sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A primeira vez de uma rubro-negra

Pelo segundo dia seguido, vou usar do prático artifício da internet de republicar conteúdo dos coleguinhas. Mas, quando é bacana, vale muito.

Desta vez, é um artigo que saiu no jornal A TARDE desta sexta, contando a experiência de Cleidiana Ramos, baiana do interior coleguinha de redação que saca tudo do Mundo Afro. Ela foi pela primeira vez torcer pelo Mengão no estádio. É bem interessante o testemunho dela a respeito do desconhecimento de Bahia e Vitória no interior do estado.

Um dia inesquecível, mesmo em domínio inimigo

"Os deuses dos estádios escreveram um belo script para minha estréia em um deles: o Barradão. Foi lá que, pela primeira vez, vi o meu Flamengo em campo. Mesmo sem o Imperador, nosso time assumiu sua posição em território inimigo como uma histórica legião romana, avançando de forma fulminante.

E o jogo, realmente, tomou forma de uma batalha épica. Em 90 minutos senti o que é ganhar, empatar, perder para empatar novamente, mas desta vez com um gostinho de vitória. Minha frequência cardíaca que já tinha desafiado àquela altura todas os limites do equilíbrio médico recomendado, também viveu momentos de paralisação quase total, principalmente, quando vi a Magnética, um dos nomes que se usa para falar da torcida do Flamengo, calada.

E devo admitir: a torcida adversária é um show à parte, com coreografias, som constante e contagiante. Era um contraponto a nós, flamenguistas, durante a maior parte do segundo tempo: quase silenciosos, mas ainda com aquela esperança que nos acompanha mesmo nos episódios que beiram a tragédia. A provocação que vinha de hostes rubro-negra baiana era a já manjada e tirada de um bairrismo que, como todos, é muito bobo:" vai pra casa tabaréus".

Isso porque os flamenguistas baianos são em grande número oriundos do interior do Estado. Eu, por exemplo, sou de Iaçu. Os que ainda usam este argumento para criticar quem torce para time de outros Estados não entendem a riqueza cultural que cerca esta preferência.

Este é um indício de como esta Bahia é grande e abriga uma diversidade impressionante. Bahia e Vitória sempre foram algo muito distante como era a capital, Salvador, para quem vivia em outras partes desta terra tão extensa. E por isso, via ondas do rádio, as nossas referências em futebol eram os clubes cariocas na sua época de ouro, passadas de geração a geração até se consolidar com a TV.

Debati os vários aspectos desta preferência interiorana por times do Rio com o ex-companheiro de jornal, mas amigo ad eternum, José Bonfim que, infelizmente, tem um único defeito na sua impecável ficha de excelente figura humana e jornalista: é vascaíno.

Mas fazer o quê pelo grande Brown, como carinhosamente o chamam os amigos ? Tem gosto para tudo, embora uma frase de Nelson Rodrigues, que torcia para o Fluminense, afirme que todo mundo, pelo menos, uma vez ou outra, sente o gostinho desta delícia de ser flamenguista:

'Cada brasileiro, vivo ou morto, já foi Flamengo por um instante, por um dia'. Porque? Volto ao próprio grande Nelson: 'Por onde vai, o Rubro-Negro arrasta multidões fanatizadas. Há quem morra com o seu nome gravado no coração, a ponta de canivete. O Flamengo tornou-se uma força da natureza e, repito, o Flamengo, venta, chove, troveja, relampeja'.

E, realmente, aos 45 minutos do segundo tempo, o Flamengo, trovejou e relampejou, calando o Barradão no gol do empate, feito por Zé Roberto, que não tem título de nobreza, como o nosso Imperador, mas ontem assumiu atitudes de general.

E o meu silêncio apreensivo virou um grito enloquecido, fazendo coro à comemoração com palavras impublicáveis, numa resposta às pirraças da torcida do Vitória.

Com uma nova emoção caminhei em direção aos portões de saída do Barradão, sempre escoltada por meu namorado, Thiago, que suportou, bravamente, afinal ele também é flamenguista, todos as gafes da minha estréia diante da presença do "mais amado", como perguntar a cada minuto quem eram os atores de importantes lances, pois já é demais querer acuidade visual na minha primeira partida ao vivo.

A emoção que senti no estádio, podendo estar perto deste time a quem dedico tanta paixão, foi a comprovação de que este meu coração é cada vez mais flamenguista até os limites de onde pode ir este amor que, tratando-se do Flamengo, é o infinto."

Sabe tudo, a menina!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pausa para reflexão

Antes de contar mais sobre minha ida ao Buracão, digo, Barradão, um parênteses para um texto que me tocou muito nesta quinta-feira, publicado no Correio. É de um dos brothers que encontrei pela minha carreira. Conta um pouco da história de vida dele, durante um momento difícil pelo qual passa, com o estado terminal da mãe dele. Bela homenagem, num golaço de um camarada que encara tudo com muito espírito esportivo e lirismo. Uma aula de comportamento humano.


CLIQUE NA IMAGEM PARA LER

Parabéns pela bela e esportiva declaração de amor pública a sua mãe, Juan!

Primeiras impressões da primeira vez

Acabo de chegar do Barradão. Foi a primeira vez que assisti a uma partida do Mengão fora do Rio. Se não comemorei uma vitória na casa do adversário, dei sorte de ver um jogaço, com direito a gol no último minuto e saída alegre do estádio!

Posso dizer que é meio esquisito ser minoria no estádio, sensação que a turma do arco-íris deve ter constantemente nos clássicos. Apesar da ótima presença da torcida do Flamengo, tomando um terço do estádio, olhar para o outro lado e ver mais gente, mesmo que com as cores rubro-negras, incomoda um pouco.

Também estranhei o jeito da galera do Mengão daqui. O comportamento antes e durante o jogo lembrou muito mais as torcidas que vão assistir à Seleção Brasileira pelo país afora. A vibração é diferente. Não questiono aqui o tamanho do amor que sentem pelo clube, mas a intensidade disso. Aquela paixão, de ficar desesperado a cada passe errado, como presenciei zilhões de vezes nas arquibancadas do Maraca, muitas delas do cara que divide este blog comigo, parece que se transforma em compreensão excessiva dos que estão satisfeitos só por estarem ali, tendo a oportunidade de conferir de pertinho o Manto Sagrado em ação no gramado.

E o repertório de canções? Beeeeem diferente de um "domengo no Maraca". Durante as quase cinco horas que fiquei no estádio, ouvi, no máximo, uma meia dúzia. A mais cantada foi o hit "Raça, Amor e Paixão", com variações para "Sai do chão" depois dos gols (aliás, por aqui eles falam "pula!" em vez de "uh!" no começo). Os dois hinos, a saber, "Uma vez Flamengo" e "Alegria de ser rubro-negro", pouquíssimas vezes pude entoar junto, e mesmo assim sem chegar até o fim por falta de adesão necessária. Mas aprendi uma nova musiquinha, de provocação, específica ao Vitória: "Time fuleiro, nunca foi campeão brasileiro!" e ainda estou tentando entender outra que devolvemos ao fim do jogo, após escutar durante o segundo tempo.

Quem chegou a esta altura do post já começando a achar que não gostei da experiência pouco entende de paixão pelo clube do coração. Reencontrar o Mengão no estádio foi muito bom, ainda mais para um torcedor outrora frequentador assíduo do Maraca e "pijameiro" já há uns cinco anos, desde o nascimento do filho. Basta dizer que a última vez que tinha ido ao Maior do Mundo tinha sido no Carioca do ano passado, na vitória sobre a Cabofriense, a primeira vez de Rafinha pé quente. Chegar em casa cansado, fedido, rouco e com aquela vontade incontrolável de ver o vídeo dos melhores momentos do jogo faz com que eu me sinta vivo, tanto quanto quando volto de pelada com algum machucado para tratar ou saio do mar depois de dropar uma onda para dez vacas e 15 caixotes.

Enfim, hoje tive uma experiência e tanto. Voltei a cantar ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro, pela primeira vez no Barradão.

Amanhã, mais descansado e com tempo, mostro como foi a minha ida ao estádio com detalhes mais para a infra do evento. Aliás, alguém que lê este blog já foi ao Buracão? Ops! Digo, Barradão.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bem observado

Para garantir a do dia e tentar manter o embalo da atualização minimamente diária do blog, mando duas colhidas por aí na última semana, mas que ainda valem.

A primeira é uma ótima observação de um camarada numa lista de e-mail, cujo crédito não explicito por não tê-lo consultado ainda. Aspas para a lucidez num sábado à tarde, em meio à ressaca da festa pela vitória da Rio 2016 na véspera:

"A imprensa e o país já começaram a fazer conta errada. Não faltam 7 anos. Faltam 5.

2009 já acabou e tudo tem que ser entregue 1 ano antes, ou seja, julho de 2015.

Vai ficar esqueleto em pé que nem o tal ex-estacionamento da CBTU que ia ser reformado para o Engenhão.

Alguém chegou a ver os projetos dos japoneses? Era um escracho de lindos!! Tinha um estádio no meio de um verde inacreditável. Eles tinham o conceito de olimpíada-verde.

Via agora o local da tão nobre prova de arco-flecha. Será no Sambódromo... No meio do cimento e debaixo do morro do São Carlos... Acho que só familia de algum arqueiro brasileiro comprará ingresso para ver uma prova num lugar desse..."

Entre a conta fria de um engenheiro (o camarada citado acima é formado nisso, mas não exerce efetivamente) e a simplificação compreensível que os meus coleguinhas jornalistas sempre dão aos fatos nos noticiários sobre as Olimpíadas, ele tocou num ponto interessante. Não faltam 7 anos. São, no máximo, numa média ponderada, menos de 6 anos para o prazo de julho de 2015. Lembrando ainda que nesse tempo ainda tem duas eleições para presidente e governador e outra para prefeito, além da Copa do Mundo aqui e, claro, de seis carnavais...

Distrações é o que não faltam para um povo que é mais afeito às celebrações do que ao hábito de fiscalizar e cobrar. Ontem mesmo, minha amada fez uma observação interessante, questionando por quanto tempo mais a mídia, o canhão mais potente de mobilização neste país, vai manter em destaque a pauta Rio 2016. Fiquei bolado com a perspectiva de, passada a badalação, pouca gente boa ter voz ativa para fazer os alertas que forem necessários.

A outra observação, também na semana passada, foi na minha passagem pela Cidade Maravilhosa, antes de se tornar "Olimpicosa", como estão chamando os Cassetas. Na via que sai do Aeroporto Internacional do Galeão, pesquei um pequeno deslize da propaganda oficial da candidatura da Rio 2016:





No detalhe:


A foto está ruim, pois eu fiz na pista de sentido contrário da via, durante o caminho de volta para Salvador, depois de perceber na chegada ao Rio. Mas acho que dá para ver. Onde estava a crase de "Bem-vindo a cidade maravilhosa"?! Talvez, os responsáveis pela produção da placa não tenham colocado o acento por ficarem na dúvida mesmo se o Rio é "A" Cidade Maravilhosa. Indício dessa minha suspeita foi terem colocado o apelido mais famoso da então candidata a sede em minúsculo. Mas, então, porque diacho escreveram com a caixa alta em inglês?!

Se começaram a meter a mão na massa pelas ruas do Rio de Janeiro desse jeito, maltratando o portuga, temo pelo que ainda vem por aí...

E você, notou algum deslize parecido com esse no trabalho da Rio 2016? Indique pelo link de comentários abaixo ou mande um e-mail para a gente. O espaço aqui é para isso mesmo. Ainda arranjo aquela vinheta recente do Cid Moreira no "Fantástico" para servir de slogan aqui no blog: "Estaaaaaamos de ooooooooolho!".

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Já são três gritando

Até que enfim! Já estava achando estranho... Como assim a tão desejada e sonhada, por ele, escolha do Brasil como palco das Olimpíadas não seria capaz de despertar a fúria "escrivinhadora" do Animal que divide este blog comigo? Ah, bom! Agora, só falta os nossos 11 leitores voltarem a fazer comentários. (...) Pausa dramática! Cri, cri, cri... (som de grilos)

Bom, vamos acabar sendo um pouco repetitivos mesmos aqui neste espaço público virtual. Afinal, é a forma que temos de fazer um pouco mais da nossa parte. Estou falando do dever que cada brasileiro tem a partir de agora de fiscalizar e cobrar das "otoridadi" do país muita responsabilidade e zelo com os gastos da Rio 2016.

Como meu irmão revelou, nunca fui um entusiasta da ideia de organizar eventos desse porte no Brasil pelo simples fato de que temos muuuuitos problemas básicos ainda para focar mais nossos esforços (o IDH 2009 divulgado hoje está aí para reforçar meu conceito). Mas, como esta é a nação onde a obrigação só é cumprida quando existe fiscalização e punição, e muitas vezes nem assim (o "jeitinho" está aí para comprovar a tese), acabei sendo convencido pela força das circunstâncias. A Rio 2016 pode ser o fórceps que faltava para ajudar a nascer, do ventre da Pátria Mãe Gentil, finalmente, o País do Futuro, destinando o berço esplêndido a quem de direito, o povo que só quer trabalhar e ter uma vida digna e saudável, com a ajuda do esporte, não mais aos que só pensam em mamar nas tetas públicas.

Então? Vai gritar com a gente?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

COPA E OLIMPÍADAS NO BRASIL: O ÔNUS DA VITÓRIA.

E o Rio de Janeiro iria à final do processo de escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 sob o silêncio vergonhoso desse blog, não fosse a intervenção do meu irmãozinho na undécima hora, na qual ele, inclusive, traiu sua inclinação contrária à realização dos Jogos no Brasil.

Sem traumas ou críticas. Este é um espaço livre e democrático, assim como o é nossa família (ressalvada, obviamente, a filiação compulsória às cores rubronegras cariocas, já devidamente providenciadas para a nova geração - Laura, Rafael e Victor -, por meio de intenso programa de incentivos, chantagens e lavagem cerebral pura e simples).

De fato, Felipe uma vez disse algo muito pertinente: o Brasil, com essas candidaturas a mega-eventos esportivos parece o cara que está todo endividado, mas que dá uma superfesta de aniversário em casa, gastando mundos e fundos.

A comparação é, até certo ponto, pertinente. Realmente o Brasil ainda padece de problemas gravíssimos, e parece um contrassenso a realização de despesas gigantescas para sediar Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.

Entretanto, na esteira do que tem sido debatido a respeito do já amplamente conhecido legado de tais competições, o país tem agora uma pauta objetiva para organizar vários de seus investimentos e estabelecer suas prioridades no que diz respeito à atuação governamental. A partir do momento em que o Brasil ganhou o direito de fazer a Copa e os Jogos, os cadernos de encargos e os contratos firmados pelas entidades responsáveis pela organização de tais eventos passam a ser um roteiro do que temos a fazer e, para a população em geral e, em especial, para a sociedade organizada em particular, surge a obrigação de cobrar como será feito tudo isto.

O clima de orgulho e alegria que tomou o Rio e o Brasil é mais do que merecido, mas, como disse o próprio Presidente Lula na entrevista coletiva após a vitória no processo de escolha (e vejam que eu não sou - nem nunca fui - eleitor do petista, mas devo reconhecer o acerto de sua afirmação), o compromisso assumido não é mais dos governantes atualmente de plantão, nem mais somente do Estado brasileiro que assumiram um compromisso. Assim, como os louros da conquista são de cada um de nós, o ônus das obrigações contraídas perante o mundo também é nosso.

Este blog, a partir de agora, se engaja no processo de fiscalização, participação e cobrança, de modo que a alegria de hoje se multiplique após termos realizado eventos que, além de mesmerizarem o planeta, tenham demonstrado que o esporte pode ser o nosso trampolim para um país mais civilizado.

sábado, 3 de outubro de 2009

Jeitinho brasileiro na marca do pênalti

Entre os muito bons textos e reportagens que estão por aí desde a confirmação do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, indico o ótimo texto "O grande pênalti", de Gustavo Poli, no blog Coluna Dois, da Globo.com. Traduz com primor o momento que passamos e analisa muito bem a razão de, ironicamente, ainda ter bastante gente achando que ser a sede das Olimpíadas não é uma boa.

Que este "pênalti" não tenha "paradinha", e possamos aproveitar a onda para mudar o "jeitinho" de ser do brasileiro, transformando o nosso país num lugar muito melhor para se viver.

Casquinha olímpica

Mais uma da séria série (com acento grave, nos dois sentidos e sem reforma ortográfica) 'propaganda política tirando casquinha de evento esportivo com o nosso rico dinheirinho':


O texto do anúncio diz:

"A Bahia também vai sediar as Olimpíadas Rio 2016. O estádio de Pituaçu e a nova Fonte Nova serão usados para abrigar os jogos de futebol das Olimpíadas no Brasil. Depois do jogo da Seleção em Pituaçu, da Stock Car e da Copa do Mundo de 2014, a Bahia conquista mais uma vitória na área do esporte. Os baianos podem comemorar. A Olimpíada de 2016 também é nossa."

Pois é, o governo baiano se viu no direito de cantar vitória também pelo feito olímpico do Rio.

É a versão política do lema do Barão de Coubertin: "O importante não é vencer (a eleição olímpica), mas competir (pela atenção do eleitor)".

Francamente...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio!

Para não chorar...

E não é que vai ser aqui!

Agora é festejar, trabalhar e fiscalizar.

Até 2016!

Não sei se Rio ou Chicago?

Acho que vai dar Tóquio...

Infame!

Em instantes, a confirmação da minha previsão.