segunda-feira, 25 de abril de 2011

PERGUNTA SOB CHUVA

Aproveitando que estou há duas horas e meia parado a 500m da minha casa, cortesia do descaso da Prefeitura com a Tijuca e da péssima educação dos cariocas, uma pergunta que assola meu ser: quem ainda acredita no Thiago Neves batendo pênalti?

Igualzinho ao Edmundo: pode até jogar bem, mas não tem preparo para uma disputa desta.

domingo, 24 de abril de 2011

DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA

Corroborando o que falei em meu último post, o Facebook bomba com os comentários sobe o Fla-Flu. Se os clubes de futebol tivessem metade do preparo gerencial que têm os de vôlei, que estão, paulatinamente, transformando a Superliga num evento esportivo de apelo popular, hoje, com certeza, teríamos casa cheia.

Por que os clubes de futebol, com um estádio literalmente ao lado de uma estação de trem e próximo a outra do metrô, não conseguem transformar o Engenhao num bom programa para os torcedores.

O Rio Unilever fez parceria com o Metrô para associar a passagem a um ingresso de graça. No Pan, eu peguei o trem pela primeira vez, numa linha destinada especificamente para a torcida. Qual a dificuldade?

Se o futebol se organizasse só um pouquinho, a demonstração de força seria mais notória e mais rentável, tal como foi o excelente jogo entre Sesi e Cruzeiro, com mais de 15 mil pessoas no ginásio numa manhã de pascoa.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

EXEMPLO DE MENTALIDADE COLONIZADA

Agora que deu o comichão, vou aproveitar e despejar todas as ideias que surgem ao longo do dia e não vêm ao blog por falta de tempo.

Este post se desenrola, em parte, do texto postado nesta última madrugada (Odes ao Atraso). Naquele post apontei que o saudosismo acrítico que acomete o público que gira em torno do futebol nos prende a um papel de "fornecedor de matéria-prima", em vez de nos tornarmos produtores de conteúdo.

Um exemplo característico é o lamentável deslumbramento que temos em relação ao futebol europeu. Irrita-me profundamente ver crianças na rua com a camisa do Drogba ou do Messi! Tudo bem que vivemos num mundo globalizado, mas eu não vejo crianças americanas com camisas do Oscar Schmidt ou de qualquer atleta do basquete europeu.

Já falei anteriormente neste blog que o Brasil tinha tudo para ser a NBA do futebol (e isto não é ideia original minha, já vi o Parreira declarando isto em entrevista). Mas para isto, temos que querer importar o modelo de organização e divulgação das ligas europeias. É isto que devemos perseguir.

Entretanto, pretendemos manter nossos "coliseus" e seus folclores regados à amônia, porque isto é mais "autêntico", enquanto a principal rede de TV brasileira, associada ao jornal do mesmo grupo, dá ampla e destacada promoção aos repetidos jogos entre Real Madrid e Barcelona.

Tratam-se de jogos incríveis, com excelentes jogadores? Sim. Mas para mim, que cresci jogando botão com as carinhas dos atletas em atividade no Brasil; que vibrei com as rivalidades que iam se construindo no plano nacional entre meu Flamengo e o Atlético-MG e o São Paulo; entre o Palmeiras e o Grêmio; entre Cruzeiro, Santos e São Paulo, é absolutamente inaceitável ver crianças envergando camisas de times de aluguel de russos de procedência duvidosa e o embevecimento colonizado da crônica com campeonatos que são Gauchões vitaminados.

Afinal, o que é o campeonato espanhol? Barça e Real e mais uma porção indistinta de times médios e pequenos, sem quase nenhuma chance de título. Não parece a dupla Grenal e o resto dos times dos Pampas riograndenses?

Eventualmente posso parar o trabalho para dar uma olhada nas semis da Liga dos Campeões, mas gostaria muito que a própria TV que exalta tanto os torneios europeus tivesse postura ainda mais ativa (até porque reconheço que muito do profissionalismo que temos absorvido vem em decorrência do envolvimento da televisão) na transformação do Brasileirão e da Libertadores em produtos de alcance global.

Quero ver sauditas e vietnamitas não só com a camisa da Seleção, mas envergando o meu Manto Sagrado e as camisas tricolores de São Paulo, Grêmio e Fluminense, as alvinegras de Atlético, Santos e Botafogo, dentre tantos outros uniformes que representam uma História esportiva singular e podem revelar um futuro diferente da indigência que é imposta aos torcedores brasileiros.

MOMENTO CORNETA

Enquanto isto, no Engenhão... O Flamengo se perde em mais um empate. Como disse em post anterior, o Mais Querido do Brasil não perde, mas também não convence.

Estou percebendo neste time do Flamengo o mesmo defeito que via no Luxemburgo quando treinou a Seleção. Ele fica variando a escalação e parece perdido, sem conseguir dar um padrão de jogo à equipe.

Que este "clic" possa vir no próximo domingo, contra um Fluminense embaladíssimo. Senão...

ODES AO ATRASO

Hoje pela manhã, durante a curtíssima leitura de jornal que me é possível, deparei-me com o artigo de Pedro Motta Gueiros, no Globo, lamentando que o Maracanã "não é mais nosso".

Pensei comigo: eis um bom tópico para reativar meu blog, novamente travado por conta das inúmeras demandas profissionais. A linha que seguiria no texto acabou se confirmando ao final do jogo do Fluminense hoje à noite.

De fato, é lamentável ver-se, pela enésima vez, as dantescas cenas de jogadores se esmurrando ao final de uma partida, em meio a uma turba de pessoas que nada tem a ver com o jogo. Tudo sob o olhar complacente de outra polícia sulamericana absolutamente comprometida com a parcialidade e tristemente distante da missão que deveria inspirar a atuação de qualquer Força de Segurança.

Estes episódios se repetem ano após ano sob as barbas de uma Conmebol absolutamente incompetente, que nada faz para banir este tipo de comportamento selvagem dos campos da Libertadores.

Entretanto, há que se ter em mente que não dá para se esperar muito de uma entidade que prefere faturar trocados com cartões amarelos, em vez de garantir a higidez e a disciplina das partidas de suas competições.

Com isto, continuamos presos a uma filosofia que vigia há quarenta anos atrás e que várias vezes contribuiu para que o campeão europeu se negasse a disputar o Mundial de Clubes com o vencedor da Libertadores.

E o que isto tem a ver com o Maracanã e o texto do Globo de hoje?

Em comum, a irritação que ambas as posturas me provocam. Evidentemente, ninguém poderá aplaudir o comportamento dos argentinos ao final do jogo de hoje contra o Fluminense, mas muitos louvarão a ode a uma pretensa autenticidade que parece transparecer do artigo do Motta Gueiros.

O articulista, como imagino ser quase todo jornalista esportivo carioca, demonstra ter sido assíduo frequentador do Maracanã, tanto que capta com maestria o sentimento verdadeiramente religioso que inspira a ida de um torcedor de verdade (e não os pijameiros de final de campeonato) ao "ex-Maior do Mundo".

Sinceramente, acreditar que sujeitar o público da geral a bombardeios de cerveja ou de urina possa assegurar alguma sobrevida ao velho Maracanã é algo que não honra a pena do referido jornalista.

Mais do que isto, alguém acha que é saudável ter saudade de ter que ficar no senta-levanta da arquibancada do trecho entre a Jovem Fla e a Raça Rubronegra, porque junto à grade daquele espaço do estádio tem muito mais gente do que a sua real capacidade?

Será que é plausível considerar-se natural que um estádio da magnitude do Maracanã não tivesse um sistema de som decente, em que vc, em jogos da Seleção, por exemplo, não conseguisse ouvir o hino nacional?

Isto para não falar dos hectolitros de urina que se misturavam às pequenas lagoas de água quando chovia durante os jogos...

Sinceramente, é este tipo de saudosismo que não deixa o futebol brasileiro ir para frente, que ainda nos prende a três meses de campeonatos estaduais em que os grandes clubes se afundam financeiramente; que minam o potencial da segunda competição interclubes do planeta, relegando a Libertadores a um papel muito menor do que pode ter em relação à supervalorizada Liga dos Campeões; que nos prende a um papel de fornecedores de matéria-prima (jogadores), em vez de nos libertar para sermos produtores de conteúdo, ou seja, torneios, campeonatos e ligas de alcance e repercussão mundial.

No final das contas, era João Havelange que tinha razão: a solução era implodir o Maracanã. Os ingleses, que ao contrário de nós, ganharam a Copa que fizeram em casa, puseram abaixo o estádio que viu seu único título mundial. Por que nós temos que gastar BILHÕES com a nossa arena-símbolo?

Contudo, Inês estava morta desde o Panamericano. A hora de demolir era aquela. Hoje, depois das centenas de milhões investidos na modernização do Estádio Mário Filho antes de 2007, não poderia o Governo optar por outra coisa que não fosse acabar o processo de remodelação do estádio.

NON C`È DUE SENZA TRE: MAIS UM ÉPICO TRICOLOR

Como meus poucos leitores sabem, sou confessadamente rubronegro. Nada obstante, peguei-me torcendo para o Fluminense no final da noite.

Primeiro, porque foi o melhor jogo da rodada, a anos-luz da modorrenta partida realizada por um Flamengo que não perde, mas também não convence. Mas isto será outro post.

Segundo, porque sempre é bom ganhar de argentinos, especialmente por conta do espetáculo deprimente protagonizado ao final do jogo.

Por fim, com o passar do tempo, quem acompanha e gosta de esporte passa a admirar as demonstrações de superação de quem quer que seja, mesmo que parta de um rival. Já está se tornando uma constante o resgate do Tricolor carioca de situações desesperadas.

É realmente comovente a entrega dos jogadores e impressionante a certeza que o time passa da superação, confirmando o ditado italiano que figura no título deste post: não há dois sem três. Em outras palavras, depois do milagre de 2009, contra o rebaixamento; e do sprint final até o título de 2010, duas situações em que o Fluminense estava absolutamente desenganado, a reação épica aconteceu mais uma vez, em tintas que somente Nelson Rodrigues conseguiria descrever.

Mas pensando em Nelson Rodrigues, contente que deve estar do lado de lá, há que se considerar meio absurda tanta surpresa com mais esta virada tricolor. Afinal, não se poderia esperar outra coisa de um time que conta com o Sobrenatural de Almeida no seu elenco...