domingo, 1 de julho de 2012

LINDO!

Estou aqui, tentando disfarçar as lágrimas da minha filha, que pergunta quem são estes senhores velhos que apareceram no Esporte Espetacular.

Já tocado pela emoção trazida por alguma de minhas primeiras memórias esportivas - e de uma das maiores tristezas de minha vida - desabei quando a câmera volta com Glenda Koslowski enxugando o rosto. Vou ao Google e confiro: nascida em 1974. Explicado.

Falo da linda matéria que acaba de ser veiculada no programa da Globo, falando dos 30 anos da derrota no Sarriá, o dia em que acabou o sonho acalentado pela maravilhosa Seleção de 1982. Em 82, Glenda tinha 8 anos. Eu tinha 10, assim como o garoto que, hoje advogado como eu, imortalizou, na capa do Jornal da Tarde, a imagem da torcida chorando uma derrota muito doída.

Eu sempre digo que cresci mal acostumado: o primeiro jogo que lembro de ter assistido foi Flamengo 3 x 2 Atlético-MG, final do Brasileiro de 1980. A partir daí, os primeiros times para que torci foram o Flamengo campeão de tudo entre 78 e 83 e a Seleção Brasileira que encantou o mundo no começo da década de 80.

A certeza da vitória era tão grande, a alegria que cercava cada jogo daquela Seleção era tão contagiante que a eliminação diante da Itália é um evento comparável talvez à tragédia de 1950.

Na verdade, a derrota do Sarriá é, para a minha geração, o que a final de 50 foi para a geração dos nossos avós. Uma tristeza que se imprimiu na memória coletiva. Daí as lágrimas da Glenda. E as minhas.

Mas agora, 30 anos depois, já não há somente a tristeza e a incredulidade daquele momento, onde todo mundo tinha o sentimento relatado pelo grande lateral Leandro na matéria em questão: "acordem-me, estou sonhando. Isto não foi real. Vou acordar e o Brasil ganhou da Itália e nós seguimos no caminho para sermos tetracampeões do mundo." Há também a felicidade de ter presenciado um daqueles momentos singulares no esporte. A hora em que a maior vitória não está no placar, mas no legado que o atleta deixa para história.

É a placa de que Falcão fala na mesma matéria: "Valeu Brasil, nem sempre vence o melhor." O volante mágico que virou o Rei de Roma viu este cartaz na saída do estádio, após a derrota para a Itália. Ele fala que este é o troféu daquele time.

Talvez sim. Talvez... não.

Quem sabe a placa não mentia? No final, aquela Seleção venceu. Não a Copa, mas a eternidade. Um lugar no coração de toda uma geração. Um posto no pódio das equipes que não precisam de um título para marcar seu lugar na história.

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