quinta-feira, 18 de junho de 2009

DUNGA: A HISTÓRIA SE REPETE?

Não vi o jogo de hoje, mas a rodada do dia acabou reafirmando a noção de que a Seleção Brasileira parece ter conseguido uma consistência adequada às exigências que recaem sobre qualquer time que vista a camisa verde-amarela (e aqui, tem ou não reforma ortográfica?!).

De fato, a vitória incontestável sobre um adversário normalmente renhido como os Estados Unidos e a derrota da Itália para o Egito estabelecem uma comparação altamente favorável entre nossa Seleção e a Azzurra, confirmando os méritos do êxito obtido no último confronto entre os maiores vencedores de Copas do Mundo (2x0 no começo do ano).

Além disso, o resultado do jogo da Itália aponta para os méritos do time egípcio, podendo-se atribuir um pouco da complicação da primeira rodada, em que o Brasil só conseguiu ganhar o jogo nos estertores do segundo tempo, a eventuais méritos do adversário (sem ignorar, é claro, o verdadeiro apagão que se abateu sobre os nossos jogadores no início da segunda metade da partida).

Dunga já está associado a um verdadeiro clichê, que sempre faz um paralelo entre sua controvertida carreira como jogador, em que ficou estigmatizado por ser um jogador de marcação e acabou sendo o líder do tetracampeonato, e sua nova fase como técnico, na qual começou muito contestado e, ao que parece, incompreendido.

Muito embora tente fugir deste lugar comum, não há como reproduzir mais uma vez esta comparação: como jogador, especialmente na Seleção, os resultados do atual técnico são expressivos: campeão mundial de juniores em 1983; vice-campeão olímpico em 1984; campeão da Copa América em 1989 e 1997; jogou três Copas do Mundo, chegando a duas finais e sendo campeão em 1994.

Também muito contestado como treinador, inclusive por este escriba, Dunga vai colhendo resultados e, como se diz, contra fatos, não há argumentos. Embora com um início claudicante e algumas partidas medíocres nas Eliminatórias, o Brasil é líder da Zona Sulamericana, e aqui cumpre lembrar que em todas as últimas seletivas para a Copa do Mundo houve períodos em que a Seleção foi pesadamente contestada, tendo sofrido derrotas em todas as Eliminatórias desde 1994.

Dunga dirigiu a Seleção em dois torneios de expressão: venceu a Copa América e ficou com o Bronze olímpico em 2008. No torneio em Pequim, foi muito criticado, especialmente na derrota para a Argentina, mas ninguém lembra que ele não pode contar com jogadores de expressão como Kaká e Robinho, que compõem a espinha dorsal da equipe brasileira.

Desde então, a Seleção vem mantendo um período de invencibilidade durante o qual conseguiu três resultados muito expressivos: as vitórias sobre Portugal, Itália e Uruguai, no último jogo em Montevidéu.

Pode ser que percamos para a Itália e sejamos até mesmo eliminados na primeira fase (embora a Squadra Azzurra tenha que fazer 3x0 no próximo domingo), pode ser que o Brasil não consiga conquistar a Copa das Confederações, mas já dá para ter alguma confiança na Seleção, especialmente para um torcedor que, como eu, sempre vislumbrou singulares qualidades no Dunga, desde que ele se tornou o "tanque" que guardava o meio-campo da Seleção que conquistou a Copa América em 1989.

Um comentário:

Beto disse...

Caro Fernando
Faço parte do time que se alinha em não acreditar que a história se repete. Se assim fosse poderíamos jogar a consciência e a experiência na lata de lixo, mas em se tratando da seleção brasileira de futebol a coisa se complica, já que a maioria esmagadora dos mortais mantém com o escrete uma relação bipolar, na base do amor e ódio e, em fila indiana, o técnico vem na frente.
Se tratasse a bola com mais delicadeza Dunga poderia estar ao lado de Zito, Falcão ou Carpegiani, mas como era um tanto ou quanto grosso ficou mesmo com a turma da cabeça de área. O fato da incontestável liderança de Dunga, no seu tempo de jogador, se dá exclusivamente por ter uma capacidade nata para exercê-la, diferente da maioria que, por Tutatis, não conseguem concatenar dois pensamentos. E qual a razão do sucesso de Dunga como técnico da seleção? Tem, até agora, conseguido administrar com muita habilidade o cipoal de egos inflados que deve ser o ambiente canarinho. O dia que Dunga quiser dar uma de professor doutor quebra a cara, vide Luxemburgo.
Abraços do
Beto