domingo, 10 de junho de 2012

CONTRA A MEDIOCRIDADE

Jogão hoje à tarde. Brasil e Argentina realmente protagonizaram um espetáculo esportivo à altura de suas respectivas tradições e da histórica do que muitos chamam do "Maior Clássico do Futebol Mundial".

A louvar - e aqui dou minha mão à palmatória, pois já o critiquei muito neste blog, e agora o Mano parece estar dando um padrão de jogo à Seleção - a postura e a coragem do time, que efetivamente jogou de igual para igual com um time de primeira linha.

O problema, no entanto, persiste. Desde que assumiu a Seleção, Mano Menezes não consegue fazer o Brasil ganhar de nenhum time do primeiro escalão do futebol mundial. Isto é preocupante.

E não me venham com a história de que "este é o time olímpico do Brasil, jogando contra a Seleção principal da Argentina", como repetiu à exaustão o Galvão na transmissão de hoje. O excelente jornalista do Sportv, André Rizek, vem repetindo quase todo dia, e concordo integralmente com suas palavras, que este é, na verdade, o time principal do Brasil.

Não há muito mais jogadores candidatos a constar nesta Seleção. Se não, vejamos: no gol, Rafael não comprometeu, muito pelo contrário. Acho que só poderia ser barrado com acréscimo de qualidade se Júlio César voltasse à forma que apresentava pouco antes da Copa de 2010.

Nas laterais, a faixa direita realmente carece de um Daniel Alves (embora eu ache que ele tem uma máscara sem tamanho...), de um Maicon em boa forma (em boas condições, prefiro ele ao baiano do Barcelona), pois Danilo foi uma grande decepção. Na esquerda, não tem para ninguém, Marcelo tomou a posição. Joga muito. Só temos que prestar atenção para não reeditarmos Felipe Melo no ex-tricolor das Laranjeiras.

Hoje tivemos efetivo prejuízo na zaga, pois não jogou sequer o que seria a defesa reserva. Juan e Bruno Uvini estão há muitos quilômetros de distância da zaga titular: Thiago Silva (um monstro) e David Luiz (não compromete e já está com rodagem internacional).

No meio-campo, para mim, Sandro é titular do time principal. Rômulo ou qualquer outro queijando de contenção é a mesma coisa. Talvez se o Mano ousasse experimentar o Arouca e o Ramires, fosse outra história, mas este é um dado inexistente na comparação.

Na meia de ligação, Oscar definitivamente tomou a posição de Ganso no time titular - e aqui estou falando da Seleção principal. Depois de um promissor início, o meia santista passou mais tempo no estaleiro do que qualquer outra coisa. A própria revista Placar já destacava o paradoxo que envolvia Paulo Henrique Ganso: ele só passou a ser imprescindível depois que se contundiu. Se continuar neste marasmo e o Kaká arrumar um jeito de jogar com alguma regularidade em qualquer time que seja (porque no Real Madrid ele parece que não vai conseguir...), arrisca o parceiro do Neymar ficar de fora de outra Copa.

Neymar é a unanimidade que todos falam no Brasil, embora tenha sido deprimente ver a distância abissal que ainda o separa de Messi. Enquanto que o argentino não cai, acelera o passo atrás da bola até vencer os adversários, o menino moicano volta a cair pedindo falta quando a marcação aperta...

Veja-se bem: não estou dizendo que Neymar é ruim. Ao contrário, é muito bom. Mas precisa mostrar ao que veio na Seleção, embora seja titular inconteste de qualquer time verde-amarelo.

Apesar da verdadeira maldade que o Mano está fazendo com o Lucas, desperdiçado em poscionamentos equivocados e escondido no banco de reservas até quase o final de cada jogo, Hulk está se desincumbindo bem da missão, embora tenha uma tendência irritante a prender a bola.

Como centroavante, aposto muito em Leandro Damião, grande e técnico, dando uma variedade de opções para o ataque. Para mim, é o melhor perfil no comando do ataque. Só perderia para o Fred, que, no entanto, perde para si mesmo, em meio a polêmicas e reiteradas contusões.

Como se vê, a Seleção, com exceção da zaga, é esta aí mesmo. Hoje efetivamente perdemos de uma Seleção que tem um gênio na linha. O que não podemos é ficar com o discurso medíocre de quem comemora só ter perdido de pouco.

No futebol, o Brasil não conseguir ganhar deve ser motivo de grave preocupação. Jogamos bem, mas isto não é suficiente. O complexo de vira-latas tinha sido curado em há quase 45 anos. Não podemos ter uma recaída.

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