sexta-feira, 26 de junho de 2009

E O JOEL?

O Brasil achou um gol na bacia das almas, como costuma acontecer com as equipes que têm estrela (lembremos o gol do Branco em 1994). Mas o tema deste post é a figuraça dos últimos dias, Joel Santana.

O Natalino, tal como o chama Renato Maurício Prado, quase conseguiu pegar o Dunga no seu habitual esquema "fechadinho lá atrás", que já conquistou uma penca de campeonatos cariocas e uma vaga na Libertadores para o Flamengo em 2007.

Não acho o Joel um grande treinador. Não gostava quando ele comandava meu time, o Flamengo, até porque seu estilo é a antítese do espírito rubronegro (com reforma ortográfica). No entanto, não se pode negar que talvez ele seja um dos maiores personagens do futebol brasileiro. Não à toa, sua já mitológica entrevista é uma verdadeira febre no You Tube, tendo virado um dos melhores funks dos últimos tempos.

Embora seu estilo também não "encaixe" com a mentalidade futebolística dos africanos, talvez Joel não conseguisse ser "tão Joel" em outro lugar do mundo. Ou alguém consegue imaginar Papai Joel numa preleção com alemães?

ADEUS AO BRASIL BRASILEIRO?

Seguindo com o assunto do post anterior, a segunda reflexão proposta pelo artigo do El País é no sentido de que o Brasil a cada ano joga de forma "menos brasileira", estabelecendo o ano de 1994 como marco inicial de tal transformação.

Concordo com a percepção do articulista espanhol, o que, no entanto, não acho necessariamente ruim. A incorporação de um certo sentido tático e de uma aplicação na defesa não empobrecem, ao contrário, tornam nosso futebol mais eficiente.

Discordo, no entanto, com relação à Copa em que assumimos nossa "face europeia" (com reforma ortográfica). Para mim, podemos retroagir a 1986, quando o meio-campo da Seleção no Mundial do México era composto por Alemão, Elzo, Júnior e Sócrates, ou seja, três volantes e somente um armador.

O leitor dirá: o Júnior, volante? Sim... Muito embora fosse craque, Júnior, há 23 anos atrás não poderia ser considerado um armador. Era um lateral que avançou pela meia cancha, mas não deixava de ser um volante. De porte similar ao Falcão, mas volante.

O leitor ainda insistirá: dizer que uma Seleção treinada pelo Telê incorporava elementos europeus em seu esquema é a suprema heresia!!! Prova que o blogueiro em questão não sabe nada de futebol.

Telê podia ser romântico, mas não era burro e não fechava os olhos para as necessárias evoluções no futebol. Aliás, ousaria ir mais além e poderia até mesmo dizer que o recuo de nossas características mais tradicionais já começou em 1982.

De fato, quem tiver um pouco mais de idade vai lembrar do Zé da Galera, personagem do Jô Soares que, de um orelhão, "perturbava" o técnico com o bordão: "Bota ponta, Telê!!" A crítica vinha da insistência do mineiro em jogar no 4-4-2, com apenas um "ponta", o Éder, reservando a outra vaga que seria do ataque para um quarto homem de meio-campo, no caso, Cerezo ou Paulo Isidoro.

Voltando ao ponto: isto é ruim? Não necessariamente. Se não se descaracterizar o time verde-amarelo como aconteceu em 1990, em que a Seleção jogou um futebol indigente, o diálogo do Brasil com a Europa só nos torna mais fortes. Um exemplo importante é justamente nosso último título mundial, em que, jogando com três zagueiros, a Seleção de 2002 reproduziu uma campanha 100% (7 jogos, 7 vitórias) só realizada antes por um outro time em Copas do Mundo, um verdadeiro paradigma do futebol de qualidade: o Brasil de 1970.

Em outro "aliás", cumpre lembrar que aquele time só tinha um atacante de ofício, o Jairzinho. Todos os outros eram os então chamados "pontas-de-lança". Será que os puristas de hoje não achariam o Zagalo (com um "l", por favor) um herege?

No final das contas, apesar do brasileiro ter uma relação diferente, singular mesmo com sua Seleção de futebol, o que importa, em primeiro lugar, é ganhar. Tirando a turma que à época trabalhava na Band, o país inteiro entrou em êxtase na Copa de 1994, com 0x0, pênaltis e tudo mais. Há a demanda pela magia? Sim, mas isto já é tema para um terceiro post, e só mais para frente...

ECOS DA PARTIDA ANTERIOR

Recebi de meu sócio Daniel uma matéria do site do El País (http://www.elpais.com/articulo/deportes/Brasil/pone/Italia/espejo/elppgl/200), jornal que caiu na pele da Itália, ainda sem saber que a Espanha faria o papelão de sempre, ao morrer na praia mais uma vez e ser eliminado pela Seleção dos EUA na quarta-feira.

Muito embora seja curioso ver um espanhol, que não tem nenhuma Copa do Mundo na prateleira, criticar o futebol tetracampeão mundial, convido todos à leitura do artigo, que traz duas reflexões úteis para nós brasileiros.

A primeira é a crítica à dificuldade dos italianos em "aposentarem" seus ídolos, o que impede uma renovação mais rápida dos times nacionais e da própria Azzurra. Transpondo a observação para o futebol brasileiro, podemos lê-la como uma advertência contra a vontade de recuperarmos a qualquer custo jogadores que parecem já ter "passado do ponto". Falo da expectativa, do verdadeiro desejo de grande parte da torcida, de termos de volta craques como Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Adriano.

O mais grave é que os referidos jogadores não são tão avançados em idade como Maldini, Cannavaro, Costacurta, entre outros "dinossauros". Ronaldo é o mais velho dos três, com 32 anos, o que não é nada de absurdo para um centroavante.

Entretanto, preocupa a dificuldade no retorno de três integrantes do "Quadrado Mágico" de 2006, que parecem - ou pelo menos pareceram em dado momento - mais interessados nos prazeres mundanos do que na consagração em seus respectivos times e na Seleção.

Diante deste quadro, novas tentativas só devem ser feitas caso tais jogadores mostrarem, no campo e por um período mais longo, que voltaram a ser os atletas - e aí deve-se frisar o sentido desta palavra, com todas as suas implicações físicas para os três - imprescindíveis que eram antes da derrocada de cada um.

Adriano parece estar despertando entre as diversas recaídas, readquirindo a forma física e técnica de forma mais evidente. Ronaldo vem marcando gols, está próximo de conquistar a Copa do Brasil com o Corinthians, mas continua "redondamente" incompatível com uma convocação para o escrete canarinho.

Já Ronaldinho é uma incógnita. Há muito tempo sem jogar, quando joga, o gaúcho está cada vez mais escondido na ponta esquerda, dando toquinhos para os lados e tentando aqui e ali uma jogada de efeito sem muita produtividade. Será que Leonardo conseguirá trazê-lo de volta para o Olimpo do futebol?

De todo modo, a lição da Itália tem que ser aprendida: se temos até mais alternativas que os atuais campeões do mundo, o "sacrifício" de algumas promessas não pode ser feito em nome de craques meia bomba.

O post já ficou muito grande. A segunda consideração vem a seguir, no mesmo batcanal (com reforma ortográfica).

segunda-feira, 22 de junho de 2009

COPA DUBEUX!!!

Agora, uma pausa para a cobertura exclusiva do maior evento esportivo do primeiro semestre: a Copa Dubeux! Reunidos nas singulares instalações do Clube Federal, seis times mediram forças em homenagem ao novo balzaquiano do Rio de Janeiro, meu caro amigo Bruno Dubeux.

Sem cobertura da televisão, já que as emissoras não quiseram se indispor com a FIFA ao esvaziar a audiência da Copa das Confederações, os esquadrões se dividiram em dois grupos: um com a APERJ Galáticos, Colégio Teresiano e a Família Teixeira, representantes do trabalho, da formação escolar e do meio familiar do aniversariante do dia.

No outro grupo, outro time do trabalho, a APERJ de Verdade e dois times da Universidade Cândido Mendes (UCAM).

O primeiro grupo foi inaugurado com um jogo morno, em que a APERJ Galáticos empatou sem gols com o Colégio Teresiano. O segundo jogo foi entre o Teresiano e a Familia Teixeira, com vitória do primeiro por 1x0. Na última rodada, a APERJ Galáticos foi surpreendida pela dedicação e o entrosamento da Família Teixeira, que eliminou "o sangue do seu sangue" (afinal, o Bruno jogava na APERJ Galáticos) com um 2x0 inquestionável.

Já no outro grupo, emoções variadas: o primeiro jogo entre a APERJ de Verdade e o time vermelho da UCAM terminou com a vitória por 1x0 e um show de aplicação tática do time dos Procuradores renegados por seus próprios pares. No segundo jogo, a APERJ de Verdade resolveu contrariar seu treinador, Paolo "Felipão" Spilotros, inverteu o posicionamento do Presidente Leo Espíndola e do azougue Marcos Bueno e acabou amargando um 0x0, em que o destaque foram as boladas que o zagueirão de roça Guga mirou no juiz da partida e a sortida gama de entradas distribuídas pelo time cinza da UCAM.

Na rodada final, os integrantes da valorosa universidade carioca rechaçaram as insinuações de que fariam um jogo de compadres e também empataram sem gols, mas com muitos lances de perigo, levando o desacreditado time reserva da APERJ para a final, contra o Colégio Teresiano.

Antes de iniciar a final, pronta para receber o aniversariante, a equipe da APERJ de Verdade foi surpreendida por sua preferência pelos colegas de colégio. Embora desiludida pela esnobada do dono da festa, a equipe foi magistralmente liderada pelo Beckenbauer da Dom Manoel, Flávio Lessa, que pôs a bola na cabeça de Leo Espíndola para abrir o placar, e fechou o escore com um gol por cobertura, de antes do meio campo.

Final do torneio, uma celebração merecida à amizade de nosso caro Bruno Dubeux e uma vitória que marca a consagração do estilo Dunga de futebol: muita aplicação tática, união incondicional do time e o talento posto à disposição da equipe, desde o gol, com o Bruno, passando pela defesa com o já citado Flávio Lessa e o incansável Pedro "PP" Di Masi. O meio campo regido pelo Bueno foi coadjuvado por Rodrigo "Potoquinha" Zambão, a verdadeira "locomotiva" da lateral (o que perde em velocidade ao longo do jogo é compensado pela fumaça do cigarro nos intervalos); e pela cadência de Joaquim Rohr, que também roubou muitas bolas para o ataque, que contou com a presença impositiva do Leo Espíndola, abrindo os espaços para que o time pressionasse os adversários. Como primeiro - e único - reserva, este escriba, que além da correria atrás dos adversários, trouxe para o time pelo menos a sorte de quem já havia sido campeão do Torneio da Rioativa junto com o Rafael Cid, que ganhou a Copa Dubeux sem sequer comparecer ao local da competição...

Um abraço aos campeões e parabéns ao Dubeux. Aguardem a cobertura da IV Copa Jurídica, o megaevento (com reforma ortográfica) do segundo semestre.

DUNGA: A HISTÓRIA CONTINUA.

Eis o que é um grande personagem: foi só falar do Dunga que os meus 5 leitores ficaram todos ouriçados. O técnico da Seleção foi objeto de cometário publicado do Beto e outro do meu caro primo de Natal, José Eduardo, que por problemas técnicos, não consegui publicar.

Ambos os comentários apontam para uma característica reiteradamente atribuída ao Capitão do Tetra em seu período como jogador: Dunga seria o modelo do chamado "futebol-brucutu", um mero cabeça de área que destoa da nobre linhagem de volantes brasileiros, tais como Zito e Clodoaldo (e eu acrescentaria o Falcão).

Ouso discordar, e não o faço sozinho. Conheço inúmeras pessoas que comungam da minha opinião a respeito das qualidades técnicas do Dunga como jogador. O atual técnico, quando em atividade dentro das quatro linhas, foi estigmatizado com o rótulo de marcador, destruidor de jogadas, cão de guarda da defesa. De fato, Dunga era isto tudo, e tal fama se consolidou de modo especial após a Copa América de 1989 e antes da Copa de 1990, principalmente após um comentário do então Presidente da República, de triste memória, Fernando Collor, que pretendia ver "onze dungas" na Seleção.

Com o fiasco na Copa da Itália, o volante ficou marcado como se todo o mau futebol daquele time decorresse de sua atuação, quando qualquer scout da Seleção em 1990 apontava que Dunga era o jogador que mais acertava passes.

Mas a maior demonstração de que Dunga sabia jogar é o lançamento espetacular que ele faz, muito antes do meio-campo, para o Romário ficar na cara do gol contra Camarões, na primeira fase da Copa de 1994.

Portanto, discordo de quem acha que Dunga não sabia jogar. Para mim, é um dos maiores volantes da história do futebol brasileiro. Indo mais além, dos que vi, ele só perde para o Falcão.

Abro para discussão: Dunga sabia ou não jogar?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

DUNGA: A HISTÓRIA SE REPETE?

Não vi o jogo de hoje, mas a rodada do dia acabou reafirmando a noção de que a Seleção Brasileira parece ter conseguido uma consistência adequada às exigências que recaem sobre qualquer time que vista a camisa verde-amarela (e aqui, tem ou não reforma ortográfica?!).

De fato, a vitória incontestável sobre um adversário normalmente renhido como os Estados Unidos e a derrota da Itália para o Egito estabelecem uma comparação altamente favorável entre nossa Seleção e a Azzurra, confirmando os méritos do êxito obtido no último confronto entre os maiores vencedores de Copas do Mundo (2x0 no começo do ano).

Além disso, o resultado do jogo da Itália aponta para os méritos do time egípcio, podendo-se atribuir um pouco da complicação da primeira rodada, em que o Brasil só conseguiu ganhar o jogo nos estertores do segundo tempo, a eventuais méritos do adversário (sem ignorar, é claro, o verdadeiro apagão que se abateu sobre os nossos jogadores no início da segunda metade da partida).

Dunga já está associado a um verdadeiro clichê, que sempre faz um paralelo entre sua controvertida carreira como jogador, em que ficou estigmatizado por ser um jogador de marcação e acabou sendo o líder do tetracampeonato, e sua nova fase como técnico, na qual começou muito contestado e, ao que parece, incompreendido.

Muito embora tente fugir deste lugar comum, não há como reproduzir mais uma vez esta comparação: como jogador, especialmente na Seleção, os resultados do atual técnico são expressivos: campeão mundial de juniores em 1983; vice-campeão olímpico em 1984; campeão da Copa América em 1989 e 1997; jogou três Copas do Mundo, chegando a duas finais e sendo campeão em 1994.

Também muito contestado como treinador, inclusive por este escriba, Dunga vai colhendo resultados e, como se diz, contra fatos, não há argumentos. Embora com um início claudicante e algumas partidas medíocres nas Eliminatórias, o Brasil é líder da Zona Sulamericana, e aqui cumpre lembrar que em todas as últimas seletivas para a Copa do Mundo houve períodos em que a Seleção foi pesadamente contestada, tendo sofrido derrotas em todas as Eliminatórias desde 1994.

Dunga dirigiu a Seleção em dois torneios de expressão: venceu a Copa América e ficou com o Bronze olímpico em 2008. No torneio em Pequim, foi muito criticado, especialmente na derrota para a Argentina, mas ninguém lembra que ele não pode contar com jogadores de expressão como Kaká e Robinho, que compõem a espinha dorsal da equipe brasileira.

Desde então, a Seleção vem mantendo um período de invencibilidade durante o qual conseguiu três resultados muito expressivos: as vitórias sobre Portugal, Itália e Uruguai, no último jogo em Montevidéu.

Pode ser que percamos para a Itália e sejamos até mesmo eliminados na primeira fase (embora a Squadra Azzurra tenha que fazer 3x0 no próximo domingo), pode ser que o Brasil não consiga conquistar a Copa das Confederações, mas já dá para ter alguma confiança na Seleção, especialmente para um torcedor que, como eu, sempre vislumbrou singulares qualidades no Dunga, desde que ele se tornou o "tanque" que guardava o meio-campo da Seleção que conquistou a Copa América em 1989.

COMENTÁRIOS SORTIDOS (Ou Momento Redação Sportv)

Aproveitando que estou com o blog aberto, permito-me um "momento Redação Sportv" e comento as principais notícias dos últimos dias:

COPA DAS CONFEDERAÇÕES: a verdadeira histeria que se criou em torno da Espanha começa a se desfazer depois do magro 1x0 sobre o Iraque. Não que a atual versão da Fúria seja um time ruim, muito pelo contrário, mas considero um verdadeiro absurdo o alarde que se faz em torno da possibilidade do Brasil vir a enfrentar a seleção ibérica na semifinal do torneio. Um exemplo claro deste exagero foi a preocupação externada pelo Galvão Bueno durante a transmissão de Brasil x Egito, especialmente depois do empate do time africano.

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2: o que era o uniforme que a Itália usou contra os Estados Unidos? Além de abandonar a tradicional azzurra (que em italiano designa a cor azul-marinho), utilizando uma camisa mais parecida com o uniforme do Uruguai, a seleção campeã do mundo usava shorts e meias de uma cor indefinida entre o preto, marrom e cinza. Parecia combinação que moleque faz para jogar na rua.

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 3: até agora, além do gol do Fernando Torres de fora da área contra a Nova Zelândia e do primeiro gol do Kaká contra o Egito, o ponto alto, talvez em disparado primeiro lugar, é a entrevista concedida pelo nosso velho conhecido, Joel Natalino Santana, após o jogo contra o Iraque. Recomendo uma visita ao You Tube: digitando Joel Santana na pesquisa aparece logo o vídeo.

JUDÔ: após serem abandonados pela Gama Filho, os judocas cariocas ganharam nova casa, a Universidade Castelo Branco, instituição na qual tive o prazer de iniciar minha vida docente. Este é um tema para retomar depois e que já foi abordado durante os Jogos de Pequim, mas a notícia é um exemplo de como o esporte tem que se aliar à escola, tanto no nível universitário, para o desenvolvimento do esporte de alto rendimento, quanto nos escalões iniciais, como ferramenta de educação e mesmo como meio de massificação das diversas modalidades.

DIEGO HIPÓLITO: embora ache que há um pouco de ataque de estrelismo nas afirmações do gênero "sinto que estou invadindo, que as pessoas não me querem no Flamengo", chega às raias da desfaçatez a declaração da Diretoria do clube rubronegro (com reforma ortográfica?) que a instituição dá apoio, casa, passagem ao atleta, "só" não dá salário... Achei mais honesta a postura do Márcio Braga há alguns meses atrás, no sentido de afirmar que não havia dinheiro.

Por outro lado, voltando ao certo grau de estrelismo que identifiquei, já há um tempo considerável desde que o apoio financeiro da Prefeitura de Niterói foi anunciado aos ginastas do Flamengo e, pelo que percebi da notícia veiculada no Globo de quarta-feira (17/06), falta a instituição de uma pessoa jurídica para que seja formalizada o repasse dos recursos.

Para além da discussão da conveniência de tal apoio - e neste caso tenho lá minhas dúvidas, mas não conheço os termos do acordo a ser firmado -, a falta de uma estrutura jurídica que viabilize o recebimento pessoal das verbas prometidas não pode ser imputada ao Flamengo. Nesta hipótese, parece que o Diego e seus colegas, até por conta da proximidade de seu esporte com o mundo das artes, padecem da mesma incapacidade de solução de problemas legais que aflige a classe artística, sempre enrolada para conseguir concretizar eventuais apoios financeiros que logram captar.

NOVIDADES NO MUNDO, NOVIDADES NO BLOG

Para variar, mais de uma semana sem postar acaba atropelando este blogueiro. Foram muitos os acontecimentos ao longo dos doze dias de silêncio, além de interromper mais uma série de posts prometidos e não cumpridos.

De modo a solucionar o problema, veio ao meu socorro um de meus cinco leitores, mais precisamente meu irmão, Felipe Barbalho, este sim, como diria o velho cronista esportivo, "um indivíduo competente": jornalista há muito atuante no meio cibernético, foi o administrador do Fl@net antes mesmo de sair da faculdade e depois trabalhou durante muito tempo na globo.com e no Extra on line, sendo agora responsável pelo site do Jornal A Tarde, em Salvador.

Pois bem, este profissional gabaritado se juntará aos meus esforços e passará a postar neste blog, aumentando a frequência dos novos textos e empreendendo uma reforma em seu visual e nos recursos disponíveis. Agora, o Agamenon não nos segura mais!!!!

Além de tudo, uma vantagem adicional: ao contrário deste blogueiro, o Felipe não tem só conhecimento teórico sobre o tema, tendo sido um aplicado lateral direito da equipe do Colégio Militar do Rio de Janeiro e, posteriormente, um fominha organizador de peladas da Escola de Comunicação Social da UFRJ. Portanto, é um cara bom de bola.

Bem vindo, irmãozinho.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

PONTAPÉ INICIAL PARA A COPA DE 2014. (Ou Sobre Elefantes Brancos)

Escolhidas as cidades que sediarão jogos da Copa de 2014, a palavra oficial da CBF, pela voz do seu presidente, Ricardo Teixeira, foi de que este não é fim da caminhada das candidaturas, mas o início de um processo de capacitação de cada uma delas para honrar os compromissos do Brasil com a FIFA (sim, porque não foi só a CBF, mas diversos níveis governamentais que afiançaram as propostas relativas à Copa do Mundo que se realizará no Brasil).

Aproveitando a ideia (com reforma ortográfica) do pontapé inicial, começo também minhas considerações sobre a Copa do Mundo no Brasil. De modo geral, as escolhas teriam sido imunes a críticas, caso o país tivesse se restringido ao número de dez cidades proposto pela FIFA. Entretanto, foram inserir mais duas e o negócio começou a complicar.

Digo isto porque, com respeito à população das duas cidades, é um assombro incluir Cuiabá e Manaus como subsedes da Copa.

Primeiro, porque a localização geográfica de ambas as cidades dificulta a conexão delas com o resto do país para a montagem dos grupos. Explico-me: normalmente as Copas do Mundo dividem cada grupo entre duas ou três cidades, relativamente próximas entre si. Tal divisão consegue ser feita para todas as demais regiões brasileiras contempladas pela escolha da FIFA: quatro cidades no Nordeste - Recife e Salvador, Fortaleza e Natal, as "dobradinhas" para cada grupo podem ser feitas segundo esta divisão -; três no Sudeste - Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, o centro nervoso do país, com ampla facilidade de conexão entre tais cidades -; e duas no Sul - Porto Alegre e Curitiba, também suficientemente próximas e com grande oferta de transporte.

Entretanto, quem fará o par com Cuiabá, isolada no Centro-Oeste? E com Manaus, situada no coração da Amazônia? O apelo turístico-ambiental do Pantanal e da Amazônia não poderia por si só justificar a imposição destas duas sedes.

De fato, se o problema era por a Copa na Amazônia, a escolha lógica era por Belém, que tem um estádio moderno, que carecia de reforma pontual, e que, além disso, tem um público tradicional de futebol, com um clube que apresenta recente passagem pela Primeira Divisão e, portanto, apresentaria uma demanda para a utilização da arena desportiva após o final da Copa. Além disso, a recente revitalização da Zona Portuária da cidade cria um ambiente turístico com aparentemente mais opções que a capital do Amazonas, que terá que construir um estádio quase que integralmente novo e cuja utilização pós-Copa é duvidosa.

E Cuiabá? Se havia um fetiche por uma cidade do Pantanal, a opção seria Campo Grande. Cuiabá é uma cidade com clima quentíssimo (lembram-se da música do Skank? "...é não sentir calor, em Cuiabá") e sem qualquer tradição futebolística, pairando a mesma dúvida sobre a utilização de outro estádio que terá que ser quase que integralmente reconstruído.

Uma grande preocupação em mega-eventos como a Copa do Mundo é a subutilização dos equipamentos esportivos criados para a sua realização. Nas demais cidades escolhidas, pode-se considerar uma demanda razoável para as arenas a serem construídas ou reformadas.

Porto Alegre, Curitiba e São Paulo usarão estádios privados de grandes clubes da Primeira Divisão; Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife também têm clubes com tais características, embora seja questionável a opção pernambucana pela construção de um novo estádio, quando há três arenas que poderiam ser remodeladas - Arruda, Ilha do Retiro e Aflitos. Por sinal, quem irá usar o novo estádio, uma vez que os três grandes clubes da cidade têm seus próprios estádios?

Natal e Fortaleza estão sem clubes na Primeira Divisão, mas têm times na Segunda e que ocasionalmente frequentam a elite do futebol brasileiro, sem contar a tradição na afluência dos torcedores aos estádios nas duas cidades.

O único questionamento que remanesce é relativo a Brasília, que tendo reformado a grande custo financeiro o Bezerrão (estádio moderno em que o Brasil goleou Portugal no final do ano passado), reconstruirá o Mané Garrincha para um público de mais de 70.000 pessoas, com o único propósito de brigar pelo jogo de abertura da Copa. E depois? O Brasiliense terá força suficiente para gerar utilização satisfatória da arena? Lembre-se que o Bezerrão é do Gama, a única outra força de expressão do Distrito Federal em âmbito nacional.

Deste modo, fica o alerta para um eventual desperdício de dinheiro público, com a remodelação ou a construção de estádios que se tornarão "elefantes brancos" após 2014.