quinta-feira, 27 de maio de 2010

PALPITES PARA A COPA - Parte I: O Verdadeiro Grupo da Morte

Com a Copa às nossas portas, começo hoje uma análise de cada grupo, apontando meus palpites (que espero estejam um pouco menos tresloucados do que minha última investida nesta área, em que apostei em 33 medalhas para o Brasil nos Jogos de Pequim, em 2008...)

Pois bem, o Grupo A é, para mim, o verdadeiro "grupo da morte", pois são duas equipes campeãs mundiais (França e Uruguai), um time que vem se firmando no pelotão intermediário nos últimos anos (México) e os donos da casa (África do Sul).

Não se tratam de superpotências, já que a França, de glórias mais recentes (campeã do mundo em 1998 e vice em 2006), não está num momento muito brilhante, mas são times com alguma tradição e muito equilibrados entre si. A África do Sul, que tem o elenco mais fraco e a menor tradição entre os quatro, tem a seu favor o fato de jogar perante sua entusiasmada (e excessivamente barulhenta - xô vuvuzelas!) torcida.

Pois bem, analisando os times, vê-se que não são esquadrões que antecipem uma equipe para entrar na história (mas isto o Brasil também não parece ter...), mas cada um deles tem um ou dois jogadores de destaque.

Nos donos da casa, o destaque seria Benny McCarthy, que padece, entretanto, de problemas com a balança e com a pouca atividade na última temporada, problema que parece perseguir o técnico Carlos Alberto Parreira. Como afirmei acima, a força do time deve vir de fora das quatro linhas. Além do apoio da torcida, os Bafana Bafana contam com o preparo e a experiência do técnico brasileiro, que tenta ganhar sua primeira partida por uma seleção que não seja a Canarinho.

O México tem se tornado, nos últimos anos, um time "enjoado" de enfrentar, principalmente para os brasileiros. A geração que foi campeã mundial nas divisões de base começa a chegar na equipe principal, representada principalmente por Giovanni dos Santos, que se estabeleceu relativamente bem, embora sem muito destaque, no futebol europeu. Além dele, o maior destaque vai para o zagueirão Rafa Marquez. No geral, o elenco parece sofrer os efeitos de uma "entressafra", sendo ultimamente superado pelos Estados Unidos no âmbito continental. Por enfrentar os anfitriões logo no jogo da estreia, parece estar na situação mais desconfortável dentro do grupo: se começar perdendo, vai ter que tentar a recuperação contra os dois integrantes do clube dos campeões mundiais. Para mim, não passa da primeira fase.

O Uruguai é uma incógnita. Tem um treinador interessante e um jogador bem acima da média e que fez uma boa temporada (Pablo Forlán). Na zaga, conta com a experiência e a rodagem internacional de Lugano, bem conhecido dos brasileiros por sua passagem no São Paulo. Entretanto, mais uma vez penou para passar pelas Eliminatórias, só conseguindo vaga na repescagem. Também vai depender muito do primeiro jogo. Se conseguir um bom resultado contra a França, pode deslanchar. Caso contrário, torna-se o segundo mais forte candidato à desclassificação precoce.

Por fim os muito odiados franceses (para nós, e só no campo futebolístico, já que acabamos virando seus fregueses em Copa): o time confia em Ribéry para conduzi-los a mais um bom resultado. Não me parece muito bom para quem teve Zidane até a última Copa. Além da renovação claudicante, ainda há que se lembrar que a França penou para superar a Irlanda, e, para tanto, contou com a "mãozinha" do decadente Henry...

Em suma, tudo muito imprevisível. Arrisco dizer que a classificação do México é altamente improvável e que a África do Sul, empurrada para frente pela torcida e segurada no meio pelo Parreira, tende a passar às oitavas de final, nem que seja em segundo lugar. Já França e Uruguai parecem depender fundamentalmente do primeiro jogo, justamente entre ambos. Quem perder já fica com a corda no pescoço. Para cravar um palpite, vou confiar na raça uruguaia e seguir meu rancor, apostando numa vitória da Celeste sobre os "Bleus", até mesmo para tirar este encosto tricolor do nosso caminho...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

PATRIOTANDO

Dando o merecido destaque ao meu leitor mais fiel - talvez o único leitor regular do blog (rsrsrs), transcrevo como post o comentário feito pelo Beto ao meu post anterior:

"Não gosto de misturar esporte com patriotismo, não sei por que me lembra general usando óculos ray-ban. Para despertar nosso espírito patriota não faltam motivos: a eficiência no combate à AIDS, ser o único país do hemisfério sul a participar do projeto Genoma, a capacidade em prospectar petróleo em águas profundas e tantas outras empreitadas bem sucedidas, algumas delas, por razões que aqui não cabem escamoteadas pela grande mídia. Acho que a disputa para as grandes performances, e aí falo dos superatletas, deixa à mostra nossa parte mais animal, hoje em dia é muito comum ao dar a largada para uma competição de alto nível o atleta soltar um urro, quase um grito primal, extraído das entranhas; até nosso Guga, bom menino, dava seus gemidos a cada rebatida. Não me lembro de Bjorn Borg ou Jimmy Connors fazendo o mesmo. Trazendo o assunto para o terreno do futebol há muito tempo vejo competições cada vez mais desleais, com os jogadores entrando em campo com a navalha na liga (NR), atitude totalmente incompatível com aquela associada a um patriotismo saudável. Causa-me repugnância o atual comercial de cerveja de certo fabricante patrocinador, verdadeira excrescência. Infelizmente competição esportiva é briga, é quase guerra, se não fosse não haveria necessidade da figura do juiz."

O Beto, do alto de sua ponderação, revela uma preocupação bastante interessante no que diz respeito à invocação dos "guerreiros" da Seleção.

E o que pensa a outra meia dúzia de leitores eventuais do blog?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

FRENESI FUTEBOLÍSTICO

Diante da torrente de acontecimentos ocorridos desde ontem, um verdadeiro frenesi, volto a recorrer às notinhas:

1. PATRIOTADAS: o próprio título deste blog revela que não sou avesso a associar o esporte à identidade nacional brasileira. Entretanto, repercutiu mal a convocação "marcial" feita por Dunga e Jorginho. O sentimento de raça esportiva, de instilar um espírito "guerreiro" nos atletas é positivo. Entretanto, o discurso da dupla passou do tom.

Não concordo integralmente com a afirmação, reproduzida hoje na imprensa, mas também não posso deixar de reconhecer que, por vezes, o patriotismo é efetivamente "o último refúgio do canalha".

Não associo este vício ao Dunga ou ao Jorginho, dois atletas que figuram no rol dos grandes do futebol brasileiro, dentro e fora do campo, mas já tive oportunidade de afirmar que o sentimento nacional despertado pelo esporte não é aquele que massacra o outro ou que se baseia numa visão totalitária; mas sim aquele que exalta nossas maiores aspirações, que inspira nossas maiores qualidades. Acho que o discurso deve, como se diz no meio musical, "descer uma - ou duas - oitavas".

2. QUANTA DIFERENÇA: o Flamengo mais uma vez mostrou uma incapacidade absoluta de se impor. Já disse antes no blog: desde antes de se tornar campeão brasileiro, o Flamengo vem jogando mal. Viu-se claramente que o time se intimidou com a responsabilidade de dar mais um passo na Libertadores. A competição está se tornando um martírio para o clube.

Por outro lado, incrível a reação do Grêmio. Quatro gols em 22 minutos. Impõe-se no seu estádio e ganha a torcida para si. Sabe jogar uma copa. Peça por peça, o time é em tudo similar ao rubronegro, mas tem consciência do que sabe fazer e tranquilidade para fazê-lo.

Espero, sinceramente, que eu queime a língua na próxima quarta-feira (estou torcendo para isto!), mas o Flamengo está igual ao filme: à espera de um milagre.

3. PÉ-FRIA: para a minha cara assistente ler e registrar: Lethycia, vc é a maior pé-fria que eu conheço!!! Não libero mais para ir ver qualquer jogo do Flamengo.

4. AINDA FALTA MUITO: embora o primeiro tempo tenha sido primoroso (mas a armação do Silas também deu uma ajudinha), o Santos continua aquém do supertime decantado pela imprensa. Outra vez, confrontado por uma equipe estruturada, o alvinegro praiano "afinou". Abriu 2x0 e entregou o jogo. Mais calma para as viúvas.

5. SURGIU O ARMADOR QUE FALTAVA? em que pese minhas ressalvas ao time do Santos (o que não quer dizer que não goste de vê-lo jogar), Paulo Henrique Ganso mostra a cada jogo que a aposta do Dunga (deixá-lo de fora) foi arriscada. O futebol brasileiro há muito tempo se ressente da falta de um verdadeiro armador no meio-campo. Nem mesmo Kaká faz esta função, já que o craque do Real Madrid é mais propenso a carregar a bola. Ganso hoje apresentou mais uma vez um vasto repertório de passes açucarados para os companheiros de time. O passe para o gol do Robinho foi espetacular.

6. PERDIDINHO: pode até ser que se revele um grande técnico e, mais uma vez, eu queime minha língua na próxima quarta-feira, mas Rogério esteve completamente perdido no jogo de hoje. Denis Marques no lugar de Kleberson, enquanto Micheal faz todas as escolhas erradas possíveis? E daí que ele tinha entrado no decorrer do jogo? Dorival Jr. sacou o Rodrigo Mancha depois de 10 minutos e duas pixotadas.

SERÁ QUE AGORA VAI?

Um dos primeiros posts deste blog foi sobre o vexame do basquete brasileiro no último Pré-Olímpico. Por conta de minha grave peroração contra o estado em que a modalidade se encontrava, é com grande alegria que vejo a NBB (Novo Basquete Brasil - embora ache a sigla de uma falta de originalidade medonha) se consolidar como uma competição interessante.

Meu contentamento é até mesmo suspeito, visto que no basquete o Flamengo tem me dado mais alegrias. Todavia, não tenho como ignorar o partidaço que foi o último jogo da semifinal entre Flamengo e Franca. A cesta do Marcelinho no último segundo foi um fecho de ouro para um jogo excelente, em que a tradicional torcida francana mostrou o potencial do esporte como produto de entretenimento.

Esperemos que o renascimento do basquete masculino no âmbito interno, aliado ao brilho dos nossos representantes na NBA (Varejão, Leandrinho e Nenê) possam nos levar aos Jogos de 2012.

A FUNÇÃO MAIS DIFÍCIL DO BRASIL

Falo, obviamente, do técnico da Seleção Brasileira. Nada do que ele faça lhe trará tranquilidade. O Presidente da República consegue consenso mais fácil do que qualquer um que comande o escrete canarinho. Eu mesmo cornetei a convocação. Mas quem se dispõe a conduzir aquele que é talvez o maior símbolo da nacionalidade tem estar pronto para tanto.

Devo dizer que sou fã do Dunga. Trata-se de um jogador que foi injustiçado quando em atividade (sempre foi um volante que aliou a combatividade a uma técnica que os críticos teimam em não reconhecer). Como técnico, tem apresentado resultados inquestionáveis.

A seleção poderia ser mais brilhante do ponto de vista técnico? Poderia. O Dunga poderia ser mais ousado ou criativo na composição do elenco? Poderia. Mas quem arcará com o ônus de eventual derrota na Copa (e derrota é qualquer coisa diferente do título) será ele. Ele sabe o que é isso.

Tenta expor seus argumentos, mas grande parte da imprensa se nega a argumentar racionalmente. Vendo a má-vontade, e já escaldado pela sua carreira como jogador, fica numa postura defensiva por vezes exagerada. Mas Dunga é assim: leva tudo a sério, não consegue ter uma postura blasé em relação ao que ele acha ser uma crítica mal intencionada ou uma provocação.

Talvez uma terapia o ajudasse a relaxar um pouco mais. Entretanto, a relação bipolar da torcida brasileira com sua Seleção exigiu alguém que "enquadrasse" os jogadores. Veio o Dunga. Mas como bom comandante, ele sabe que tem que liderar pelo exemplo e só irá conseguir compromisso com base na lealdade que ele demonstrar aos comandados.

O Brasil pediu por isso. Dunga é a resposta. Agora queremos, como sempre, o melhor de dois mundos: uma seleção comprometida e que também dê espetáculo. Quase nunca dá. Aconteceu nos três primeiros títulos mundiais, mas naquela Seleção jogava um cara chamado Pelé, secundado por algum auxílio luxuoso (Nilton Santos, Didi, Garrincha, Gérson, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto...).

Como se vê, o paradigma estabelecido é inalcançável e a clientela é difícil de agradar. Admira o Dunga ainda manter seus cabelos (embora sempre tenham estado arrepiados...)

terça-feira, 11 de maio de 2010

ERA MELHOR SEM SUPRESA...

Acabei de ver a publicação da lista do Dunga. Duas surpresas: a exclusão do Victor, goleiro do Grêmio; e a convocação do Grafite no lugar do Adriano.

O caso do Doni parece ser uma dívida de gratidão pela Copa América, mas me parece extremamente arriscado convocar um goleiro que não está jogando. Vão falar do Taffarel, que chegou a ser convocado enquanto amargava a reserva no Reggina ou no Parma, mas, sinceramente, não há termos de comparação. O Taffarel talvez só perca para o Gilmar dos Santos Neves (bicampeão mundial em 58 e 62) na lista dos maiores arqueiros do Brasil (muito embora o Julio Cesar se encaminhe rapidamente para este panteão).

Já no caso da merecida exclusão do Adriano, o jogador que merecia a convocação, até por conta da propalada coerência do Dunga, era o Diego Tardelli, que vem marcando gols a mancheias desde o ano passado. Grafite foi convocado uma vez e agora aparece na lista final...

Para levar o Grafite, era melhor ficar com o Adriano fora de forma.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CORREÇÃO E APOSTA

Depois de uma semana em Nova Iorque (e falo dos aspectos desportivos em post futuro), volto percebendo que cometi um equívoco imperdoável: Miranda no lugar do Luisão na zaga da minha seleção. Impossível. O zagueiro do Benfica cobriu muitíssimo bem as diversas ausências do Juan no time brasileiro e é até mesmo, segundo minha opinião, nome mais certo do que o do Thiago Silva na relação de amanhã.

Depois da errata, uma aposta: se o Dunga tiver perdido a paciência com o Adriano, o Diego Tardelli parece ser um "azarão" que pode "atropelar" por fora nesta reta final da convocação para a Copa.