terça-feira, 7 de agosto de 2012

O FRACASSO AINDA ESPREITA?

Pensava em fazer um balanço da primeira semana dos Jogos, mas as obrigações profissionais - apesar de eu ter tirado férias para tentar acompanhar as competições, como faço todos os anos pares, de Jogos Olímpicos e Copa do Mundo - me impediram de escrever com calma.

Pois bem, agora são 2:30 da manhã e, após encerrar um trabalho extremamente desagradável, permito-me traçar algumas linhas sobre um tema que vem povoando minhas reflexões nestes últimos dias de Jogos Olímpicos: nossa participação está rumando para um fracasso?

A pergunta vem martelando minha cabeça diante das seguidas passagens que apontam para as frustrações provocadas pelas nossas maiores esperanças de medalha de ouro: Guilheiro e Camilo no Judô (Rafaela Silva, pela pouca idade e a estreia em competições olímpicas não poderia sequer ser cobrada por uma eventual medalha de ouro); Hipólyto na Ginástica; Scheidt e Prada na Vela; Cielo nos 50m livre.

Os resultados piores do que esperado destes atletas serão objeto de outro post. O que quero discutir é: as nossas expectativas estão devidamente ajustadas? O caminho olímpico que estamos trilhando em Londres será lembrado como um malogro?

Se considerarmos a tresloucada previsão de 34 medalhas que este blog fez, com certeza.

Entretanto, este mesmo blog fez um ajuste à realidade e previu 17 medalhas, das quais já ganhamos 8 e garantimos outras duas. Ou seja, não saímos daqui com menos do que 10 medalhas.

No mínimo, no mínimo, mantivemos nossas conquistas em dois dígitos, o que vem acontecendo consistentemente desde 1996.

Pelos prognósticos feitos não somente aqui, mas em diversos veículos especializados e segundo a estimativa feita pelo próprio Comitê Olímpico Brasileiro (COB), estamos mais ou menos no limite para atingir a expectativa mínima.

Como já disse, temos 8 medalhas na mão e 2 bronzes já garantidos, que podem mudar para uma cor mais brilhante. Para sairmos destas 10 e chegarmos aos 15 do COB, temos as seguintes chances: (1) futebol masculino, que parece estar com o caminho mais desimpedido para o ouro, com Uruguai, Espanha e os donos da casa fora; (2) vôlei de praia feminino, que tem um jogo perigoso com a segunda dupla americana, que por ser americana é sempre uma ameaça; (3) vôlei de praia masculino, em que nossa dupla impressiona pela capacidade de reação e equilíbrio emocional para manter-se na disputa, como visto no jogo com os poloneses hoje, mas que está tendo vida dura em alguns jogos, embora os adversários pareçam menos ameaçadores do que aqueles de Juliana e Larissa; (4) vôlei masculino, que tem que aproveitar a chance que o sorteio lhe deu, tirando a Polônia e pondo a Argentina no degrau antes das semis, mas que enfrentará nosso eterno calo norte-americano para passar à final...; (5) vôlei feminino, que tem uma pedreira amanhã, contra as russas, mas se passar e engrenar na competição, terá uma vida mais fácil na semifinal.

Aí são cinco, com uma chance razoável de não conseguirmos medalhar no vôlei feminino.

Outras chances, não tão firmes, estão no hipismo, em que temos dois cavaleiros na final individual (Doda e Rodrigo Pessoa); no taekwondo, com Diogo Silva e Natália Falavigna; na Maratona Aquática, com Poliana Okimoto; e no basquete masculino, que pode brigar pelo bronze, caso passe pela forte Argentina nas quartas-de-final

Em resumo, temos cinco favoritos (para medalhas, não necessariamente de ouro) ainda no páreo, com um deles em situação muito difícil. Temos outras seis oportunidades reais, mas não tão prováveis. Parece que chegar à estimativa do COB é factível, pois teríamos que acertar cinco em treze.

Para o mínimo estabelecido por este blog, já seria um aproveitamento maior do que 50% (sete em treze).

Por fim, ainda temos alguma chance remota no Pentatlo Moderno, com Yone Marques; na Maratona masculina, com Marilson dos Santos; no revezamento 4x100 rasos feminino, além do mistério no handebol feminino, onde não temos nenhuma tradição fora do âmbito panamericano, mas um desempenho recente que até nos credencia a aspirar a algum lugar no pódio. O problema é que enfrentaremos as campeãs mundiais nas quartas de final...

Neste caso, aos treze acrescentam-se mais quatro: precisaríamos de um aproveitamento de 29,4% para atingirmos a meta do COB e 41,2% para este escriba ficar feliz.

Com 10 já garantidas e 17 em disputa, quem sabe ainda não chegamos perto do otimismo da Sports Ilustrated com nossa delegação, que previu mais de 20 medalhas para o Brasil?

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