quinta-feira, 21 de junho de 2012

ESTÁ NASCENDO UM TIME MUNDIAL?

"Foi a partir dessa evolução e desse ambiente que, em 2003, chegamos à conclusão de que na indústria do futebol estava começando a surgir uma brecha entre os clubes que se tornam fornecedores de entretenimento, com marcas de alcance global, e os outros clubes, que ficam circunscritos a mercados mais locais. Os primeiros poderáo continuar crescendo, contratando os melhores jogadores, ganhando campeonatos e obtendo mais renda, o que permitirá, novamente, contratar os melhores para ganhar outra vez. É o que definimos, então, como círculo virtuoso. Ao contrário, os clubes que não conseguirem continuar nesse ritmo, terão muito menos possibilidades de ganhar e deverão concorrer em mercados menores." (SORIANO, Ferrran. A Bola não Entra por Acaso. São Paulo: Larousse, 2011. p.23)

O autor da passagem acima foi Vice-Presidente do Barcelona, na gestão que marcou a virada do time azul-grená para se tornar uma referência internacional no mundo do futebol. Pegou um time sem títulos nos quatro anos anteriores e que conseguira ficar em oitavo na desequilibrada Liga Espanhola e, ousando ao contratar um jovem dentuço do Paris Saint Germain, levou o clube a conquistar a Liga dos Campeões da Europa.

No livro citado acima, o dirigente catalão explica como foi o processo de transformação do Barcelona numa potência mundial, de como aquela Diretoria escolheu fazer uma revolução:

"Um esforço combinado de redução de gastos supérfluos, reestruturação da dívida e investimento imediato no time. Construir um time atraente, competitivo, que levasse o Barcelona de volta à primeira linha e que gerasse a renda que autofinanciasse o investimento realizado." (pp.51/52)

Quem vem fazendo isto no Brasil? Qual o time que efetivamente tem ambições de ser protagonista no cenário internacional? O exemplo mais notório é o Santos, calcado numa história em que reluz o maior jogador de todos os tempos e gerido por um grupo que efetivamente entende do riscado, o Santos fez um esforço enorme para manter os principais nomes de seu elenco e foi premiado com a Libertadores do ano passado, embora tenha sido devidamente massacrado pelo mesmo Barcelona na final do Mundial de 2011.

Outro clube que tem um projeto consistente de globalização de sua marca é o Internacional de Porto Alegre, que prioriza sistematicamente qualquer competição que extrapole os limites do país.

Entretanto, com a vitória de ontem do Corinthians sobre o Santos na semi-final da Libertadores, vai se concretizando a maior chance de se ter um clube brasileiro como uma grande expressão no mercado mundial do futebol.

A um esforço sistemático, traduzido nos últimos dias como uma verdadeira "obsessão" corintiana pelo título sul-americano, o Corinthians alia algo que os outros dois clubes mencionados anteriormente não têm: um potencial gigantesco de mercado. Com uma das duas maiores torcidas do país e sediado no maior mercado consumidor do Brasil, o Corinthians, caso vença a Libertadores este ano, associará um bom momento atlético a uma plataforma de marketing já bem estruturada e à possibilidade de explorar significativas fontes de renda com o seu novo estádio que ficará pronto no ano que vem.

Estão postos os ingredientes que, mantida uma administração profissional (que pressupõe fechar de vez as portas da gestão aos marginais que, vez por outra, vão "tirar satisfação" da direção técnica e administrativa do clube), conferem ao Corinthians um horizonte de progresso muito amplo, bem maior do que qualquer outro clube brasileiro.

Enquanto isto, na Gávea...

Nenhum comentário: