sexta-feira, 13 de junho de 2014

RESENHÃO DO BARBALHO/DIA 1: Festa, Vaia e Jogo

Reeditando a tradição que pretendi inaugurar nos blogs da Copa de 2010, vou lançar notas a cada jogo do Brasil, até para atender ao pedido de meu amigo Bruno Dubeux (e, como ele é meu Chefe duas vezes, no trabalho e como Presidente da minha associação de classe, pedido dele é uma ordem).

Antes das notas, porém, comentários sobre o ato inaugural da nossa Copa. Antes de mais nada, repito: no que depender do que ocorre fora das quatro linhas, esta passará longe do que a propaganda oficial quer ridiculamente apelidar de "Copa das Copas". Como diria Jack, o estripador, vamos por parte:

a) O Itaquerão: para desespero do Marketing do Corinthians, vou chamar o estádio pelo apelido. Um pela revolta contra as condições em que o alvinegro paulista conseguiu sua arena, um "presente" dado por um governo que não teve qualquer vergonha de malbaratar todas as condições habituais de financiamento público, só porque o "Seu Guia" torce pelo clube. Mais do que isto, também é punição pela incapacidade de obter um patrocinador de naming right (embora o Marketing do Corinthians seja, disparado, um dos melhores dos clubes brasileiros, muitos anos-luz adiante da grande maioria dos concorrentes). Pois bem, embora tenha uma arquitetura bastante diferente, tenho sentimentos conflitantes sobre se gosto ou não do estádio. É moderno, arrojado, mas realmente parece uma impressora. Além disso, as duas arquibancadas provisórias, que custaram os olhos da cara para viabilizar o jogo de abertura da Copa, são horrendas, destoam do resto do conjunto. O que interessa: segundo as notícias, o funcionamento da arena deixou a desejar, tanto no que já anunciado acesso à Internet, quanto no oferecimento de produtos e serviços nos bares. Não bastasse tanto, os refletores apagaram duas vezes durante a partida. Até o final da Copa, serão mais três jogos que acabarão já sem luz natural... Oremos.

b) A Festa de Abertura: numa só palavra: ridícula. O som estava horrível; o acabamento das alegorias deprimente (tinha um índio com cinto de segurança dentro de uma canoa!!!!); o roteiro sofrível (o árbitro-mirim expulsou os dançarinos de campo, talvez já reconhecendo o nível indigente do espetáculo) e o dimensionamento da quantidade de figurantes foi claramente ruim, deixando a impressão de falta de gente para o show. Mas o pior ficou para o play back mal feito por Claudia Leitte, J-Lo e o Paulo Gustavo pescando siri (isto sem falar no defeito do elevador que deveria levar estes dois últimos para o palco...). Não bastasse tanto, o pontapé inicial do portador do exoesqueleto, largamente anunciado antes da Copa, quase não foi captado pelas câmeras. A direção do espetáculo não lhe deu nenhum destaque. Lamentável.

c) As Vaias: postei algumas vezes no Face e aqui cabe novamente a distinção. Sou contra vaiar (e muito menos xingar) uma autoridade em solenidade oficial. O jogo inaugural era um evento desta natureza. A Presidente da República, por mais inepta que seja (e acredito com força nesta debilidade gerencial da Dilma, tanto que não votei nela), estava lá na condição de Chefe do Estado Brasileiro (e não como Chefe de -des-Governo), ou seja, representante da Nação. Não interessa se não votei, ou grande parte do estádio também não tenha votado nela. Ela é a Presidente (e não presidenta, como Chefe de Estado ela devia se dar ao respeito e preservar a língua pátria) e ponto. Insultá-la depõe mais contra nós do que contra ela. Passamos a imagem de um povo mal educado (o que realmente somos). Entretanto, irrita o duplo padrão de amplos setores esquerdistas da imprensa brasileira. Não pode xingar a Presidente, mas pode a FIFA. Também tenho minhas críticas à entidade, mas seria educado tratar mal uma visita?

Feita uma looonguíssima introdução, eis o que interessa. As cornetadas do Barbalho:

JÚLIO CÉSAR: emocionei-me e, ao mesmo tempo, preocupei-me com seu choro sincero. Devo concordar com a ressalva de vários colegas meus com relação à estabilidade emocional do nosso goleiro. Mas tenho muita fé nele. É um dos melhores de nossa história, e ontem, quando exigido, correspondeu. - 7,5

DANIEL ALVES: no mesmo nível da festa de abertura. Horrível. Errou tudo. O gol saiu nas suas costas. Continuo achando que tem muita marra para pouco futebol. Minha última resenha de 2010 desceu a lenha no baiano. Começo 2014 do mesmo jeito - 3,0

TIAGO SILVA: discreto, não comprometeu. Parece-me muito nervoso, desde antes da Copa, mas sempre lembro que Renato Gaúcho falava que ele seria o melhor zagueiro do mundo. - 6,5

DAVID LUIZ: foi muito bem. Seguro, não lembro de ter perdido nenhuma jogada. No primeiro lance, dividiu com vontade com um croata, para mostrar como a jiripoca iria cantar lá atrás. - 7,5

MARCELO: sem culpa no gol contra, não se abateu e foi uma boa opção de saída de jogo - 7,0

LUIZ GUSTAVO: já vai provando porque é o homem de confiança do Felipão. Carregou um piano enorme e até foi uma alternativa razoável de distribuição do jogo. Um dos melhores do time - 8,0

PAULINHO: decepcionante. Até começou bem, mas depois sumiu. Não fechou o meio-campo, nem foi uma opção de ataque. - 5,0

HERNANES: entrou no lugar de Paulinho, não acrescentou muita coisa, mas também não comprometeu. - 6,0

OSCAR: melhor em campo. Deu combate, roubou bolas, driblou, armou incansavelmente. Participou dos dois primeiros gols e lembrou Ronaldo e Romário com seu gol de bico. - 9,5

HULK: cumpriu bem sua função tática. Acabou sacrificado na parte ofensiva, mas cumpriu bem o papel de conter o lateral direito croata. - 6,5

BERNARD: substituiu Hulk para dar mais força ao ataque. Efetivamente agrediu mais a defesa croata, mas nada de muito espetacular. - 6,5

FRED: sumido, só apareceu quando simulou - com sucesso - o pênalti. - 5,5

NEYMAR: chamou o jogo e assumiu a responsabilidade de craque do time. Fez dois gols e foi crucial na vitória. Perde pontos em três questões: continua prendendo demais a bola (embora já tenha melhorado em comparação aos últimos amistosos), tomou um cartão idiota e desnecessário, e bateu o pênalti muito mal. Mas, repito, depois de Oscar, foi um dos melhores do time - 8,5

RAMIRES: entrou por pouco tempo, mas teve tempo de fazer o desarme precioso que resultou no gol do Oscar - 7,0

FELIPÃO: mexeu muito bem no time e, após a partida, mostrou porque é um líder nato. Trouxe a torcida para o seu lado, elogiando o público paulista; não expôs o time, recusando-se a dizer o que estava errado na Seleção antes de falar com seus jogadores; e destacou enfaticamente a atuação de Oscar, que vinha sendo posto em xeque pela imprensa. Ressalvo uma certa frouxidão do meio-campo, que deixou a Croácia tocar a bola livremente em alguns momentos. - 8,0

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