quinta-feira, 13 de maio de 2010

A FUNÇÃO MAIS DIFÍCIL DO BRASIL

Falo, obviamente, do técnico da Seleção Brasileira. Nada do que ele faça lhe trará tranquilidade. O Presidente da República consegue consenso mais fácil do que qualquer um que comande o escrete canarinho. Eu mesmo cornetei a convocação. Mas quem se dispõe a conduzir aquele que é talvez o maior símbolo da nacionalidade tem estar pronto para tanto.

Devo dizer que sou fã do Dunga. Trata-se de um jogador que foi injustiçado quando em atividade (sempre foi um volante que aliou a combatividade a uma técnica que os críticos teimam em não reconhecer). Como técnico, tem apresentado resultados inquestionáveis.

A seleção poderia ser mais brilhante do ponto de vista técnico? Poderia. O Dunga poderia ser mais ousado ou criativo na composição do elenco? Poderia. Mas quem arcará com o ônus de eventual derrota na Copa (e derrota é qualquer coisa diferente do título) será ele. Ele sabe o que é isso.

Tenta expor seus argumentos, mas grande parte da imprensa se nega a argumentar racionalmente. Vendo a má-vontade, e já escaldado pela sua carreira como jogador, fica numa postura defensiva por vezes exagerada. Mas Dunga é assim: leva tudo a sério, não consegue ter uma postura blasé em relação ao que ele acha ser uma crítica mal intencionada ou uma provocação.

Talvez uma terapia o ajudasse a relaxar um pouco mais. Entretanto, a relação bipolar da torcida brasileira com sua Seleção exigiu alguém que "enquadrasse" os jogadores. Veio o Dunga. Mas como bom comandante, ele sabe que tem que liderar pelo exemplo e só irá conseguir compromisso com base na lealdade que ele demonstrar aos comandados.

O Brasil pediu por isso. Dunga é a resposta. Agora queremos, como sempre, o melhor de dois mundos: uma seleção comprometida e que também dê espetáculo. Quase nunca dá. Aconteceu nos três primeiros títulos mundiais, mas naquela Seleção jogava um cara chamado Pelé, secundado por algum auxílio luxuoso (Nilton Santos, Didi, Garrincha, Gérson, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto...).

Como se vê, o paradigma estabelecido é inalcançável e a clientela é difícil de agradar. Admira o Dunga ainda manter seus cabelos (embora sempre tenham estado arrepiados...)

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