sábado, 12 de fevereiro de 2011

A LIÇÃO DO ESPETÁCULO - Parte II

Com semanas de atraso, deveria vir a resposta ao post anterior. Entretanto, para estender a demora, trago minha experiência pessoal ao assistir o Superbowl na semana passada, o que só reforça os comentários que fiz na semana passada.

Um show de imagens, um espetáculo de celebração do esporte e da comunidade que o circunda. Para além da grandiosidade do estádio em que se realizou a partida, onde figurava imponente um telão gigantesco, é impressionante ver como a NFL consegue valorizar cada pequeno momento do pré-jogo, verdadeiramente aguçando o interesse do público e criando a expectativa para o "prato principal".

Partindo da premissa de que o futebol americano é um verdadeiro traço de identidade nacional, os organizadores se aproveitam do patriotismo ínsito à tradicional audiência da modalidade e cercaram o jogo de símbolos norteamericanos, pontuando o hino nacional com uma superstar de sua música, Cristina Aguilera, não sem antes precedê-la da jovem atriz/cantora do seriado do momento, Glee.

Mas o ponto alto do pré-jogo foi a apresentação do Superbowl por Micheal Douglas. No tom épico próprio das transmissões e filmes produzidos pela NFL, o ator, que acaba de publicamente enfrentar um câncer na garganta, remete, ele próprio, à capacidade de recuperação dos americanos e, marcando seu discurso, sucediam-se imagens de momentos históricos do país, invocando os momentos de vitória e aqueles de superação de enormes dificuldades, para ao final entrelaçar tais ideias à noção de que o Superbowl era uma parte da longa tradição americana, transformando aquele momento em mais do que mero entretenimento, uma verdadeira celebração da crença no "sonho americano".

Sinceramente, isto é saber extrair de um evento esportivo a essência daquilo que o faz querido pela população.

O que se seguiu foi um show de técnica de transmissão televisiva, com uma torrente de dados sobre jogadores e competições ao longo do tempo, a valorização de cada lance e a transformação de cada momento da partida numa imagem crucial para o desenvolvimento de um enredo que prende a atenção dos espectadores.

Será que não conseguimos fazer igual?

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