sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O BRASIL QUE VOA

No melhor dia do Brasil nestes Jogos de 2008, quem redime o país esportivo é o Brasil que voa. Na terra do Pai da Aviação, as medalhas vêm de atletas que se erguem dos medos, das limitações e ousam até o fim, para pousar no pódio.

Primeiro, no Vôlei de Praia Masculino, que parece fazer o caminho inverso do Feminino, que começou em 1996 com duas medalhas, ouro e prata, para acabar fora do pódio nesta edição. Já os homens, decepção em Atlanta, ganharam uma prata em Sydney, um ouro em Atenas e uma prata e um bronze em Pequim.

Um bronze da dupla que era a nossa favorita, mas soube superar a frustração e conquistar um louvável terceiro lugar. Uma prata com gosto amargo, pois poderíamos, como disse Sandra Pires na transmissão, ter ganho a partida por 2 x 0. Mas uma prata que recompensa um time que se classificou no último sprint do Circuito Mundial, superou os então campeões olímpicos e mostrou um potencial para voltar ainda mais alto em 2012.

Seguindo o vôo olímpico, passamos da areia para a quadra, onde homens e mulheres continuam a encantar o mundo pairando no ar e enterrando bolas nos campos adversários. Nossas Seleções de Vôlei são exemplos de dedicação e superação, de traumas psicológicos e de limitações físicas, impondo-se sobre adversários mais altos e mais ricos.

Abastecido por inspiração e transpiração, nosso vôlei supersônico ainda se sustenta pela exemplar organização de sua Confederação, que sustenta um ciclo de mais de 25 anos na elite do esporte mundial.

Falando de vôos, a viagem se dirige para o Ninho do Pássaro, onde nossas equipes de revezamento, masculino e feminino, por pouco não alcançam duas medalhas de bronze, mas que voaram baixo na tentativa de se aproximar dos super-homens e super-mulheres de países que lhes dão muito mais estrutura do que o Brasil.

O destino reservou para Maurren Maggi a alegria maior do dia de hoje. A primeira campeã olímpica brasileira em prova individual; a primeira medalha feminina do Atletismo chegou de um vôo encantado, feito de suor e lágrimas, marcado pela redenção de uma história tisnada pelo doping, mas coroada pelo exemplo de preparo mental e físico, pelo modelo de coragem, que a levou a retornar ao esporte, e a elevou a cada salto, em que Maurren buscava não a mera defesa de uma posição, mas atingir uma marca ainda maior.

Para sair do chão e tentar voar, é preciso coragem. Para se erguer sobre a multidão, o medo tem que ficar debaixo dos pés. Debaixo dos pés que correm atrás das grandes potências; que queimam em areias com as cores de todas as medalhas; que decolam e só pousam depois da bola estar no chão do adversário. Dos pés que cobrem, com saltos e vôos, distâncias que nos levam à glória olímpica.

Um comentário:

Anônimo disse...

Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap! Clap!
Lembrou Armando Nogueira, a parte boa, claro. Parabéns por lucidez tão poética!