela eliminação precoce dos atuais campeões mundiais.

A Itália padeceu de uma certa maldição que se abate sobre campeões mundiais. Não todos, pois até mesmo ela é uma das duas seleções que conseguiu um bicampeonato seguido (1934 e 1938), ao lado do mágico Brasil de 1958 e 1962. Entretanto, da década de 60 para cá, as más campanhas se misturam a desempenhos honrosos das equipes que vão defender o título mundial na copa seguinte.

Foi assim com a Alemanha em 1978 (após o bi em 1974), que não passou da segunda fase; com a Itália em 1986 (após o tri em 1982), quando perdeu para a França nas Oitavas; e com a França em 2002, com um vexame ainda maior do que o deste ano, quando saiu da Copa sem marcar um gol sequer.

Além de padecer com uma síndrome muito bem identificada por Marco Antonio Rodrigues no Seleção Sportv de hoje, que constatou ser muito difícil, para qualquer treinador, de qualquer seleção, barrar os medalhões que ganharam a copa anterior, mesmo quando estes estão em má fase, a Itália ainda esbarrou na falta de renovação do seu futebol, e não somente de sua seleção. O futebol da velha bota se perde na importação desenfreada de jogadores. Já tinha sido assim na década de 60 e eles aprenderam. Pelo jeito, esqueceram novamente tais lições.

À tarde, o mesmo azul marinho brilhou na camisa do Japão, que surpreendeu a Dinamarca com três golaços e um amplo domínio da partida. O Paraguai que abra os olhos.

A EMOÇÃO AUMENTA

Como disse ontem (Agora é à Vera), chegada a última rodada da fase classificatória, os times são obrigados a sair para o jogo, pois agora o revés já começa a significar um carimbo no passaporte de volta para casa.

Tal circunstância fez de três jogos um razoável espetáculo de tensão e emoção até o último minuto. Isto não os faz exemplos de técnica refinada, mas, como bem disse André Rizek no último Seleção Sportv, os torna programas divertidos de assistir, e não as partidas modorrentas que vimos na primeira rodada da Copa.

A exceção hoje foi Alemanha x Gana, um jogo arrastado, em que os africanos salvaram a honra do continente, mas se arriscaram demais ao contar que a Sérvia não empataria o jogo com a Austrália. Já esta última partida foi muito interessante, sendo comovente o esforço e o empenho dos sérvios na tentativa, ainda que muito atabalhoada, de chegar ao empate e, por conseguinte, às oitavas. Não deu, vai ficar para 2014.

Muita pena deu também dos seus "primos" eslovenos. Uma seleção que chegou ao Mundial desacreditada, inclusive por este escriba, mas além de praticar um futebol razoável para os baixos padrões técnicos desta Copa, apresentou jogadores com uma alegria de jogar incrível. A comemoração da dancinha com as mãos para cima ficará para a história das Copas. Foi a verdadeira tradução de um time que parecia gostar muito de jogar junto.

Por fim, o jogo mais emocionante do dia: EUA x Argélia. Outro enredo digno de filme hollywoodiano, com um time se expondo totalmente na busca do gol redentor, correndo riscos; enfrentando dificuldades e, finalmente, chegando à vitória já nos descontos, com outra comemoração que também entra para a antologia de imagens do futebol: Donovan escorregando de peixinho até a bandeira do corner, para depois ser "soterrado" por uma verdadeira montanha de companheiros alucinados pela alegria da classificação.

Agora a chave de cima da fase eliminatória da Copa está formada: de Argentina x México sai o adversário para o vencedor de Alemanha x Inglaterra, choque de titãs que pode se realizar em duas fases seguidas; já o ganhador de Uruguai x Coreia do Sul enfrentará quem sobreviver ao embate entre EUA x Gana. Quatro campeões mundiais, sem contar a eliminação da França.

Do lado do Brasil, só resta a Itália, cuja própria classificação é uma dúvida, diante do futebol pequenininho que tem mostrado até aqui. Mas como um empate já pode ser suficiente, é bom não desprezar a traiçoeira Squadra Azzurra.

Compensando a ausência de mais campeões mundiais, o caminho do Brasil pode cruzar com duas equipes "da moda": Holanda e Espanha (esta já nas Oitavas), que nunca chegam, mas podem resolver engrossar justo conosco (lembrem-se de 74, quando perdemos para a versão original da Laranja Mecânica e dos dois confrontos impróprios para cardíacos de 94 e 98, ambos com os holandeses; isto sem falar da dificuldade que foi passar pela Espanha nas Copas de 78, um empate, 62 e 86, Copas em que fomos beneficiados por erros clamorosos de arbitragem.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

UM DIA DE FÚRIA

Ainda na esteira do debate Dunga x Imprensa e ainda ecoando a pergunta que fiz ao final do meu post anterior sobre o tema (Dunga: "Comigo ou Contra Mim"?), remeto à novíssima gozação veiculada no YouTube. O link não vai ficar bonitinho como meu irmão fez no filmete do Hitler praguejando contra o Flamengo, mas vale a visita.

É um festival de palavrões, mas o texto é engraçadíssimo, além de fazer refletir novamente sobre a existência de uma certa simpatia da torcida pela atitude do Dunga:

http://www.youtube.com/watch?v=NKMbpLzldws

terça-feira, 22 de junho de 2010

AGORA É À VERA

No jargão "boleirístico", quando a disputa se promete acirrada e o adversário é reconhecidamente forte, diz-se que o jogo é "à vera".

A terceira e última rodada da primeira fase é justamente um desses momentos, em que os times jogam suas últimas esperanças de continuar na Copa. Hoje já tivemos mostras disto.

Pela manhã, foi comovente o esforço da África do Sul em construir um milagre. Depois de fazer 2x0, as forças se renovaram com a notícia do gol do Uruguai. Entretanto, faltou sorte no segundo tempo, com mais uma bola na trave de Mphela (como já ocorrera contra o México) e mais futebol durante todo o Mundial. O time é muito fraco e o gás acabou após o gol da França.

Sobre Uruguai e México, cabe dizer somente que não fizeram uma partida de compadres, muito embora a improbabilidade dos resultados para desclassificar qualquer um dos dois retirou o medo da derrota que poderia haver para ambos.

À tarde, um jogo morno de um "mistão" argentino contra a megarretranca da Grécia: 2x0 para os hermanos, com um gol de bate e rebate de De Michelis e outro que foi um verdadeiro prêmio para Palermo, um jogador que, na esteira da definição do "Apolinho" Washington Rodrigues, comentarista da Rádio Tupi no Rio de Janeiro, seria um "Obina com farol de milha", ou seja, um centroavante folclórico, com lampejos de bom futebol.

Já a outra partida entre Nigéria e Coreia do Sul foi cheia de alternativas, sendo um dos jogos mais emocionantes da Copa, ao lado de Dinamarca x Camarões, muito embora não tenha sido tão qualificado tecnicamente. De todo modo, a Nigéria pareceu meio perdida e desorganizada na busca de um gol que não parecia tão difícil assim.

Desta forma, já estão definidos os dois primeiros confrontos das Oitavas de Final: Argentina x México e Uruguai x Coreia do Sul. No primeiro jogo, o time asteca parece ser o primeiro teste de verdade da Argentina, embora os bicampeões apresentem grande favoritismo.

Na segunda partida, a leveza da Coreia do Sul poderia representar uma ameaça ao Uruguai, caso o time da Banda Oriental não estivesse tão embalado pelas duas vitórias consecutivas, conquistadas com autoridade.

DUNGA: "COMIGO OU CONTRA MIM"?

Como não poderia deixar de ser, vou comentar sobre o episódio envolvendo Dunga e o Alex Escobar, repórter gente boa da Globo.

Constatação óbvia e inegável: Dunga passou dos limites. Ao proferir palavrões em público, ostensivamente provocando o jornalista, o técnico brasileiro perdeu a razão que eventualmente poderia ter.

Agora, vamos às ponderações:

Os jornalistas brasileiros, de modo geral, são muito mal preparados, quando não estão mal intencionados. Não é raro vermos perguntas completamente despropositadas ou repetidas na mesma entrevista coletiva. Parece que alguns profissionais não realizaram o mínimo de preparação prévia para abordar o treinador (e aí não é só em relação ao Dunga, isto ocorre com todos os técnicos e até mesmo com jogadores).

Com relação aos mal intencionados, há uma parcela da Imprensa que adota o marrom como cor favorita. Criam intrigas, fazem perguntas com agenda oculta e também provocam ostensivamente os entrevistados.

Lendo os comentários feitos aos posts nos blogs de Lédio Carmona e André Rizek, percebe-se, ao menos numa análise superficial, uma razoável maioria a favor... do Dunga. O que se pode concluir disto? O público percebe o despreparo e a eventual má intenção de setores da Imprensa e se solidariza com o técnico. Mais do que isto, a torcida vê a clara, inegável e irrazoável má vontade da maioria da Imprensa com o Dunga.

Neste último aspecto em particular, reedita-se com o Capitão de 1994 a mesma perseguição que havia com Zagallo. Durante anos, ao "Velho Lobo" foi imputada a falsa constatação de que ele seria um protegido da ditadura militar e que teria herdado um time pronto do João Saldanha, o qual, por sua vez, só teria sido demitido da então CBD por ter corajosamente desafiado o general de plantão na Presidência, Emílio Garrastazu Médici.

Pois bem, o decano da crônica esportiva brasileira, Luís Mendes, fez hoje mesmo o favor de relembrar que João Saldanha só foi demitido oito meses depois do debate público com o então Presidente Médici, o que deixa claro o mito que cerca este episódio.

Para além disso, a linha de frente magistral que foi à Copa de 70, que só tinha "camisas 10" (Jairzinho, 10 do Botafogo; Gérson, 10 do São Paulo; Tostão, 10 do Cruzeiro; Pelé, O 10; e Rivelino, 10 do Corinthians), foi armada por Zagallo, e não por João Saldanha (isto para não falar na adaptação de Piazza à função de zagueiro, dando segurança a uma defesa que carecia de alguma categoria com o técnico anterior, segundo relatos diversos).

Assim como Zagallo sofreu com o preconceito de grande parte de uma Imprensa majoritariamente simpática à esquerda e que, por conta disto, tinha que desmerecer o técnico que "roubara" o lugar de um notório comunista no comando da Seleção (talvez assim alguns teriam podido torcer para o Brasil com a "consciência mais tranquila", nos ditames dos livrinhos vermelhos que adoravam carregar...), Dunga também pena com um mito: o de que ele não sabia jogar bola e, por conseguinte, que perdemos em 1990 por causa dele e ganhamos em 1994 apesar dele.

Outra falácia. Dunga foi justamente um dos que se salvaram do vexame protagonizado pela Seleção na Itália e, ao contrário do que afirmam as viúvas do "joga bonito", o gaúcho não só destruía (e também o fazia muito bem), mas realizava uma excelente saída de jogo, muito melhor do que a maioria dos volantes do futebol brasileiro de hoje e de ontem. Só para citar duas jogadas marcantes daquele Mundial, é Dunga quem pôs Romário na cara do gol camaronês na primeira fase; e é ele mesmo quem vira o jogo para o Jorginho para cruzar a bola no gol contra a Suécia na semifinal.

Mas nada disto importa. O que interessa é reproduzir a implicância com a eficiência e um certo estilo "militar" do agora treinador gaúcho. Não podendo contestar fatos, já que os resultados são, até agora, muito bons (não incontestáveis como se diz por aí, pois perdemos a medalha de ouro olímpica numa semifinal em que a Argentina "passou o rodo" no Brasil), alguns jornalistas se dedicam agora a alterar, a todo momento, as premissas da avaliação de seu trabalho.

Um exemplo: Dunga era criticado por não ter imaginação, por convocar e substituir "em caixinhas", sempre trocando um jogador por outro com idênticas características, sem mudar o jeito do time jogar. Pois bem, desde a Copa das Confederações, ele tem tentado utilizar o Daniel Alves no lugar do Elano, para dar maior velocidade e ímpeto ofensivo ao meio-campo; no primeiro jogo deste Mundial, para tentar fazer o time atacar mais agressivamente a Coreia do Norte, substituiu o Kaká pelo Nilmar e recuou o Robinho para a armação.

Qual foi a reação? "Ora, se foi para utilizar outro jogador, para que trazer o Júlio Baptista e o Kléberson, que seriam os reservas imediatos?" Mas a reclamação não era justamente a falta de variação de jogo?!

Em outras palavras, nada do que Dunga fizer será suficiente para cessar a implicância de grande parte da Imprensa. E ser perseguido o tempo todo cansa.

Entretanto, quem assume o cargo de técnico da Seleção Brasileira tem que ter em mente que dificilmente agradará a todos. Esta é uma função que é mais cobrada até mesmo do que a Presidência da República. O técnico, neste caso, lidera o funcionamento do maior símbolo nacional, da maior expressão de amor coletivo do brasileiro. Portanto, a crítica será constante e pesada. Muitas vezes injusta, mas indispensável e impossível de se eliminar.

Acima neste blog dei um exemplo de como a Seleção transcende o campo meramente esportivo: João Saldanha retrucou publicamente um Presidente da ditadura militar e nada aconteceu. A autoridade investida no seu técnico atrai grande responsabilidade, como já diria o tio do Peter Parker, o Homem-Aranha ("grandes poderes trazem grandes responsabilidades").

Muito embora haja os traíras na Imprensa, Dunga não pode utilizar um recurso muito comum em ditaduras como aquela instalada em 1964 neste país: "quem não está comigo, está contra mim". O treinador brasileiro tem pautado sua vida por este mote. Não precisa ser assim. Mais ainda: não pode ser assim ser assim.

Quem se arvora a comandar a Seleção tem que se sujeitar a críticas e tem que aguentar o rojão, até para poder descobrir o que serve para melhorar o time e o que é patacoada de quem não entende nada de futebol, ou pior, o que é "cavadinha" para desestabilizar o time ou o próprio treinador.

Se Dunga continuar tratando toda a Imprensa como inimiga, além de perder um contraponto para suas ideias e, por conseguinte, uma oportunidade para aprimorar seu trabalho, acabará reforçando o preconceito já instalado neste mesmo meio.

Entretanto, a Imprensa tem que refletir sobre as reações (e são muitas) positivas à postura do técnico... Por que será que tanta gente o apóia?

SELEÇÃO DA 2ª RODADA

Novamente capenga, pois continuo sem ver todos os jogos que gostaria, apresento minha seleção da segunda rodada, com esquema diferente (3-5-2), para poder acomodar todos os jogadores ofensivos que brilharam nestes últimos jogos:

Goleiro: BENAGLIO (Suíça)
Zagueiros: KJAER (Dinamarca), Juan (Brasil) e Rafa Marquez (México)
Alas: ELANO (Brasil) e ROMMEDAHL (Dinamarca)
Volante: TIAGO (Portugal)
Meias: MESSI (Argentina) e FORLÁN (Uruguai)
Atacantes: HIGUAÍN (Argentina - até agora não mostrou nada demais, mas centroavante que faz 3 gols, além de pedir música, não pode ficar de fora da seleção) e DAVID VILLA (Espanha)
Técnico: OSCAR TABAREZ (Uruguai)

RESENHÃO DO BARBALHO - Parte II: Brasil 3 x 1 Costa do Marfim

Com um indesculpável atraso, tento manter uma das tradições que pretendo instalar no blog, as notas para os jogadores e o técnico da Seleção a cada jogo da Copa:

JÚLIO CÉSAR: sem culpa no gol, ainda fez uma ponte espetacular num cruzamento sobre a área, tirando a bola da cabeça do Drogba - 7,0
MAICON: sem o protagonismo do primeiro jogo, continuou a demonstrar iniciativa e espírito de liderança dentro da equipe - 6,5
LÚCIO: absoluto na zaga, só falhou no gol de Drogba, ao parar com todo mundo da defesa - 6,5
JUAN: mais discreto que o parceiro de defesa, é, por outro lado, ainda mais efetivo do que o capitão brasileiro, sendo difícil lembrar de uma disputa que ele tenha perdido - 7,0
MICHEL BASTOS: muito tímido no apoio e errou duas matadas de bola que acabaram com contra-ataques brasileiros - 4,5
GILBERTO SILVA: desta vez não comprometeu na defesa e ainda fez dois ou três bons lançamentos para os laterais - 6,5
FELIPE MELO: também vem mantendo um bom nível de jogo, mas falhou ao não acompanhar Drogba no lance do gol - 6,0
ELANO: fez mais um gol e não pipocou na dividida com o marfinense - 8,0
DANIEL ALVES: entrou no lugar de Elano e perdeu inúmeras jogadas por uma evidente vontade de enfeitar - 4,5
KAKÁ: ia muito mal no primeiro tempo, quando botou Luís Fabiano na cara do gol; ia muito bem no segundo tempo, quando foi expulso. O saldo é positivo, voltou a dar esperança à torcida e mostrou que não leva desaforo para casa - 7,0
ROBINHO: depois do primeiro lance do jogo, quando tentou um gol de longa distância, andou meio escondido, não repetindo a boa atuação da primeira partida - 5,5
LUÍS FABIANO: dois golaços, o que é mais do que suficiente para um centroavante - 9,0
RAMIRES: ficou muito pouco tempo em campo - SEM NOTA
DUNGA: armou o time muito bem, mas falhou em não tirar o Kaká logo de campo e estragou seu desempenho com o papelão na entrevista coletiva (mas isto será objeto de outro post) - 5,0

domingo, 20 de junho de 2010

FINALMENTE UM JOGO COM DOIS TIMES

No resumo do sábado, a destacar somente o jogo entre Dinamarca e Camarões, o melhor que vi até agora. Gana x Austrália e Holanda x Japão não merecem qualquer comentário.

Já a partida que fechou o dia finalmente apresentou uma efetiva disputa entre os dois times em campo. Pena que a seleção camaronesa só resolveu começar a jogar agora. A técnica de seus atletas é evidentemtne superior a média de grande parte das equipes que vieram à Copa.

Entretanto, Camarões encarou uma seleção que há muito tempo tem minha preferência quase que incondicional. A Dinamarca, desde que apareceu no cenário internacional, em 1986, tem demonstrado um estilo altamente técnico e vistoso.

Muita gente ainda restringe sua referência ao futebol dinamarquês àquela seleção da Copa do México, esquecendo que depois disso a Dinamáquina teve interessantes reedições em 1992, quando, convidados no lugar da Iugoslávia, roubaram a cena e levaram a Eurocopa; e em 1998, na Copa da França, quando passaram o rolo compressor em cima da Nigéria nas Oitavas e perderam por pouco do Brasil, num 3x2 histórico.

Embora não seja um time com tantos craques quanto às "encarnações" anteriores do time viking, a seleção dinamarquesa conseguiu demonstrar um futebol técnico e que pode ir mais longe nesta Copa.

sábado, 19 de junho de 2010

COMEMORAÇÕES

A destacar dos jogos de sexta-feira são as diferentes comemorações dos gols marcados por Sérvia, Eslovênia e EUA, até porque Argélia e Inglaterra passaram em branco na partida das 15:30h, que de tão horrorosa, não merece comentário algum.

Mas vamos ao tema. Sempre fui fascinado pelas diferentes reações ao que o antigo narrador da Bandeirantes, Alexandre Santos, chamava de "maior momento do futebol". O soco no ar de Pelé; a corrida de Zico em direção da torcida; o punho cerrado de Reinaldo são marcas registradas da obra destes craques, assim como outras expressões de alegria ficaram registradas para sempre nas mentes e nos corações de diferentes gerações de torcedores.

Na Copa não foi diferente: a corrida de braços abertos e rosto transfigurado de Falcão no 2x2 contra a Itália e de Tardelli na final contra a Alemanha, ambos em 1982; a dancinha de Milla junto à bandeira de corner em 1990; a Copa de 1994 foi marcada pela raiva de Maradona junto à câmera, pelo nigeriano Okocha envolvido pela rede do próprio gol que marcara e pelo "embala neném" de Bebeto, Romário e Mazinho contra a Holanda.

O que me chamou a atenção ontem foram justamente três momentos que certamente entrarão para antologia das Copas. Indo pela ordem cronológica, primeiro a comemoração do gol da Sérvia contra a Alemanha. Impressionante a corrida do atleta para o fosso, sua vontade em se jogar em meio à torcida, que por sua vez se projetava em direção ao jogador, numa celebração alucinada de sua paixão pelo país.

O nacionalismo sérvio é uma característica reconhecida ao povo que constituía a maioria na antiga Iugoslávia, sendo até mesmo vetor de atos deploráveis, como a ocupação no Kosovo de consequências humanitárias nefastas. Entretanto, abstraídas as patologias que sempre nos retornam à conhecida máxima de que o "patriotismo é o último refúgio do canalha", é um traço desta população o apego fervoroso às cores e aos valores que os identificam como pertencentes a uma história comum.

É fácil perceber na torcida da Sérvia os braços levantados com as mãos fazendo um "três" com o polegar, o indicador e o médio, sinal distintivo de seu pertencimento à sua nação. Quem quiser rever o mais famoso gol do sérvio mais conhecido do Brasil, Petkovic, verá que ele faz o mesmo sinal com as duas mãos, antes de desabar com as costas no chão após o terceiro gol na final do tricampeonato do Flamengo contra o Vasco.

Realmente fiquei tocado pela mensagem que apreendi da comemoração de ontem de manhã. Parecia que o jogador queria dizer à torcida: ofereço este gol a vocês; esta é a minha contribuição para nossa comunhão nacional.

Saindo da exaltação nacionalista para a brincadeira pura e simples. Desde 2002 tenho uma incontrolável antipatia pelo futebol da seleção da Eslovênia, que me parecia um similar eslavo da insuportável retranca grega, o que era agravado por serem os eslovenos herdeiros de parte do futebol tradicionalmente envolvente da antiga Iugoslávia.

Entretanto, reconheço que a dancinha descompromissada a cada gol tem desfeito a má impressão que eu tinha, trazendo a imagem de um bando de peladeiros que não são grande coisa, mas que adoram jogar bola juntos. Como rematado perna-de-pau que sou, devo confessar que passei a me identificar com os eslovenos...

Por fim, a pilha humana formada em cima de Bradley após o empate americano no mesmo jogo, uma celebração incontida da coroação do esforço que transformou uma derrota de 2x0 num empate que manteve as esperanças dos Estados Unidos na Copa. Uma história de superação com um final triunfante, bem ao gosto hollywoodiano.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

VIDA DE GOLEIRO

Escrevendo o título, me veio o resto do verso, como paráfrase: "Lerê, lerê...vida de goleiro é difícil, é difícil como o quê..."

Enyeama foi o goleiro de quase todo mundo na primeira rodada e fazia outra partidaça contra a Grécia, tendo realizado uma defesa que certamente entrou para a antologia das Copas, mas foi traído pela curva da "maldita" Jabulani e entregou o ouro no segundo tempo.

Azar dele e nosso, que corremos o risco de aturar a Grécia por mais um tempo na Copa, com seu futebol sem graça e sem imaginação, muito embora o jogo de hoje, depois da expulsão burramente obtida por Kaita, tenha sido muito mais agradável, com os helênicos se lançando um pouco mais ao ataque.

Entretanto, não será sempre que eles contarão com um a mais em campo...

ALLEZ LES BLEUS! ALLEZ CHEZ VOUS ET NE RETOURNEZ PLUS!

Se ainda me lembro bem das minhas aulas da Aliança Francesa, o título tenta dizer: Avante Azuis! Avante, à casa, e não retornem mais!

Agora só um milagre matemático-futebolístico salva a seleção que representa uma das maiores "inhacas" na vida do Brasil em Copas. Depois do 2x0, com autoridade, imposto pelo México, os franceses só continuam no Mundial se os Astecas e os Uruguaios tiverem mais medo da Argentina do que da desclassificação.

Com efeito, tendo México e Uruguai quatro pontos cada, contra um de África do Sul e França, a possibilidade de reedição de um Alemanha x Áustria de 1982 é beeem grande, inclusive já admitida nem tanto nas entrelinhas pelo técnico da seleção da Banda Oriental, Oscar Tabarez.

Só imagino uma maior audácia por parte dos mexicanos na tentativa de escapar da Argentina, que deve acabar em primeiro lugar no Grupo B, já que por ter um saldo maior (3 gols, contra 2 dos mexicanos), o Uruguai joga pelo empate para ser primeiro da chave.

Além disso, o futebol chinfrim apresentado pelo time do Asterix não leva a crer que possam fazer o caminhão de gols necessário para a classificação em cima dos anfitriões.

Portanto, minha uruca já está funcionando: França a caminho de casa, menos uma preocupação para a torcida brasileira.

PAJEM DE BARBA

Seguindo na minha campanha anti-Maradona, remeto todos à leitura do blog de meu irmãozinho, Felipe Barbalho, já citado aqui anteriormente: http//doidoporcopa.atarde.com.br

Lá ele arruma um novo epíteto excelente para o baixote portenho: pajem de barba, que é a exata tradução de sua ridícula figura de terno dando seu showzinho histriônico à beira do campo.

UMA SELEÇÃO MEIO CAPENGA

Fechada a primeira rodada, dediquemo-nos a mais um exercício agradável a quem adora debater futebol, fazer uma seleção com o melhor do que vimos. No caso, uma seleção da rodada meio capenga, já que só posso escalar quem vi jogar e, como o trabalho ou as crianças não me permitiram assistir a tudo que eu pretendia, talvez a escolha seja um pouco restrita.

Vamos lá:

Goleiro: ENEYEAMA (é assim que escreve? Estou com preguiça de pesquisar na Rede... - Nigéria)
Lateral Direito: MAICON (Brasil)
Zagueiros: RAFA MARQUEZ (México) e CANNAVARO (Itália)
Lateral Esquerdo: LAHM (está jogando na direita, mas sabe jogar do outro lado também, como se viu em 2006 - Alemanha)
Volantes: SCHWEINSTEIGER (eu acho que é assim que escreve também - Alemanha) e o cara com o nome mais maneiro da Copa, TSHABALALA (África do Sul)
Meias: ÖZIL (Alemanha) e SNEIJDER (Holanda)
Atacantes: PODOLSKI (Alemanha) e MESSI (Argentina)
Técnico: JOACHIM LÖW (Alemanha)

Citando meu irmão no Doido por Copa: e vc, o que acha? Qual é a sua seleção da primeira rodada?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O PERFEITO IDIOTA LATINO-AMERICANO

Pena que ainda não aprendi a colocar fotos no blog, pois a figura ridícula de Maradona seria perfeita para ilustrar este post.

As declarações de hoje não são uma novidade na coleção de asneiras que o Rei da Baixaria profere desde sempre. Um exemplo acabado é sua reação aos jornalistas após a classificação da Argentina, na bacia das almas, para a Copa de 2010.

Agora sua bateria de cretinices se volta ao seu alvo preferencial, Pelé. Sua fixação no Rei do Futebol é psicologicamente patológica. Maradona quer o lugar de Pelé, mas não pode tê-lo, pois se como jogador ele não chegou perto (só em Copas o placar é 3 x 1 para o brasileiro), como homem ele está longe de ser exemplo para qualquer um.

Como bem disse Lédio Carmona durante a transmissão de África do Sul x Uruguai, até o museu para onde ele mandou Pelé de volta é um problema para seu ego hipertrofiado, pois a sala principal está reservada para o eterno 10 da Seleção Brasileira, enquanto que o argentino está, no máximo, na antessala do monumento ao futebol que é a carreira de Edison Arantes do Nascimento.

E tanto é assim porque Maradona se beneficiou de uma exposição televisiva inexistente na época de Pelé, porque senão a distância entre eles seria ainda maior.

Aliás, se não fosse a Copa de 1986, ou se o destino tivesse dado outras curvas em 1974 e em 1982, talvez o baixote argentino tivesse que dividir o pedestal onde o puseram com Zico e Cruyff, jogadores muito mais completos do que ele.

Pedestal, a propósito, não é nem o termo correto, porque os dois craques acima citados não precisam desta reafirmação para ter o reconhecimento unânime de fãs, colegas e torcida (excetuando a torcida arco-íris, no caso do Zico). A figura mais adequada para o que Maradona tem hoje é um altar, dedicado especialmente pelos argentinos, que veem nele a personalização de seu ideal rebelde, a tradução de uma tendência daquele povo a tentar caminhos alternativos, nem sempre os mais adequados.

Maradona, apesar de sem-noção, não é burro, e incorpora com gosto todas os estereótipos de pretensa rebeldia caros aos argentinos e aos latino-americanos em geral. Bate na FIFA, diz que é perseguido, afirma-se, enfim, como um herói da "causa", seja ela qual for.

Desempenhando seu papel, adula ditadores como Fidel e Chavez e defende o pretenso direito dos bolivianos a expor seus adversários a paradas respiratórias lá de cima do morro, para depois, como genuíno "malandro-agulha" que é, tomar de 6 em La Paz.

Arvora-se em paladino da moralidade, mas se esquece convenientemente que foi flagrado no antidoping durante a Copa de 1994 (ou cria uma conveniente e inverossímil teoria da conspiração para explicar o evento).

Isto sem contar que grande parte de sua idolatria, até mesmo aqui no Brasil, se baseia na concepção, também cretina, de que vale qualquer coisa para ganhar, "pois o que importa é sempre levar vantagem, certo"? Em 1986, no mesmo jogo em que fez o gol mais bonito das Copas (e aqui faço este registro para reconhecer que, dentro do campo, ele foi um dos melhores da história), o baixote marcou um tento com a mão, que até hoje é celebrado entre nós como o ápice da engenhosidade.

Chegamos até, num acesso incompreensível de maosquismo, a admirar sua "esperteza" ao oferecer água "batizada" para o Branco no Brasil x Argentina de 1990.

Cansei, aliás, há muito tempo já estava cansado de certos setores da Imprensa tratarem as imbecilidades de Maradona como meras excentricidades. Não são. Tratam-se de, com muita benevolência, pura e simples grosseria, quando não representam delírios de uma mente perturbada, desesperada por manter a atenção dos outros a qualquer custo.

Uma pena para a Argentina, que tem um bufão como técnico, o qual, muito provavelmente, porá a perder um grupo de jogadores de excelente nível. Já não torcia para a Argentina, justamente para não dar ao baixote portenho razão para continuar no seu exercício permanente de arrogância e egocentrismo.

Agora estou deliberadamente torcendo contra. Se puder, entrarei na corrente para ele tomar uma chinelada já amanhã.

Por falar nisso, poderíamos trocar a campanha que atualmente bomba no Twitter. Em vez de Cala a Boca, Galvão, qualquer brasileiro, agora, tem o dever cívico de passar adiante uma mensagem de bom senso: Cala a Boca, Maradona!

VUVUZELAZO

A comparação com a final de 1950 foi figura reiteradamente invocada pela crônica desportiva. Guardadas as devidas proporções, já que uma final de Copa nem se compara com a importância do jogo de hoje, o Uruguai foi novamente responsável por calar todo um estádio durante um Mundial.

A decepção do alegre povo sulafricano (é assim depois da maldita reforma ortográfica?) era evidente, até mesmo porque a partida com o México permitia que a torcida tivesse alguma esperança numa vitória contra o Uruguai.

Entretanto, assim como em 1950, a Celeste Olímpica se superou, soube explorar as fraquezas do adversário e conseguiu um resultado importantíssimo, que encaminha muito bem sua classificação.

Agora, para Carlos Alberto Parreira, além de superar um tabu pessoal (em seis Copas, nunca venceu com outra seleção que não fosse a Brasileira), terá que torcer para que a França seja tão incompetente quanto na primeira rodada e o México também não se aproveite disto.

TÍTULO DUPLO: Aos Meus Leitores Ocultos/A Viuvez de Parte da Crônica Esportiva

Por várias vezes já afirmei aqui neste blog que minha meta, por enquanto, é igualar os 18 leitores do Agamenon Mendes Pedreira, lenda viva do jornalismo brasileiro.

Pelo que tenho tido de retorno, estou um pouco além do meu companheiro fiel de jornada, o Beto, que, no entanto, tem estado um pouco calado nos últimos tempos.

Entretanto, recebi uma resposta e uma colaboração muito legal do meu amigo Rodrigo Zambão, que lançou no Facebook a referência a um post feito no blog do André Rizek, o Carta Bomba, perguntando qual minha posição com relação à opinião do jornalista do Sportv, que pode ser resumida no título: "Não somos o Cirque de Soleil" (http://colunas.sportv.globo.com/andrerizek/2010/06/15/nao-somos-o-circo-de-soleil/)

Afirma Rizek que só ficou decepcionado com a Seleção quem esperava algo que o time de Dunga nunca mostrou nos últimos quatro anos. O time brasileiro jamais se caracterizou pela fantasia, por um meio-campo criativo ou pela facilidade em enfrentar retrancas como aquela armada pela Coreia do Norte.

Neste ponto, estou de pleno acordo com o cronista em questão. Só fica surpreso quem passou a acompanhar a Seleção agora na Copa, ou quem, por teimosia ou má-fé, continua insistindo na viuvez eterna de um futebol que não existe mais.

Não estou dizendo que a Seleção jogou bem ou que fiquei satisfeito com o desempenho ou o resultado da partida de segunda-feira. Efetivamente, jogamos muito abaixo do que este próprio time pode fazer. Entretanto, as pessoas que só começam a ver futebol durante a Copa acabam decepcionadas, ao ver que o Brasil por vezes (e cada vez mais frequentemente) adere acriticamente a um modo de jogar que está minando a força do esporte mais popular do Mundo.

Mas isto é para outro post.

O que interessa aqui é aproveitar a deixa do Zambão e convocar meus abnegados leitores (abnegados sim, pois enquanto meu irmãozinho não me der um reforço nas aulas de administração de blog, só haverá texto neste espaço...) a participar mais ativamente. Cornetem a Seleção, o Dunga, a FIFA, este blogueiro: enfim, botem a boca no trombone. Toda a colaboração será bem vinda e devidamente publicada (desde que, obviamente, sua veiculação não acarrete questões jurídicas para este blogueiro, já que não consigo despir-me da "deformação" profissional tida nos bancos da faculdade). E aí está justificado o primeiro título acima.

Para justificar o segundo, voltemos à questão da viuvez, já antecipada no meu post anterior (A Amarelada de Sempre). A crônica do jogo da Espanha na Globo.com foi sintomática de um sentimento que parte da crônica esportiva brasileira não consegue abandonar: o fascínio por um estilo de jogo que é visualmente muito bonito, mas que comprovadamente não ganha nada.

Minha impressão só ficou mais forte após ver os melhores momentos de Espanha x Suíça. É uma sucessão de lances de efeito, em que a "Fúria" (até mostrar que merece a alcunha, a seleção espanhola terá seu apelido sempre ironicamente grafado com aspas neste blog) não conseguiu marcar o gol. A tentativa de David Villa em encobrir o goleiro é a síntese de tal postura: muita beleza, muita firula, pouca efetividade.

Parte da crônica esportiva brasileira não consegue se desprender de um dilema que Armando Nogueira punha aos seus entrevistados no seu programa no Sportv. Ele sempre perguntava qual a preferência do interlocutor: "Passe, drible ou gol?"

O gênio da crônica esportiva, recentemente falecido, buscava, com isto, revelar um traço da personalidade do entrevistado, sempre manifestando sua preferência pessoal pelo drible, já que Armando sempre fora um cultor da estética, do belo no esporte. Entretanto, justamente por ser um gênio, Armando Nogueira nunca desprezou as conquistas épicas, mesmo aquelas alcançadas com mais transpiração do que inspiração; sempre conseguiu descobrir a beleza também no passe e no gol.

Ainda há gente no país que é saudosa do drible pelo drible; da época em que bastava a beleza do nosso futebol para superar as defesas adversárias. Aprendemos, a duras penas, durante mais de duas décadas (e eu cresci e me formei apreciador do esporte durante este período), que para continuar a vencer precisamos mais do que isto. O drible só não basta, mas também não podemos deixá-lo de lado.

Temos, sim, que aliar o drible ao passe e ao gol. Em 1994, o drible e o gol ficaram a cargo de Bebeto e Ronaldo; em 2002, o time como um todo sintetizou estes três fundamentos (e nesta equipe tínhamos a personalização do gol, no Ronaldo, e do drible, em Ronaldinho Gaúcho).

O futebol mudou, mas continuamos a amá-lo. Também continuamos a querer vencer, sempre. Já o citei antes, e volto a fazê-lo: Renato Maurício Prado diz que brasileiro não gosta de esporte; gosta de vencer. O futebol talvez não seja exatamente assim. Sofremos durante 24 anos, às vezes com times medíocres (as Seleções de 74, 78 e 90 são exemplos perfeitos disto), mas não abandonamos a paixão pelo "nobre e velho esporte bretão".

A indignação da torcida e da crônica diante do jogo de segunda tem fundamento, justamente porque, no futebol, não admitimos ser medíocres. Temos que ganhar e jogar bem.

Mas a torcida não compra mais o discurso de que temos que ser o Cirque de Soleil, até porque, muitas vezes, neste cenário, o que o resto do mundo quer é o Brasil no papel de palhaço.

"Joga bonito"... se for possível. Primeiro, eu quero ganhar.

A AMARELADA DE SEMPRE

Não vi os jogos desta manhã, mas o resultado do Chile já era esperado. Só assisti a alguns lances, enquanto me arrumava para ir ao trabalho, tendo ficado bem impressionado com a disposição ofensiva dos chilenos, que buscavam agredir Honduras o tempo todo. A resenha da Globo.com dá conta que os hermanos andinos jogaram bem.

Já a segunda partida... uma surpresa não tão surpreendente assim. A surpresa é que a Espanha resolveu amarelar mais cedo este ano. O tom de desalento da reportagem da Globo.com deixa claro como nossa Imprensa gosta de um "joga bonito", ainda que seja ineficiente, mas isto será objeto de um post separado.

Outra parte da zebra que não é tão inesperada assim é a capacidade defensiva da Suíça. Já tinha alertado para isto no palpitão referente ao Grupo H, dando conta dos recentes bons resultados que o time helvético vinha colecionando, normalmente baseado na capacidade de evitar o gol do adversário.

O bom para a "Fúria" (e agora as aspas voltam a ser mais merecidas do que nunca) é que, eventualmente, a amarelada inicial pode ligar o alarme para que o problema não se repita mais adiante, na fase de mata-mata.

De todo modo, um vaticínio para "secar" este que seria um adversário perigosíssimo: ninguém que tenha perdido o jogo de estreia jamais foi campeão mundial...

terça-feira, 15 de junho de 2010

RESENHÃO DO BARBALHO

Para instalar o debate, vou inaugurar o que espero ser um hábito no blog. Notas para os atletas:

JÚLIO CÉSAR: teria saído com a camisa seca, não fosse o mole da zaga no último minuto do jogo. Não teve culpa no gol - SEM NOTA

MAICON: começou mal, embora não tivesse ninguém para jogar com ele no primeiro tempo. Na segunda etapa, fez um golaço porque tem um preparo físico que quase ninguém tem na Copa. Cansei de ver bolas esticadas assim acabarem na linha de fundo. - 7,0

LÚCIO: seguro e tentou, por duas vezes, sua habitual subida ao ataque. - 6,5

JUAN: também absoluto na zaga, embora não tenha tido muito trabalho. - 6,5

MICHEL BASTOS: buscou o jogo, chutou algumas vezes e fez uma linda jogada no segundo tempo. - 6,0

GILBERTO SILVA: para mim, é até hoje um mistério ele estar na seleção. Não arma, mas também é superado com frequência pelos atacantes ou meias adversários. É ele que não acompanha o meia coreano que fez o gol. - 3,0

FELIPE MELO: atabalhoado por muitas vezes, foi autor da virada de jogo que resultou no primeiro gol. Já está marcado pela torcida, mas prefiro ele ao Gilberto Silva. - 6,0

RAMIRES: entrou no final, no lugar de Felipe Melo, e só foi notado quando tomou o cartão amarelo que todos temiam ser destinado ao titular. - 4,5

ELANO: outro marcado pela torcida e pela crônica, mas é um jogador utilíssimo para o time. Fez um gol e deu passe para outro. - 7,0

DANIEL ALVES: procurou fazer a dupla que se espera com Maicon, mas não deu o dinamismo que todos esperavam do setor. - 5,5

KAKÁ: pouco inspirado, totalmente apático no primeiro tempo. Melhorou um pouco no segundo, mas ainda é insuficiente para levar a Seleção a ter voos mais altos. - 5,0

NILMAR: entrou muito bem, buscou as jogadas e deu um belo chute na entrada da área. Está se tornando uma ótima opção para o caso de Kaká não engrenar. - 6,5

ROBINHO: apesar da FIFA ter escolhido Maicon como melhor em campo, para mim o atacante foi o destaque da primeira partida. Procurou o jogo, tentou as jogadas, vinha buscar a bola, chutou a gol. Se o Brasil for longe neste Mundial, Robinho terá grande participação na campanha. Se formos campeões, periga ser ele o craque da Copa. - 7,5

LUIS FABIANO: muito preso, tentando buscar o gol de forma meio desesperada, o que o deixou à beira de tomar um cartão amarelo. - 4,0

DUNGA: o time não sabe fugir da retranca e tem dificuldades na saída de bola. Mas os gols saíram de jogadas trabalhadas, em cuja concepção se vê claramente o dedo do técnico. Saiu do raciocínio da "casinha", colocando Nilmar no lugar de Kaká e recuando o Robinho. - 6,0

E aí, quais são as notas de cada um?

NORMAL E PREOCUPANTE

O Brasil penou para superar a retranca coreana. Normal. A Seleção demorou a engrenar, ficando presa na marcação, sem que os jogadores se deslocassem para dar opção de ataque. Normal. O meio-campo peca na saída de bola, lenta e sem muita criatividade. Normal.

Tudo muito normal não só para a Seleção do Dunga, mas para todos os últimos times, com Parreira, com Scolari, com Luxemburgo, com Zagallo.

O problema é que fazer o normal desta vez pode não ser suficiente. Temos dois jogos que se apresentam dificílimos e nos quais a equipe deverá demonstrar o potencial de superação que testemunhamos em alguns momentos da trajetória de Dunga à frente da Seleção.

O discurso, já normal nestas ocasiões, é de que o Brasil tem dificuldade para vencer sistemas muito fechados na defesa. Mas a pergunta que toda a crônica esportiva faz é: quem joga aberto contra a Seleção?

Certamente não serão Portugal e Costa do Marfim, que hoje mostraram um poder de marcação que chega a ser irritante, na medida em que renunciaram ao ataque na partida das 11 horas.

E aí, Carlos Roberto Lino, comentarista do Sportv, destacou com propriedade que a tabela da próxima rodada é ruim para o Brasil, já que jogamos com os marfineses antes de Portugal x Coreia do Norte. Portanto, os patrícios já vão jogar sabendo de quanto precisam para eventualmente assumir a liderança e jogar por um empate na última rodada.

Já os Elefantes, como são conhecidos os africanos de nosso grupo, podem jogar por um empate conosco, para tentar fazer saldo na última rodada.

De tudo isto, conclui-se: no domingo, ganhar será necessário, e jogar muito mais será imprescindível.

O BRASIL COM RESPONSABILIDADE DOBRADA

Não bastasse carregar o peso de aproximadamente 190 milhões de torcedores, a Seleção Brasileira está para assumir a responsabilidade de redimir o futebol como um todo, salvar uma Copa que, até agora, é uma absoluta decepção.

Meu último post foi sobre o alento que representou a atuação da Alemanha, até então a única apresentação de qualidade no Mundial.

Pois bem, desde o jogo entre os tricampeões e a Austrália, o nível caiu vertiginosamente, de novo. Acabei de ver Portugal x Costa do Marfim e, tirando o chute na trave do Cristiano Ronaldo, a partida foi de uma pobreza técnica de dar dó.

Logo após, assisti ao Troca de Passes, no Sportv, em que o André Loffredo registrou que, salvo a ocorrência de 9 tentos nos próximos três jogos, esta será a primeira rodada de menor média de gols de toda a história das Copas. Como são raríssimos os times que conseguem fazer mais de um gol, caberá ao Brasil e à Espanha compensar a incompetência dos demais...

domingo, 13 de junho de 2010

UMA LUZ EM MEIO AS TREVAS

Já estava quase desistindo. Acordei e fui cuidar do meu filho mais novo, sabendo que não valia trocar algumas horas de Backyardigans por 90 minutos de pelada entre Argélia e Eslovênia.

Acertei. O pouco que vi deu dor nos olhos. Depois que minha esposa acordou e "assumiu as carrapetas" com os demoninhos da Tasmânia aqui de casa, parei e vi o final da partida, o que foi suficiente para testemunhar o novo frangaço que ilustrou o terceiro dia de competição.

Pensando bem, dada a ruindade dos times, só assim mesmo para sair algum gol. Mais bizarra ainda foi a dancinha dos eslovenos para comemorar o gol que eles acharam.

Tinha um pouco mais de esperança com Gana e Sérvia, mas foi outro jogo ruim demais. 1x0 foi bom só para confirmar minhas previsões de que Gana deverá ficar com a segunda vaga do grupo.

Porque, do meio para o fim da tarde eu consegui assistir à primeira partida decente desta Copa. A Alemanha passou o carro na Austrália, que não é de todo boba, mas faz uma defesa em linha que convidou os tricampeões mundiais a deitar e rolar no toque de bola eficiente que mostraram hoje.

Ver o time tedesco jogar é uma experiência interessante. Todo mundo diz que eles são quadradões, travados, ou, como diz o Galvão Bueno, jogam algo parecido com futebol. Para mim, pessoalmente, não é assim. Acompanho futebol desde o golaço de Nunes na final contra o Atlético-MG em 1980 e pude ver uma linhagem de excelentes atletas elegantemente vestidos e jogando de preto e branco: Fischer, Rummenigge, Littbarski, Brehme, Matthäus, Hassler, Klinsmann e Völler são alguns dos muitos alemães que encheram meus olhos em diversas Copas do Mundo.

Mas voltando à experiência de assisti-los, vê-se claramente que os alemães não passam o pé em cima da bola e não encantam com dribles e fintas variadas, mas dominam como poucos os diversos fundamentos do futebol. Deve ser exatamente por conta da sua conhecida dedicação e disciplina. Qualquer seleção alemã tem postura tática definida e roda a bola com precisão, até conseguir a brecha para fazer o gol.

Hoje foi exatamente assim, com um componente a mais: Özil aparece como candidato a um dos craques da Copa. Já era muito bem falado pelo último campeonato nacional que fez, e hoje confirma as expectativas de quem acompanha mais de perto o futebol germânico. Tem o toque de classe e a inventividade que não é comum àquela seleção.

Nas últimas duas copas, eles bateram na trave. Será que agora vai? Tomara que não...

PARA ENTRAR NO CLIMA

Navegando pelo YouTube, descobri este teaser para a Copa 2014. As imagens inesquecíveis e a trilha soberba servem para quem ainda não entrou no clima do que pode vir a acontecer nestes próximos 28 dias.

http://www.youtube.com/watch?v=w18I5tGtumc&feature=related

sábado, 12 de junho de 2010

AINDA MAIS LONGE DA TV

Se no primeiro dia foi difícil parar para ver os dois jogos ao longo de uma sexta-feira, este sábado que está próximo de se encerrar foi ainda mais complicado de assistir a qualquer coisa.

Fim de semana é tempo de dar atenção às crianças. Hoje, então, com uma festa junina no começo da tarde e a festa de 40 anos de meu amigo Paolo Henrique, foi impossível ver um jogo inteiro. Acordei já tarde (afinal, tive que antecipar a comemoração do Dia dos Namorados para sexta-feira, já que hoje estava sem babá e os vovôs ainda namoram as vovós), e dei uma olhada ou outra na partida entre Coreia do Sul e Grécia. Dentre as olhadas rápidas na megapelada que desde antes da Copa era um jogo "dispensável", consegui ter a sorte de ver a pixotada da zaga grega no segundo gol dos "Diabos Vermelhos".

Hoje à noite consegui ver o primeiro gol: ridículo. Oito gregos na área e o coreano faz o gol sozinho. A Grécia só joga na retranca e a zaga é horrível. Virou candidata à baba da Copa. Já a Coreia virou a "sensação" dos comentaristas da TV ao longo do dia de hoje.

Menos. Estou com o Renato Maurício Prado: todo mundo está esquecendo que a correria da Coreia do Sul funcionou com a debilidade absoluta da Grécia. Quero ver pegar seleções de verdade como Argentina e Nigéria, que continuam favoritas para passar para a segunda fase.

Às 11:00, consegui parar para ver o primeiro tempo de Argentina x Nigéria. O poderio individual dos hermanos assusta, mas o time é mal armado e a defesa é horrorosa. Os bicampeões mundiais podem ir longe na Copa? Podem. Foram campeões com um time pior do que este. No papel, como eu e toda a torcida do Flamengo já dissemos, é o melhor elenco do meio para frente. Mas o Maradona no banco só serve para gerar boas cenas quando a bola não está em jogo. Um show de histrionismo na beira do campo.

A Nigéria parece um time razoável. A grande colônia nigeriana na África do Sul pode ser um fator que dê um gás para a equipe. Deve passar em segundo, como previ no meu palpitão.

Por fim, Inglaterra x EUA. Deste jogo, não vi nada, só os gols após encerrada a partida. Obviamente, o destaque vai para o frangaço do goleiro Green, que já inscreveu seu nome na história dos Mundiais. Nas diversas listas de 10 mais, sua "obra" disputará cabeça a cabeça com o frango de Zubizarreta na Copa de 1998.

COMEÇO ATRIBULADO

E então, começou a Copa. E eu, que pedi férias exatamente entre 11/06 e 10/07, para tentar ver o máximo de jogos, acabei me enrolando todo. Consegui ver o primeiro jogo, mas não assisti à cerimônia de abertura, pois estava voltando de minha sessão semanal de terapia para me deixar mais calminho, e perdi os 10 primeiros minutos do segundo tempo do embate as Vuvuzelas e os Mariachis, ou melhor, África do Sul e México.

Pois bem, a cerimônia de abertura, embora a Imprensa tenha comentado de sua beleza, é aquele negócio de Copa do Mundo: uma enrolaçãozinha básica para dizer que é uma celebração mundial, enquanto o que todo mundo espera mesmo é a bola rolando.

Cerimônia de Abertura, assim, com letras maiúsculas, é só em Jogos Olímpicos. Lá há um dia só para isto, um ritual em tudo condizente com as origens religiosas que inspiram as Olimpíadas.

Futebol é algo diferente. Ainda que o testemunho de quem já foi a uma Copa in loco dê conta de um clima de amizade entre as torcidas e comunhão entre os indivíduos dos diversos países, não há na competição a mística da superação do Homem como espécie; a herança milenar inspirada pelos gregos.

Copa é disputa pura, equipes jogando por seus países e, nesta constatação, vai desde o prazer de despreocupadamente medir forças com outras seleções do mundo, típica daqueles países que vêm pela primeira vez ou são frequentadores bissextos do Mundial; passa pela magia de a cada quatro anos tentar superar a própria história nacional no maior palco do futebol mundial, e neste grupo parecem estar os europeus do norte como Holanda, Suécia e Dinamarca, que já chegaram longe em algumas Copas, nunca venceram, mas também não dão muita bola para a falta de títulos; e chega ao paroxismo dos latinos, especialmente Brasil, Argentina e Itália, que verdadeiramente parecem jogar a honra nacional em cada edição da Copa.

Tudo isto para dizer que não fez muita falta não ter assistido à tal cerimônia de abertura. Os 10 minutos iniciais do segundo tempo tiveram sua perda largamente compensada pela alegria de poder esperar o ônibus da escola com a minha filha, coisa que raramente o trabalho me deixa fazer.

Quanto à partida propriamente dita, realmente a alegria dos sulafricanos (com reforma ortográfica é assim ou ainda tem hífen?) acabou me contagiando e me peguei torcendo pelo time de amarelo, que, depois de superar o nervosismo dos primeiros 30 minutos de jogo, acabou fazendo um bom papel e um lindo gol na segunda etapa. Um pecado o gol de empate, uma frustração para os milhares de espectadores presentes ao belíssimo Soccer City.

Encerrada a partida, a impressão que fica é que os anfitriões tem chances concretas de classificação, mas precisam superar os nervos, enquanto que o México, naquele momento, pareceria confirmar minha previsão de um time menos expressivo do que na última Copa, só se salvando o irado uniforme preto e o arisco Giovanni dos Santos, atacante de pai brasileiro que já nos tinha destruído numa final de Mundial Sub-17.

Pois bem, depois deste jogo, fui para o trabalho, com uma reunião no começo da tarde e uma porção de tarefas em atraso para recolher, por numa mala e trazer para casa, na esperança de conseguir resolvê-las entre um jogo e outro ao longo deste mês. Neste meio-tempo, parei para ver Uruguai x França na televisão da minha associação profissional. Uma pelada medonha. A única graça foi ficar "zoando", com outros dez caras, o meu amigo André, botafoguense praticante que criticava a todo momento a ausência de "El Loco" Abreu no time titular da Celeste Olímpica.

No resumo do primeiro dia, Astecas e Africanos na liderança pelo critério de gols marcados, com reais esperanças de se classificarem, diante da indigência do futebol dos dois campeões mundiais do grupo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

FUTEBOL E IDENTIDADE NACIONAL: O EXEMPLO DOS HERMANOS

Já estava indo dormir quando resolvi dar uma navegada e olhei no blog do Marcelo Barreto (É Muito Pênalti) dois posts sobre os spots da Copa nas diversas TV's ao redor do mundo.

Vendo o spot da Tyc Sports, da Argentina, lembrei de post no blog de meu irmãozinho, Felipe Barbalho (Doido por Copa), em que ele, criticando os comerciais da Brahma e do Rexona, faz uma chamada para outro filmete argentino, agora da Cerveja Quilmes.

Em ambos os spots se vê claramente a identificação do futebol e da seleção com um sentimento nacional, como algo realmente caro a cada um dos argentinos; a tradução de um traço inexplicável que torna o jogo maior do que ele mesmo, uma vitória algo que transcende o mérito individual dos atletas e se transforma num triunfo coletivo, pois a torcida joga junto com o time.

Toda minha conversa sobre patriotismo e esporte é muito melhor explicada nos dois spots. Pena que nossos publicitários não souberam aproveitar este gancho nas campanhas brasileiras. Talvez o único que tenha chegado perto seja o spot do Sportv, que pergunta repetidamente onde você estava em momentos marcantes da história do Brasil nas Copas.

Recomendo a vista dos três. Os dois argentinos no YouTube. O da Sportv na própria programação.

RESUMÃO DO PALPITÃO

Resumindo a longa série, na ordem de classificação dentro de cada grupo:

GRUPO A: África do Sul e Uruguai
GRUPO B: Argentina e Nigéria
GRUPO C: Inglaterra e EUA
GRUPO D: Alemanha e Gana
GRUPO E: Holanda e Camarões
GRUPO F: Itália e Paraguai
GRUPO G: Brasil e Costa do Marfim
GRUPO H: Espanha e Chile

Portanto, segurem o fôlego para os eventuais confrontos de Oitavas:
ÁFRICA DO SUL x NIGÉRIA
INGLATERRA x GANA
ALEMANHA x EUA
ARGENTINA x URUGUAI
HOLANDA x PARAGUAI
BRASIL x CHILE
ITÁLIA x CAMARÕES
ESPANHA x COSTA DO MARFIM

PALPITES PARA A COPA - Parte VIII: Vai Ter que Torcer Muito

Este ano, estamos no grupo mais difícil que o Brasil já jogou em copas, talvez desde 1970, quando enfrentamos a então campeã, Inglaterra, e as boas forças do leste europeu, Tchecoslováquia e Romênia.

Tirando a Coreia do Norte e sua plêiade de nomes iguais e jogadores inexpressivos, Portugal e Costa do Marfim são dois adversários perigosíssimos e com destaques individuais absolutamente estelares: Cristiano Ronaldo e Drogba.

Não nos enganemos com os 6x2 do amistoso em Brasília: Portugal não deixará isto se repetir no Mundial. Aliás, seria bom que já chegássemos a este jogo com a classificação garantida, ou a pressão pode ficar insuportável. O time lusitano fez uma renovação razoável, embora seu técnico não consiga engrenar como fez Scolari quando estava à frente dos patrícios. Sem Nani, a equipe perde um bocado de sua força, mas Simão, Deco e o astro do Real Madri constroem uma linha de frente realmente ameaçadora.

Assim como Portugal não é só Cristiano Ronaldo, a Costa do Marfim também vai além de Drogba. Eboue, Yaya Toure e Kalou são coadjuvantes de primeiro nível para o craque do Chelsea.

O Brasil parece estar numa encruzilhada. Se vencer bem a Costa do Marfim, pode pegar embalo e fazer uma grande Copa, especialmente se Robinho confirmar a ascensão que ele vem demonstrando nos últimos jogos pela Seleção e nos treinos preparatórios para a competição.

No entanto, um resultado ruim contra os africanos pode botar tudo a perder, deixando o time na dependência de um resultado contra Portugal e uma pressão enorme para alterar um time que, aparentemente, não revela muitas alternativas no seu modo de jogar.

Em que pesem tais temores, minha veia de torcedor inveterado não consegue acreditar em outra coisa que não seja o Dunga acertando o time para repetir as campanhas vitoriosas da Copa América e da Copa das Confederações, ganhando as três partidas, ainda que com dificuldade, e passando às oitavas-de-final para se afirmar definitivamente contra o Chile ou a Suíça.

No segundo lugar, a dúvida é cruel, ainda mais depois da contusão de Drogba, mas ainda acredito mais nos marfineses, já que os times parecem se equivaler, mas Carlos Queiroz não transmite qualquer segurança no seu comando. Brasil em primeiro, Costa do Marfim em segundo.

PALPITES PARA A COPA - Parte VII: O Perigo Mora ao Lado

Vamos saltar um grupo e passar diretamente ao H, para poder depois terminar com a chave do Brasil.

No último grupo da primeira fase, a Espanha é favorita absoluta. Somente uma zebraça pode tirar-lhe a vaga de primeira colocada. Chile e Suíça disputam para ver quem passa em segundo. Honduras, embora tenha todo o jeitão de saco de pancadas da chave, pode repetir 1982 e aprontar algumas surpresas.

A Fúria tem tudo para ser a melhor campanha da primeira fase e, mais adiante na competição, finalmente justificar seu apelido. Um goleiro de primeira linha, Casillas; uma defesa experiente, embora pouco segura; um ataque de respeito, com Villa e Torres e, especialmente, um meio-campo espetacular. Poucas seleções, talvez só a Argentina, podem se dar ao luxo de contar com Xavi, Fabregas e Iniesta no mesmo time.

Na disputa pela segunda vaga, o Chile leva vantagem no banco. Marcelo Bielsa conseguiu dar consistência à equipe, que tem no jogo coletivo e na organização tática seus pontos fortes. Já a Suíça é um time que não encanta, mas tem sempre desempenhado um papel digno nas competições internacionais.

Por fim, a seleção hondurenha tem o elenco mais fraco, mas Palacios na defesa, Leon no meio-campo e David Suazo na frente podem eventualmente surpreender chilenos e suícos, tornando-se o fiel da balança nesta disputa entre os dois, ou, quem sabe, até mesmo surpreendê-los.

Entretanto, não parece provável tal cenário. Rezo pela Espanha, para que consiga passar sem sustos em primeiro lugar, achando que a segunda vaga fica com o Chile, embora preferisse que o Brasil encarasse a Suíça nas oitavas. Neste caso, o perigo maior vem justamente dos chilenos, que nos conhecem bem e sempre podem querer reeditar o chocolate de 1987, quando nos eliminaram da Copa América com um sonoro 4x0.

PALPITES PARA A COPA - Parte VI: Tudo, Nada ou Mais ou Menos

No Grupo F, o enigma de sempre: a Itália. No papel, pelo retrospecto, pelo atual status de campeã mundial, é a favorita absoluta da chave, ainda mais pela limitação dos demais integrantes do grupo.

O Paraguai desta Copa parece mais consistente do que suas "versões" anteriores, mas não parece suficiente para ir além das oitavas. A Eslováquia é outra incógnita. Classificou-se em primeiro numa chave em que superou seus "irmãos" tchecos, cuja tradição é consideravelmente maior, mas só conta com jogadores de times de segunda linha da Europa. A Nova Zelândia, bem, os All Whites já deram uma prévia do que não podem fazer na última Copa das Confederações. Junto com a Coreia do Norte, os neozelandeses são candidatíssimos à "Megababa" da Copa.

Portanto, o perfil seria o mesmo de outros grupos: um favorito destacado, uma carta fora do barbalho e dois times brigando pela segunda vaga.

O problema é que a Itália, como em outras edições do Mundial, é exatamente o que título afirma: pode vir com tudo, pode não conseguir nada, ou ainda pode ir aos trancos e barrancos, bem mais ou menos, para depois parar nas oitavas ou, numa reviravolta completa, conquistar mais um título.

E tanto se diz porque, embora sustentada pela sua tradição, a Squadra Azzurra apresenta seus destaques de 2006 já muito envelhecidos (Buffon, Cannavaro, Grosso, Zambrotta e Camoranesi), acompanhados, por sua vez, por jogadores de qualidade duvidosa para o padrão italiano de qualidade futebolística, especialmente no ataque: Borriello, Iaquinta e Gilardino estão abaixo do nível do folclórico Schillacci, que com todas as suas limitações chegou a ser artilheiro em 1990.

O Paraguai, ao contrário de sua última equipe de mais expressão, aquela que só foi eliminada na morte súbita pela França em 1998, tem um time mais equilibrado neste ano. A equipe de Arce, Gamarra, Chilavert e Rivarola se destacava pela sólida defesa. Este ano, Villar, Caniza, Victor Caceres montam uma boa espinha dorsal para sustentar um ataque interessante, com Roque Santa Cruz e Cardozo. Como disse acima, não é nada de excepcional, mas a boa campanha na eliminatória sulamericana a credencia pelo menos a almejar concretamente a passagem para as oitavas de final.

A Eslováquia poderia ser uma supresa jogando previsivelmente, ou seja, fechadinha lá atrás e esperando a oportunidade para se aproveitar de um erro do adversário, ganhando o jogo de 1x0 e eventualmente passando à outra fase.

Sinceramente, acho pouco. Portanto, o palpite deve ser a Itália em primeiro, por absoluta falta de concorrência, mas jogando mal; e Paraguai em segundo, eventualmente sofrendo para decidir a vaga com a Eslováquia.

terça-feira, 8 de junho de 2010

PALPITES PARA A COPA - Parte V: Samurais Soterrados

No Grupo E, duas certezas: a Holanda "passará o carro", sendo a franca favorita para vencer as três partidas; e o Japão é candidatíssimo a perder as três.

Os samurais da bola parecem não ter muita chance num grupo como este, já que seu futebol, suficiente para manter a hegemonia na Ásia, acompanhou a estagnação que acomete o continente como um todo, apesar da recente Copa lá realizada em 2002.

Resolvido o lanterna, a liderança parece ser laranja. O time da Holanda encantou a todos na primeira fase da Eurocopa de 2008, sendo surpreendentemente eliminada pela Rússia na fase do mata-mata. De lá para cá, no entanto, vem acumulando excelentes resultados e apresentando o futebol alegre de sempre. Além disso, tem grandes valores individuais. Na defesa, há Van Bronckhorst, com a experiência acumulada de várias temporadas no Barcelona (hoje está de volta ao país natal, jogando pelo Feyenoord); no meio, uma dupla que fez a final da última Liga dos Campeões: Van Bommel, capitão do Bayern de Munique, e Sneijder, que comeu a bola neste último semestre pela Inter de Milão. No ataque, Van Persie e Robben, que depois do dia da bruxa da última semana, passou a ser dúvida para a Copa, mas se confirmar sua presença, também forma um ataque aterrorizante para os adversários.

Na briga pela segunda vaga, temos os Dinamarqueses e os Camaroneses. O time europeu sempre é considerado pela belíssima - mas fugaz - lembrança da Dinamáquina de 1986, o que poderia ser algo longínquo demais para dar-lhe algum cacife numa disputa que ocorrerá 24 anos depois.

Entretanto, deve-se lembrar que neste período os nórdicos conquistaram uma Eurocopa em 1992, com uma geração já diferente daquela do Mundial do México, além de terem beliscado a classificação para as quartas-de-final da Copa da França, em 1998, quando massacraram a sensação nigeriana nas oitavas e fizeram jogo duro com o Brasil, quase complicando nossa passagem para a semifinal, com um 3x2 de matar a torcida do coração.

Já é um retrospecto a ser respeitado, embora o maior destque individual do time não recomende muito bem: Nicklas Bendtner é o "bonde" que veste a camisa 52 do Arsenal. Centroavante trombador, sem uma aparente intimidade com a esférica, é pouco para uma seleção que já encantou o mundo com os irmãos Laudrup, Elkjaer e o incrível goleiro Schmeichel.

Do outro lado do "ringue" pela segunda colocação estão os Leões Indomáveis, que hoje vivem basicamente de Samuel Eto'o. Excelente atacante, tricampeão europeu, mas que anda um bocado "azedo", pelo que se vê das últimas declarações à imprensa. Seria estrelismo do jogador africano com maiores chances de se destacar individualmente na Copa? Ou seria stress decorrente da pressão de levar Camarões adiante no Mundial?

De todo modo, da comparação entre os atacantes, vê-se que os camaroneses tem uma vantagem considerável. Além disso, o fator campo também conta. Assim como apontei no Grupo B, apesar da Copa ser na África do Sul, a torcida deve "adotar" as demais equipes do continente.

As apostas de "Pai Barbalho" neste grupo, então, são Holanda e Camarões.

PALPITES PARA A COPA - Parte IV: Outro Grupo Encardido

Aqui, a exemplo do Grupo A, a "morte" também ronda esta chave. À parte a Alemanha, que deve garantir uma das vagas, os outros três times estão num patamar muito próximo um do outro.

Austrália, Sérvia e Gana devem protagonizar algumas das disputas mais interessantes da primeira fase do Mundial, devendo até mesmo os tedescos colocarem as barbas loiras de molho, pois se derem mole, podem até mesmo ficar ameaçados.

Vejamos: para mim, apesar da advertência acima, os alemães são francos favoritos para o primeiro lugar do grupo. Não bastasse a tradição e o peso da camisa (Gary Lineker, artilheiro inglês da Copa de 1986 já definia: "futebol é um jogo em que 22 jogadores disputam uma bola e, no final, a Alemanha vence"), os tricampeões mundiais vêm de duas Copas em que bateram na trave (vice em 2002, terceiro lugar em 2006), com um time já rodado por estas duas experiências.

Com a contusão de Ballack, o destaque absoluto vai para Schweinsteiger, que se mostrava um excelente meia ofensivo, mas, pelo que dizem as últimas resenhas, está jogando mais recuado, mantendo uma tradição iniciada com Beckenbauer e confirmada por Matthäus.

Além do jogador do Bayern de Munique, o time ainda tem outros destaques com experiência em Mundiais anteriores, como o ótimo lateral Lahm, o meia Hitzlperger e a dupla polaco-alemã de ataque: Podolski e Klose. Atualmente, ambos não apresentam a melhor fase, mas se resolverem recuperar a boa forma durante a Copa, a Alemanha ganha uma das melhores linhas de frente de todas as 32 seleções.

Além disto, ainda há a revelação Özil, que vem de uma boa temporada, assim como a curiosidade oriunda do Brasil, Cacau, que vem ganhando lugar no time titular nos amistosos de preparação pré-copa.

A Austrália parece ser o time mais fraco do grupo, mas é uma equipe enjoada de enfrentar e que surpreendeu a todos ao eliminar a Croácia na Copa de 2006 e cair para Itália nas oitavas com um gol de pênalti.

Aliás, é a Copa de 2006 que parece ser o maior trunfo dos Socceroos: a crença de que podem repetir o feito do último Mundial se instala facilmente numa equipe que tem vários veteranos daquela competição. Destaque para Tim Cahill e Harry Kewell, que conseguiram uma carreira relativamente estável em times do terceiro escalão da Europa.

A Sérvia, agora sem Montenegro, é a herdeira da tradição da Iugoslávia, outrora chamada de "Brasil dos Bálcãs", pelo futebol técnico e ofensivo. Se recuperarem o padrão de jogo de sua matriz futebolística, saltam um degrau acima dos demais concorrentes do grupo, tornando-se favoritos para a segunda vaga do grupo. Entretanto, o retrospecto da Copa de 2006 lhes é desfavorável. Destaque individual para o volante Stankovic, da Inter de Milão.

Por fim, o representante do continente anfitrião no grupo: Gana. Apontada pelos analistas mais experientes como o time africano com maiores chances, os Estrelas Negras buscam confirmar a enorme tradição que acumularam nas divisões de base, onde são os atuais campeões mundiais sub-20, batendo o Brasil na disputa de pênaltis da final.

Padecem com a contusão de seu melhor jogador, o meia do Chelsea, Micheal Essien, mas têm um bom conjunto e uma cultura tática ausente nos demais times do continente.

Como disse acima, cravo a Alemanha em primeiro lugar. A segunda vaga vai depender muito de como os outros três times se saírem no confronto com o Nationalelf, podendo um empate ou uma derrota por poucos gols ser uma vantagem capital ao final das três rodadas. Entretanto, para sair do muro, não acredito em nova surpresa da Austrália, ficando a vaga entre Sérvia e Gana, que decidiriam tudo já no primeiro jogo. Fico com os africanos.

sábado, 5 de junho de 2010

LENDO E DISCORDANDO

Consolidando o que pode ser uma seção de "metacrônica" neste blog, volto a comentar um texto publicado na imprensa. Hoje é a coluna de Marcelo Adnet no Globo deste sábado.

Devo dizer que, ao contrário do Roberto Pompeu de Toledo, que seria um insuspeito entendedor de futebol por trás da seriedade e da profundidade dos seus demais textos, Adnet parece, com todo o respeito que o trabalho de qualquer um merece (mas quem vem a público tem que se sujeitar à crítica), mais um "engraçadinho" que convidam para dar pitacos numa área até dada à piadas, mas só para quem acompanha o nobre esporte bretão.

No campo da literatura humorístico-desportiva, aplaudo o Arthur Muhlenberg, que eu já vi na arquibancada do Maracanã, até porque ele tem o bom gosto de ser rubronegro, o que também falta ao Adnet.

Pois bem, em que pese a interessante e apropriada comparação entre a relação do torcedor com seu time de futebol e os relacionamentos amorosos, com a qual concordo quase que integralmente, o colunista foi muito mal no principal tópico de texto de hoje.

Ele resume sua ideia logo no primeiro parágrafo da página 6 do Caderno de Esportes do Globo:
"Pra maioria dos brasileiros, a Copa do Mundo é o maior feriado do calendário... Pois a Copa é a chance de curtir um feriadão temático! Vamos tentar olhar de fora: um monte de gente vestida de amarelo sai às ruas soando cornetas estridentes, se jogando espuma, muitos vestem perucas. Todos bebem muito, bradam gritos, se reúnem por duas horas em frente á TV e depois continuam a beber e a celebrar até tarde.".

Se ficasse aí, até que eu não discordaria muito. Ele até segue mais adiante, destacando o paradoxo da nossa Seleção quase não ter ninguém jogando no país, e quase todos estarem fora do Brasil há muito tempo. Também são colocações pertinentes.

Entretanto, depois disso o colunista passa a filosofar, e aí começa a se enrolar. Vejamos:

"Amor ao Brasil? O que é o Brasil? (...) Amor ao país mesmo deve ter a Bósnia. Depois de séculos de dominação, o país se declarou idnependente e encarou, por declamar (sic) a independência, uma guerra sangrenta imposta pela Sérvia. De 92 a 95, cidades históricas, mesquitas, vilarejos e a capital, Sarajevo, estavam devastadas. (...0 Em novembro de 2009, a seleção bósnia precisava empatar com Portugal, em Sarajevo, para ir à Copa. Um a zero para Portugal... Essa derrota deve ter doído, nacionalisticamente falando. Este é um país louco pra celebrar seu território, sua língua e a bandeira. Nós não."

Quer dizer que só quem foi à guerra tem direito de invocar sentimento nacional? Por favor... A ideia cheira a naftalina. Parecem aqueles milicos de pijama, reaça futebol clube, que dizem que o Brasil não vai para a frente porque nunca teve uma guerra devastando o país. Como se nós precisássemos mais do que nossa classe política, ou melhor, do que nossa ignorância e inapetência políticas para fazer tamanho estrago...

Para além de ecoar um conceito absolutamente torto de nacionalismo, e aqui recomendo um pouco de Jurgen Habermas ao caro colunista, neste ponto ele trai uma intimidade não tão grande com o espírito que perpassa a história do nosso futebol.

Deve ter doído aos bósnios a derrota para Portugal em casa? Com certeza. Mas qual é a maior tragédia popular do Brasil? Nem o suicídio de Getúlio Vargas ou a morte de Tancredo Neves chegam perto do que foi a comoção da perda da Copa de 1950. Não digo quanto a efeitos práticos, na vida do dia-a-dia, mas falo da chaga emocional, da cicatriz que foi talhada na memória coletiva dos brasileiros.

Quem é da época só lembra com a mesma nitidez o momento em que o homem pisou na Lua (isto sem contar que, a acreditar em todos que dizem ter estado no Maracanã, o público seria algumas vezes superior aos 200 mil daquele fatídico 16 de junho, o que denota a ânsia em participar de um momento realmente histórico).

Mas o colunista segue, ao afirmar que não seríamos "um país louco para celebrar seu território, sua língua e a bandeira":

"Simplesmente porque nós não somos oprimidos. Ao contrário, somos opressores que não deixaram vestígios. Somos descendentes de europeus ou africanos que se instalaram no lugar dos índios. (...) O brasileiro diz que aqui não tem guerra, somos pacíficos. Diz então o que aconteceu com os índios? E com os paraguaios?"

Esquerdopatia pura e simples. Simplifica uma questão complexa e traz à tona o batido e ingênuo discurso de que esta geração é responsável pelo que ocorreu séculos atrás. Alguém aí conhece um vizinho caçador de índios?

Além de tudo, ainda dá a entender que os negros também tomaram parte na opressão aos índios! Acho que faltei a esta aula de história...

Mais grave: pelo raciocínio do Adnet, somente índios são brasileiros de verdade! Desculpe, apesar de ser descendente de paraense e, portanto, ter uma grande probabilidade de ter um ascendente indígena, tal afirmação me ofende. Sou tão brasileiro quanto qualquer um, seja amarelo, vermelho, azul, negão ou branco azedo.

Outro sinal da esquerdopatia é culpar-nos por termos nos defendido da agressão paraguaia. Houve eventuais excessos das tropas na invasão àquele país. Certamente temos que refletir sobre isto e eventualmente expiar nossa culpa como Nação, mas em guerras, ninguém sai com a consciência tranquila. Daí a jogar no lixo nossa maior campanha militar, como gostam os comunistoides de plantão, é simplesmente inaceitável; síndrome de colonizado pela Internacional Socialista.

Voltando ao futebol. Com certeza, muita gente postada à frente das TV's neste próximo mês é como a grã-fina do Nelson Rodrigues: não sabe nem quem é a bola. Mas todo o ritual muito bem descrito pelo próprio Adnet no início de seu texto, e transcrito aqui (um monte de gente vestida de amarelo sai às ruas soando cornetas estridentes, se jogando espuma, muitos vestem perucas. Todos bebem muito, bradam gritos, se reúnem por duas horas em frente á TV e depois continuam a beber e a celebrar até tarde) é justamente um povo ávido por comungar de algo. Por celebrar alguma vitória juntos. A Copa é uma das poucas oportunidades em que podemos almejar ser grandes, vencer como coletividade.

Se o frenesi auriverde que pinta ruas e muros e veste crianças e velhinhos não é uma loucura de celebrar sua bandeira, não sei mais o que pode sê-lo.

Pode ser só desculpa para beber e azarar. Pode ser muita festa por um assunto desimportante, mas, como diz o Milton Neves, "o futebol é o mais importante dos assuntos sem importância".

É por isto que sou um apaixonado por esporte. De longe, ele é a maior expressão cultural do Brasil. É por ele que somos admirados no exterior. É por meio dele que descobrimos nossos sentimentos mais elevados em relação ao nosso país. É através do esporte que vemos o que pode ser um Brasil que dá certo.

Milhões de pessoas não ficam em torno de um time por acaso. Não importa quem esteja com aquela camisa, o país está atrás de cada jogador, mesmo discordando deles. A pressão, o debate, a "cornetagem" existe porque exigimos deles não menos do que a glória; nada menor do que a grandeza.

Há alguns posts atrás ("Pátria de Chuteiras"), tracei um paralelo entre a história do Brasil e a história da Seleção nas Copas do Mundo, como se o time fosse um espelho da Nação. Agora peço licença a um expoente da minha área, o jurista Luís Roberto Barroso, também ele um apaixonado pelo Brasil e pelo esporte, para usar uma bela figura sua: a seleção, além de ser espelho, também é a janela por onde vemos o quão grandes queremos - e podemos - ser.