quinta-feira, 12 de março de 2009

CASA QUE NÃO TEM PÃO...

Como prometido, e para não deixar o assunto morrer, vamos à presepada do Bruno, (ótimo) goleiro do Flamengo.

A postura do arqueiro rubronegro (segundo a Reforma Ortográfica, ou não, sei lá) traduz um sentimento que se tem percebido ultimamente nos atuais jogadores profissionais de futebol. Como vivem num ambiente de elevadíssimas remunerações e vão muito cedo para a Europa, passam a se desconectar das tradições do futebol brasileiro, ignorando o valor das conquistas em âmbito nacional e não criando vínculo com nenhum clube.

Fernando Calazans, que é um cronista um tanto ranzinza para o meu gosto, mas neste caso apontou com grande propriedade o problema, identifica bem o verdadeiro escândalo que é um jogador profissional ignorar quem foram os campeões mundiais de 1958 ou desconhecer figuras importantíssimas da história deste esporte.

O episódio envolvendo Bruno e Andrade, que juntamente com o Zinho é o jogador que mais conquistou títulos brasileiros, cinco, mostra bem como pecamos na falta do cultivo da memória de nossos ídolos esportivos. Um jogador que vem criando uma bela identificação com a torcida rubronegra (olha a Reforma de novo) não pode, sob pena de excomunhão, pretender desqualificar um gigante da história do clube.

Mas o problema não se contém aí. No caso do Flamengo, vemos elevado à enésima potência o descalabro que é a administração dos clubes brasileiros. O descumprimento do dever básico de qualquer empregador, que é pagar o salário de seus trabalhadores, leva à desmoralização total e absoluta de qualquer possibilidade de autoridade. Agora, consciente da ofensa realizada a um membro da Comissão Técnica e a um dos maiores atletas da história do clube, o que por via reflexa atinge a imagem da própria agremiação, o que pode fazer a Diretoria do Flamengo: descontar o salário que não paga ao goleiro?

Nesta hipótese, o complemento do título cai como uma luva:... todo mundo grita e ninguém tem razão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Este assunto tem múltiplas faces, pode ser abordado de diversos ângulos, como não pretendo exauri-lo vou “pitacar” (da capacidade de dar “pitaco”) pelo viés da personalidade.
O Andrade é o tipo do jogador que não se preparou para a aposentadoria precoce que o futebol trás, não conseguiu seguir o caminho de alguns que como jogadores foram medíocres e hoje ganham rios de dinheiro como técnicos. Até pouco tempo o Flamengo tinha outro ex-jogador, o Carlinhos, que vivia situação semelhante a que vive o Andrade. No Vasco tivemos o Alcir, e por aí vai. Apesar de grandes jogadores, todos eles, não perderam a humildade. Já o Bruno parece ter o ego mais inflado do que nossa taxa de juros.
Vai que num belo dia o rachão corre solto, o Andrade chama a atenção do Bruno, foi o suficiente para o Bruno, do alto da sua vaidade, descascar o humilde assistente. Parece-me que no caso os salários atrasados entram como Pilatos no Credo.
Discordo quando se associa a ida para o exterior com a falta de conhecimento do passado. No caso, em bom português, é ignorância mesmo.

Felipe Barbalho disse...

Fernando falou e disse!
Beto disse e falou!
Em relação à falta de conhecimento do passado, é um problema de educação do povo mesmo, cada vez mais idiotizado e pasteurizado nesse Brasil varonil. Mas a internet está aí mesmo para nos salvar. Ou imbecilizar de vez. Depende do uso...
Beijos!