domingo, 4 de julho de 2010

APAGÃO EMOCIONAL

Pois é. Caímos fora da Copa e ficamos a sexta-feira inteira com cara de couve. Sempre é triste ver a cidade mobilizada, vestida de verde e amarelo, com aquele ar de que está faltando algo.

Como isto aconteceu? O time começou tão bem, fez um gol logo no início e envolveu a Holanda durante todo o tempo. Não resolveu o jogo quando poderia ter "matado" o adversário.

Na volta do vestiário, apagão total, especialmente após o gol que a Holanda "achou". E aí, apesar de estar vestido de azul, o time amarelou. Ficou com medo de perder, enervou-se além do nível já alto que demonstravam no início da partida (veja-se o "fuck off" do Robinho na cara do van Bommel, durante o primeiro tempo).

O Brasil passou a temer pelo resultado, em vez de se concentrar no jogo. Talvez isto explique o segundo gol, em que a jogadinha do escanteio no primeiro pau é fatal, mas que não acontece quando o time que se defende está concentrado na marcação.

E a preocupação com o resultado, em vez da concentração no jogo talvez traia uma opção do comandante deste time. Dunga escolheu o caminho de responder a tudo com o resultado. Já tinha previsto que sua redenção perante a opinião pública só viria com o título na Copa.

Fechou o grupo com base na lealdade, repetindo um erro que ele já tinha vivenciado como jogador. Lazaroni ganhara uma Copa América em 1989, depois de um jejum de 40 anos, mas foi à Copa com um time titular baseado na confiança pessoal, trocando o ataque matador do ano anterior, Bebeto e Romário, por Careca e Müller (muito embora o Baixinho viesse de lesão gravíssima, que quase o cortou da Copa de 1990).

A lealdade exigida e retribuída por Dunga provavelmente vinculou todo o grupo ao seu compromisso único e exclusivo com o resultado. Deu no que deu.

Bernardo Rezende, o Bernardinho, técnico da Seleção Brasileira de Vôlei que ganhou tudo e mais um pouco, afirma em seu livro Transformando Suor em Ouro, que o atleta não tem que se preocupar com o resultado, mas se concentrar em seu desempenho. A Seleção fez, como disse, justamente o contrário, se perdeu, e acabou perdendo.

Quando a busca se foca no resultado, as ações, quando em desvantagem, tendem à ansiedade, o que desequilibra emocionalmente a equipe. Daí o apagão.

O Brasil precisa reaprender que tem qualidade para jogar futebol. O resultado será uma consequência. A sofreguidão pelo resultado nos levou a um lugar abaixo da Copa anterior. Em 2006, ficamos em quinto. Este ano, ficamos em sexto lugar, atrás da Argentina.

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