terça-feira, 10 de abril de 2012

DEMOCRACIA A QUALQUER CUSTO?

Novamente depois de - mais um - longo e tenebroso inverno, volto a postar neste humilde blog, inspirado pelas minhas recentes aulas no MBA de Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan Escola de Negócios e pelos já não tão mais recentes eventos decorrentes da renúncia de Ricardo Teixeira da Presidência da CBF.

Pois bem, diante da torrencial quantidade de matérias que aproveitaram tal renúncia para advogar uma maior democratização da entidade máxima do futebol nacional, cabe a pergunta: os mandatos de dirigentes esportivos precisam necessariamente ter reeleições limitadas?

A "Nova Lei Pelé", revisada pelo texto da recentemente aprovada Lei 12.395/2011, prevê, para as entidades de administração esportiva que recebe recursos públicos, uma série de exigências no sentido de ostentar mecanismos de controle e transparência, mas não estabelece um limite para reeleições.

Em paralelo a esta discussão, o Jornal O Globo, há mais ou menos um mês atrás também veiculou matérias a respeito de uma pretensa "eternização" de dirigentes de federações dos chamados "esportes olímpicos", estendendo um tom de crítica até mesmo ao Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.

Para tentar contribuir ao debate, vou remar contra a maré: é reconhecida, pelo Direito Brasileiro, a autonomia das entidades desportivas, que se constituem, na sua esmagadora maioria, como associações civis. Ora, neste sentido, cada uma delas se organiza como quiser.

Ninguém questiona ter o Jack Welch permanecido por diversos anos à frente da GE. Quem o fizesse seria encarado de forma estranha, diante dos excelentes resultados produzidos sob a liderança de tal executivo. O mesmo ocorre com qualquer líder empresarial que conduza seguidamente sua companhia a bons desempenhos.

Por que há esta espécie de discussão no esporte brasileiro? Porque ele ainda está embebido de um caráter político, quando já passou da hora de se transformar em verdadeira indústria.

O vôlei brasileiro está há mais de trinta anos sob o comando da mesma corrente política da CBV, tendo tido, salvo engano, somente dois presidentes em todo este período: o já referido Nuzman e o atual mandatário, Ari Graça. Pergunta-se: será que por conta disto o esporte está mais fraco? Ou será que a continuidade de uma determinada linha vitoriosa de ação levou a modalidade a níveis elevadíssimos de excelência, dentro e, principalmente, fora das quadras?

Outra pergunta: há outra entidade esportiva com maior grau de transparência administrativa e financeira do que a CBV? Custo a crer.

Portanto, temos que parar de repetir chavões que tratam do esporte dentro do contexto da verdadeira politicagem que sempre pontuou sua administração, e passar a analisar a sua gestão como a verdadeira e pujante atividade econômica em que ele se transformou.

Em outras palavras, determinado grupo de dirigentes fez com que a modalidade se desenvolvesse, ganhasse visibilidade, proporcionasse entretenimento ao público e gerasse emprego para os profissionais da área? Então deixe-os lá!

As viúvas do muro deveriam para de encher o saco e implicar com as sucessivas reeleições de Chavez e queijandos.