sábado, 25 de outubro de 2014

PORQUE ANTES DE DESPORTIVA, É A PÁTRIA.

Relutei muito em usar este bloguinho para falar de eleição, pois dentre minha meia dúzia de leitores, estatisticamente algum deve ser eleitor da Dilma. Mas o blog veicula minhas ideias a respeito do esporte como fator de identidade nacional, e acho que um espaço que tem "pátria" no nome não pode se furtar a tomar posição.

Para tanto, estava escrevendo um post enorme, que provavelmente ninguém iria ler. Estava tão grande que o blog travou duas vezes. Na segunda, como não conseguia fazê-lo voltar a funcionar, fui navegar no Face e vi, postado pelo meu colega Gabriel Quintanilha, um vídeo dé um líder politico canadense discursando após o ataque terrorista ao Parlamento daquele país. E aí me veio a necessidade de apagar todas as análises chaaaatas que eu estava fazendo, para tentar parafrasear o referido parlamentar do Canadá. Lá, ele falava que mato de terror não poderia mudar a forma pela qual a sociedade canadense vive. Que uma violência daquela não poderia ditar a vida nos espaços publicos do Canadá.

Eles têm razões para se orgulharem do que são e do que fizeram. Nós, nem tanto. Somos ainda uma sociedade muito desigual e, pior, pouco afeita à convivência democrática. Esta é a dura realidade. E, pior do que isto, parecemos querer nos condenar eternamente à uma adolescência política, em que esperamos iluminados guias para nos conduzir a um paraíso na Terra.

O impeachment de Collor e o governo de coalizão que se formou em torno de Itamar Franco pareciam apontar para um momento de maturidade, em que teríamos renunciado definitivamente às "soluções mágicas", às "balas de prata" e aos voluntarismos que pautaram a Republica desde o seu nascedouro. O Plano Real, o governo FHC e a própria eleição de Lula confirmavam está impressão: previsibilidade, responsabilidade e alternância pacífica de poder.

Entretanto, as coisas visivelmente degringolaram. Os 8 anos mais ganhos pelos PT nos brindaram com a volta desenfreada do patrimonialismo e da velha política de conchavos entre os grandes, e do voto de cabresto para com o resto da população.

O discurso canadense é de perseverança na sua identidade nacional, na preservação do caráter democrático daquele país. O nosso deve ser de retomada de nossa transformação.

Temos pouco do que nos orgulhar de nossa história política, mas estávamos no caminho para reconstruí-la. O patriotismo constitucional que já citei aqui neste blog, é a resposta alemã para a vergonha do holocausto. Eles se orgulham de terem formado uma democracia constitucional dos escombros do terror nazista.

Nós também temos esta oportunidade. Depois de um Império construído sobre as costas de escravos, de uma República fundada por uma quartelada é pontuada por mais de 35 anos de ditaduras diversas (Floriano, Vargas e Regime Militar), estamos mantendo um sistema democrático, um Estado de Direito constitucional há mais de 25 anos, isto tudo aliado à nossa tradição de consenso e de solução pacífica dos conflitos.

Pois bem, voto Aécio, não porque ele é um santo, mas justamente porque ele se assume humano diante dos desafios de governar o Brasil. Porque ele representa uma tradição de respeito democrático que teve seu ápice na capacidade de articulação de seu avô, Tancredo Neves, que derrubou a ditadura sem pegar em armas. Porque ele se opõe a um partido que aposta na divisão dos brasileiros e que mal consegue disfarçar sua vocação autoritária.

Precisamos de alguém com compromisso induvidoso com a manutenção da ordem constitucional; de um candidato que não se disponha a transigir com valores democráticos; de um Presidente avesso a voluntarismos, que busque consensos institucionais, em vez de flertar com aventuras plebiscitárias e tentações bolivarianas.

No Canadá, o discurso é para manter a identidade de que os faz uma nação orgulhosa do que é. Aqui, o voto é 45, para seguirmos mudando nossa história, para buscarmos o orgulho do país que ainda podemos ser.

Voto Aécio, porque ele não promete me salvar, mas porque ele se compromete em pôr o Estado para me servir, como deve ser. Passamos a nossa história republicana buscando messias que nos redimiriam dos nossos pecados nacionais. Como já dito em outras paragens, somente nossas obras nos redimirão. Temos um governo que nos diz que melhorou a nossa vida, e que, na esteira dos absolutistas franceses, depois dele, só há o dilúvio.

Ninguém melhorou a minha, a sua ou a nossa vida. NÓS fazemos isto a cada dia, com nossas pequenas e grandes escolhas. Não acredito em quem me promete que tem consigo a MINHA salvação. Meus risos e minhas dores são fatos da MINHA vida e do meu trabalho, não são uma dádiva de um Governo. Assim é com cada um de nós.

Não quero "pais do povo" cobrando adesão incondicional. O Brasil trocou seu destino várias vezes em busca de uma tutela milagrosa que nunca veio, e nunca virá. Chega de originalidades históricas; chega de aventuras governamentais. Passou da hora de amadurecermos como Nação. Precisamos de um governo que nos trate como adultos, responsável e transparentemente, e não de alguém que nos aconselhe a trancar a porta com medo do bicho-papão.

Eu voto Aécio. #forabolivarianos