quinta-feira, 7 de julho de 2011

O REINO DO MAU HUMOR

Há muito tempo sem postar, volto para um breve comentário: estava zapeando minha TV, quando passei pelo Sportcenter, da ESPN Brasil. Ouvi o seguinte final de frase: "país do futebol, legal. Mas eu preferiria que fôssemos o país de todos os esportes. Do basquete, como já fomos; do vôlei, com campeonatos de casa cheia; do judô..."

Concordo que temos que ter visão crítica - e minha passagem pela Secretaria de Esporte e Lazer reforçou esta percepção -, e a ESPN Brasil desempenha em parte este papel. Mas exagera na dose. Sinceramente, lembra o PT na época do FHC: "quanto pior, melhor".

Até hoje tenho na memória a cara de desgosto do Paulo Calçade logo após o anúncio da vitória da candidatura olímpica do Rio de Janeiro. Pior do que isto, só a mesa redonda da Band depois da final do Tetra, em 1994.

Desde quando somos só o país do futebol? É evidente que a modalidade tem uma preponderância enorme, mas o próprio discurso do Antero Greco (era ele a falar quando eu vi o programa) desmonta a si prórpio.

Se efetivamente não somos o país do basquete, pois até mesmo nossos atletas não acreditam nas nossas possibilidades (mas espinafrar Leandrinho e Nenê fica para depois), o vôlei há muito é exemplo de gestão esportiva eficiente e começou, nos últimos dois anos, a popularizar a Superliga, completando o "quadradinho" que faltava para constituir-se numa opção viável de produto esportivo (eu mesmo já falei aqui da significativa assistência do final do torneio masculino deste ano).

O Judô vem consistentemente ganhando medalhas olímpicas desde 1984, já é o segundo esporte que mais láureas trouxe dos Jogos para o país. Há pouquíssimo tempo tivemos um evento de primeira linha, que já se repete anualmente, o Grand Slam, seguido logo após de uma etapa da Copa do Mundo.

Isto para não falar da natação e da ginástica artística, que começam a criar uma massa crítica que permitirá a passagem de bastão de uma geração para outra, como aconteceu com o vôlei.

Estamos longe de sermos uma potência olímpica. Com certeza. Mas também já deixamos para trás a monocultura esportiva, que só o mau humor da ESPN Brasil consegue ver...

Um comentário:

Beto disse...

Olá Fernando.
Mais uma vez concordo com você quando afirma que não somos mais uma monocultura esportiva, mas o mau humor que assola boa parte do jornalismo esportivo da ESPN tem um objetivo bem claro; briga por uma fatia do mercado dos telespectadores de TV por assinatura.
Explico. Na TV aberta a Globo domina. Temos que aturar o nosso bom e velho Galvão entrevistar a mãe do craque do jogo ou acreditar que o Galvãozinho da vez acha engraçadíssimo aquele teatrinho idiota que encenam durante o jogo. Vá lá, o que fazer, a concorrência, por incrível que pareça, consegue ser muito pior e, “no papel”, o time da Globo é bem superior aos demais. A política da Globo, numa visão bem reduzida, baseia-se no binômio: dá grana a gente transmite e o comportamento enquadrado no politicamente correto.
No universo da TV por assinatura a ESPN briga com a SPORT TV que segue a cartilha da matriz. O que poderia fazer a ESPN? Tentar uma nova fórmula para o jornalismo esportivo, mas o que parece é que seu pessoal se contenta em ser do contra adotando uma postura de discordância do líder. Dá no que você está vendo.
Abraços do
Beto